A produção de materiais didáticos de língua portuguesa para alunos com deficiência visual do ensino fundamental II - Projeto 2 / Linha 1
Considerando que o IBC tem, entre suas competências legais, conforme Art. 34, do Decreto Nº 7.690, de 2 de março de 2012, “elaborar e produzir material didático-pedagógico para o ensino de pessoas cegas e de visão reduzida”, a presente pesquisa visa a desenvolver material didático de Língua Portuguesa para alunos com deficiência visual dos anos finais do ensino fundamental. A produção desse aporte se justifica por não se perceber, em princípio, no mercado editorial, livros que atendam às especificidades dos alunos cegos e com baixa visão e, mesmo, de uma realidade inclusiva, uma vez que os livros são produzidos para alunos sem deficiência e adaptados para aqueles que possuem outras demandas. Desse modo, a elaboração desses livros didáticos almeja o desenvolvimento de estrutura, métodos e linguagens, que não só facilitem o processo de aprendizagem do público-alvo, mas também permitam a identificação dos sujeitos com o material utilizado, ressignificando o conteúdo ensinado.
Cabe ressaltar que produzir aparato pedagógico voltado a alunos com deficiência visual não significa excluir a linguagem não verbal de sua construção, pois vivemos em uma sociedade carregada de cultura visual, plena de sentidos históricos, estéticos e socioculturais, que não podem ser ignorados. Daí a importância de se explorar, de forma eficiente, gêneros textuais multimodais, característicos da prática social. Nessa perspectiva, é preciso compreender a funcionalidade da linguagem não verbal, empregando-a criteriosamente, pois, se para os videntes as imagens podem ser utilizadas não só como meio de construção de sentido, mas também por seu caráter lúdico e motivador, no tocante aos discentes cegos e com baixa visão, elas devem dialogar mais diretamente com o conteúdo, sob o risco de sofrer um esvaziamento de sua finalidade.
Tal investigação norteia-se pelos estudos acerca da linguística funcional (HALLIDAY, 1985) e dos gêneros textuais (MARCHUSCHI, 2007) e apresenta como metodologia a pesquisa-ação, que pressupõe um ambiente de interação social e o desenvolvimento de um conhecimento a partir da prática (ENGEL, 2000). No contexto do ensino-aprendizagem, tal abordagem metodológica possibilita a participação ativa do professor sobre a sua prática didática e a transformação de sua sala de aula em objeto de estudo. Essa pesquisa, em desenvolvimento, propõe, enfim, contemplar as necessidades educacionais de pessoas com deficiência visual, no tocante ao material didático, sensibilizando e instrumentalizando profissionais da educação para o ensino de Língua Portuguesa.