Diretor-Geral do IBC Mauro Marcos Farias da Conceição Comissão Editorial Camila Sousa Dutton Geni Pinto de Abreu Heverton de Souza Bezerra da Silva Hylea de Camargo Vale Fernandes Lima João Batista Alvarenga Maria Cecília Guimarães Coelho Rachel Ventura Espinheira Revisão Marília Estevão Livros impressos em braille: uma questão de direito Governo Federal Brasil: União e Reconstrução
Transcrição autorizada pela alínea *d*, inciso I, art. 46, da Lei n.o 9.610, de 19/02/1998. Distribuição gratuita. Arquivo da revista disponível para impressão em braille: ~,http:`/`/www.ibc.gov.br`/~ publicacoes`/revistas~, Nossas redes sociais: Anchor: ~,https:`/`/anchor.fm`/~ podfalar-rbc~, Facebook: ~,https:`/`/www.~ facebook.com`/ibcrevistas~, Instagram: ~,https:`/`/www.~ instagram.com`/revistas{-~ rbc{-pontinhos`/~, YouTube: ~,https:`/`/www.~ youtube.com`/~ RevistasPontinhoseRBC~,
Sumário
Cuidando do corpo e da
mente :::::::::::::::::: 38
Como controlar a
ansiedade na hora das
provas? :::::::::::::::: 38
Cantigas Populares
De abóbora faz melão
O pato
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi pra panela.
Cordel
Nas asas da leitura
Costa Sena
Leio para transmitir a riqueza
Que ele tem.
O rato foi nomeado
Para chefe aduaneiro,
Fazendo muita “moamba”
Ganhando muito dinheiro,
com camundongo ordenança,
Vestido de marinheiro.
O cachorro era cantor,
Gostava de serenata,
Andava muito cintado,
De colete e de gravata,
Passava a noite na rua
Mais o besouro e a barata.
[...]
Cada vez a tirania
Manchava mais a nação
A onça só empapando
Comendo farta ração
Devorando os animais
Sem a menor compaixão
O bode compareceu
Num banquete oficial
Mas quando quis regressar
Sofreu um golpe fatal
Foi comido pela onça
Sem choro, sem funeral
Todos os bichos fugiram
Ninguém mais contava broca
Marimbondo amedrontado
Já não sabia da toca:
No reino arisco dos bichos
Tudo corria à matroca
Quando acabou o governo
Desse tempo de sobrosso
No palacete da onça
Tinha um montão de caroço
E no tesouro do reino
Uma montanha de osso!
Broca: s. f. (Fig) Histórias engraçadas, fatos pitorescos.
Sobrosso: s. m. Embaraço, impedimento.
História para ler e contar
As coelhinhas que não sabiam
respeitar
Havia uma vez um coelho que se chamava Serápio. Ele vivia no mais alto de uma montanha com suas netas Serafina e Séfora.
Serápio era um bom coelho e muito respeitoso com todos os animais da montanha e por isso todos o apreciavam muito. Mas, suas
netas eram diferentes: não sabiam o que era o respeito aos demais. Serápio sempre pedia desculpas pelo que elas faziam. Cada
vez que elas saiam para passear, Serafina zombava: “Olha, como essa ovelha é feia e olha o nariz do touro, que esquisito”.
“Sim, vejam como são feios”, respondia Séfora diante dos outros animaizinhos. E assim iam caminhando e zombando dos outros,
todos os dias.
Um dia, o avô, cansado do mau comportamento das suas netas, já que por mais que ensinasse, elas não se corrigiam, pensou em
algo para fazê-las entender e lhes disse: “Vamos praticar um jogo onde cada uma de vocês terá um caderno”. No caderno elas
deveriam escrever a palavra desculpas toda vez que faltassem com o respeito a alguém. Ganharia quem escrevesse menos essa palavra.
“Está bem, vovô, vamos brincar”, responderam ao mesmo tempo. Quando Séfora faltava com o respeito a alguém, Serafina lhe fazia
lembrar o jogo e ela tinha que escrever no seu caderno a palavra desculpas, porque assim Séfora teria mais palavras e perderia o
jogo. Da mesma forma Séfora fazia recordar a Serafina quando ela faltava com o respeito a alguém. Os dias
passaram e já cansadas de escrever, as duas começaram a conversar: “Não seria melhor que a gente não faltasse com o respeito aos outros? Assim, a gente
não teria que escrever tantas desculpas”.
Chegou o momento em que Serápio teve que felicitar a ambas porque já não tinham queixas dos vizinhos. Então, ele pediu que as
coelhinhas apagassem pouco a pouco tudo o que tinham escrito até que seus cadernos ficassem como antes. As coelhinhas ficaram muito
tristes porque viram que era impossível que as folhas do caderno ficassem como antes. Então elas contaram isso ao avô e ele disse a
elas: “Do mesmo modo fica o coração de uma pessoa quando faltamos com respeito a ela. Fica marcado, e por mais que peçamos desculpas,
as marcas não se apagam por completo. Por isso, é bom que vocês se lembrem que devemos respeitar os ou-
tros, assim como a gente gostaria de ser respeitado”.
Fonte: ~,https:ÿÿbr.~
guiainfantil.comÿmateriasÿ~
cultura-e-lazerÿcontos-~
infantisÿas-coelhinhas-que-~
nao-sabiam-respeitar-conto-~
para-criancasÿ~, Acesso em:
04/03/2024.
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Vou-me embora desta casa!
Moacyr Scliar
Existe alguma coisa pior do que ter quatro anos e brigar com o pai?
Existe: é ser pai e brigar com o filho de quatro anos. Mas isto a criança só descobre depois de muitos anos.
Para um garoto de quatro anos, brigar com o pai, ou com a mãe, significa romper com o mundo. Uma ruptura aliás
frequente, porque há poucas coisas que um guri goste mais de fazer do que brigar. Ele briga porque quer comer e porque
não quer comer; porque quer se vestir ou porque não quer se vestir; e porque não quer tomar banho, não quer dormir, não
quer juntar as coisas que deixou espalhadas pelo chão. E porque quer uma lancha com pilhas, e uma bicicleta, e uma nave
espacial -- de verdade. Todas estas coisas geram bate-boca, ao final do qual o garoto diz, ultrajado:
-- Ah, é? Pois então...
Pois então o quê? Um país pode ameaçar outro com mísseis, ou com marines, ou com bloqueio; um adulto diz que vai quebrar
a cara do inimigo; mas, um garoto, pode ameaçar com quê? Com o único trunfo que eles têm:
-- Eu vou-me embora desta casa!
Ao que, invariavelmente, os pais respondem: vai, vai de uma vez. Ué, mas não seria o caso deles suplicarem, não meu filho,
não vai, não abandona teus velhos pais? Meio incrédulo, o guri repete:
-- Olha que eu vou, hein?
Vai, é a dura resposta. E aí o menino não tem outro jeito: para salvar sua honra (e como têm honra, os garotos de quatro anos!)
ele tem de partir. Começa arrumando a mala: numa sacola de plástico, ele coloca os objetos mais necessários: um revólver de plás-
tico, os homenzinhos do
Playmobil (aos quatros anos, o kit de sobrevivência é notavelmente restrito).
Enquanto isto, os pais estão jantando, ou vendo TV, aparentemente indiferentes ao grande passo que vai ser dado. O que só reforça a
disposição do filho pródigo em potencial: esses aí não me merecem, eu vou-me embora mesmo.
Mas, para onde? Para onde, José? Manuel Bandeira podia ir para Pasárgada, onde era amigo do rei; aos quatro anos, contudo, a relação
com a realeza é muito remota. O guri abre a porta da rua (essas coisas são mais dramáticas em casa do que em apartamentos); olha para fora;
está escuro, está frio, chove. Ele hesita; está agora em território de ninguém, tão diminuto quanto o é a sua independência. Ir ou não ir?
Nem Hamlet viveu dilema tão cruel. Lá de dentro vem um grito:
-- Fecha essa porta que está frio!
Esta é a linha dura (pai ou mãe). Mas sempre há um mediador -- pai ou mãe -- que negocia um recuo honroso:
-- Está bem, vem para dentro. Vamos esquecer tudo!
O garoto resiste, com toda a bravura que ainda lhe resta. Por fim, ele volta, mas sob condições: quando o pai for ao Centro, ele trará um
trem elétrico, desde que não seja muito caro, naturalmente. A paz enfim alcançada, o garoto volta para dentro. Até a próxima briga. Quando, então:
-- Eu vou-me embora desta casa!
Quebra-cuca
Com essas letras, você pode formar até 10 nomes de frutas. Atenção: os nomes podem ter 4 ou 5 letras; todas as frutas devem ter a
letra *a*; a letra pode aparecer mais de uma vez na mesma palavra; a letra pode iniciar mais de uma palavra.
*a* -- m -- p -- l -- c -- q -- u -- g -- j -- n -- e -- o -- ç -- r
Você sabia?
Um dos menores peixes do mundo emite um som tão alto quanto um tiro. Estamos falando dos peixes machos da espécie *Danionella cerebrum*. Medindo somente 12 milí-
metros de comprimento, eles conseguem emitir sons que podem chegar a mais de 140 decibéis — comparáveis com a potência
de fogos de artifício ou até mesmo um tiro.
Endêmico da região da cordilheira de Bago Yoma, no país asiático Mianmar, esse peixe minúsculo é conhecido por possuir o menor cérebro conhecido de qualquer verte-
brado do mundo.
Pesquisadores da Universidade de Charité, na Alemanha, que exploraram a vocalização estrondosa dos machos *D. cerebrum*, publicaram seus resultados, no dia 26 de
fevereiro, em um artigo na revista PNAS (*Proceedings of the National Academy of Sciences of the United
States of America*), uma das mais importantes publicações científicas do mundo. Eles descobriram que a espécie, descrita em 2021, possui um aparelho de
reprodução de sons próprio que envolve uma cartilagem especial, uma costela especializada e músculos resistentes à fadiga.
Na maioria dos casos, os peixes emitem sons a partir de vibrações de sua bexiga natatória (uma bolsa de gás usada para regular sua profundidade).
Esses pulsos surgem de contrações rítmicas de músculos especializados. Já no *D. cerebrum*, existe uma costela que fica ao lado da bexiga natatória.
Ela é movida por um músculo especial
para dentro de uma peça de cartilagem e, quando a costela é liberada, a bexiga é atingida e produz som.
"Há uma tensão acumulada nesta contração", explica a pesquisadora Verity Cook ao site New Scientist. "Quando isso é liberado muito rapidamente,
[a costela] atinge a bexiga natatória, o que produz o som de tamborilar".
De acordo com os pesquisadores, a costela é mais dura nos machos, o que pode explicar a ausência de reprodução de sons pelas fêmeas. “O fato de
serem apenas os machos que fazem barulho sugere que tem a ver com comportamento agressivo em relação a outros machos ou comportamento de acasalamento
com fêmeas", completa Cook.
Porém, por viverem em águas turvas e muito fundas, os motivos por trás dessa voca-
lização ainda seguem sendo
estudados. Outra hipótese é que essa foi
uma habilidade desenvolvida pelos machos para auxiliar na localização uns dos outros quando a visibilidade nas profundezas é ruim.
Vamos rir
Joãozinho também sabe ser fofo
Joãozinho pergunta para sua mãe:
-- Mãe, a senhora sabia que vermelho é a cor do amor?
-- Claro que sim, filho.
-- Te amo, mãe. Toma aqui meu boletim.
Qual é o desastre natural que os cães mais odeiam? Fura-cão.
Qual é a peça de carro que é feita só no Egito? Os faraóis.
O que o cadarço falou para o tênis? “Estou amarradão em você”.
O engenheiro olhou para o espelho. O que aconteceu? O engenheiro “se viu”.
Na briga entre o esparadrapo e a fita isolante, quem ganhou? A fita isolante, pois ela é faixa preta.
Qual é a roupa preferida do macaco? O macacão.
Qual é a parte mais velha do carro? O “vô-lante”.
Qual é a nota musical preferida dos carros? A ré.
Tenho uma enxada, uma pá e uma foice. Quantas ferramentas eu tenho? Duas, porque uma “foi-se”.
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
Historiando
Wirth, na perfuração das fundações. Elas foram assentadas em rochas no fundo da Baía de Guanabara,
concretadas debaixo d'água. Coordenadas por Andreazza, as obras avançaram pela Guanabara em duas frentes, partindo do Rio e de Niterói, até se
encontrarem no Vão Central, de 72 me-
tros de altura.
No primeiro ano, atingiu a marca de 20 mil veículos por dia. Movimento pequeno se comparado com o de hoje. Mas um alívio para motoristas que
precisavam esperar na fila, embarcar, atravessar e desem-
barcar o veículo, nas viagens de barcaça pela baía. A operação demorava até duas horas.
Durante muito tempo, a Ponte Rio-Niterói ficou no top 3, top 5 ou entre as dez maiores do mundo. Ao ser inaugurada, ela era a terceira maior do
planeta, atrás de duas americanas. Hoje, as construções gigantes ficam na Ásia, e a maior delas, a Grande Ponte de Danyang-
-Kunshan, China, tem incríveis 164 quilômetros de linha férrea. Também na China, a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau é a maior sobre o mar, com 55 quilômetros de vão. Mas sem
a beleza da Baía de Guanabara.
Contudo, há quem lembre a importância de olhar para o futuro, considerando as mudanças na sociedade, para garantir a boa mobilidade.
-- Niterói ainda era capital do Rio de Janeiro e a UFF estava recém-inaugurada pouco antes da Ponte, já mudando o perfil da cidade. Hoje, em termos
de locomoção, é preciso pensar em outros projetos. Quando a Ponte para, Niterói engarrafa. Obviamente não dá vazão. Ela é um símbolo da ditadura para
reforçar a ideia de um Brasil grande, mas não é da ideia da ditadura. Do ponto de vista da mobilidade, tem muita im-
portância, mas é preciso estudar projetos para atender à Região Metropolitana com melhorias que impliquem na qualidade de vida de milhares de pessoas.
O metrô na baía seria fundamental hoje -- diz a professora de história da UFF, Samantha Quadrat.
Leitura interessante
Histórias para crescer: a
tigela de madeira
Um senhor de idade foi morar com o seu filho, a nora e o neto de quatro anos. Nesta altura, as mãos do velho eram trêmulas, a sua visão
embaçada e os seus passos vacilantes.
Estas circunstâncias atrapalhavam o avô sobretudo nas horas das refeições. Ora eram as ervilhas que caíam ao chão, ora era o arroz. Ao
pegar no copo da água, rara era a vez que não a entornava. O filho e a nora irritavam-se com toda aquela balbúrdia: "Precisamos fazer
alguma coisa a respeito do pai -- disse o filho. Já chega de água entornada, do barulho ao comer com a boca aberta e de comida pelo chão."
Então, o casal decidiu colocar uma mesa na cozinha para o avô fazer as refeições. Assim, enquanto o avô comia sozinho, o resto da família
fazia as refeições à mesa em tranquilidade. Para simplificar e porque o velho já tinha partido vários pratos, agora a sua comida era servida
numa tigela de madeira. Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezes ele tinha os olhos rasos de água. Mesmo assim, as únicas pala-
vras que lhe dirigiam eram admoestações ásperas porque tinha deixado cair um talher ou comida ao chão.
O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio.
Certa noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, a brincar com pedaços de madeira. Ele perguntou delicadamente
à criança: "O que estás a fazer?"
O menino respondeu docemente: "Oh, estou a fazer tigelas para tu e a mãe comerem quando eu crescer." O menino sorriu e voltou à brincadeira.
Aquelas palavras tiveram um grande impacto nos pais ao ponto de ficarem mudos e as lágrimas começarem a escorrer dos seus olhos. Embora ninguém
tivesse dito nada, ambos sabiam o que era preciso fazer. Naquela noite o pai pegou o avô pelas mãos e gentilmente conduziu-o à mesa da família.
Dali para frente e até ao final dos seus dias fez todas as refeições com a família. E por alguma razão, o marido e a esposa já não se importavam
quando um garfo caía, a água era entornada ou a toalha da mesa se sujava.
Alguém dizia que podemos esquecer o que uma pessoa nos
disse, mas nunca a forma como nos tratou. Temos tendência a valorizar as pessoas pelas suas
capacidades e pelo seu sucesso, e nesse processo esquecemos muitas vezes a dignidade do outro e a memória das coisas boas (e dos sacrifícios) que
fizeram por nós.
Perdemos a noção da realidade quando valorizamos mais as coisas do que as pessoas, sobretudo as que cuidaram de nós e nos ajudaram a crescer. Não
se consegue quantificar a paciência e o tempo que os pais gastam a cuidar de cada bebê. Os pais têm memória disso, mas os filhos não. E fazem-no com
todo o seu amor. É por isso que é urgente e necessário fazer memória dos mais velhos e respeitá-los. E saber tão bem ouvir as histórias de outros tempos,
onde tudo era diferente. Desprezar
os mais velhos é desprezar as nossas raízes!
Chegamos ao fim! Controle a sua ansiedade enquanto espera a próxima revista e na hora de fazer as provas. Gostei muito de
saber um pouco sobre a Ponte Rio-Niterói, pois não conhecia sua história. Será que na sua cidade tem uma ponte? Você sabe a
história dela? Sugiro que vá em busca! Conhecimento é tudo!
Um abraço e até breve, amiguinhos!