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Governo, empresas, academia e sociedade civil debatem visão estratégica compartilhada sobre o futuro de Cristalina (GO)
Foi realizado no período de 13 a 15 de junho, em Cristalina, Goiás, o Seminário Processo Prospectivo do Arranjo Produtivo Local (APL) de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo – Cristalina, GO 2040 - focado no desenvolvimento socioeconômico da região.
“No passado, Cristalina, em Goiás, tinha grande destaque no mercado de gemas e joias, mas acabou perdendo espaço ao longo do tempo para o agronegócio. Para que esses setores voltem a crescer, é preciso repensá-los estrategicamente, além de fortalecer o artesanato e o turismo”, explica Roosevelt Tomé Silva Filho, pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), que vem participando de todas as etapas do projeto, referindo-se ao objetivo geral do evento.
Cassandra Lúcia de Maya Viana - tecnologista sênior do IBICT, que, juntamente com Roosevelt, representou a instituição no evento - reforça a importância de fazer com que a cidade de Cristalina volte a “ser referência nacional e internacional em gemas, joias e artesanato, incluindo agora também o segmento do turismo”. Conforme a servidora, há processos que devem ser aprimorados para que isso possa acontecer, tais como a qualificação em serviços de hotelaria e o treinamento de pessoal para a recepção, o atendimento e a valorização do turista.
“Cristalina é rica em recursos hídricos e minerais, mas a cidade precisa se capacitar e se organizar para oferecer o melhor que tem no que se refere ao empreendedorismo turístico. Daí a importância dessa atuação conjunta, planejada e integrada de seus atores sociais, em prol do alcance desses objetivos”, acrescenta a tecnologista.
Segundo Roosevelt Tomé, uma solução importante para o problema é o planejamento prospectivo e a implantação de uma cultura de Estado e não de Governo, para o crescimento e o investimento na cidade. “Nesse sentido, os comitês de governança locais são fundamentais como solução para a armadilha das mudanças de políticas que ocorrem sempre que se reorganiza um governo. Esse planejamento prospectivo e participativo, portanto, tem o efeito contrário: é o empoderamento da comunidade na condução da gestão e da implantação de uma nova realidade. Esse é o grande diferencial do processo participativo”, acrescenta ele.
Em relação à vantagem do planejamento prospectivo, Elzivir Guerra, analista de ciência e tecnologia da Secretaria de Empreendedorismo e Inovação do MCTIC, explica que é possível, com isso, chegar a um plano estratégico com base em demandas especificas de cada localidade. “Os atores envolvidos podem se apropriar e colocar em prática as ações necessárias independentemente do governo que esteja atuando, gerando a possibilidade de um plano com sustentabilidade”, afirma ele. Acrescenta que uma das prioridades do Ministério é o investimento nos Arranjos Produtivos Locais (APLs) devido aos potenciais integrativo e colaborativo da metodologia.
Planejar para mudar
A abertura oficial do Seminário foi realizada no prédio da Câmara Municipal e contou com a presença de autoridades locais – o Prefeito Daniel do Sindicato, o Secretário de Turismo, Vereadores Bernardo Fachinello e Silvano da Rádio, Joy de Oliveira Pena, da Câmara Municipal e outros representantes do governo da cidade - e de colaboradores do projeto, tais como: William Francisco Souto, da Associação dos Artesãos de Cristalina; Sérgio Carmona, da Associação Comercial; Carlos Wagner de Albuquerque Oliveira, do IPEA; Maria José da Silva, do Sebrae, Renata Almeida, da Goiás Turismo, Euler Loyola, do SENAI-GO, Eduardo Fernandes, da Chapéu do Sol Ecoturismo, Simony Côrtes da Silva, da Águia Ambiental, dentre outros.
O seminário contou com diversas oficinas - as quais foram ministradas por Antônio Luiz Aulicino, professor da USP, sendo realizadas na Faculdade Central Cristalinense (Facec) – e incluiu visitas a pontos turísticos, como o Garimpo da Bateção e a pedra Chapéu de Sol. Dentre as ações extraídas nas oficinas estão o incentivo ao uso de processos inovadores e de novas tecnologias tanto para a exploração dos minérios como para a confecção de produtos para comercialização. Neste sentido, há também a perspectiva de produção de células fotovoltaicas, fibra ótica e outros dispositivos eletrônicos como subprodutos do quartzo leitoso, abundante na região.
Cassandra Viana explica que, entre as demandas resultantes do evento, estão a sumarização das principais ações levantadas para as dimensões ambiental, econômica, social etc. e uma avaliação sobre o papel a ser desempenhado por cada agente local envolvido no processo. “Os participantes também precisam continuar sensibilizando e mobilizando os demais atores sociais da região, para que as ações propostas possam, de fato, ser concretizadas”.
O evento integra uma das etapas do projeto “Planejamento de Longo Prazo pelo Processo Prospectivo para o Desenvolvimento Sustentável do Arranjo Produtivo de Gemas, Joias e Artesanato Mineral de Cristalina, Goiás”, que conta com o apoio de diversas instituições públicas e privadas, incluindo o MCTIC/SEMPI, o ME/SEPEC/GTP APL, o IBICT, a FEA/USP, o IDS, o IBGM, a FACEC, a Câmara Municipal de Cristalina GO, a Prefeitura de Cristalina GO, o CPRM/SGB, empresas locais e outras.
O projeto está em curso desde o ano 2018 e contempla cenários prospectivos, tendo como horizonte de tempo o ano de 2040. No decorrer desse período planeja-se o desenvolvimento de um banco de dados que permita gerar e manter informações em subsídio a todo esse processo de mobilização para gestão e fortalecimento desse APL de base mineral.
Patrícia Osandón
Jornalista