Pontinhos Ano 66, n.o 391, outubro/dezembro de 2024 Ministério da Educação Instituto Benjamin Constant Editada e impressa na Divisão de Imprensa Braille Fundada em 1959 por Renato M. G. Malcher Missão: educar recreando, instruir divertindo, convencer esclarecendo. Av. Pasteur, 350/368 Urca -- Rio de Janeiro-RJ CEP: 22290-250 Tel.: (55) (21) 3478-4531 ~,revistasbraille@ibc.gov.br~, ~,http:`/`/www.ibc.gov.br~,

Diretor-Geral do IBC Mauro Marcos Farias da Conceição Comissão Editorial Camila Sousa Dutton Geni Pinto de Abreu Heverton de Souza Bezerra da Silva Hylea de Camargo Vale Assis João Batista Alvarenga Maria Cecília Guimarães Coelho Maria Luzia do Livramento Rachel Ventura Espinheira Revisão Marília Estevão Livros impressos em braille: uma questão de direito Governo Federal Brasil: União e Reconstrução

Transcrição autorizada pela alínea *d*, inciso I, art. 46, da Lei n.o 9.610, de 19/02/1998. Distribuição gratuita. Arquivo da revista disponível para impressão em braille: ~,http:`/`/www.ibc.gov.br`/~ publicacoes`/revistas~, Nossas redes sociais: Anchor: ~,https:`/`/anchor.fm`/~ podfalar-rbc~, Facebook: ~,https:`/`/www.~ facebook.com`/ibcrevistas~, Instagram: ~,https:`/`/www.~ instagram.com`/revistas{-~ rbc{-pontinhos`/~, YouTube: ~,https:`/`/www.~ youtube.com`/~ RevistasPontinhoseRBC~,

Pontinhos: revista infantojuvenil para cegos / MEC/Instituto Benjamin Constant. Divisão de Imprensa Braille. n.o 1 (1959) -- . Rio de Janeiro: Divisão de Imprensa Braille, 1959 -- . V. Trimestral Impressão em braille ISSN 2595-1017 1. Infantojuvenil -- Cego. 2. Pessoa cega. 3. Cultura -- Cego. 4. Revista -- Periódico. I. Pontinhos. II. Revista infantojuvenil para cegos. III. Ministério da Educação. IV. Instituto Benjamin Constant. CDD-028.#ejhga

Bibliotecário -- Edilmar Alcantara dos S. Junior -- CRB/7 6872

Sumário Cantigas ::::::::::::::: 2 Brincar de viver ::::::: 2 Cordel ::::::::::::::::: 5 O Menino e a caixa -- um cordel natalino para crianças! :::::::: 5 História para ler e contar :::::::::::::::: 13 Galinha ao molho pardo ::::::::::::::::: 13 A princesa que não gostava de sopa ::::::: 35 Quebra-cuca :::::::::::: 41 Você sabia... :::::::::: 44 Vamos rir :::::::::::::: 46 Recibo da escola ::::::: 46 Dar e receber :::::::::: 46 Tentando ficar bonita :::::::::::::::: 46 Cadeira de D. Pedro :::::::::::::::: 47 Galinha agitada :::::::: 47 Paquera enrolada ::::::: 48 Historiando :::::::::::: 49 Leitura interessante ::: 63 O ponto negro :::::::::: 63 Cuidando do corpo e da mente ::::::::::::::::: 67 Cuidar da saúde mental também é coisa de jovem ::::::::::::::::: 67 Olá, amiguinhos! Estamos de volta, trazendo muita leitura e diversão para você! Nesta edição traremos um pouco da história de Benjamin Constant, que foi professor e diretor da primeira escola para cegos na América Latina e que hoje leva o seu nome — o nosso querido Instituto Benjamin Constant, localizado no bairro da Urca, no Rio de Janeiro. Você sabia disso? Tem também a história de uma princesa que deu um pouco de dor de cabeça aos seus pais. Boa leitura! Furinho, a mascote da revista Pontinhos õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Cantigas Brincar de Viver Canção de Guilherme Arantes Quem me chamou? Quem vai querer Voltar pro ninho? Redescobrir seu lugar Pra retornar E enfrentar o dia a dia Reaprender a sonhar Você verá que é mesmo assim Que a história não tem fim Continua sempre que você Responde "sim" À sua imaginação À arte de sorrir Cada vez que o mundo Diz "não" Você verá Que a emoção começa agora Agora é brincar de viver Não esquecer Ninguém é o centro do universo Assim é maior o prazer Você verá que é mesmo assim Que a história não tem fim Continua sempre que você Responde "sim" À sua imaginação À arte de sorrir Cada vez que o mundo Diz "não" E eu desejo amar A todos que eu cruzar Pelo meu caminho Como eu sou feliz Eu quero ver feliz Quem andar comigo Vem, agora brincar de viver Agora é brincar de viver Há há há ooou Uh uh uh... uh uh Fonte: ~,https:ÿÿwww.letras.~ mus.brÿguilherme-arantesÿ~ 66028~, Acesso em: 28/08/2024 õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Cordel O Menino e a caixa -- um cordel natalino para crianças! Mariane Bigio Numa casa muito pobre um menino soluçava ninguém sabia ao certo por que é que ele chorava era noite e estava escuro ele logo adormeceu e enquanto ele sonhava algo estranho aconteceu uma caixa de sapatos foi deixada em sua porta ela estava amarrotada com a tampa um pouco torta o menino viu a caixa logo de manhã bem cedo

foi abrindo, curioso mas com um pouco de medo e lá dentro o que havia? alguém pode adivinhar? um sapato? um bichinho? o que ele vai achar? na caixinha abandonada embrulhados com cuidado havia dez bonequinhos todos em perfeito estado o primeiro bonequinho que o menino descobriu era uma bela moça com seu manto azul-anil depois outro bonequinho foi logo desembrulhado era um homem, muito sério segurando seu cajado havia também na caixa três bonecos coroados

que traziam três presentes para serem ofertados três bichinhos esperavam pra serem desembalados uma ovelha, um boizinho e um galo empertigado! o menino deu um riso quando abriu outro papel era um anjo, tão sublime desses que moram no céu a caixa quase vazia… só restou um bonequinho que era o mais bonito um bebê em seu bercinho o bercinho era de palha e o bebê, tão pequenino tinha um brilho diferente que cativou o menino durante o dia todo o menino aproveitou brincou tanto que nenhum bonequinho descansou! na noite daquele dia antes mesmo de dormir guardou tudo bem guardado não deixou ninguém abrir era noite de Natal e o menino nem lembrava foi aí que aconteceu o que ninguém esperava uma luz desceu do céu e entrou dentro do caixote uma música tocou e o menino deu pinote! levantou do seu colchão e correu pra averiguar chegou perto e deu um grito não podia acreditar…! os bonecos tinham vida e cantavam em coral

uma música bonita falando sobre o Natal Maria, a bela moça ao menino abençoou pegou o bebê no colo e a ele apresentou: “Esse aqui é o meu filho o seu nome é Jesus viemos a sua casa para trazer muita luz… para que você não chore nunca mais, de madrugada saiba que a sua vida poderá ser transformada levante sua cabeça basta só acreditar estude, e não esqueça: nunca pare de lutar! um dia você verá tudo vai ser diferente ajude sua família… vai ser bom daqui pra frente!” o menino agradeceu e se encheu de alegria ficou ali vendo a cena enquanto Jesus dormia conheceu os três Reis Magos e José, o Carpinteiro, e depois pegou num sono agarrado ao travesseiro na manhã ao despertar ele achou ter sido um sonho foi em direção à caixa… teve um susto tão medonho! os bonecos lá estavam parados na posição em formato de presépio igual à sua visão… então não foi sonho, não! tudo tinha acontecido!

ele então olhou pro céu pois estava convencido: tudo iria mudar e só dele dependia ele iria estudar como lhe disse Maria o menino decidiu fazer o sonho real… e nunca mais esqueceu essa noite de Natal. Fonte: ~,https:ÿÿmaribigio.~ comÿ2012ÿ12ÿ04ÿo-menino-~ e-a-caixa-um-cordel-~ natalino-para-criancas~, Acesso em: 28/08/2024 Vocabulário Averiguar: v. Procurar informações acerca de. Cajado: s.m. Vara, viga ou bordão próprio de pastor.

Empertigado: adj. Que se encontra em posição endireitada; em linha reta. Pinote: s.m. Salto, pulo. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

História para ler e contar Galinha ao molho pardo Fernando Sabino Ao chegar da escola, dei com a novidade: uma galinha no quintal. O quintal de nossa casa era grande, mas não tinha galinheiro, como quase toda casa de Belo Horizonte naquele tempo. Tinha era uma porção de árvores: um pé de manga sapatinho, outro de manga coração-de-boi, um pé de gabiroba, um de goiaba branca, outro de goiaba vermelha, um pé de abacate e até um pé de fruta-de-conde. No fundo, junto do muro, um bambuzal. De um lado, o barracão como quarto da Alzira cozinheira e um quartinho de despejo. Do outro lado, uma caixa de madeira grande como um canteiro, cheia de areia que papai botou lá para nós brincarmos. Eu brincava de fazer túnel, de guerra com soldadinhos de chumbo, trincheira e tudo. Deixei de brincar ali quando começaram a aparecer na areia uns montinhos fedorentos de cocô de gato. Os gatos quase nunca apareciam, a não ser de noite, quando a gente estava dormindo. De dia se escondiam pelos telhados. Tinham medo de Hindemburgo, que era mesmo de meter medo, um pastor alemão deste tamanhão. Não sabiam que Hindemburgo é que tinha medo deles. Cachorro com medo de gato: coisa que nunca se viu. Quando via um gato, Hindemburgo metia o rabo entre as pernas e fugia correndo. Pois foi no quintal que eu vi a galinha, toda folgada, ciscando na caixa de areia. Havia sido comprada por minha mãe para o almoço de domingo: Dr. Junqueira ia almoçar em casa e ela resolveu fazer galinha ao molho pardo. Eu já tinha visto a Alzira matar galinha, uma coisa horrível. Agarrava a coitada pelo pescoço, agachava, apertava o corpo dela entre os joelhos, torcia com a mão esquerda a cabecinha assim para um lado, e com a direita, zapt! passava o facão afiado, abrindo um talho no gogó. O sangue esguichava longe. Ela aparava logo o esguicho com uma bacia, deixando que escorresse ali dentro até acabar. E a bichinha ainda viva, estrebuchando nas mãos da malvada. Como se fosse a coisa mais natural deste mundo, a Alzira me contou o que ia acontecer com a nova galinha. Revoltado, resolvi salvá- -la. Eu sabia que o Dr. Junqueira era importante, meu pai dependia dele para uns negócios. Pois no que dependesse de mim, no domingo ele ia poder comer de tudo, menos galinha ao molho pardo. Era uma galinha branca e gorda, que não me deu muito trabalho para pegar. Foi só correr atrás dela um pouco, ficou logo cansada. Agachou- -se no canto do muro, me olhou de lado como as galinhas olham e se deixou apanhar. Não sei se percebeu que eu não ia lhe fazer mal. Pelo contrário, eu pretendia salvar a sua vida. O certo é que em poucos minutos ficou minha amiga, não fugiu mais de mim. -- O seu nome é Fernanda -- falei então. E joguei um pouquinho de água na cabecinha dela: -- Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém. Assim que escureceu, ela se empoleirou muito fagueira num galho da goiabeira, enfiou a cabeça debaixo da asa e dormiu. Então eu entendi por que dizem que quem vai para a cama cedo dorme com as galinhas. No dia seguinte era sábado, não tinha aula. Passei o tempo inteiro brincando com ela. Levei horas lhe ensinando a responder sim e não com a cabeça: -- Você sabe o que eles estão querendo fazer com você, Fernanda? Ela mexia a cabecinha para os lados, dizendo que não. -- Pois nem queira saber. Cuidado com a Alzira, aquela magrela de pernas compridas. É a nossa cozinheira. Ruim que só ela. Não deixa a Alzira nem chegar perto de você. Ela mexia com a cabecinha para cima e para baixo, dizendo que sim. -- Estão querendo matar você para comer. Com molho pardo. Os olhinhos dela piscaram de susto. O corpo estremeceu e ali mesmo, na hora, ela botou um ovo. De puro medo. -- Mas eu não vou deixar -- procurei tranquilizá-la, apanhando o ovo com cuidado, para enterrar na areia depois e ver se nascia pinto. E acrescentei: -- Hoje não precisa de ter medo, que o perigo todo vai ser amanhã. Eu sabia que para fazer galinha ao molho pardo tinham de matar quase na hora, por causa do sangue, que era aproveitado para preparar o molho. -- Vou esconder você num lugar que ninguém é capaz de descobrir. Junto do tanque de lavar roupa costumava ficar uma bacia grande de enxaguar. A Maria lavadeira só ia voltar na segunda-feira. Antes disso ninguém ia mexer naquela bacia. Assim que escureceu, escondi a Fernanda debaixo dela. Fiquei com pena de deixar a coitada ali sozinha: -- Você se importa de ficar ai debaixo até passar o perigo? Ela fez com a cabeça que não. -- Então fica bem quietinha e não canta nem cacareja nem nada. Principalmente se ouvir alguém andando aqui fora. Ela fez com a cabeça que sim.

-- Amanhã, assim que puder eu volto. Dorme bem, Fernanda. Naquela noite, para que ninguém desconfiasse, jantei mais cedo e fui dormir com as galinhas. Na manhã de domingo me levantei bem cedo e fui dar uma espiada na Fernanda. Encontrei a pobrezinha mais morta do que viva debaixo da bacia. Mais um pouco e nem ia ser preciso a Alzira usar o facão. Não sei se por falta de ar, por causa da fome, da sede ou de tudo isto junto: ela estava deitada de bico aberto e os olhos meio fechados de quem já desistiu de viver. Água era fácil, eu trouxe um pouco numa tigelinha, despejei pelo bico adentro e ela se reanimou. Mas como arranjar comida sem chamar a atenção de ninguém? Ainda não tinham notado a falta da galinha, nem mesmo pensado em trazer alguma coisa para ela comer. Que diferença fazia? Se ia ser comida naquele dia mesmo? O jeito foi furtar um pouco do milho do Godofredo, que no seu poleiro, correntinha presa no pé, acompanhava tudo com ar intrigado. A galinha come milho e o papagaio leva a fama! -- ele parecia dizer. No que tirei o milho, disparou a berrar: -- Socorro! Socorro! Pega ladrão! O diabo do papagaio não gostava de mim, eu sabia. Era do Toninho, meu irmão, a quem dava o pé, todo lampeiro, e ainda abaixava a cabecinha para um cafuné. Ai de mim, se quisesse fazer o mesmo: me pespegava uma bicada na mão. -- Cala a boca, Godofredo. -- Cala a boca já morreu! Quem manda aqui sou eu! Joguei na cara dele o resto da água da tigelinha: -- Toma, seu desgraçado, para você aprender. -- Socorro! Socorro! Pega ladrão! -- berrava ele, batendo as asas. Tamanho foi o escarcéu que o Godofredo aprontou, que acabou caindo do poleiro e ficou de pendurado pelo pé. Foi o tempo de esconder a Fernanda debaixo da bacia e me escafeder correndo pelo porão adentro. A Alzira já batia os chinelos escada abaixo com suas pernas compridas, faca na mão, à procura da galinha. Ao ouvir aquele berreiro, veio ver o que estava acontecendo: -- Que é que esse bicho tem? Não fala nada que preste

e de repente destampa essa gritaria toda! O papagaio tentava com muito esforço voltar ao poleiro, subindo com a ajuda do bico pela própria correntinha e se balançando de um lado para outro. Olhava com raiva para a cozinheira, como a dizer: essa miserável nem para me dar uma mãozinha. Ela também não achava lá muita graça no Godofredo. Dizia que ele não servia para nada, só sabia sujar de titica o chão todo debaixo do poleiro, e ela é que tinha de limpar. -- Que é que você quer, coisa ruim? Quem é que é ladrão? O bicho tinha conseguido com muita dificuldade empoleirar-se de novo, depois de despencar algumas vezes.

Ofegante, entortou a cabecinha e encarou a cozinheira: -- Sua galinha! Sua galinha! O Godofredo já havia xingado a Alzira de nomes feios, de modo que ela achou desaforo ser chamada de galinha. E respondeu no mesmo tom, brandindo o facão para o papagaio: -- Galinha é você! Galinha verde! Lá do fundo escuro do porão, onde tinha ido me esconder, vi a Alzira olhar ao redor: -- Por falar nisso, onde é que se meteu a galinha? Apavorado, ouvi o Godofredo gritar, com sua voz de currupaco-papaco: -- Na bacia! Na bacia! Além do mais, era delator, o miserável. Dedo-duro, traidor, entregava ao carrasco o seu próprio semelhante (ou quase). Antes que fosse tarde, saí do meu esconderijo lá no porão, como quem não quer nada, vim me sentar na própria bacia. -- Uai, que é que você estava fazendo ali escondido, Fernando? -- Nada não... A cozinheira me olhava com ar de suspeita: -- Boa coisa é que não há de ser. Alguma esse menino anda arrumando, com esse ar de cachorro que quebrou a panela. -- Na bacia! Na bacia! o Godofredo berrava. -- Cala essa boca, seu filhote de urubu! -- gritei. -- Na bacia! Na bacia! -- ele continuava. -- Que é que esse tagarela está falando? perguntou a Alzira.

-- Está te chamando de nabacinha. -- Nabacinha? Que quer dizer isso? -- Quer dizer vagabunda respondi, a cara mais séria deste mundo. A Alzira arregalou os olhos, ergueu no ar o facão: -- Vagabunda? Está me chamando de vagabunda? Nabacinho é você, seu bicho ordinário! Não sei onde estou que não te corto o pescoço, asso no espeto e como, ouviu? E ainda chupo os ossinhos um por um! Ela correu de novo os olhos em torno: -- Por falar em comer: *quede* a galinha? Já está na hora de fazer o almoço. Onde é que ela se meteu? -- Não sei... -- Você não estava brincando com ela ontem, menino?

-- Isso foi ontem. Hoje eu não vi ela ainda. -- Será que fugiu? Ou alguém roubou? E ela olhou para o papagaio, cismada agora com o silêncio dele: -- Vai ver que é por isso que esse nabacinho de uma figa estava gritando pega ladrão. Algum ladrão de galinha. Agarrei a ideia no ar, era a salvação: -- Isso mesmo! Quando eu estava ali no quintal vi um homem passar correndo... Levava uma coisa escondida em- baixo do paletó. Só podia ser a galinha. A Alzira não parecia acreditar muito na história. Pelo contrário, ficou mais desconfiada. E naquele exato momento a Fernanda resolve se mexer debaixo da bacia, fazendo um barulhinho na lata com o bico e com os pés. Continuei sentado e, para disfarçar, comecei a bater com os dedos na bacia como se tocasse tambor. A galinha deve ter entendido, pois logo ficou quieta. Mas a Alzira continuava com ar de desconfiança: -- Esse menino está com um jeito muito velhaco. Sei não... Alguma ele andou fazendo. E saiu pelo quintal, à procura da galinha, olhando aqui e ali: nos galhos das árvores, atrás do barracão, no meio dos bambus. Depois foi contar para mamãe que a galinha havia sumido. Fui atrás, para o que desse e viesse. Escutei tudo. Mamãe torcia as mãos: -- E agora, como vai ser? Como é que ela foi sumir assim, sem mais nem menos? -- Sei lá -- respondeu a Alzira: Não acredito que tenham roubado, como diz o Fernando. Vai ver que saiu voando e pulou o muro. Bem que eu pensei em cortar as asas dela e me esqueci. Agora é tarde. E a cozinheira me apontou: -- Para mim, a gente anda precisando de cortar as asas é desse menino. -- Está quase na hora do almoço -- disse minha mãe: -- O Dr. Junqueira está para chegar de uma hora para outra, e como é que a gente vai fazer sem a galinha? O Domingos vai ficar aborrecido. Dali a pouco era o meu pai quem chegava da rua, trazendo o jornal de domingo debaixo do braço. Quando mamãe lhe deu a triste notícia, para surpresa minha e dela, ele não se aborreceu: -- Faz outra coisa. Macarrão, por exemplo. O Dr. Junqueira é bem capaz de gostar de macarrão. E foi ler o jornal na varanda. Filho de italiano, quem gostava de macarrão era ele. E da macarronada que a Alzira fazia todo mundo gostava. Pois o Dr. Junqueira não só gostou, como repetiu duas vezes, para grande satisfação de mamãe. Papai abriu uma garrafa de vinho daquelas de cestinha de palha, e os dois a esvaziaram, depois de dar um pouquinho para mim e meus irmãos, com água e açúcar. Guardanapo enfiado no colarinho, o Dr. Junqueira limpou os bigodes, satisfeito: -- Ainda bem que era essa macarronada tão boa. Eu estava com medo que fosse galinha.

Se tem uma coisa que eu detesto é galinha. Principalmente ao molho pardo. Nem por isso senti que minha amiga Fernanda não estava mais condenada à morte. Mesmo porque, meu pai gostava também de galinha, com ou sem o Dr. Junqueira. Por outro lado, ela não podia ficar escondida o resto da vida (eu não tinha a menor ideia de quanto tempo vivia uma galinha). E na manhã seguinte a Maria viria lavar roupa, ia descobrir a Fernanda encolhida debaixo da bacia. Depois que o almoço terminou e o Dr. Junqueira se despediu, fui lá perto do tanque fazer uma visitinha a ela, resolvido a ganhar tempo: -- Você hoje ainda vai dormir aí, mas amanhã eu te solto, está bem? Ela fez que sim com a cabeça. Deixei água na tigelinha e mais um pouco de milho furtado de novo do Godofredo. Antes que o diabo do papagaio pusesse a boca no mundo eu avisei: -- Se você falar alguma coisa, mando a Alzira fazer papagaio ao molho pardo para o jantar. Ele fez cara de quem comeu e não gostou, mas ficou calado, vai ver que pensando um jeito de se vingar. De manhãzinha, antes que a Maria lavadeira chegasse, fui até lá, levantei a bacia e peguei a Fernanda, procurei mamãe com ela debaixo do braço: -- Olha só quem está aqui. Mamãe se espantou. -- Uai, ela não tinha sumido? Onde é que você encontrou essa galinha, Fernando?

De repente seus olhos se apertaram num jeito muito dela, quando entendia as coisas, havia entendido tudo. Antes que me passasse um pito, eu avisei: -- Se tiverem de matar a minha amiga, me matem primeiro. Mamãe achou graça quando soube que ela se chamava Fernanda e resolveu não se importar com o que eu tinha feito, pelo contrário: deixou que a galinha passasse a ser um de meus brinquedos. Só proibiu que eu a levasse para dentro de casa. Fernanda me seguia os passos por toda parte, como um cachorrinho. E ela continuou minha amiga, até morrer de velha, não sei quanto tempo mais tarde. Só sei que alguns dias depois do almoço do Dr. Junqueira, mamãe comprou um frango. -- Esse vai se chamar Alberto. -- eu disse logo. -- Pois sim. -- disse minha mãe e mandou que a Alzira tomasse conta do frango. No dia seguinte mesmo, no almoço, comemos o Alberto. Ao molho pardo. Fonte: O menino no espelho. Rio de Janeiro: Record, 1992. Vocabulário Pito: s.m. Advertência com o intuito de repreender; repreensão. ::::::::::::::::::::::::

A princesa que não gostava de sopa Ana Filipa Silva Era uma vez uma menina que adorava ser princesa. Era a Mariana. Todos os dias usava um vestido de princesa, rodado, de tule ou folhos: ora um amarelo, um azul ou cor de rosa -- a sua cor preferida. Colocava a sua coroa e os seus sapatinhos de tacão e demorava muuuuuuito tempo a olhar-se ao espelho. Era a sua brincadeira preferida. -- Eu sou uma princesa! -- dizia ela a toda a gente, muito simpática e sorridente. Todos achavam interessante a piada e sorriam. Era vaidosa, mas também muito meiga, amiga de todos os meninos e tratava muito bem os animais. O problema, o grande pro- blema era a hora da refeição. É que ela não gostava nada da sopa. Mal a mãe colocava o prato de sopa à sua frente, ela esquecia-se de ser uma princesa e desatava a fazer birras. Não comia porque a sopa estava quente; não comia porque a sopa estava fria ou porque estava verde ou porque estava castanha. Enfim, tudo servia de desculpa para não comer a sopa. E os pais? Não gostavam nada daquelas birras. Já não sabiam o que fazer: ora lhe davam a sopa porque pensavam que ela só queria um pouco mais de atenção; ora ralhavam com ela e mandavam-na comer com um tom de voz mais alto -- às vezes passava uma eternidade até a sopa estar comida. Outras vezes, falavam-lhe da importância de comer legumes, de como a sopa é o prato ideal para comer uma porção de legumes por dia. Até já pensavam em castigos, se as birras continuassem. Era demais. Não conseguiam ter um jantar sossegados. Ora, então, um dia, no meio daquelas birras, os pais disseram: -- Bem, não quer sopa, não coma. A princesa Mariana, ficou a olhar muito admirada, sem querer acreditar. -- “Os pais vão mesmo me deixar sem comer a sopa?” -- pensou ela. Então, a Mariana pôs o prato de sopa de lado e começou a comer o peixe. Olhou para os pais, impávidos e serenos, também a jantar e continuou. -- “Afinal, não preciso mesmo comer sopa” -- pensou ela, feliz. Durante uns dias, assim foi. À hora da refeição, a sopa lá estava à espera. Ela comia duas colheradas e quando começava a dizer que não queria comer a sopa, os pais *assentiam* e deixavam-na pôr a sopa de lado. Até que, três dias depois, inesperadamente, a Mariana viu a sopa na mesa e comeu-a toda. Não admitiu, mas sentia saudades de comer uma sopa quentinha. E a partir desse dia, começou a comer sopa sem fazer aquelas birras tão feias. Claro que, por vezes, demorava mais ou dizia que não lhe *apetecia*, como qualquer menina. Mas agora, agora era uma princesa de verdade. Fonte: ~,https:ÿÿwww.~ lapismagico.comÿhistorias-~ infantisÿa-princesa-nao-~ gostava-de-sopa~, Vocabulário Apetecia (apetecer): v. Desejo natural ou vontade de comer. Assentiam (assentir): v. Dar permissão ou aprovação, consentir. Folhos: s.m. Detalhes decorativos que adicionam elegância e feminilidade a uma peça de roupa. Impávido: adj. Que não se deixa abalar pelo temor, corajoso. Ralhavam (ralhar): v. Repreender severamente. Tacão [figurado]: s.m. Parte da sola do calçado a que se prende o salto, na altura do calcanhar.

Tule: s.m. Tecido leve e transparente, de fios de seda, nylon ou algodão. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Quebra-cuca 1. Qual o próximo número da seguinte sequência numérica 13, 35, 57,...? a) 53 b) 59 c) 75 d) 79 2. No táxi que entrei havia 8 passageiros. Pouco depois, 3 pessoas desceram e duas entraram. Quantas pessoas há no táxi? 3. Quando eu tinha 8 anos, a minha irmã tinha a metade da minha idade. Agora que tenho 55 anos, com quantos anos minha irmã está? 4. Em qual alternativa há três oitos, três zero? a) 88.830 b) 3.830 c) 888.000 d) 383.000 5. 30 ou 50: qual é o resultado de 5+5x5? Respostas: 1. d) 79 2. Há 9 pessoas no táxi. Explicação: inicialmente, o táxi tinha 9 pessoas: 8 passageiros mais 1 motorista. Quando eu entrei, o táxi ficou com 10 pessoas. Com a saída de 3, ficaram 7, mas outras 2 entraram. Portanto, no final, ficaram 9 pessoas no táxi: 8 passageiros (contando comigo) mais o motorista. 3. Minha irmã está com 51, porque se quando eu tinha 8 anos, ela tinha a metade, ou seja, 4 anos, temos 4 anos de diferença. 4. Alternativa a) 88.830. Dizer “três oitos” é o mesmo que 888. É diferente de dizer “três oito”, que significa que 38. Repare que a palavra “oito” está no plural na primeira opção, e no singular na segunda. Da mesma forma, dizer “três zero” é o mesmo que 30. É diferente de dizer “três zeros”, que significa 000. 5. 30. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Você sabia? • Muitos dos vídeos de TV ou Internet vêm através de cabos submarinos. • O coração de uma baleia azul é tão grande quanto um Fusca. • Toda vez que piscamos nossas pálpebras espalham um líquido rico em óleos e muco que mantém nossos olhos hidratados. Piscar também protege o globo ocular contra estímulos prejudiciais, como uma luz muito forte ou aquele mosquito que insiste em sobrevoar nosso rosto. • Os macacos, tal como os humanos, podem ficar carecas na velhice. • Os lados opostos dos dados dão sempre a soma de 7. • Um bocejo dura em média 6 segundos.

• O cérebro humano é constituído por 75% de água. • As corujas não conseguem mexer os globos oculares. • Foi Leonardo da Vinci quem inventou a tesoura. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Vamos rir Recibo da escola O garoto chega em casa e entrega ao pai o recibo da mensalidade da escola: -- Puxa vida, mas essa sua escola está ficando muito cara! -- E, olhe pai, que eu sou um dos que menos estuda. Dar e receber Dois meninos conversam: -- Meu pai sempre diz que é melhor dar do que receber! -- Ele é evangélico? -- Não! É lutador de boxe. Tentando ficar bonita A garotinha olhava, fascinada, a mãe esfregando creme no rosto. -- Pra que é que você está fazendo isso? -- Pra ficar bonita. -- disse a mãe começando a tirar o creme do rosto com um algodão. -- Que foi?? -- Perguntou a garota. -- Desistiu???? Cadeira de D. Pedro Zezinho está visitando o museu imperial, quando um guarda bronqueia: -- Não pode se sentar aí, moleque! É a cadeira do D. Pedro! -- Quando ele chegar eu saio! Galinha agitada No galinheiro uma galinha estava prestes a botar um ovo

do alto do poleiro quando sua amiga perguntou: -- Ei! Por que você tá botando ovo aí de cima se os ninhos estão aqui embaixo? -- Ah é porque agora eu tô botando pra quebrar! Paquera enrolada -- Qual é o telefone da sua casa? -- Setenta, setenta, e se não der certo “cê tenta de novo”. -- E fax, você tem? -- Sim, é só discar meia, meia, sem sapato. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Historiando Benjamin Constant Daniel Neves Silva Benjamin Constant Botelho de Magalhães foi um militar e educador brasileiro, nascido em 9 de fevereiro de 1837 na cidade de Niterói, então capital da província do Rio de Janeiro. Filho mais velho do militar português Leopoldo Henrique Botelho de Magalhães com a gaúcha Bernardina Joaquina da Silva Magalhães, com quem teve outros quatro filhos, a data de seu nascimento é imprecisa. Existem documentos que apontam que ele nasceu em 18 de outubro de 1836, enquanto outros afirmam que o nascimento aconteceu em 9 de fevereiro de 1837. Como militar, Benjamin Constant ficou conhecido por ter lutado na Guerra do Paraguai, o maior conflito da história brasileira. Foi também uma das figuras mais importantes na defesa do republicanismo no Brasil e um dos articuladores do golpe que levou à Proclamação da República em 1889. Já como professor, dedicou- -se ao ensino de matemática e física. Mas o grande marco de sua carreira de educador foi sua passagem pelo Instituto dos Meninos Cegos -- atual Instituto Benjamin Constant -- onde trabalhou por 20 anos, chegando a ocupar o cargo de diretor, desempenhando um papel fundamental para a consolidação da instituição como centro de referência na educação de pessoas cegas.

Confira a seguir, mais detalhes sobre a vida deste grande brasileiro. Infância A infância de Benjamin Constant ficou marcada pela extrema pobreza. O pai havia sido militar em Portugal e fez parte das forças comandadas por D. Pedro I na luta pela independência do Brasil. Depois, afastado da vida militar, dedicou-se profissionalmente ao ofício de professor, cujos ganhos nunca foram suficientes para garantir o sustento da mulher e dos cinco filhos. A situação da família só melhorou quando Leopoldo recebeu uma proposta para trabalhar em uma fazenda no interior de Minas Gerais. A melhora na condição financeira da família seria por pouco tempo -- em outubro de 1849 Leopoldo contraiu tifo e morreu. A mãe, Bernardina Joaquina, teve sua saúde mental profundamente afetada pela morte do marido e enfrentou um qua- dro de depressão muito grave. A morte do pai, a depressão da mãe e as dificuldades para sustentar a família afetaram de tal maneira Benjamin Constant, que ele chegou a tentar o suicídio, mas foi impedido e sobreviveu. Na condição de arrimo da família, Benjamin recorreu à ajuda financeira de amigos para estabilizar-se no Rio de Janeiro. Na Corte, ele, que até então estudara apenas com o pai, começou em 1850 a frequentar as aulas de matemática e latim do Mosteiro de São Bento. Em pouco tempo

destacou-se entre os alunos e passou a auxiliar os colegas mais atrasados. Carreira militar Quando tinha 15 anos, Benjamin Constant matriculou-se na Escola Militar do Rio de Janeiro, iniciando sua carreira no Exército Brasileiro. Na época, foi obrigado a conciliar estudos e trabalho porque o sustento da família era sua responsabilidade. Quando se tornou cadete de segunda classe, passou a receber um soldo. Concluiu os seus estudos regulares nessa instituição, além de graduar- -se em Engenharia pela Real Academia Militar e obter doutorado em Matemática e Física. Seus conhecimentos fizeram com que se tornasse professor de Matemática na Escola de Aplicação do Exército. Tinha 25 anos quando conheceu Maria Joaquina Bittencourt Costa, filha do diretor do Imperial Instituto de Meninos Cegos, Cláudio Luiz da Costa. Casaram- -se em 16 de abril de 1863 e tiveram oito filhos. Em 1866, já como tenente-coronel, foi convocado para servir na Guerra do Paraguai como engenheiro, sendo condecorado por sua atuação no conflito, ao demonstrar bravura em batalha. A atuação dele na guerra foi importante, porém breve. No ano seguinte, voltou ao Rio de Janeiro de licença médica para tratar da malária que contraíra durante o combate. Apesar de ter retornado precocemente ao Brasil, Benjamin Constant continuou no Exército, sendo uma das figuras mais proeminentes dos meios militares no final do século XIX, chegando à patente de coronel, tendo sido também um dos fundadores do Clube Militar. Após convalescer da doença, passou a trabalhar como professor de matemática e ciências do Instituto ainda dirigido pelo seu sogro. Quando este morreu, em 1869, Benjamin o sucedeu na direção da escola, sendo responsável por uma gestão decisiva para que a instituição se tornasse referência na educação de crianças e jovens cegas não só no Brasil como em toda América Latina. A ele coube executar o projeto de construção do magnífico palácio construído no terreno de 9.525 m2 doado pelo imperador, localizado na Praia da Saudade, atual Praia Vermelha. Uma construção sólida, ampla, capaz de abrigar uma instituição que passaria a receber cada vez mais crianças cegas de todo o País para receberem uma educação de qualidade, comparada às melhores escolas europeias. Benjamin Constant e a Proclamação da República A Proclamação da República foi a mudança de regime político do nosso país que aconteceu em 15 de novembro de 1889. Nesse evento, o Brasil deixou de ser uma monarquia e tornou-se uma república. Benjamin Constant, como ferrenho defensor do positivismo, ideologia muito influente nos meios militares do final do século XIX e que contribuiu diretamente para dar força ao movimento repu- blicano no Brasil, foi uma das personalidades mais ativas para que a monarquia fosse efetivamente derrubada. Benjamin Constant esteve muito próximo ao Partido Republicano e foi um dos responsáveis por convencer o marechal monarquista Deodoro da Fonseca, a aderir à conspiração que derrubou a monarquia no Brasil. Ele defendia que o Brasil deveria ser transformado em uma república autoritária e sem qualquer influência da religião, isto é, um Estado laico. Como foi uma das figuras mais importantes da transformação do Brasil em República, Benjamin Constant assumiu posições de importância no novo governo, presidido por Deodoro da Fonseca. Assumiu o Ministério da Guerra, sendo o responsável por aumentar o salário dos militares na época, atendendo a uma reivindicação antiga de seus pares do Exército. Também foi ministro da Instrução Pública, Correios e Telégrafos, promovendo uma verdadeira revolução no ensino, proibindo o ensino religioso em estabelecimentos públicos de instrução leiga. Realizou também uma ampla reforma da instrução pública primária e secundária, no Distrito Federal e, superior, em todo o País. Doente, exonerou-se do Ministério da Instrução Pública, Correios e Telégrafos em 17 janeiro de 1891 por não concordar com a postura autoritária de Deodoro da Fonseca. As sequelas da malária contraída durante a Guerra causaram sua morte precoce, no auge da sua capacidade técnica e intelectual, aos 54 anos de idade, no dia 22 de janeiro de 1891 por problemas no fígado. A instituição que, por causa da Proclamação da Repú- blica, já havia passado de Instituto Imperial de Meninos Cegos para Instituto dos Meninos Cegos e, mais tarde, Instituto Nacional de Cegos, no ano da morte de seu mais brilhante professor e diretor, mudou mais uma vez de nome, passando a se chamar Instituto Benjamin Constant. E assim permanece até hoje. Fontes: Portal Brasil Escola (~,https:ÿÿbrasilescola.~ uol.com.brÿbiografiaÿ~ benjamin-constant-botelho.~ htm~,). Acesso em: 31/07/2024. Portal do Arquivo Nacional (~,https:ÿÿx.gdÿ~ tV7Kb~,). Acesso em 10/10/2024. Portal da Memória do Instituto Benjamin Constant (~,http:ÿÿantigo.ibc.gov.~ brÿa-criacao-do-ibc~,). Acesso em 10/10/2024. Fundação Getúlio Vargas (CPDOC) (~,https:ÿÿcpdoc.fgv.brÿ~ sitesÿdefaultÿfilesÿ~ verbetesÿprimeira-~ republicaÿCONSTANT,%~ 20Benjamin.pdf~,). Acesso em 14/10/2024. Vocabulário Arrimo [Figurado]: s.m. Pessoa que está disposta a ajudar ou dar apoio a alguém. Condecorado: adj. Reconhecido pelo mérito, por um serviço prestado. Legou (legar): v. Deixar por herança, legado; transmitir. Malária: s.f. Doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários, transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. Proeminente: adj. Que se eleva acima do que o rodeia. Republicanismo: s.m. Doutrina política que prega a excelência dos ideais republicanos, que é partidária da república. Sequela: s.f. Disfunção consequente a uma moléstia, da qual deriva direta ou indiretamente. Soldo: s.m. Pagamento atribuído aos militares. Tifo: s.m. Doença febril grave infectocontagiosa, muitas vezes epidêmica e, geralmente, causada pela falta de saneamento básico. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Leitura interessante O ponto negro Viver é enfrentar um problema atrás do outro. O modo como você o encara é que faz a diferença. (Benjamin Franklin) Certo dia, um professor chegou na sala de aula e disse aos alunos para se prepararem para uma prova-relâmpago. Todos acertaram suas filas, aguardando assustados o teste que viria. O professor foi entregando, então, a folha da prova com a parte do texto virada para baixo, como era de costume. Depois que todos receberam, pediu que desvirassem a folha. Para surpresa de todos, não havia uma só pergunta ou texto, apenas um ponto negro, no meio da folha. O professor, analisando a expressão de surpresa que todos faziam, disse o seguinte: -- Agora, vocês vão escrever um texto sobre o que estão vendo. Todos os alunos, confusos, começaram, então, a difícil e inexplicável tarefa. Terminado o tempo, o mestre recolheu as folhas, colocou-se na frente da turma e começou a ler as redações em voz alta. Todas, sem exceção, definiram o ponto negro, tentando dar explicações por sua presença no centro da folha. Terminada a leitura, a sala em silêncio, o professor então começou a explicar: -- Esse teste não será para nota, apenas serve de lição para todos nós. Ninguém na sala falou sobre a folha em branco. Todos centralizaram suas atenções no ponto negro. Assim acontece em nossas vidas. Temos uma folha em branco inteira para observar e aproveitar, mas sempre nos centralizamos nos pontos negros. A vida é um presente da natureza dado a cada um de nós, com extremo carinho e cuidado. Temos motivos para comemorar sempre! A natureza que se renova, os amigos que se fazem presentes, o emprego que nos dá o sustento, os milagres que diariamente presenciamos. No entanto, insistimos em olhar apenas para o ponto negro! O problema de saúde que nos preocupa, a falta de dinheiro, o relacionamento difícil com um familiar, a decepção com um amigo. Os pontos negros são mínimos em comparação com tudo aquilo que temos diariamente, mas são eles que povoam nossa mente. Autor Desconhecido õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Cuidando do corpo e da mente Cuidar da saúde mental também é coisa de jovem A adolescência é uma fase cheia de mudanças e descobertas, sejam elas físicas, psicológicas ou sociais. Nesse período, muitas coisas começam a ter outra cara. Mais autonomia e uma maior compreensão das situações do dia a dia passam a fazer parte da vida dos jovens. É ainda nesse momento da vida que uma boa saúde mental faz toda diferença, principalmente para o futuro, na fase adulta. Neste momento em que se percebe um alto índice de suicídio entre os adolescentes, é preciso estar ainda mais atento às emoções das pessoas

nesta etapa da vida. Uma pesquisa nacional do instituto Datafolha, em parceria com a Fundação Lemann, o Itaú Social e a Imaginable Futures, revelou que 74% dos adolescentes se sentiram mais tristes, ansiosos ou irritados no período de isolamento social, por conta da pandemia da Covid-19. A boa notícia é que é possível contornar essa situação e cuidar da saúde mental dos jovens de maneira leve, promovendo o bem-estar, uma rotina mais tranquila e novas perspectivas de futuro. 1) Praticar atividades físicas: corpo e mente andam juntos. Dessa forma, a saúde física influencia diretamente na saúde mental. Seja uma caminhada, alongamentos ou algum esporte de preferência, é comprovado que a prática de exercícios libera o hormônio da felicidade: a endorfina. Além de ser um hábito que promove diversos benefícios para o corpo. E, não tem como dar desculpa, 15 minutinhos por dia já faz toda diferença. 2) Fazer uma atividade que considere agradável: pintar, bordar, escrever, praticar jogos de tabuleiro, tocar um instrumento. Fazer uma atividade que dê prazer e incentive o adolescente a ex- pressar a sua individualidade só traz saldos positivos na rotina. Dessa maneira, ele direciona a sua energia para algo que lhe faz bem e ainda o ajuda a acalmar a mente. 3) Dormir bem: uma boa noite de sono é essencial para ter

um bom rendimento e produtividade no dia seguinte. É durante o sono que o organismo exerce as principais funções restauradoras do corpo. Durante este momento, é possível repor energias e regular o metabolismo, fatores essenciais para manter corpo e mente saudáveis, lembrando que adolescentes precisam dormir cerca de 8 a 10 horas diariamente. 4) Contato com a natureza e o sol: estar em contato com a natureza pode reduzir o estresse e promover a saúde mental e, também, ajudar na concentração. Se o dia estiver ensolarado é ainda melhor, já que o sol estimula a produção de vitamina D. Ela é essencial para o funcionamento de várias atividades do corpo, além de

estimular também a produção de melatonina (hormônio do sono), prevenir doenças e aumentar a sensação de bem-estar. 5) Alimentação saudável: para ter uma boa disposição, uma alimentação saudável, colorida e equilibrada em nutrientes é essencial. O ideal é evitar frituras e alimentos muito gordurosos, fazer pelo menos três refeições e um lanche por dia. Consumir uma grande variedade de frutas, legumes e verduras e, claro, beber bastante água, no mínimo 2 litros diariamente. 6) Diálogo rico dentro de casa: ter uma boa conversa entre pais e filhos, trocar informações, abrir-se e com- partilhar problemas e estar à vontade para se expressar emocionalmente, além de uma relação saudável, de respeito mútuo entre os familiares, é crucial para uma boa saúde mental. Que tal tentar algumas dessas práticas hoje mesmo? Fonte: ~,https:ÿÿwww.~ stellamaris.com.brÿcuidar-~ da-saude-mental-tambem-e-~ coisa-de-jovem~, Acesso em: 28/08/2024 õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Então? O que acharam da letra de “Brincar de Viver”? A vida não é só brincadeira, mas a verdade é que, em nossa casa, a gente, normalmente, se sente mais protegido, feito um passarinho no ninho. Falando em nossa casa, também acho que não há nada como um bom papo com nossos familiares e amigos próximos, aqueles que nos amam, para organizar nossa cabeça. Até o próximo número, amiguinhos, e boas férias! Furinho, a mascote da revista Pontinhos õxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo Fim da Obra

Produzido e distribuído pela Divisão de Imprensa Braille do Instituto Benjamin Constant :::::::::::::::::::::::: Distribuição gratuita de acordo com a Lei n.o 9.610, de 19/02/1998, art. 46, inciso I, alínea *d*.