Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial Esplanada dos Ministérios, Bloco L, 6º andar, sala 600 CEP 70047-901 -- Brasília -- DF Fone (61) 2104-8651 -- 2104-9258 Fax (61) 2104-9265 E-mail: ~,seesp@mec.gov.br~, Site: ~,www.mec.gov.br~, ISBN: 978-85-60331-07-9
¨ I
Dados Internacionais de
Catalogação na Publicação (CIP)
A construção do conceito de núme-
ro e o pré-soroban / elabora-
ção : Fernandes, Cleonice Te-
rezinha... [et al.]. -- Bra-
sília : Ministério da Educa-
ção, Secretaria de Educação
Especial, 2006.
92 p. : il.
1. Conceito de número. 2. Soroban. 3. Deficiente da visão. 4.
Iniciação à Matemática. 5. Ensino de Matemática. I. Fernandes,
Cleonice Terezinha. II. Brasil. Secretaria de
Educação Especial.
FICHA TÉCNICA
¨ III
Revisão
Maria Gloria Batista da Mota
Maria do Socorro Belarmino de Souza
Martha Marilene de Freitas Sousa
Fotografias
Centro de Apoio Pedagógico -- CAP de Uberaba -- MG
Instituto de Cegos Brasil Central -- ICBC
Nota de Agradecimento
Agradecemos inicialmente ao Professor Doutor Amilton Garai da Silva
(in memorian), ex-presidente da Associação Brasileira de Educadores
de Deficientes Visuais -- ABEDEV, que pelo seu espírito inovador
propôs a criação da Comissão Brasileira de Estudo e Pesquisa do
Soroban, a nível do Ministério da Educação vinculada à Secretaria de
Educação Especial por ser este um desejo acalentado, durante muitos
anos, pelos educadores brasileiros que atuavam no apoio educacional
aos alunos com deficiência visual.
Agradecemos ao Centro de
Apoio Pedagógico para Atendimento às
Pessoas com Deficiência Visual -- CAP de Uberaba e ao Instituto de
Cegos Brasil Central -- ICBC pela cedência das fotos e a permissão
para sua publicação neste trabalho.
Nossos agradecimentos também aos alunos com deficiência visual
¨ V
e professores que ajudam a difundir conhecimentos que colaboram com a
construção de uma educação de qualidade para todos.
¨ VII
5. A expansão do ensino e
uso do soroban por pessoas
cegas nos estados
brasileiros ::::::::::::::: 25
6. O ensino e uso do
soroban na
contemporaneidade ::::::::: 27
CAPÍTULO II --
Pré-soroban: aspectos
teóricos e
metodológicos ::::::::::::: 32
1. A evolução do ensino
da matemática e o
pré-soroban ::::::::::::::: 32
2. O papel dos jogos na
construção do pensamento
simbólico ::::::::::::::::: 34
3. Aspectos peculiares no
desenvolvimento cognitivo
de pessoas com deficiência
visual :::::::::::::::::::: 36
4. Pensamento
lógico-matemático ::::::::: 42
4.1. Classificação e
seriação/ordenação ::::::: 45
4.2. Correspondência termo
a termo ::::::::::::::::::: 47
¨ IX
4.3. Contagem :::::::::::: 48
4.4. Conservação ::::::::: 49
4.5. Reversibilidade ::::: 50
5. Tendências atuais no
ensino da matemática :::::: 51
5.1. Jogos ::::::::::::::: 53
CAPÍTULO III --
Pré-soroban: jogos
didático-pedagógicos no
processo de numeração --
conceitos pré-numéricos ::: 61
Jogos pré-soroban :::::::::: 64
1. Jogos corporais :::::::: 66
2. Jogos de classificação e
seriação :::::::::::::::::: 70
2.1. Brincadeira da caixa
oculta :::::::::::::::::::: 70
2.2. Olho vivo ::::::::::: 72
2.3. Classificando sólidos
geométricos ::::::::::::::: 73
2.4. Caixa vazada :::::::: 75
2.5. Blocos lógicos :::::: 75
2.5.1. Livre criação :::: 77
2.5.2. Bloco oculto ::::: 78
2.5.3. Qual é a peça? ::: 79
2.5.4. Siga os
comandos! ::::::::::::::::: 81
2.5.5. Dominó a uma
diferença ::::::::::::::::: 82
3. Jogos de correspondência
termo a termo ::::::::::::: 83
3.1. Jogos com dados ::::: 83
3.1.1. Corrida dos
bichos :::::::::::::::::::: 84
3.1.2. Jogo da
bandeja ::::::::::::::::::: 85
3.1.3. Ovos recheados ::: 86
3.1.4. Carona ::::::::::: 87
3.2. Kallah ou
Mancala :::::::::::::::::: 88
3.3. Escala
Cuisenaire ::::::::::::::: 91
3.3.1. Atividades
espontâneas ::::::::::::::: 92
3.3.2. Jogos com
regras :::::::::::::::::::: 93
3.4. Réguas numéricas :::: 94
3.4.1. Dominó de soma
sete :::::::::::::::::::::: 96
3.4.2. Jogo da
memória ::::::::::::::::::: 96
3.4.3. “Setes” :::::::::: 98
3.4.4. Rouba-monte :::::: 99
¨ XI
4. Jogos de agrupamento e
troca ::::::::::::::::::::: 100
4.1. Jogo livre :::::::::: 102
4.2. Quem é quem? :::::::: 103
4.3. Brincadeira do
banco ::::::::::::::::::::: 103
4.4. Jogo do “nunca” ::::: 104
4.4.1. Jogo do nunca
quatro solto :::::::::::::: 104
4.4.2. Jogo do nunca dez
solto ::::::::::::::::::::: 105
5. Jogos do sistema de
numeração decimal --
utilizando o material
dourado ::::::::::::::::::: 106
5.1. Adição :::::::::::::: 106
5.1.1. Lendo na lógica do
nunca dez solto ::::::::::: 107
5.2. Subtração ::::::::::: 108
5.3. Multiplicação ::::::: 109
5.4. Divisão ::::::::::::: 110
CAPÍTULO IV -- Noções
pré-algorítmicas nos
contadores mecânicos :::::: 112
Noções pré-algorítmicas :::: 114
1. Subtração :::::::::::::: 115
1.1. Operacionalização ::: 115
2. Adição ::::::::::::::::: 118
2.1. Operacionalização ::: 118
3. Multiplicação :::::::::: 120
4. Divisão :::::::::::::::: 124
Considerações finais ::::::: 127
Bibliografia ::::::::::::::: 129
Anexo I -- Portaria n.o 657/2002 ::::::::::::::: 137
Anexo II -- Portaria n.o
1.010/2006 ::::::::::::: 143
<13>
INTRODUÇÃO
Este trabalho representa a proposta da Comissão Brasileira de
Estudo e Pesquisa do Soroban, para ressignificar o ensino da
Matemática para os alunos com deficiência visual.
Constata-se no dia a dia de nossas escolas que o ensino da
Matemática para os alunos com deficiência visual não atende, no que
tange a situação do seu cerceamento sensorial, as necessidades das
crianças desprovidas de visão.
A elaboração e construção do conceito de número, por parte das
crianças com deficiência visual, depende de sua interação com o mundo
concreto, o que permite construir conceitos e se apropriar das
informações mais elementares; as quais, no entanto, embasam todo o
conhecimento matemático.
Assim, ciente da importância do soroban na escolarização dos
alunos com deficiência visual, esta Comissão apresenta uma solução
relativa ao ensino básico da Matemática para esse alunado. A seguir,
serão abordadas as metodologias para uso do soroban, mais adequadas
para o atual momento sócioeducacional brasileiro, especialmente no
momento em que a inclusão escolar requer um esforço de todos para
que os alunos com deficiência visual, inclusos nas escolas regulares,
consigam acom-
panhar com efetivo proveito todos os ensinamentos.
Este documento estrutura-se em quatro capítulos:
<15>
CAPÍTULO I
Histórico do soroban no Brasil
1. Origens históricas e
etimológicas
Este capítulo abordará as origens do soroban em diversas partes do
mundo, que remonta ao período anterior à era cristã, a fim de melhor
contextualizarmos a inserção deste contador mecânico na educação de
pessoas com deficiência visual no Brasil.
Os povos antigos, sem saberem uns dos outros, foram cristalizando
os princípios de contagem que inspiraram a criação dos ábacos
modernos, por meio de alternativas bem rudimentares, como nos mostra
Ifrah, (1989), ao citar o exemplo de como tribos guerreiras de
Madagascar procediam para recensearem seus soldados. Ifrah nos conta
que essas tribos iam colocando pedras em um fosso, cada pedra
correspondendo a um guerreiro. Ao chegar à décima pedra,
correspondente ao décimo homem, essas eram substituídas por apenas
uma pedra, que era depositada em um segundo fosso.
Este processo de contagem e substituição era repetido até se
atingir a passagem de cem guerreiros. As dez pedras que simbolizavam
os cem guerreiros eram então representadas por apenas uma pedra,
agora colocada em um terceiro fosso.
Ressaltamos que nessa época ainda não havia a nomenclatura “cem”,
nem sua abstração, prevalecendo apenas uma contagem elementar,
obtida por essa correspondência.
Percebe-se então, que foram as pedras os primeiros objetos que
permitiram a iniciação das pessoas na arte de calcular e estão
presentes na origem dos ábacos, nesta obra compreendidos como
contadores mecânicos, configurando-se num meio artesanal que
viabilizou um sistema
<16>
de contabilidade silenciosa, que não exigia memorização nem
conhecimentos abstratos de números, utilizando-se unicamente o
princípio da correspondência um a um.
Como podemos observar o sistema valor posicional base dez, ou seja,
a contagem decimal convencional, que é largamente usada como sistema
de numeração, partiu deste feito histórico e inspirou a invenção dos
primeiros ábacos.
Conforme La Enciclopedia Libre ~,http:÷÷es.wikepedia.org~, o ábaco é
considerado o mais antigo instrumento de cálculo e suas origens em
dados mais precisos estão perdidas no tempo, podendo-se resgatar
fragmentos de seu surgimento por meio de achados arqueológicos e
pela leitura de registros em obras mais antigas sobre Matemática e
Aritmética.
A palavra ábaco é romana e deriva do grego *abax* ou *abakon*, que
<17>
significa superfície plana ou
tábua. O ábaco recebeu outros nomes em
outros países tais como: China, *Suan Pan*; Japão, *Soroban*; Coreia,
*Tschu Pan*; Vietnam, *Ban Tuan* ou *Ban Tien*; Rússia, *Schoty*; Turquia,
*Coulba*; Armênia, *Choreb*. (La Enciclopedia Libre).
O soroban foi um instrumento que a humanidade inventou no momento
em que precisou efetuar cálculos mais complexos quando ainda não
dispunha do cálculo escrito por meio dos algarismos indo-arábicos.
Esboçado inicialmente a partir de sulcos na areia preen-
chidos por pedras, substituídos por uma tábua de argila e posteriormente
com o uso de pedras furadas e dispostas em hastes de metal ou madeira, as
quais podiam correr livremente ao longo dessas hastes conforme a
realização do cálculo.
2. O soroban no Japão
Ressaltaremos aqui aspectos históricos sobre o uso do soroban no
Japão, por ser
o país que mais contribuiu para a evolução deste instrumento e na
divulgação em outros países, sobretudo no Brasil, contexto principal
do nosso estudo.
Tomaremos por base os escritos do professor Fukutaro Kato,
principal divulgador do soroban no Brasil, disseminador das técnicas
e das estratégias para seu uso, reconhecidamente, um árduo defensor
da preservação do soroban no âmbito
<18>
educacional, como uma ferramenta capaz de contribuir para o
desenvolvimento das estruturas mentais.
O soroban chinês, *Suan Pan*, foi introduzido no Japão por Kambei
Moori e apresentava o seguinte aspecto: sete contas elíp-
ticas
separadas por longa barra horizontal, ficando duas contas na parte
superior e cinco contas na parte inferior. A primeira transformação
ocorreu na época dos samurais, somente na forma das contas, que de
elípticas passaram a ter arestas, cujo corte transversal tinha a
forma losangular.
Na época do imperador Meiji houve a segunda transformação, que
consistiu da abolição de uma das contas da parte superior. A terceira
e última transformação aconteceu entre 1935 e 1940. Essa consistiu na
abolição de uma conta situada na parte inferior de cada haste.
Esta evolução do soroban, tornando-o um instrumento cada vez mais
preciso, ágil e de fácil manejo, acompanhou o desenvolvimento da
atividade mental humana, capaz de efetuar cálculos mais complexos e
abstratos, apenas visualizando o soroban ou a memorização de seu
modelo.
Conforme Kato (1961), este modelo de soroban predomina até os
nossos dias, cuja fabricação varia apenas em tamanhos, estilos e
materiais utilizados. De acordo com a necessidade os tipos variam
podendo-se encontrar sorobans para utilização por pessoas que
enxergam, deficientes visuais, adornos, brindes, brinquedos, entre
outros.
<19>
O reconhecimento do soroban na política educacional japonesa e,
ainda, sua utilidade num contexto mundial mais amplo, foi fruto de
uma luta incansável de seus disseminadores, a exemplo do professor
Fukutaro Kato.
Nas várias reformas educacionais, ora o soroban era considerado
como matéria obrigatória, so-
bretudo no ensino primário da época, ora
era considerado como matéria optativa.
Também se assinala a influência demasiada dos modelos
estrangeiros, à medida que o soroban foi relegado por algum tempo,
optando-se pelo cálculo por meio do uso de lápis e papel.
Sob influência norte-americana, no fim da segunda guerra mundial, o
soroban padeceu críticas bastante destrutivas enfatizando-se as
vantagens de calculadoras eletrônicas.
Desde o início do século XX, o Japão já vinha promovendo
cam-
peonatos que visavam mostrar a importância do soroban para o
desenvolvimento mental. Porém, o campeonato decisivo, considerado de
vida ou morte para o reconhecimento do soroban, foi realizado no dia
11 de novembro de 1946. Esse confronto aconteceu no teatro Anipail,
de Tókio, em que a máquina de calcular teve como operador o
<20>
norte-americano tenente William Wood, e o soroban teve como operador
o senhor Kiyoshi Matsuzaki. Nesse campeonato o soroban foi vitorioso
e os americanos reformularam seu conceito sobre este instrumento,
embora sem grande divulgação. No entanto sabe-se que nos Estados
Unidos tem boa aceitação e uso pelos cegos.
existência do soroban ou ábaco
japonês.
Em seus primeiros contatos com esse contador mecânico, ele
percebeu a leveza e mobilidade das contas nos eixos, constatando que
seria difícil para uma pessoa cega manipular as contas que
deslizariam a um simples toque dos dedos.
Este primeiro obstáculo foi um incentivo para o aprofundamento de
seus estudos. Partiu do próprio cubarítmo para estudar as 4 operações
no soroban dos videntes, sondando formas de adaptá-lo e simplificá-lo
para uso de pessoas cegas.
<23>
Na implementação de suas pesquisas, Moraes recebeu o apoio de dois
japoneses residentes no
Brasil, o senhor Iuta, proprietário de uma
casa comercial, e o senhor Myiata, fabricante de sorobans e outros
artefatos de madeira para a colônia japonesa. O ano de 1949 foi
decisivo para as
adaptações do soroban para pessoas cegas e de baixa
visão.
Em janeiro daquele ano, Moraes recebeu os três primeiros sorobans
adaptados e em julho, juntamente com seu aluno e amigo José
Valesin,
procedeu à modificação consagrada, que consistiu na introdução da
borracha compressora, a qual resolveu a dificuldade dos cegos em
manipular esse aparelho.
A inserção da borracha permitiu finalmente que os cegos pudessem
empurrar as contas com mais segurança e autonomia para representar os
valores numéricos conforme as operações a serem efetuadas.
Outro feito de Moraes juntamente com Valesin foi registrado em
agosto de 1951 quando, após exercícios e ganho de velocidade na
realização de cálculos no soroban, conseguiram igualar seu tempo ao
de alunos videntes do último ano ginasial que utilizavam lápis e
papel.
A partir dos resultados satisfatórios em tão curto período de
tempo, a diretora da Escola autorizou o professor Moraes a introduzir
o soroban na disciplina de Matemática para alunos cegos naquele
estabelecimento. Foi essa a primeira iniciativa concreta para o
ensino do soroban para cegos no Brasil.
Em 1956, a convite da professora Dorina de Gouvêa Nowill, então
diretora do Curso de Especialização de Professores no Ensino de
Cegos, mantido pelo Instituto de Educação Caetano de Campos, em São
Paulo, Moraes ministrou aulas de Aritmética usando sua metodologia do
soroban, sendo sucedido, posteriormente, pelo professor Manoel Costa
Carnayba.
Consciente do seu papel de desbravador no uso do soroban entre
professores e pessoas cegas, sabedor das resistências que
encontraria para a implantação dessa inovação na educação, Moraes, em
1950, iniciou um competente trabalho de divulgação por meio de
palestras e demonstrações em escolas de cegos, escolas regulares,
além de participação em programas de rádio e televisão.
Eram enviados sorobans e cópias do manual para as principais
escolas de cegos do país. Moraes destacou como centros importantes
de divulgação o Instituto Padre Chico (SP), o Instituto Benjamin
Constant (RJ) e o Departamento de Matemática da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo. Nesta última, o soroban despertou real
interesse, criando-se um curso facultativo para os estudantes de
engenharia, adquirindo-se 100 sorobans diretamente do fabricante.
Por indicação deste funcionário, Moraes tornou-se bolsista da OIT
(Organização Internacional do Trabalho) com o objetivo de estudar a
reabilitação de cegos em atividades laborais. Viajou em 1959 e
durante cinco meses e meio, estudou a organização e administração de
mais de vinte oficinas de trabalho para cegos, tanto nos Estados
Unidos quanto no Canadá.
Moraes não desperdiçou essa oportunidade. Demonstrou o uso
do soroban para grupos de técni-
cos interessados em diversos
locais por
onde passou, a exem-
plo de Nova York, Washington,
Mineápolis e
Toronto. Autorizou a tradução de seu manual para o Inglês e trouxe
para o Brasil a encomenda pela AFB de 50 sorobans de 21 eixos,
exportados em 1960.
Nosso reconhecimento e homenagens ao professor Joaquim Lima de
Moraes que, movido por um espírito inquietante e instigador de todos
os cientistas, revolucionou o ensino da Matemática para pessoas com
deficiência visual em muitos países, por meio de uma adaptação
bastante original, de caráter insuperável.
• Contribuir com a melhoria da qualidade da educação das pessoas
cegas no Brasil, tornando o soroban mais acessível para alunos e
professores;
• Maximizar o aproveitamento deste recurso pedagógico que integra o
*kit* de materiais didáticos, distribuído pelo MEC/
/SEESP para alunos
cegos.
<29>
CAPÍTULO II
Pré-soroban: aspectos teóricos
e metodológicos
<31>
deficiência no seu viver cotidiano.
<32>
Nas palavras de Piaget:
*Bebês cegos têm uma grande desvantagem por não poderem fazer a
mesma coordenação do espaço que as crianças normais são capazes
durante os dois primeiros anos de vida; assim, o desenvolvimento da
inteligência sensório-motora e a coordenação das ações neste nível
são seriamente impedidos na criança cega. Por essa razão, achamos
que há um grande atraso no seu desenvolvimento no nível do pensamento
representacional e a linguagem não é suficiente para compensar a
deficiência na coordenação das ações. O atraso é posteriormente
compensado, mas ele é significante e muito mais considerado do que o
atraso no desenvolvimento da lógica de crianças surdas... (apud
Amiralian, 1997; 39)*
O desenvolvimento cognitivo da criança cega é bastante complexo,
pois, por um lado ela é completamente dependente do mediador vidente
e, por outro está dissociada da concepção que o mediador tem do mundo.
Com base nessas reflexões podemos inferir que, caso o referencial
visual seja imposto como alternativa única para a construção da
realidade por uma criança cega, o seu processo de interação com essa
realidade será bastante limitado. (Souza, 2000).
A este respeito, Simmons e Santin (1996:09) concluem que: “a cada
fase do desenvolvimento da criança, provavelmente haverá confusão
quando ela tenta resolver o conflito entre sua experiência privada e
pública”. Chamamos a atenção para esse aspecto, à medida que
professores devem ser bastante detalhistas em explicações, atentos
também aos conteúdos simbólicos que essas crianças trazem no seu
processo de representa-
ção de conceitos. (Souza, 2000).
Gottesman (apud Massini, 1994:43-44) conclui em seus estudos não
haver diferenças significativas nos vários níveis de idade em relação
às
<33>
tarefas realizadas por cegos e videntes. Esse autor selecionou em seu
grupo de pesquisa sujeitos cegos integrados no meio familiar. Essas
pessoas eram tratadas, primeiro como crianças, depois como cegas. O
grau de liberdade propiciado pelos pais contribui de maneira crucial
para esse desenvolvimento. Embora o autor reconheça o papel
significante que a visão desempenha na aquisição de conceitos,
sugere que:
*Padrões e critérios podem ser estabelecidos para maximizar a
função potencial de crianças cegas menos capazes. Currículos e
ma-
teriais educacionais podem ser produzidos para responder aos
vários níveis de necessidades. Gottesman (apud Massini, 1994.
p. 43-44)*
Anderson (apud Massini, 1994:46) examinou os efeitos da falta da
visão nos conceitos que crianças cegas apresentam de objetos comuns;
verificou esses conceitos pelos atributos que elas usam para
descrevê-los. O autor conclui que os sujeitos da pesquisa
desenvolveram suas imagens mentais ou conceitos dos objetos a partir
de suas próprias experiências com o mundo e com a forma de linguagem
que eles usam, independentemente das influências das representações
mentais das pessoas videntes. Esse autor sugere algumas recomendações
de ordem prática para a intervenção com pessoas cegas, a saber:
do
critérios próprios ou com critérios pré-estabelecidos.
Esta fase é fundamental para a posterior construção da contagem com
autonomia.
4.3. Contagem
Inicialmente, a criança não escolhe usar a aptidão de contar como
uma ferramenta confiável para “demarcar” um total de objetos, pois
ainda não estabeleceu pro-
priamente o conceito de contagem.
Este conceito implica na habilidade de “contar” objetos, ou seja,
de corresponder palavras e objetos; ou objetos e objetos numa
abstração reflexiva, conforme Piaget.
A contagem na base decimal requer uma aptidão ainda superior.
Significa compreender a lógica do agrupamento e troca, ou seja, a
lógica do valor posicional das pedras e dos símbolos, abordada no
início desta obra, quando da origem dos contadores mecânicos
(ábacos e sorobans).
4.4. Conservação
O conceito de conservação física refere-se à conservação de
quantidades contínuas (massa e líquido) e descontínuas (objetos
considerados um a um), peso e volume (tomado enquanto relação entre
massa e líquido), e conservação espacial: comprimento, superfície ou
área e volume espacial.
<38>
“Conservar o número”, segundo Piaget (apud Kamii, 1986. p. 7),
significa “pensar que a quantidade continua a mesma quando o arranjo
espacial dos objetos foi modificado”.
Em sua clássica prova de conservação de quantidades descontínuas,
Piaget demonstra que as crianças ao considerarem duas fileiras com
mesmo número de objetos julgam, quando questionadas, que uma é maior
do que a outra apenas pelo fato dos objetos estarem mais espalhados
em uma delas.
Na prova de conservação de massa, julgam que uma mesma bola de
massinha de modelar tem mais massa porque foi alongada ou partida. Já
na prova de conservação de líquido (prova do transvasamento) julgam
que um copo tem mais líquido por ser mais alto ou mais largo, embora
todas as “alterações” tenham sido feitas na sua presença.
4.5. Reversibilidade
Todo conhecimento matemático que permite reversibilidade é chamado
operação.
Implica na capacidade de re-
gressar ao ponto de partida, quer seja
pela “negação”, “inversão” ou pela “reciprocidade” (Condemarin, 1989).
Ressaltamos que as operações citadas desenvolvem-se
simultaneamente, portanto são indissociáveis e cabe aos educadores
colocar todos os tipos de objetos, eventos e ações em todas as
espécies de relações.
<43>
CAPÍTULO III
Pré-soroban: jogos
didático-pedagógicos no processo de numerização -- conceitos pré-numéricos
Neste capítulo será apresentada uma coletânea de jogos
didático-
-pedagógicos de domínio popular e retirada de vasta
literatura referida na bibliografia. Entendemos que ela contribuirá
para a formação do conceito de número por parte de alunos cegos e
com baixa visão. Os jogos desenvolvem habilidades importantes para a
posterior compreensão de conceitos algorít-
micos e de aprendizagem do
soroban. Por essa razão, devem ser adotados como introdução para
facilitar o ensino desse instrumento de cálculo cuja alternativa
metodológica é por nós denominada “pré-soroban”.
Selecionamos alguns jogos extraídos da literatura específica
na área da Matemática, os quais
foram adaptados e testados, a partir das
experiências da professora Cleonice Terezinha Fernandes, em oficinas
pedagógicas ministradas para professores que trabalham com o ensino
de soroban em vários estados brasileiros.
<44>
Estes jogos serão o ponto de partida para a criação de matemotecas
nas escolas, devendo ser acrescidos de outras sugestões devidamente
testadas a fim de se verificar a funcionalidade e acessibilidade de
crianças cegas e com baixa visão a essas adaptações.
Não podemos esquecer que os números constituem apenas um dos eixos
básicos da matematização. Também devem ser explorados os conceitos
de medidas, geometria e estatística/probabilidade, que não são
objetos desse estudo, mas, numa abordagem construtivista e
interdisciplinar, devem ser levados em conta. O professor deve estar
atento a trabalhar com todas essas possibilidades de construção no
momento de planejar as atividades a serem feitas com os alunos.
Ao desenvolver atividades com jogos, será dada ênfase ao conceito
de números, porém, sempre que necessário, serão feitas menções aos
demais eixos.
As tendências atuais que norteiam as metodologias do ensino da
Matemática sugerem que o vocabulário matemático ganhe mais
significado, já que sua aquisição e compreensão têm como base o
estágio das operações concretas. Deve-se partir do uso do próprio
corpo da criança, fazendo-se medições alternativas com as mãos e com
os pés. O uso de materiais concretos e tridimensionais, a construção
de maquetes e o uso
<45>
do geoplano possibilitam a exploração tátil e criativa por crianças
cegas e com baixa visão.
Segue uma seleção de jogos, cujo roteiro destina-se a professores
que trabalham com crianças cegas e com baixa visão, em que sua
aplicação ganha um maior sentido e funcionalidade se for iniciada
antes do uso de contadores mecânicos (ábaco e soroban), sendo ponto
de partida de um processo contínuo ao longo dos ciclos iniciais do
ensino fundamental.
Com o avanço dos ciclos de ensino, a Matemática vai se
complexificando, tornando-se mais abstrata, e novos jogos deverão
ser vivenciados, respeitando-se a faixa etária, o interesse e o
nível de maturidade do aluno.
Jogos pré-soroban
Um programa curricular baseado em metodologias que envolvem
estratégias de participação deve ser planejado com atividades que
variam do uso de materiais estruturados e materiais não estruturados.
Em se tratando de jogos matemáticos, atividades com materiais
estruturados são aquelas em que são usados: blocos lógicos, material
dourado, réguas numéricas, barrinhas Cuisenaire. Essas atividades
permitem inúmeras variações, podendo ser usadas durante todo o ano
letivo, sendo intercaladas e articuladas com outras que necessitem de
materiais não estruturados, feitos a partir de sucata (embalagens
vazias, tampinhas de garrafas, palitos de picolé, entre outros).
Jogos são vivências indispensáveis para a criação de
situações-
-problema que estimulam a construção de estratégias
próprias, abstrações algorítmicas, não se restringindo apenas ao
desenvolvimento do aprendizado de operações com cálculos.
Alguns jogos dispensam a descrição verbal de regras, estimulando-se
a observação e atenção dos participantes envolvidos na realização. O
professor poderá observar se os objetivos do jogo foram cumpridos
<47>
e compreendidos, bastando para isso fazer alguns questionamentos ao
final. Exemplos dessa estratégia podem ser jogos com baralho, com
blocos lógicos e o Kallah.
O professor pode também aguçar no aluno o senso de sequência, ou
seja, criar situações pedagógicas em que a criança seja estimulada a
antever sua jogada e as consequências dela para a jogada do colega
seguinte.
Em seguida apresentaremos jogos, que para fins de organização
didático-pedagógica classificamos da seguinte forma:
1. Jogos corporais
Na fase inicial do processo de escolarização é essencial a
vivência de jogos corporais, facilmente encontrados no folclore de
cada região.
Nessas atividades lúdicas a criança interage com o corpo inteiro,
despertando manifestações de afetividade, equilíbrio,
autoconfiança, confiança no grupo, autoconhecimento, noções de
espaço e lateralidade.
Brincadeiras de esconder determinado número de objetos, por
exemplo, fazem com que a criança ao encontrar dois desses objetos
seja estimulada a pensar quantos faltam ainda para encontrar.
Conceitos de quantificação e ordenação de objetos estão envolvidos em
brincadeiras de pegar, de corridas, cirandas e brincadeiras de roda,
por exemplo “dança das cadeiras”, “pato, pato, ganso”, “lenço atrás”
ou “ovo choco”.
<47>
Na brincadeira “dança das cadeiras”, podemos encorajar as crianças
a pensarem antecipadamente de quantas cadeiras necessitarão para o
jogo. Pode-se também desenvolver o espírito de cooperação,
modificando-se as regras de modo que nenhuma criança saia do jogo,
eliminando-se apenas cadeiras, momento em que as crianças passam a
compartilhá-las.
Destacamos ainda como jogo corporal um grupo de danças folclóricas
conhecido recentemente como “Dança Circular Sagrada”. Essa atividade
reúne cantigas de roda milenares de todo o planeta, dançadas em grupo
em forma de ciranda. Marcada pela leveza das canções, tem um efeito
terapêutico à medida que insere o indivíduo no grupo, melhorando
aspectos como equilíbrio, atenção, concentração e afetividade.
Percebemos uma lacuna no currículo escolar no que se refere a
atividades corporais com as crianças cegas e com baixa visão. Em
geral se privilegiam conteúdos trabalhados com material concreto,
porém externos ao corpo, cuja dissociação acarreta uma defasagem
percebida inclusive em cegos adultos, quando solicitados a mostrar
gestualmente movimentos de articulação corporal.
O professor pode trabalhar quantidades com a utilização do corpo
por meio de atividades tais como baliza (pedras, saquinhos de areia),
passa anel, par ou ímpar e fantoche de dedos e de mão.
“Chefe manda” é um jogo corporal que tem por objetivo trabalhar
conceitos de esquema corporal, lateralidade, raciocínio
lógico-matemático, dentre outros.
Neste jogo a estratégia é formar uma roda, conhecer o amigo da
esquerda e da direita, girar a roda no sentido da esquerda, e a cada
dois ou a três passos bater o pé esquerdo e vice-versa; desfazer a
roda e deixar as crianças andarem livremente, enquanto o professor
estiver batendo palma ou ao som de uma música.
<48>
Ao interromper as palmas ou o som da música, o professor dará, por
exemplo, um comando: “Quero 4 umbigos!”. Os alunos terão que se
organizar para formar o grupo dos 4 umbigos. Caso esteja incorreto,
o professor questionará: “faltam quantos para completar?”, “quantos
grupos formaram?”, “dá para formar mais grupos?”, “Quantos?”. A
brincadeira segue com outros comandos: 15 dedos, 6 braços, conforme a
criatividade do professor e a realidade dos alunos.
2.5.1. Livre criação
Inicialmente as crianças devem brincar com as peças, fazendo
construções livres. Em seguida,
o professor deverá mostrar desenhos
feitos previamente em autorrelevo, usando o desenhador, o
*thermoform*
ou contornados com barbante, para que as crianças tentem reproduzir
essas formas com as peças. Um exemplo de um desenho pode ser uma
casinha feita com um triângulo e um retângulo. A criança após tatear
os desenhos deverá tentar montá-los com os blocos lógicos. Se o
trabalho for feito em grupo será uma atividade mais rica, pois
haverá maior interação e apoio. Após concluir alguns desenhos os
alunos podem criar novas figuras.
O professor pode também preparar quadros com velcro onde as
crianças vão colecionando peças que tenham um mesmo atributo.
2.5.2. Bloco oculto
É semelhante à atividade da caixa oculta. O professor escolhe um
bloco e pede que as crianças descubram seus atributos. Quem descobrir
a peça prosseguirá o jogo, escolhendo a próxima.
Caso o professor queira proporcionar uma análise mais apurada dos
resultados, poderá fazer um quadro de velcro com colunas, tipo
tabela. Em cada uma delas coloca-se os nomes dos atributos ou os
símbolos que lhe sejam atribuídos. Na outra lateral da tabela
coloca-se a peça escolhida e vai desse modo preenchendo-se o quadro,
assinalando as colunas conforme os atributos da peça eleita. Nesse
aspecto está subentendida a negação do atributo que for sendo
descoberto. Se por exemplo a peça escolhida for um triângulo pequeno,
azul e grosso, o professor diz: “a peça escolhida foi de
<53>
cor azul!” logo excluem-se as demais cores. As próprias crianças
podem ir preenchendo o quadro, ou o professor o fará com a ajuda
delas.
A atividade estimula mais que a comparação visual. Também exercita
a comparação entre o atributo imaginado e a peça que a criança tem
nas mãos. A negação trabalha a classificação e a relação de
pertinência, fazendo com que, posteriormente, a criança entenda
porque um número pertence a um determinado conjunto.
2.5.3. Qual é a peça?
Para descobrir qual é a peça, as crianças entram numa divertida
disputa. A turma será dividida em grupos e o professor distribui uma
lista de atributos para cada equipe, contendo as características de
uma peça. Por exemplo: amarelo, triangular, grande e fino. Em
seguida o grupo tem que selecionar a peça correspondente e
apresentá-la às outras equipes. A competição pode girar em torno de
qual grupo encontra a peça correta em menos tempo ou de qual grupo
encontra mais peças corretas.
Se o professor deseja trabalhar com o espírito de cooperação, o
objetivo pode ser marcar quanto tempo a turma gasta para encontrar
todas as peças solicitadas, podendo acrescentar a regra de quem
encontrá-las em menos tempo ajudará os demais grupos.
Outra alternativa é fazer um bingo pedagógico, em que as crianças
terão os blocos nas mãos e os atributos serão falados pelo professor
a partir da jogada de dados previamente adaptados com os atributos
escritos em suas faces, ou seja, um dado para cada atributo: forma,
cor, espessura e tamanho.
<54>
Os dados vão sendo combinados um a um, depois dois a dois, até
serem jogados os quatro de uma só vez. Neste caso só teremos um
“vencedor”, pois há apenas um bloco que congrega os 4 atributos.
Inicialmente esse aspecto não é perceptível pelas crianças, mas é
fundamental que elas percebam sozinhas.
Outra opção é que cada equipe lance desafios para as demais,
distribuindo elas mesmas os atributos. Neste jogo, as propriedades
dos blocos são apresentadas de forma separada. O raciocínio lógico
estará voltado para a composição e decomposição das características
de cada peça. Assim, antes de escolher a peça correta, a criança terá
de imaginá-la com todas as suas características. Esse é o mesmo
processo pelo qual elas passarão quando estiverem formando o conceito
de número.
2.5.4. Siga os comandos!
Nessa atividade as crianças vão continuar uma série proposta pelo
professor. Por exemplo, uma sequência de três peças: uma circular,
uma azul e uma grossa. A criança deverá perceber a sequência
preparada pelo professor e continuar repetindo a série.
Essa atividade é essencial para o entendimento das operações
aritméticas, sobretudo para o conceito de reversibilidade. Também
contribui para que posteriormente as crianças resolvam
situações-
-problema e entendam atividades que exijam uma forma de
raciocínio em etapas sequenciais.
é possível chamar a atenção para
o tempo gasto na atividade.
<57>
3.1.3. Ovos recheados
Os materiais necessários são: caixas de ovos, um dado tradicional
com bom relevo e um recipiente com grãos para cada aluno. As caixas
deverão ser divididas em fileiras de seis cavidades que serão
marcadas de 1 a 6.
O professor, conhecendo o desenvolvimento da turma, decidirá se
marcará em braille ou com outros símbolos.
Para jogar, cada aluno, na sua vez, lançará o dado e conforme o
número indicado irá colocar os grãos nas cavidades. Por exemplo, se o
número indicado for 4, ele terá que colocar 4 grãos na cavidade que
simboliza o número 4. Ganhará o jogo quem conseguir preencher
primeiro todas as cavidades, ou o jogo terminará quando todos
concluírem a atividade.
3.1.4. Carona
São necessários um dado tradicional com relevo, um tabuleiro
quadriculado com quatro ou cinco colunas representando pistas onde
transitarão os ônibus, que poderão ser feitos com potinhos ou caixas
de fósforo, e palitos que representarão os passageiros. Para fixar
melhor as peças, pode-se usar velcro.
Para jogar, cada criança, em sua pista, avança uma casa e joga o
dado. O valor indicará a quantidade de passageiros de sua linha que
entrará no ônibus. Ganhará o jogo quem chegar no ponto final com mais
passageiros. Pode-se inverter a regra e nesse caso, os ônibus sairão
do
<58>
ponto inicial cheios de passageiros, deixando-os pelo caminho
conforme o número indicado no dado.
3.2. Kallah ou Mancala
Registros históricos atestam que esse jogo foi criado no Egito e
data de sete mil anos.
É um jogo que tem boa aceitação entre alunos cegos em nossas
experiências e oferece um arsenal de possibilidades matemáticas, no
que diz respeito à relação número/numeral; correspondência termo a
termo/ordenação/contagem; engloba ainda processos aditivo,
sub-
trativo, multiplicativo e distributivo.
O Kallah é um tabuleiro retangular contendo 14 cavidades e 36
sementes. É dividido em duas fileiras, sendo cada uma composta de
seis cavidades redondas e uma mai-
or e mais ovalada. As cavidades
maiores têm a função de reservatório, conhecida como oásis, armazém
ou Kallah.
Para jogar são necessários dois jogadores e o objetivo é colher
maior quantidade de sementes que o
adversário. As regras são as
seguintes:
• Sugerir uma escala e solicitar que as crianças façam outras
combinações que resultem no mesmo tamanho da escala proposta.
• Fazer jogo de bingo, em que o professor vai chamando os números e
as crianças colocam as barrinhas correspondentes em suas cartelas.
• Construir uma escada com as barras, tanto em ordem crescente quanto
decrescente.
• Brincar de compra e venda, utilizando as barras para simbolizar o
valor do dinheiro.
• Oferecer ao aluno a barra que representa o número cinco e solicitar
que ele faça combinações que resultem no número dez.
por exemplo a soma com total 5. Este total se obtém com as combinações
1+4 e 2+3. Serão selecionadas oito cartas, numeradas de 1 a 4 em
braille ou caracteres ampliados, sendo duas cartas correspondentes a
cada número. Pode-se iniciar com dois alunos. As oito cartas serão
embaralhadas, colocadas na mesa com os números virados para baixo e
dispostas lado a lado em duas fileiras. Decide-se quem vai iniciar o
jogo. O aluno escolhe duas cartas e verifica se elas totalizam a soma
5. Caso não resultem, serão recolocadas na mesa no mesmo local de
onde foram retiradas. Por tratar-se de jogo da memória, logo o
adversário descobrirá a vantagem de memorizar a posição e o valor das
cartas devolvidas para fazer combinações bem sucedidas.
Ganhará o jogo quem conseguir o
maior número de pares de cartas que
resultem a soma 5.
3.4.3. “Setes"
Serão necessárias cartas numeradas de 1 a 6. Cada número deverá ter
oito cartas, ou seja, cada número será representado 8 vezes. Os
jogadores receberão a mesma quantidade de cartas que devem
permanecer viradas para baixo. O primeiro jogador pegará a carta de
cima do seu monte e a colocará sobre a mesa. O segundo jogador pegará
a primeira carta de seu monte e somará com a carta da mesa. Se a soma
resultar 7, ganhará as duas cartas. Caso não consiga, sua carta
ficará na mesa e o próximo jogador tentará realizar a soma com a
última carta colocada. Ganhará quem obtiver o maior número de cartas.
Uma variação desse jogo é fazer somas até dez, conforme combinação
prévia dos jogadores.
<65>
3.4.4. Rouba-monte
Será necessário um baralho comum adaptado em braille e em
caracteres ampliados. Retiram-se as cartas: valete, dama e rei.
Colocam-se as cartas em forma de leque com os números virados para
baixo. O professor vira quatro cartas deixando os números à mostra.
Antes de iniciar o jogo, combina-se qual tabuada será trabalhada,
do 4 ao 10. Se for a tabuada do dez, o primeiro jogador pega
aleatoriamente uma das cartas do leque e verifica se ela soma 10 com
uma das quatro cartas abertas. Se estiver na mesa o número 6 e ele
tirou o número 4 do leque, ele formou o número 10. Com este par de
soma 10 ele vai formando seu pequeno monte. O jogo exige atenção,
pois o jogador deverá buscar as somas com as cartas abertas na mesa e
também pode roubar cartas do monte do colega.
Se as cartas da mesa não resultam na soma desejada, ele poderá
combinar com a última carta do monte de quaisquer dos colegas,
aumentando seu monte. Caso não seja possível a combinação, a carta
retirada será colocada entre as cartas abertas. Joga-se até terminar
o leque de cartas da mesa.
na quando o primeiro jogador chegar na quinta ordem.
Com quanto você fica?
O aluno que estava com o valor 90, ao retirar uma barra e três
cubinhos, constatará que ficou com 77, ou seja, sete barras e sete
cubinhos.
5.3. Multiplicação
A multiplicação está relacionada com a área de figuras retangulares
(base × altura), e à noção de proporcionalidade. Pode-se em princípio
mostrar um retângulo com 3 vezes 4 cubinhos, totalizando 12.
Use os termos linha e coluna, no caso, 3 colunas por 4 linhas.
Outra alternativa é trabalhar com o conceito de parcelas iguais, por
<71>
exemplo: 5 vezes 12, organizar em linhas e colunas.
Para multiplicar 12 vezes 13, forma-se um retângulo com 12 linhas e
13 colunas da seguinte forma: uma placa -- 10 vezes 10; duas barras
abaixo -- 2 vezes 10; 3 barras à direita -- 10 vezes 3; completa-se com
cubinhos -- 2 vezes 3. Feita esta configuração, pode-se agrupar as
peças iguais e contar quantas resultaram. Assim, uma placa =100; 5
barras =50 e 6 cubinhos =6, pode-se ler: 156. Com a prática as
crianças lerão o resultado no pró-
prio retângulo.
5.4. Divisão
A divisão pode ser iniciada com a distribuição de balas. Num grupo
de cinco crianças, o professor pode distribuir dez balas sendo duas
para cada criança. Elas pró-
prias podem dividir os objetos.
Por meio do material dourado, pode-se fazer divisões. Para dividir,
por exemplo, 653 (seis placas, cinco barras e três cubinhos) por 3,
basta distribuir as peças igualmente entre três grupos. As peças que
sobrarem serão o resto da divisão. Começando pelas placas,
resultarão duas em cada grupo. Ao distribuir as barras, ficará uma
para cada grupo e sobrarão duas. Essas devem ser trocadas por
cubinhos. Vinte cubinhos mais os três iniciais, resultam sete para
cada grupo e sobram dois. O resultado está pronto: basta contar
quanto ficou em um dos grupos. Neste exemplo, 217 com resto 2.
No próximo capítulo abordaremos as 4 operações de forma mais
detalhada, seguindo essa abordagem em que o soroban será introduzido
no processo de ensino aprendizagem sem regras mais sistemáticas,
levando-se em conta o processo de numerização como uma construção
concreta e contínua, rumo a uma abstração simbólica.
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
<73>
CAPÍTULO IV
Noções pré-algorítmicas nos
contadores mecânicos
Esse momento da nossa proposta antecede o uso e o ensino do
soroban de maneira mais sistematizada. Os alunos já devem ter uma
boa base no que se refere à formação do conceito de número, o que
será melhor sedimentado, segundo pesquisas piagetianas, na
pré-adolescência. Também se recomenda que o aluno já tenha domínio
das tabuadas de adição, de 1 a 10, sendo os jogos com baralhos já
referidos bastante úteis nesse aprendizado.
O professor deverá vivenciar com os alunos o feito histórico que
marcou a invenção do sistema de numeração decimal valor posicional.
Essa história foi citada no primeiro capítulo desse material e pode
ser encontrada nos livros didáticos de Matemática.
Por meio de dramatização, as crianças serão instigadas a re-
criar a
lógica do sistema de numeração decimal, o que será facilitado se elas
participaram de jogos do “nunca dez solto” e manipularam o material
dourado.
Nos contadores mecânicos os alunos representarão quantidades
sugeridas pelo professor, simulando brincadeiras que já se
configuram como operações mais simples. Eles serão pastores da
antiguidade e têm que contar seus rebanhos. Assim: “registre cinco
vaquinhas, você ganhou mais duas, registre-
-as”. Compreenderão o
valor das contas no eixo das unidades, das dezenas e se foram bem
sucedidos no uso do material dourado, entenderão a lógica até as
ordens superiores.
Sugerimos que a princípio seja usado o contador mecânico de dez
contas, tendo em vista que a quinta conta do soroban pode se
converter numa complicação desnecessária para iniciantes.
<75>
Noções pré-algorítmicas
Algoritmo significa o padrão convencionado para resolução das
operações matemáticas; o modo prático de realizar os cálculos com
seus respectivos “passos”.
Na sequência apresentaremos as operações, de acordo com o enfoque
das tendências da Educação Matemática, que ressignificam o sentido
das regras tradicionais, a exemplo:
materiais propostos no capítulo anterior.
2. Adição
Na adição deve sempre estar presente a ideia de juntar. Em todo o
processo de formação do conceito de número a criança tem
oportunidades diversas de fazer adições, tanto nos jogos, quanto no
manuseio do material dourado e outros materiais concretos.
Se a criança já internalizou a ideia do “nunca dez solto”, o
professor não necessita partir de pequenas somas sem “reservas”, ou
seja, poderá utilizar “vai um grupo de dez (uma dezena)”.
Inicialmente a palavra dezena deve ser substituída pela expressão
“um grupo de dez”.
2.1. Operacionalização
Uma situação de adição no contador mecânico poderá ser apresentada
da seguinte maneira: escolhe-se uma das extremidades do contador e
representa-se o número 15 por uma conta que vale um grupo de 10 no
segundo eixo e 5 contas soltas no eixo à direita do número anterior.
É preciso juntar ou acrescentar mais 9 contas às 15 já representadas.
Como se pode fazer?
Se o aluno dominou a lógica do “nunca dez solto”, colocará mais uma
conta na ordem onde cada conta vale 10 e retirará 1 conta da ordem
onde cada conta vale 1, ou seja, das unidades. Pensamos que é mais
significativo para o aluno entender que precisou de mais um grupo de
10
<78>
para representar o 9, mesmo retirando 1 unidade que ficaria a mais,
do que o aluno entender o motivo do tradicional “vai um”.
Se o aluno não demonstrar ter essa compreensão, o professor poderá
questioná-lo da seguinte forma: “Será que cabem mais 9 onde já
existem 5 unidades? Por que não cabem? E onde tem 9? Tem 9 dentro da
conta que representa um grupo de 10? Podemos acrescentar uma conta
que vale 10 para somar 9? Por quê?”.
Deve-se também sempre ter à mão o material dourado que permite
juntar, trocar, adicionar e representar concretamente as quanti-
dades.
3. Multiplicação
A vivência dos jogos com bingos e dominós das tabuadas facilitará a
compreensão das ideias multiplicativas. Antes de se empregar noções
algorítmicas mais formais, deve-se trabalhar o significado da palavra
“vezes”. Esse processo será construído pelos próprios aprendizes por
meio de tentativas e erros.
As principais ideias presentes na multiplicação são a de área,
adição de parcelas iguais e a noção de proporção, conforme já
mencionado. Essa última é pouco difundida, mas é a simples relação
entre duas variáveis.
A noção da adição de parcelas iguais deverá anteceder a
memorização das tabuadas de multiplicar, sendo construída, por
exemplo, pela manipulação de um quadro com cem botões equidistantes
(quadro de botões).
Na adição de parcelas iguais, temos: 3+3+3=3×3.
Em atividades envolvendo o conceito de área é interessante que
alunos cegos e com baixa visão façam medições utilizando quadrados
para obter a área da sua carteira, do seu material escolar, do piso
da sala.
<79>
Pode-se medir uma superfície qualquer, observando quantos quadrados
de um metro serão necessários para medi-la.
Mesmo antes do manuseio do contador mecânico, o professor poderá
criar situações com o material dourado, começando pelos cubos
menores que representam as unidades. Se o resultado é 6, o professor
pode perguntar: “quantas vezes peguei 2 cubinhos?”, “quantos cubinhos
temos ao todo?”, “Se eu pegar 2 vezes 3 cubinhos muda o total?”.
Também pode-se quadricular em relevo papel de gramatura alta, para
que o aluno cego e com baixa visão possa fazer a contagem dos
quadradinhos da respectiva área, 3×4 por exemplo. Caso ele não faça a
contagem de forma espontânea, deverá ser estimulado com questões tais
como: “quantos qua-
drados há ao todo?”, “e na primeira linha
horizontal?”, “e na segunda linha?”, “e em cada linha há o mesmo
número?”, “por quê?”, “e nas linhas verticais?”, “quantas vezes eu
tenho 3 colunas dessas?”, “há o mesmo número de linhas?”.
O conceito mais apurado é o de proporcionalidade. Ele é construído
quando se ensina multiplicação usando o raciocínio de correspondência
em que se estimula na mente do aluno uma representação para a relação
entre duas variáveis.
Por exemplo, numa festa para 20 convidados, cada um vai ganhar 3
balões. Quantos balões deverão ser comprados?
No ensino tradicional, tal situação seria resolvida com um cálculo:
20×3=60.
Na concepção mais recente da Educação Matemática deverá ser
construída uma tabela com uma variável de cada lado.
Essa situação pode ter outros desdobramentos, em que o aluno será
instigado a pensar: “se dobrar o número de convidados?”, “se diminuir
10 convidados?”, etc. A princípio ele pode não acertar o resultado,
porém
<80>
ao comparar com os resultados dos colegas vai perceber que o
raciocínio estava correto e que o erro só ocorreu no que se refere ao
cálculo.
Ressaltamos que ensinar multiplicação apenas como adição de
parcelas iguais é insuficiente nu-
ma proposta de construção do
conhecimento.
4. Divisão
São duas as ideias presentes na divisão: a ideia de repartição
equitativa e a ideia de medida. Na primeira, uma dada quantidade
deve ser repartida igualmente; na segunda, deve-se descobrir quantas
vezes uma quantidade (medida) cabe em outra ou pode ser dela retirada.
Em qualquer das duas situações anteriores, os primeiros registros
devem ser propostos pelos próprios alunos a partir de vivências do
cotidiano. Assim, são esboçadas as primeiras noções algorítmicas e
posteriormente, a partir do ingresso no ensino fundamental, será
apresentado gradativamente o algoritmo no soroban.
Nas atividades iniciais, deve-se chamar a atenção do aluno para a
diferença entre dividir a quantidade como um todo e quando a mesma é
decomposta em ordens como centenas, dezenas e unidades.
O aluno vai assimilando essa lógica num processo gradativo, com o
apoio de materiais concretos, material dourado e jogos que permitem
essa decomposição. Compreenderá que o quociente deve ser registrado
no contador, conforme a ordem que ele está trabalhando. Assim, se ele
<81>
está dividindo na ordem das dezenas, o quociente vai ser registrado
na dezena.
As concepções atuais sobre o algoritmo da divisão prevêem uma
operacionalização mais lógica e com mais significados para o aluno,
dando ênfase para a multiplicação, a subtração e adição, operações
que acontecem nesse processo.
O aluno poderá calcular, por exemplo, concreta ou mentalmente,
quantas azeitonas poderá colocar em cada pedaço de uma *pizza*
dividida em 6 fatias se ele tem 30 azeitonas. Caso ele não saiba o
quociente exato, fará várias tentativas até distribuir todas as
azeitonas. Estes resultados parciais serão registrados no contador e
as operações envolvidas nesse exemplo vão sendo realizadas. Esse
trabalho também engloba noções de conceito fracionário.
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
<83>
Considerações finais
Ao compreender que deve pensar os números como grupos de dez, a
criança resolverá uma situação matemática de forma automática, ágil,
realizando as trocas necessárias com autonomia e clareza do que está
realizando.
Qualquer criança que tenha dominado a base do “nunca dez solto”,
resolverá a expressão: 15+
+9=24 da seguinte forma: acrescentará uma
dezena que contém o 9 e retirará 1 unidade das 5 que já existem. Se a
operação fosse inversa, 15-9, novamente seria retirada a dezena que
contém 9 e esta unidade que sobrou é acrescentada na ordem das
unidades, resultando 6 unidades.
O soroban deve fazer parte do material escolar de crianças cegas e
com baixa visão. Para que este aparelho se converta num instrumento
facilitador e eficaz, é importante que a criança passe pelas etapas
aqui sugeridas, que internalize a lógica do sistema de numeração
decimal que favorecerá a realização de cálculos mentais, quer estes
sejam das ordens maiores para as menores e vice-versa.
Este material que ora concluímos, é o primeiro no Brasil que reúne
estratégias que antecedem o ensino formal do soroban. Os professores
não devem encará-lo como uma cartilha e sim como uma proposta aberta,
que deve ser aplicada, experimentada, acrescida e inovada.
No próximo volume serão apresentadas as principais metodologias
difundidas no Brasil para o ensino sistemático do soroban. É
importante que alunos e professores conheçam essa diversidade,
para que possam optar conforme suas necessidades e aptidões a que melhor
atenda a aprendizagem dos educandos.
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
<85>
Universidade de Passo Fundo. s.d.
-- D
D'AMBROSIO, Beatriz S. “*A Matemática Hoje*” (artigo). In: Revista
Temas e Debates da SBEM. Ano II, n.o 02, 1989. p. 15-29.
DE LA TAILLE, Y. DE
OLIVEIRA, M. K. DANTAS, H. *Piaget, Vigotsky,
Wallon -- Teorias psicogenéticas em discussão*. 5. ed. São Paulo:
Summus. 1992.
DIAS, Marina C. M. *Metáfora e Pensamento: considerações sobre a
importância do jogo na aquisição do conhecimento e
implicações para
a educação pré-escolar*. In: KISHIMOTO, Tizuco M. (org). *Jogo,
brinquedo, brincadeira e a
educação*. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 1999.
DIENES, Zoltan Paul e
GOLDING, E. W. *Lógicas e
Jogos Lógicos*. 3 ed.
São Paulo: E.P.U., 1976.
DROVET, Ruth Caribé da Rocha. *Distúrbios da Aprendizagem*. São Paulo:
Ática, 1990.
-- F
FALZETTA, Ricardo. “*O arco-
-íris de fazer contas*” (artigo). In:
Revista Nova Escola. Ano XII. n.o 100. p. 18-23. Março/1997.
--. “*Use peças no lugar de números*”. In: Revista Nova
Escola, Ano XII. n.o 106. p. 24-29. Outubro/1997.
<86>
--. “*Construa a Lógica Bloco a Bloco*” (artigo). In:
Revista Nova Escola, Ano XIII. n.o 111. p. 24-29. Outubro/1998.
--. “*Matemática da Mão à Cabeça*” (artigo). In:
Revista Nova Escola, Ano X. n.o 89. p. 08-15. Novembro/1995.
-- G
GÊNOVA, A. Carlos. *Tangram em Origami*. São Paulo: Global, 1990.
GOULART, Íris Barbosa.
*Piaget: Experiências Básicas para Utilização
pelo Professor*. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1990.
GROSSI, Éster Pillar (org). *Um Espaço para Ficar In-
teligente --
Multiplicação
e Construtivismo*. Vol.
05. Série Didática
Pós-
-Piagetiana. Erechim/RS: Edelbra. s.d.
GRUPO DESAFIO: SOARES,
Eduardo, CASTRO, Monica e BURIASCO, Regina
Luzia
Corio de Mathema. Rio de
Janeiro: Childhope (apoio UNICEF), 1989.
-- I
IFRAH, George. *Os números: a história de uma grande invenção*. São
Paulo: Global, 1989.
IMENES, Luiz Márcio. *Brincando com os números*. (Col. Vivendo a
Matemática). 2. ed. São Paulo: Scipione, 1988.
--. *A Numeração Indo-Arábica*. (Col. Vivendo a
Matemática). São Paulo: Scipione, 1989.
--. *Os Números na História da Civilização*. (Col.
Vivendo a Matemática). São Paulo:
Scipione, 1989.
-- K
KAMII, C. e DECLARK, G. *Reinventando a aritmética*. Campinas-SP:
Papirus, 1992.
KAMII, C. JOSEPH, Linda Leslie. *Aritmética: novas perspectivas*.
Campinas-SP: Papirus, 1992.
KAMII, Constance. *A criança e o número*. Brasília: Papirus, 2000.
KATO, Fukutaro. *Sorobã pelo método moderno*. 2ª edição melhorada. São
Paulo: (mimeo), 1961.
KOTHE, Siegfrid. *Pensar é Divertido*. Tradução de
Thomas Johann
Buchard. São Paulo: E.P.U., 1977.
-- M
MACEDO, Lino de, PETTY, Ana Lúcia Sicoli, PASSOS,
Norimar Chreste.
*Aprender com Jogos e Situações-Problema*. Porto Alegre/RS: Artes
Médicas Sul, 2000.
MASINI, Elcie F. Salzano. *O perceber e o relacionar-se do deficiente
visual: orientando professores especializados*. Brasília: Corde, 1994.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO -- SECRETARIA DE ENSINO FUNDAMENTAL.
*Parâmetros Curriculares Nacionais: Ma-
temática* -- Brasília: MEC/
/SEF,
1997.
MORAES, Joaquim Lima de.
*Sorobã: aparelho de cálculo para cegos --
adaptado*. 2ª edição melhorada. São Paulo: (mimeo), 1965.
-- P
PIAGET, Jean. *A psicologia da criança*. Rio de Janeiro: Bertrand do
Brasil, 1993.
--. *Psicologia e pedagogia*. 4ª edição melhorada. São
Paulo: Forense Universitária, 1961.
-- S
SANTIN, Sylvia & SIMMONS, J. Nesker. *Problemas das crianças
portadoras de deficiência visual congênita na construção da
realidade*. Trad. Ilza Viegas. In: Revista Benjamin Constant. Rio de
Janeiro: n.o 2 jan. p. 4-12, 1996.
SIMONS, Ursula Marianne,
OLIVEIRA, Ana Maria Nauiack; GOLDSCHMIDT,
Elizabete *A Lógica do Cálculo (Réguas Numéricas)* 2ª ed. Curitiba:
Editora
Qualogic, 2004.
SOUZA, Maria do S. B. de. *Inclusão do deficiente visual na rede
regular de ensino: uma proposta criativa com o uso de metáforas*.
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da Paraíba. João
Pessoa/
/PB: 2000.
<89>
-- Simbologia Braille aplicada à Matemática e Ciência em geral.
§2º Em caso de renúncia ou afastamento e consequente vacância,
caberá ao Presidente da Comissão proceder a imediata substituição do
membro.
§3º Os trabalhos da Comissão serão considerados relevantes e as
funções exercidas por seus membros não serão remuneradas, sendo
<90>
vedada a percepção de vantagens pecuniárias de qualquer natureza,
exceto a cobertura de despesas com passagens e diárias.
Art. 3º Compete à Comissão Brasileira de Estudo e Pesquisa do
Soroban:
I- proceder ao estudo, avaliação e à sistematização das
metodologias e das técnicas aplicadas no uso e no ensino do Soroban
em todo território nacional;
II- elaborar e propor diretrizes, normas e regulamentações
concernentes ao uso e ensino do soroban no País;
III- acompanhar e avaliar a aplicação de normas, regulamentos,
acordos, convenções e quaisquer atos normativos referentes ao
Soroban;
IV- sistematizar e fomentar o intercâmbio de informações entre
professores e profissionais afins, recolhendo e distribuindo os
resultados de pesquisas, estudos e informações acerca da utilização
do Soroban no território nacional;
V- prestar assessoria técnica às Secretarias Estaduais e Municipais
de Educação, bem como a entidades públicas e privadas, sobre questões
relativas ao uso do Soroban;
VI- proceder a sistemática e permanente avaliação das
terminologias adotadas no País concernentes ao ensino e uso do
Soroban;
VII- recomendar procedimentos que envolvam conteúdos, metodologias
e estratégias a serem adotadas em cursos de formação e capacitação
de professores, bem como nos cursos destinados a educandos e usuários
do Soroban;
VIII- propor critérios e sugerir estratégias para implantação de
alternativas metodológicas que antecedem a sistematização do ensino
do Soroban, com vistas a modificações de procedimentos sempre que
necessário;
IX- elaborar catálogos, manuais e outras publicações, destinados a
facilitar o processo de ensino e aprendizagem e de uso do Soroban em
todo território nacional.
Art. 4º A Comissão reunir-
-se-á, ordinariamente, duas vezes ao ano e,
extraordinariamente, a pedido de seu Presidente, a quem caberá
<91>
convocar e fixar as datas das reuniões.
Art. 5º A SEESP assegurará o apoio técnico, administrativo e
financeiro indispensável ao funcionamento da Comissão.
Art. 6º A Comissão elaborará o seu Regimento Interno no prazo de até
45 (quarenta e cinco) dias a partir da data da publicação desta
Portaria.
Art. 7º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Paulo Renato Souza
Ministro de Estado da Educação
<92>