PONTINHOS Ano 65, n.o 388, janeiro/março de 2024 Ministério da Educação Instituto Benjamin Constant Editada e impressa na Divisão de Imprensa Braille Fundada em 1959 por Renato M. G. Malcher Missão: educar recreando, instruir divertindo, convencer esclarecendo. Av. Pasteur, 350/368 Urca -- Rio de Janeiro-RJ CEP: 22290-250 Tel.: (55) (21) 3478-4531 ~,revistasbraille@ibc.gov.br~, ~,http:`/`/www.ibc.gov.br~,

Diretor-Geral do IBC Mauro Marcos Farias da Conceição Comissão Editorial Camila Sousa Dutton Geni Pinto de Abreu Heverton de Souza Bezerra da Silva Hylea de Camargo Vale Fernandes Lima João Batista Alvarenga Maria Cecília Guimarães Coelho Rachel Ventura Espinheira Revisão Marília Estevão Livros impressos em braille: uma questão de direito Governo Federal Brasil: União e Reconstrução

Transcrição autorizada pela alínea *d*, inciso I, art. 46, da Lei n.o 9.610, de 19/02/1998. Distribuição gratuita. Arquivo da revista disponível para impressão em braille: ~,http:`/`/www.ibc.gov.br`/~ publicacoes`/revistas~, Nossas redes sociais: Anchor: ~,https:`/`/anchor.fm`/~ podfalar-rbc~, Facebook: ~,https:`/`/www.~ facebook.com`/ibcrevistas~, Instagram: ~,https:`/`/www.~ instagram.com`/revistas{-~ rbc{-pontinhos`/~, YouTube: ~,https:`/`/www.~ youtube.com`/~ RevistasPontinhoseRBC~,

Pontinhos: revista infantojuvenil para cegos / MEC/ /Instituto Benjamin Constant. Divisão de Imprensa Braille. n. 1 (1959) --. Rio de Janeiro: Divisão de Imprensa Braille, 1959 --. V. Trimestral Impressão em braille ISSN 2595-1017 1. Infantojuvenil -- Cego. 2. Pessoa cega. 3. Cultura -- Cego. 4. Revista -- Periódico. I. Pontinhos. II. Revista infantojuvenil para cegos. III. Ministério da Educação. IV. Instituto Benjamin Constant. CDD-028.#ejhga Bibliotecário -- Edilmar Alcantara dos S. Junior -- CRB/7 6872

Sumário Cantigas Populares ::::: 2 De abóbora faz melão :::: 2 O pato :::::::::::::::::: 3 Cordel :::::::::::::::::: 5 Nas asas da leitura ::::: 5 A greve dos bichos :::::: 6 Histórias para ler e contar ::::::::::::::::: 10 As coelhinhas que não sabiam respeitar ::::::: 10 Vou-me embora desta casa! :::::::::::::::::: 13 Quebra-cuca ::::::::::::: 19 Você sabia? ::::::::::::: 20 Vamos rir ::::::::::::::: 24 Historiando ::::::::::::: 26 50 anos da Ponte Rio-Niterói: história da obra mistura suor, concreto e polêmicas ::: 26 Leitura interessante :::: 33 Histórias para crescer: a tigela de madeira :::::: 33

Cuidando do corpo e da mente :::::::::::::::::: 38 Como controlar a ansiedade na hora das provas? :::::::::::::::: 38 Olá, amiguinhos! Sentiram a minha falta? Tivemos alguns problemas, mas agora estamos de volta! Vamos ver se a ponta dos seus dedinhos estão prontas para nossa próxima revista. Começaremos sempre cantando “De abóbora faz melão”, que me dá fome. Vou aproveitar para comer antes de quebrar a cuca e, depois, a diversão estará garantida com o “Vamos rir”. Venha comigo, ler é fundamental para adquirirmos conhecimento. Quando chegar ao final da nossa revista, você vai valorizar mais este hábito, principalmente depois da seção Cuidando do Corpo e da Mente. Divirta-se! Boa leitura! Furinho, o mascote da revista Pontinhos õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Cantigas Populares De abóbora faz melão De abóbora faz melão, de melão, faz melancia. De abóbora faz melão, de melão, faz melancia. Faz doce, sinhá! Faz doce, sinhá! Faz doce, sinhá Maria! Quem quiser aprender a dançar vá na casa do seu Juquinha! Quem quiser aprender a dançar vá na casa do seu Juquinha! Ele pula, ele roda, Ele faz requebradinha. Fonte: ~,https:ÿÿwww.letras.~ mus.brÿcantigas-popularesÿ~ 1996232ÿ~, Acesso em: 13/03/2024. ::::::::::::::::::::::::

O pato Composição: Paulo Soledade / Toquinho / Vinícius de Moraes Lá vem o pato Pata aqui, pata acolá Lá vem o pato Para ver o que é que há. O pato pateta Pintou o caneco Surrou a galinha Bateu no marreco Pulou do poleiro No pé do cavalo Levou um coice Criou um galo Comeu um pedaço De jenipapo Ficou engasgado Com dor no papo Caiu no poço

Quebrou a tigela Tantas fez o moço Que foi pra panela. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Cordel Nas asas da leitura Costa Sena Neste cordel falarei Sobre o meu melhor amigo, Que me ajuda a encontrar Lazer, trabalho e abrigo. Desde meus primeiros anos, Ele é parte dos meus planos E segue sempre comigo. Leio livro em minha cama, Em ônibus, metrô e trem, Em navio ou avião, Ou mesmo esperando alguém. Leio para o povo ouvir.

Leio para transmitir a riqueza Que ele tem. Fonte: ~,https:ÿÿeducador.~ com.brÿcordel-infantil-~ para-imprimirÿ~, Acesso: 04/03/2024. :::::::::::::::::::::::: A greve dos bichos Severino Milanês da Silva Muito antes do dilúvio Era o mundo diferente, Os bichos todos falavam Melhor do que muita gente E passavam boa vida, Trabalhando honestamente. O diretor dos correios Era o doutor Jaboti; O fiscal do litoral Era o matreiro Siry, Que tinha como ajudante O malandro Qualy.

O rato foi nomeado Para chefe aduaneiro, Fazendo muita “moamba” Ganhando muito dinheiro, com camundongo ordenança, Vestido de marinheiro. O cachorro era cantor, Gostava de serenata, Andava muito cintado, De colete e de gravata, Passava a noite na rua Mais o besouro e a barata. [...] Cada vez a tirania Manchava mais a nação A onça só empapando Comendo farta ração Devorando os animais Sem a menor compaixão O bode compareceu Num banquete oficial Mas quando quis regressar Sofreu um golpe fatal

Foi comido pela onça Sem choro, sem funeral Todos os bichos fugiram Ninguém mais contava broca Marimbondo amedrontado Já não sabia da toca: No reino arisco dos bichos Tudo corria à matroca Quando acabou o governo Desse tempo de sobrosso No palacete da onça Tinha um montão de caroço E no tesouro do reino Uma montanha de osso! Fonte: ~,https:ÿÿeducador.~ com.brÿcordel-infantil-~ para-imprimirÿ~, Acesso: 04/03/2024. Vocabulário A matroca: loc. adv. Falta de ordem ou de rumo. Aduaneiro: s. m. Funcionário da alfândega.

Broca: s. f. (Fig) Histórias engraçadas, fatos pitorescos. Sobrosso: s. m. Embaraço, impedimento. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

História para ler e contar As coelhinhas que não sabiam respeitar Havia uma vez um coelho que se chamava Serápio. Ele vivia no mais alto de uma montanha com suas netas Serafina e Séfora. Serápio era um bom coelho e muito respeitoso com todos os animais da montanha e por isso todos o apreciavam muito. Mas, suas netas eram diferentes: não sabiam o que era o respeito aos demais. Serápio sempre pedia desculpas pelo que elas faziam. Cada vez que elas saiam para passear, Serafina zombava: “Olha, como essa ovelha é feia e olha o nariz do touro, que esquisito”. “Sim, vejam como são feios”, respondia Séfora diante dos outros animaizinhos. E assim iam caminhando e zombando dos outros, todos os dias. Um dia, o avô, cansado do mau comportamento das suas netas, já que por mais que ensinasse, elas não se corrigiam, pensou em algo para fazê-las entender e lhes disse: “Vamos praticar um jogo onde cada uma de vocês terá um caderno”. No caderno elas deveriam escrever a palavra desculpas toda vez que faltassem com o respeito a alguém. Ganharia quem escrevesse menos essa palavra. “Está bem, vovô, vamos brincar”, responderam ao mesmo tempo. Quando Séfora faltava com o respeito a alguém, Serafina lhe fazia lembrar o jogo e ela tinha que escrever no seu caderno a palavra desculpas, porque assim Séfora teria mais palavras e perderia o jogo. Da mesma forma Séfora fazia recordar a Serafina quando ela faltava com o respeito a alguém. Os dias

passaram e já cansadas de escrever, as duas começaram a conversar: “Não seria melhor que a gente não faltasse com o respeito aos outros? Assim, a gente não teria que escrever tantas desculpas”. Chegou o momento em que Serápio teve que felicitar a ambas porque já não tinham queixas dos vizinhos. Então, ele pediu que as coelhinhas apagassem pouco a pouco tudo o que tinham escrito até que seus cadernos ficassem como antes. As coelhinhas ficaram muito tristes porque viram que era impossível que as folhas do caderno ficassem como antes. Então elas contaram isso ao avô e ele disse a elas: “Do mesmo modo fica o coração de uma pessoa quando faltamos com respeito a ela. Fica marcado, e por mais que peçamos desculpas, as marcas não se apagam por completo. Por isso, é bom que vocês se lembrem que devemos respeitar os ou- tros, assim como a gente gostaria de ser respeitado”. Fonte: ~,https:ÿÿbr.~ guiainfantil.comÿmateriasÿ~ cultura-e-lazerÿcontos-~ infantisÿas-coelhinhas-que-~ nao-sabiam-respeitar-conto-~ para-criancasÿ~, Acesso em: 04/03/2024. :::::::::::::::::::::::: Vou-me embora desta casa! Moacyr Scliar Existe alguma coisa pior do que ter quatro anos e brigar com o pai? Existe: é ser pai e brigar com o filho de quatro anos. Mas isto a criança só descobre depois de muitos anos. Para um garoto de quatro anos, brigar com o pai, ou com a mãe, significa romper com o mundo. Uma ruptura aliás frequente, porque há poucas coisas que um guri goste mais de fazer do que brigar. Ele briga porque quer comer e porque não quer comer; porque quer se vestir ou porque não quer se vestir; e porque não quer tomar banho, não quer dormir, não quer juntar as coisas que deixou espalhadas pelo chão. E porque quer uma lancha com pilhas, e uma bicicleta, e uma nave espacial -- de verdade. Todas estas coisas geram bate-boca, ao final do qual o garoto diz, ultrajado: -- Ah, é? Pois então... Pois então o quê? Um país pode ameaçar outro com mísseis, ou com marines, ou com bloqueio; um adulto diz que vai quebrar a cara do inimigo; mas, um garoto, pode ameaçar com quê? Com o único trunfo que eles têm:

-- Eu vou-me embora desta casa! Ao que, invariavelmente, os pais respondem: vai, vai de uma vez. Ué, mas não seria o caso deles suplicarem, não meu filho, não vai, não abandona teus velhos pais? Meio incrédulo, o guri repete: -- Olha que eu vou, hein? Vai, é a dura resposta. E aí o menino não tem outro jeito: para salvar sua honra (e como têm honra, os garotos de quatro anos!) ele tem de partir. Começa arrumando a mala: numa sacola de plástico, ele coloca os objetos mais necessários: um revólver de plás- tico, os homenzinhos do Playmobil (aos quatros anos, o kit de sobrevivência é notavelmente restrito). Enquanto isto, os pais estão jantando, ou vendo TV, aparentemente indiferentes ao grande passo que vai ser dado. O que só reforça a disposição do filho pródigo em potencial: esses aí não me merecem, eu vou-me embora mesmo. Mas, para onde? Para onde, José? Manuel Bandeira podia ir para Pasárgada, onde era amigo do rei; aos quatro anos, contudo, a relação com a realeza é muito remota. O guri abre a porta da rua (essas coisas são mais dramáticas em casa do que em apartamentos); olha para fora; está escuro, está frio, chove. Ele hesita; está agora em território de ninguém, tão diminuto quanto o é a sua independência. Ir ou não ir? Nem Hamlet viveu dilema tão cruel. Lá de dentro vem um grito: -- Fecha essa porta que está frio! Esta é a linha dura (pai ou mãe). Mas sempre há um mediador -- pai ou mãe -- que negocia um recuo honroso:

-- Está bem, vem para dentro. Vamos esquecer tudo! O garoto resiste, com toda a bravura que ainda lhe resta. Por fim, ele volta, mas sob condições: quando o pai for ao Centro, ele trará um trem elétrico, desde que não seja muito caro, naturalmente. A paz enfim alcançada, o garoto volta para dentro. Até a próxima briga. Quando, então: -- Eu vou-me embora desta casa! Fonte: ~,https:ÿÿarmazemde~ texto.blogspot.comÿ2020ÿ~ 06ÿcronica-vou-me-embora-~ desta-casa-moacyr.html~, Acesso em: 21/03/2024. Nota: Filho pródigo: referente à parábola contada por Jesus em que o filho deixa a casa do pai mas depois retorna arrependido. Vocabulário Ruptura: s. f. Rompimento. Ultrajado: adj. Que teve sua dignidade e honra injuriadas. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Quebra-cuca Com essas letras, você pode formar até 10 nomes de frutas. Atenção: os nomes podem ter 4 ou 5 letras; todas as frutas devem ter a letra *a*; a letra pode aparecer mais de uma vez na mesma palavra; a letra pode iniciar mais de uma palavra. *a* -- m -- p -- l -- c -- q -- u -- g -- j -- n -- e -- o -- ç -- r Resposta: 4 letras: cajá, caju, caqui, jaca, maçã, pera. 5 letras: amora, mamão, manga, melão. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Você sabia? Um dos menores peixes do mundo emite um som tão alto quanto um tiro. Estamos falando dos peixes machos da espécie *Danionella cerebrum*. Medindo somente 12 milí- metros de comprimento, eles conseguem emitir sons que podem chegar a mais de 140 decibéis — comparáveis com a potência de fogos de artifício ou até mesmo um tiro. Endêmico da região da cordilheira de Bago Yoma, no país asiático Mianmar, esse peixe minúsculo é conhecido por possuir o menor cérebro conhecido de qualquer verte- brado do mundo. Pesquisadores da Universidade de Charité, na Alemanha, que exploraram a vocalização estrondosa dos machos *D. cerebrum*, publicaram seus resultados, no dia 26 de

fevereiro, em um artigo na revista PNAS (*Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America*), uma das mais importantes publicações científicas do mundo. Eles descobriram que a espécie, descrita em 2021, possui um aparelho de reprodução de sons próprio que envolve uma cartilagem especial, uma costela especializada e músculos resistentes à fadiga. Na maioria dos casos, os peixes emitem sons a partir de vibrações de sua bexiga natatória (uma bolsa de gás usada para regular sua profundidade). Esses pulsos surgem de contrações rítmicas de músculos especializados. Já no *D. cerebrum*, existe uma costela que fica ao lado da bexiga natatória. Ela é movida por um músculo especial

para dentro de uma peça de cartilagem e, quando a costela é liberada, a bexiga é atingida e produz som. "Há uma tensão acumulada nesta contração", explica a pesquisadora Verity Cook ao site New Scientist. "Quando isso é liberado muito rapidamente, [a costela] atinge a bexiga natatória, o que produz o som de tamborilar". De acordo com os pesquisadores, a costela é mais dura nos machos, o que pode explicar a ausência de reprodução de sons pelas fêmeas. “O fato de serem apenas os machos que fazem barulho sugere que tem a ver com comportamento agressivo em relação a outros machos ou comportamento de acasalamento com fêmeas", completa Cook. Porém, por viverem em águas turvas e muito fundas, os motivos por trás dessa voca- lização ainda seguem sendo

estudados. Outra hipótese é que essa foi uma habilidade desenvolvida pelos machos para auxiliar na localização uns dos outros quando a visibilidade nas profundezas é ruim. Fonte: ~,https:ÿÿrevista~ galileu.globo.comÿcienciaÿ~ biologiaÿnoticiaÿ2024ÿ03ÿ~ um-dos-menores-peixes-do-~ mundo-emite-um-som-tao-~ alto-quanto-um-tiro-ouca.~ ghtml~, Acesso em: 05/ /03/2024. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Vamos rir Joãozinho também sabe ser fofo Joãozinho pergunta para sua mãe: -- Mãe, a senhora sabia que vermelho é a cor do amor? -- Claro que sim, filho. -- Te amo, mãe. Toma aqui meu boletim. Qual é o desastre natural que os cães mais odeiam? Fura-cão. Qual é a peça de carro que é feita só no Egito? Os faraóis. O que o cadarço falou para o tênis? “Estou amarradão em você”. O engenheiro olhou para o espelho. O que aconteceu? O engenheiro “se viu”. Na briga entre o esparadrapo e a fita isolante, quem ganhou? A fita isolante, pois ela é faixa preta. Qual é a roupa preferida do macaco? O macacão. Qual é a parte mais velha do carro? O “vô-lante”. Qual é a nota musical preferida dos carros? A ré. Tenho uma enxada, uma pá e uma foice. Quantas ferramentas eu tenho? Duas, porque uma “foi-se”. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Historiando 50 anos da Ponte Rio- -Niterói: história da obra mistura suor, concreto e polêmicas Dez mil homens trabalharam na construção, envolta em atrasos e acidentes fatais. Hoje, muito mais veículos passam pela via, que já foi a terceira maior do mundo mas não perde a majestade na paisagem Lívia Neder Muita história já passou por baixo e em cima da Ponte. A ideia antiga — desde o tempo do Império — de ligar Rio e Niterói começou a tomar forma em 1968, durante a ditadura militar. O objetivo tinha maior alcance: unir os trechos da BR-101. Hoje, a rodovia vai do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, passando pela Ponte Costa e Silva, nome do presidente que abriu os trabalhos da obra, naquele longínquo dezembro, nove dias antes de assinar o AI-5, que endureceu ainda mais o regime. Daí a história de a construção, assim como as águas da Baía de Guanabara, não ser tão transparente. Atrasos na obra, intervenção militar no consórcio construtor e custos maiores que os previstos foram alguns dos problemas de percurso. Os acidentes de trabalho fatais até hoje levantam dúvidas. Segurança maior os trabalhadores tinham no canteiro de obras montado na Ilha do Fundão e cercado de arame para abrigar 2.500 pessoas. A área tinha refeitório, posto policial, espaço para recreação, escola e 13 linhas de ônibus gratuitas para bairros do Rio e a Baixada Fluminense. O local também serviu de pouso para técnicos que trabalhavam vindos da Alemanha e da Holanda (na supervisão das ilhas flutuantes), da França (nas vigas de lançamento), da Inglaterra (nos trabalhos no Vão Central) e de Portugal (no concreto submerso). Por falar em estrangeiros, os trabalhos da construção da Ponte começaram simbolicamente com a presença da Rainha Elizabeth II, do Reino Unido, em 23 de agosto de 1968. Prevista para ser aberta aos automóveis em março de 1971, a via foi concluída com um atraso de três anos, no dia 4 de março de 1974. Onze dias depois, o general Emílio Garrastazu Médici passou a faixa presidencial para o general Ernesto Geisel. Um coronel da reserva, o ministro dos Transportes da época, Mario Andreazza, foi escalado para acompanhar a obra de perto. Ele chegou a morar na cidade-canteiro montada no Fundão. Para evitar críticas por mais atrasos e custos, a obra foi acelerada na reta final, após o primeiro consórcio de construtoras ser derrubado, terem transcorridos seis meses de disputas judiciais e um novo grupo assumir. A ordem era correr. Tanto que 80% dos serviços foram executados nos 720 dias anteriores à inauguração. Muito da memória e da resistência da Ponte se deve aos engenheiros. São eles que contam que foram usados ali 560 mil metros cúbicos de concreto e citam o trabalho de duas empresas alemãs, Bade e

Wirth, na perfuração das fundações. Elas foram assentadas em rochas no fundo da Baía de Guanabara, concretadas debaixo d'água. Coordenadas por Andreazza, as obras avançaram pela Guanabara em duas frentes, partindo do Rio e de Niterói, até se encontrarem no Vão Central, de 72 me- tros de altura. No primeiro ano, atingiu a marca de 20 mil veículos por dia. Movimento pequeno se comparado com o de hoje. Mas um alívio para motoristas que precisavam esperar na fila, embarcar, atravessar e desem- barcar o veículo, nas viagens de barcaça pela baía. A operação demorava até duas horas. Durante muito tempo, a Ponte Rio-Niterói ficou no top 3, top 5 ou entre as dez maiores do mundo. Ao ser inaugurada, ela era a terceira maior do planeta, atrás de duas americanas. Hoje, as construções gigantes ficam na Ásia, e a maior delas, a Grande Ponte de Danyang- -Kunshan, China, tem incríveis 164 quilômetros de linha férrea. Também na China, a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau é a maior sobre o mar, com 55 quilômetros de vão. Mas sem a beleza da Baía de Guanabara. Contudo, há quem lembre a importância de olhar para o futuro, considerando as mudanças na sociedade, para garantir a boa mobilidade. -- Niterói ainda era capital do Rio de Janeiro e a UFF estava recém-inaugurada pouco antes da Ponte, já mudando o perfil da cidade. Hoje, em termos de locomoção, é preciso pensar em outros projetos. Quando a Ponte para, Niterói engarrafa. Obviamente não dá vazão. Ela é um símbolo da ditadura para

reforçar a ideia de um Brasil grande, mas não é da ideia da ditadura. Do ponto de vista da mobilidade, tem muita im- portância, mas é preciso estudar projetos para atender à Região Metropolitana com melhorias que impliquem na qualidade de vida de milhares de pessoas. O metrô na baía seria fundamental hoje -- diz a professora de história da UFF, Samantha Quadrat. Fonte: ~,https:ÿÿoglobo.~ globo.comÿrioÿbairrosÿ~ niteroiÿnoticiaÿ2024ÿ03ÿ~ 02ÿ50-anos-da-ponte-rio-~ niteroi-historia-da-obra-~ mistura-suor-concreto-e-~ polemicas.ghtml~, Acesso em: 04/03/2024. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Leitura interessante Histórias para crescer: a tigela de madeira Um senhor de idade foi morar com o seu filho, a nora e o neto de quatro anos. Nesta altura, as mãos do velho eram trêmulas, a sua visão embaçada e os seus passos vacilantes. Estas circunstâncias atrapalhavam o avô sobretudo nas horas das refeições. Ora eram as ervilhas que caíam ao chão, ora era o arroz. Ao pegar no copo da água, rara era a vez que não a entornava. O filho e a nora irritavam-se com toda aquela balbúrdia: "Precisamos fazer alguma coisa a respeito do pai -- disse o filho. Já chega de água entornada, do barulho ao comer com a boca aberta e de comida pelo chão." Então, o casal decidiu colocar uma mesa na cozinha para o avô fazer as refeições. Assim, enquanto o avô comia sozinho, o resto da família fazia as refeições à mesa em tranquilidade. Para simplificar e porque o velho já tinha partido vários pratos, agora a sua comida era servida numa tigela de madeira. Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezes ele tinha os olhos rasos de água. Mesmo assim, as únicas pala- vras que lhe dirigiam eram admoestações ásperas porque tinha deixado cair um talher ou comida ao chão. O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio. Certa noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, a brincar com pedaços de madeira. Ele perguntou delicadamente à criança: "O que estás a fazer?"

O menino respondeu docemente: "Oh, estou a fazer tigelas para tu e a mãe comerem quando eu crescer." O menino sorriu e voltou à brincadeira. Aquelas palavras tiveram um grande impacto nos pais ao ponto de ficarem mudos e as lágrimas começarem a escorrer dos seus olhos. Embora ninguém tivesse dito nada, ambos sabiam o que era preciso fazer. Naquela noite o pai pegou o avô pelas mãos e gentilmente conduziu-o à mesa da família. Dali para frente e até ao final dos seus dias fez todas as refeições com a família. E por alguma razão, o marido e a esposa já não se importavam quando um garfo caía, a água era entornada ou a toalha da mesa se sujava. Alguém dizia que podemos esquecer o que uma pessoa nos

disse, mas nunca a forma como nos tratou. Temos tendência a valorizar as pessoas pelas suas capacidades e pelo seu sucesso, e nesse processo esquecemos muitas vezes a dignidade do outro e a memória das coisas boas (e dos sacrifícios) que fizeram por nós. Perdemos a noção da realidade quando valorizamos mais as coisas do que as pessoas, sobretudo as que cuidaram de nós e nos ajudaram a crescer. Não se consegue quantificar a paciência e o tempo que os pais gastam a cuidar de cada bebê. Os pais têm memória disso, mas os filhos não. E fazem-no com todo o seu amor. É por isso que é urgente e necessário fazer memória dos mais velhos e respeitá-los. E saber tão bem ouvir as histórias de outros tempos, onde tudo era diferente. Desprezar

os mais velhos é desprezar as nossas raízes! Fonte: ~,https:ÿÿjuvenil.~ netÿindex.phpÿcrescerÿ~ 726-historias-para-~ crescer-a-tigela-de-~ madeira~, 06/04/2024. Vocabulário Admoestação: s. f. Advertência, repreensão. Balbúrdia: s. f. Situação complicada, de difícil resolução. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Cuidando do corpo e da mente Como controlar a ansiedade na hora das provas? Controlar a ansiedade na hora das provas não é tarefa fácil, porém você pode tentar adotar, por exemplo, técnicas de respiração para aliviar a tensão. Muitas pessoas se perguntam como controlar a ansiedade na hora das provas. Essa é uma questão muito delicada, uma vez que esse sentimento pode causar um baixo rendimento durante os testes. Dizemos que a ansiedade é uma ocorrência comum no nosso dia a dia. Entretanto, quando ela se torna desproporcional e interfere na nossa qualidade de vida, temos um quadro patológico, o qual requer cuidados. A psicoterapia é recomendada nesses casos. Provas, de maneira geral, causam apreensão nos alunos. Algumas pessoas, no entanto, sentem um desconforto desproporcional ao realizá-las. Esse desconforto provoca baixo rendimento, desencadeando problemas como reprovações. Veja a seguir algumas dicas valiosas que podem ajudá-lo a controlar esse sentimento desagradável, que gera desconforto e tensão nos momentos de prova. A ansiedade pode causar graves prejuízos para o indivíduo, sendo fundamental buscar tratamento nesses casos. Preparar-se para a prova é essencial. Para isso, você deve estudar sempre com antecedência. Procure criar o hábito de estudar todos os dias, e não apenas no dia anterior ao exame. Utilize diferentes técnicas de estudo para melhorar seu aprendizado, como a elaboração de resumos, criação de mapas mentais e realização de exercícios. Realizar atividades físicas, alimentar-se bem e não fazer uso de substâncias como álcool e drogas são dicas im- portantes para se evitar crises de ansiedade. Sendo assim, adotar hábitos de vida saudáveis pode ajudá-lo no momento da prova. Dormir bem na noite que antecede ao exame é algo que pode fazer grande diferença. É importante estar descansado e tranquilo. Portanto, nada de estudar durante a noite ou ma- drugada. A conversa antes da prova é praticamente inevitável. Entretanto, se ela tratar de temas como a dificuldade do conteúdo estudado e a necessidade de tirar boas notas, a ansiedade pode ser aumentada. Assim sendo, evite que esses assuntos sejam abordados e tente relaxar nos momentos que antecedem o exame. Converse sobre temas que lhe dão prazer, como seus hobbies, acontecimentos divertidos do dia a dia, música e séries favoritas. O controle da respiração pode ajudar muito as pessoas que sofrem com a ansiedade. Portanto, pratique diariamente exercícios que o ajudem nisso. Ioga, por exemplo, é recomendada nesses casos e pode contribuir para que você conheça melhor seu corpo e evitar crises. Nos momentos de avaliações tente respirar profundamente. Uma técnica muito conhecida consiste em expirar usando o dobro do tem- po que foi utilizado para inspirar. Isso quer dizer que, se sua inspiração demorar três segundos, a expiração deve demorar seis. Um estudo realizado na Grã-Bretanha demonstrou que beber água durante uma avaliação pode aumentar as chances de tirar boas notas. Uma das explicações está no fato de que beber água durante a realização das provas alivia a ansiedade e, consequentemente, favorece o desempenho. Fonte: Santos, Vanessa Sardinha dos. “Como controlar a ansiedade na hora das provas?”; Brasil Escola. Disponível em: ~,https:ÿÿbrasilescola.~ uol.com.brÿsaude-na-escolaÿ~ como-controlar-a-ansiedade-~ na-hora-das-provas.htm~, Acesso em: 25/02/2024. Vocabulário Desencadear: v. Dar início. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Chegamos ao fim! Controle a sua ansiedade enquanto espera a próxima revista e na hora de fazer as provas. Gostei muito de saber um pouco sobre a Ponte Rio-Niterói, pois não conhecia sua história. Será que na sua cidade tem uma ponte? Você sabe a história dela? Sugiro que vá em busca! Conhecimento é tudo! Um abraço e até breve, amiguinhos! Furinho, o macote da revista Pontinhos õxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo Fim da Obra

Produzido e distribuído pela Divisão de Imprensa Braille do Instituto Benjamin Constant :::::::::::::::::::::::: Distribuição gratuita de acordo com a Lei n.o 9.610, de 19/02/1998, art. 46, inciso I, alínea *d*.