Projeto 11 - Linha 2
Inclusão é um tema/ideia que vem sendo debatido de forma mais intensa em diversos campos do conhecimento desde a última década do Século XX, mesmo que ainda não se tenha chegado a uma definição clara do que de fato signifique, sendo variadas as formas de se abordar essa discussão. Não obstante esse fato, entende-se que um ensino que se pretenda inclusivo precisa ter como um de seus pilares a busca por compreender a organização espacial produzida pela sociedade humana, a partir de algumas categorias analíticas e princípios próprios. Tal possibilidade pode ajudar na construção de uma certa consciência territorial das/nas ações humanas, iluminando um dos possíveis compromissos da educação dentro de uma perspectiva inclusiva, onde a ideia de inclusão estaria não apenas em questões de ordem física ou motora, mas também no direito e na condição de participação consciente, intelectual e comprometida nas decisões de problemas sociais de base territorial.
A pesquisa tem como objetivo geral compreender como os conceitos, metodologias e princípios espaciais/geográficos podem contribuir, através do ensino, para uma educação inclusiva e cidadã. Como objetivo específico busca-se discutir e identificar possíveis metodologias e recursos para o ensino inclusivo de geografia, nomeadamente para as pessoas com deficiência visual, que ajudem na construção de uma cidadania territorial, esta entendida como uma condição de participação intelectual, crítica e responsável nas reflexões e tomadas de decisão sobre os problemas sociais de base territorial que envolvem a sua realidade. Por isso, antes de uma condição, entende-se que a cidadania territorial seja um direito, sendo assim condição fundamental para um processo de inclusão, já que todos nós existimos espacialmente e todos nós nos fazemos, de alguma forma, (re)produzindo o território.
Metodologicamente, a pesquisa se caracteriza mais como analítica e de cunho qualitativo e interpretativo, não inviabilizando, contudo, que haja algumas ações propositivas, envolvendo a combinação de revisão conceitual da literatura e o levantamento e análise de dados primários e secundários. Acredita-se que a pesquisa se justifica porque pode fomentar, dentro de uma ótica de ensino inclusivo, que as pessoas, em especial as com deficiência visual, desenvolvam uma posição reflexivo-problematizadora-integrada dos territórios em permanentes mudanças, endereçando perguntas a esses territórios e pensando possíveis respostas, na tentativa de construção de uma cidadania-territorial, ideia esta cara e basilar de um processo de inclusão social.