Projeto 10 - Linha 1
Modos de ver na Diferença
Descrição do Projeto
O projeto tem por objetivo pensar, em rede, o que nos acontece na experiência (encontro) com pessoas ditas com deficiência visual a partir de uma perspectiva ética do encontro. Com a pesquisa pretendemos dar a ver o que se produz no encontro entre educadores e crianças da Educação infantil diagnosticadas com deficiência visual: encontro entre corpos. Quais os efeitos do encontro? Como efeitos narrados (experiência) pode nos ajudar a problematizar os modos de ver no campo educacional? Pretende-se a partir dessas problematizações produzir, modos outros de ver, que potencialize o que há de singular na diferença, como um gesto de responsabilidade, portanto ético.
No âmbito das linguagens, pensar em rede nos permite um acolhimento a diversas formas de expressões como movimentos formativos, no encontro e na produção de sua escrita, cartas, expressões poéticas, anotações, diários, entre outras que suportam a multiplicidade do encontro na diferença, nos permitindo uma formação profissional ampla, necessária quando pensamos nas propostas de materiais, e na formação de profissionais na temática da deficiência visual.
Na pesquisa em andamento o corpo é pensado a partir de sua potência de afeto. Para Deleuze (2017), “o que pode um corpo é a natureza e os limites do seu poder de ser afetado” (DELEUZE, 2017, p.240). Assim nos perguntamos o que pode um corpo nomeado “deficiente visual”? Qual seu poder de afetar e ser afetado no encontro com outro corpo nomeado “normal”? Segundo Espinosa (2015), os corpos, em suas relações, podem sofrer sujeições ou expansões de potência, sendo está a dimensão afetiva da experiência, tendo o afeto “como a substância que apresenta uma potência absoluta e infinita de afetação, enquanto os modos variam, o que significa que experimentam transições, que são chamadas de afeto” (ESPINOSA, 2015, p. 98).
Pensando a potência do encontro, a partir dos efeitos produzidos nos relatos das experiências de professoras da educação infantil do IBC, podemos nos perguntar de que afetos somos capazes no encontro com crianças com deficiência visual? Talvez não seja possível dizer de antemão, tendo em vista que “nem mesmo sabemos o que pode um corpo" - como diz Espinosa. Ou seja: "nem mesmo sabemos de quais afecções somos capazes, nem até onde vai nossa potência” (DELEUZE, 2017, p.249). Mas nos propomos dizer do encontro entre corpos, de modo talvez a mobilizar saberes outros, produzidos em contraposição ao que se compõe majoritariamente, como corpos formatados, isto é, que se encaixam dentro do formato de corpo que historicamente foi produzido como padrão.