Revista Brasileira para Cegos Ano LXXX, n.o 566, julho/setembro de 2022 Ministério da Educação Instituto Benjamin Constant Publicação de Informação e Cultura Editada e Impressa na Divisão de Imprensa Braille Fundada em 1942 pelo Prof. José Espínola Veiga Av. Pasteur, 350/368 Urca -- Rio de Janeiro-RJ CEP: 22290-250 Tel.: (55) (21) 3478-4531 E-mail: ~,rbc@ibc.gov.br~, ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.br~, Livros Impressos em Braille: uma Questão de Direito Governo Federal: Pátria Amada Brasil

Diretor-Geral do IBC João Ricardo Melo Figueiredo Comissão Editorial: Geni Pinto de Abreu Heverton de Souza Hylea de Camargo Vale Fernandes Lima Maria Cecília Guimarães Coelho Rachel Ventura Espinheira Colaboração: Carla Maria de Souza Daniele de Souza Pereira João Batista Alvarenga Rachel Maria Campos Menezes de Moraes Regina Celia Caropreso Revisão: Hylea de Camargo Vale Fernandes Lima Transcrição autorizada pela alínea *d*, inciso I, art. 46, da Lei n.o 9.610, de 19/02/1998. Distribuição gratuita. Arquivo da revista disponível para impressão em Braille: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.brÿ~ publicacoesÿrevistas~, Nossas redes sociais: Anchor: ~,https:ÿÿanchor.~ fmÿpodfalar-rbc~, Facebook: ~,https:ÿÿwww.~ facebook.comÿibcrevistas~, Instagram: ~,https:ÿÿwww.~ instagram.comÿrevistas{-~ rbc{-pontinhosÿ~, YouTube: ~,https:ÿÿwww.~ youtube.comÿ~ RevistasPontinhoseRBC~,

Revista Brasileira para Cegos / MEC/Instituto Benjamin Constant. Divisão de Imprensa Braille. n.o 1 (1942) -- . Rio de Janeiro : Divisão de Imprensa Braille, 1942 -- . V. Trimestral Impressão em braille ISSN 2595-1009 1. Informação -- Acesso. 2. Pessoa cega. 3. Cultura -- Cego. 4. Revista -- Periódico. I. Revista Brasileira para Cegos. II. Ministério da Educação. III. Instituto Benjamin Constant. ¨ CDD-003.#edjahga Bibliotecário -- Edilmar Alcantara dos S. Junior -- CRB/7 6872

Sumário Editorial :::::::::::::: 1 A faixa preta :::::::::: 4 Alivia o seu varal ::::: 7 Onde colocar o sal ::::: 8 Desafios ::::::::::::::: 10 Pensamentos :::::::::::: 17 No Mundo das Artes ::: 20 Gilberto Braga foi o dono do mundo das novelas ::::::::::::::: 20 Maravilhas do Mundo ::: 32 Cinco cidades medievais ::::::::::::: 32 Nossa casa ::::::::::::: 39 Vida e Saúde :::::::::: 43 Seu coração pede um *check-up* :::::::::::: 43 Culinária :::::::::::::: 60 *Mousse* de maracujá ::: 60 Risoni com almôndegas, ervilha e hortelã ::::: 61 Humor :::::::::::::::::: 65 RBC News ::::::::::::: 68 Espaço do leitor ::::::: 69

Editorial Caro leitor, Aqui estamos de volta, cheios de saudade de você, leitor, trazendo informação e entretenimento como você gosta. Todo mundo tem direito a férias, descanso, lazer, isto é fato. Mas, dentro de nós, há um órgão que não tem esse direito: o coração. Veja como é importante cuidar dele e registre dicas para observá-lo melhor. Falando em lazer, se você curte uma volta no tempo, este número está para você. No circuito de cinco cidades medievais pelo mundo, vamos nos deliciar com informações que vão nos fazer imaginar a próxima viagem dos nossos sonhos, quem sabe?

Um grande autor de telenovelas nos deixou em 2021. Com seu estilo muito particular de escrever, Gilberto Braga trouxe tendências de moda, personagens marcantes e temas surpreendentes para várias épocas. Que tal falar um pouco sobre ele? Nas receitas, tem até um pouquinho de história para você já ficar com água na boca e querer conhecer, agora pelo paladar, o risoni. Tem também coisinha doce para as formigas de plantão. E pequenos textos para a gente refletir sobre como vem levando a vida (é preciso buscar formas mais leves de encarar tudo), dicas importantes para nossa casa, do tipo "agora resolvo esse problema de uma vez", desafios de quebrar a cabeça, piadas, muita coisa para você curtir. Queremos você sempre bem informado e bem-humorado, quando for possível. Por isso, selecionamos com cuidado textos e temas. A vida já traz suas pró- prias dificuldades. Não é preciso que você acrescente mais nenhuma. Quando a coisa estiver difícil, e você não estiver encontrando uma solução, leia uma piada, um pensamento, um texto... além do conteúdo que pode dar uma dica importante ou fazer você rir e ficar mais leve, o braille, exigindo concentração, fará você se acalmar e se preocupar com outra coisa. Tenha sempre nossa revista à mão e viaje conosco nestas páginas. Boa leitura! Comissão Editorial õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

A faixa preta O dia, tão esperado, afinal chegara. O disciplinado aluno de artes marciais preparou-se para receber a faixa preta. Contudo, antes de recebê-la das mãos do seu mestre, lhe foi dito que precisaria passar por um derradeiro teste. Deveria responder a uma pergunta: Qual é o verdadeiro significado da faixa preta? O jovem respondeu, de imediato, com uma pontinha de orgulho. Afinal, ele se esforçara para chegar a esse ponto. Ela representa o fim de minha jornada. Será uma recom- pensa merecida por meu bom trabalho. Logo percebeu que a sua resposta não satisfizera ao seu professor. O silêncio constrangedor foi interrompido pela sentença: "Você não está pronto

para receber a faixa preta. Volte dentro de um ano." Desapontado, o aluno se foi. Ansioso, um ano depois, tornou a se apresentar, com a certeza de que, agora, lhe seria entregue a tão desejada faixa preta. Como da vez anterior, lhe foi feita a pergunta: "Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?" Ele se preparara para isso e respondeu, com *convicção*: "É o símbolo da excelência e o nível mais alto que se pode atingir em nossa arte". O silêncio disse ao jovem que, novamente, a sua resposta não fora satisfatória. "Você ainda não está pronto para a faixa preta. Volte daqui a um ano." -- Foi o que ouviu. Pela terceira vez, passado o tempo exigido, chegou ele diante do seu mestre. Para a indagação habitual, respondeu, respirando fundo: "A faixa preta representa o começo. É o início de uma jornada sem fim de disciplina, trabalho e busca por um padrão cada vez mais alto". Com um sorriso, o mestre lhe entregou a faixa. Agora, lhe foi dito, ele estava pronto para recebê-la e iniciar o seu trabalho. Fonte: *As mais belas parábolas de todos os tempos*, v. II, organizado por Alexandre Rangel, ed. Leitura. Vocabulário: *Convicção*: s.f. Crença ou opinião firme a respeito de algo, com base em provas ou razões íntimas. :::::::::::::::::::::::: Alivia o seu varal Quando seguimos estendendo muitas roupas pesadas em um varal, sem o cuidado em observar seu limite, ele se rompe, e lá se vão todas as peças para o chão. E que trabalheira, não? Pois é, muitas vezes nós também funcionamos como os varais. Selecionar as "peças" mais leves para carregar é fundamental. Assim como passarinho que carrega pedras não voa, nós também não. Há que se desintoxicar o coração e deixar pelos caminhos as bagagens pesadas como mágoas, decepções, rancores, arrependimentos, culpas, dores que já doeram... Remoer sofrimentos é sobrecarregar as cordinhas da nossa

alma. É sofrer de novo, de novo e de novo... Pra que isso? E varal partido se costura é com fios de perdão, de esperança, de amor, de sonhos, de levezas... Sempre que puder siga mais leve, e você sempre pode! Tenta, vai! :::::::::::::::::::::::: Onde colocar o sal O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d'água e bebesse. -- Qual é o gosto? -- perguntou o Mestre. -- Ruim -- disse o aprendiz. O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago.

Os dois caminharam em silêncio, e o jovem jogou o sal no lago. Então o velho disse: -- Beba um pouco dessa água. Enquanto a água escorria do queixo do jovem o Mestre perguntou: -- Qual é o gosto? -- Bom! -- disse o rapaz. -- Você sente o gosto do sal? -- perguntou o Mestre. -- Não... -- disse o jovem. O Mestre, então, sentou ao lado do jovem, pegou em suas mãos e disse: -- A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta. É dar mais valor ao que você tem, do que ao que você perdeu. Em outras pala- vras: É deixar de Ser copo para tornar-se um lago. Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos... Fonte: ~,https:ÿÿwww.~ aprendendoaviver.com.brÿ~ artigoÿonde-colocar-o-sal~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Desafios 1. Cada sequência tem uma lógica. Descubra-as e preencha os espaços: a) 2 -- 3 -- 5 -- 7 -- ''''' -- ''''' -- ''''' -- ''''' -- ''''' -- 29 b) 6 -- 9 -- 14 -- 17 -- ''''' -- ''''' -- ''''' -- ''''' -- ''''' -- 41 c) 67 -- 57 -- 48 -- ''''' -- ''''' -- ''''' -- ''''' -- ''''' -- ''''' -- 13 2. Três funcionárias de uma empresa com estaturas de 1,59 m, 1,60 m e 1,62 m preparam-se para um evento. A empresa disponibilizou três pares de sapatos com saltos de 8 cm, 10 cm e 12 cm. Ana e Carolina querem ficar com a mesma altura, e Beatriz quer ser a mais alta. Qual deve ser a altura de Beatriz -- estando descalça -- para que o desejo das três se realize? 3. A palavra hipopótamo tem dez letras, mas eventualmente tem treze. Por quê? 4. Carlos gastou R$252,00 na compra de uma camiseta, uma calça jeans e um par de tênis. Descubra qual o valor pago por cada um dos itens, sabendo-se que a camiseta custou a metade do preço da calça jeans e o par de tênis custou o dobro do preço da calça jeans. 5. Quadrado mágico é uma tabela onde a soma dos números de cada linha, de cada coluna e de cada diagonal são iguais. Os números não poderão se repetir. Complete os quadrados mágicos obedecendo a soma indicada: a) 15 ============ 8 l l 6 :::r::::r::: l 5 l :::r::::r::: l l 2 gggggggggggg b) 15 ============ l l 2 :::r::::r::: l 5 l :::r::::r::: 8 l l gggggggggggg c) 21 ============= l l 8 ::::r::::r::: 11 l l ::::r::::r::: l 5 l ggggggggggggg Respostas: 1. a) 2 -- 3 -- 5 -- 7 -- 11 -- 13 -- 17 -- 19 -- 23 -- 29 (Sequência dos dez primeiros números primos) b) 6 -- 9 -- 14 -- 17 -- 22 -- 25 -- 30 -- 33 -- 38 -- 41 (A partir do primeiro termo, 6, somamos três unidades para obter o segundo termo. O terceiro é o resultado do segundo, adicionando-se cinco unidades, 14. Ou seja, para montarmos a sequência precisamos do antecessor; o antecessor mais três unidades fica nas posições pares; o antecessor mais cinco unidades fica nas posições ímpares.) c) 67 -- 57 -- 48 -- 40 -- 33 -- 27 -- 22 -- 18 -- 15 -- 13 (A partir do primeiro termo, 67, subtra- ímos 10 unidades. A seguir, subtraímos a cada um dos resultados uma unidade em ordem decrescente até chegar ao resultado final 13.) 2. Suponhamos que Ana tenha 1,60 m. Ela terá que usar o salto de 12 cm se quiser ficar da mesma altura de Carolina, que tem 1,62 m e terá que usar o salto de 10 cm. Desse modo, as duas terão 1,72 m com salto. Então, Beatriz tem 1,59 m e vai usar o salto de 8 cm. Por tanto, ficará com 1,67 m de altura se usar salto de 8 cm. 3. Porque se você contar as letras da palavra e-v-e-n- -t-u-a-l-m-e-n-t-e vai constatar que essa palavra possui treze letras. 4. A calça jeans custa *x*; a camiseta custou a metade do preço da calça: xÿ2; e o par de tênis custa o dobro da calça jeans: 2x. Resolvendo: x+xÿ2+2x=252 x(2ÿ2)+xÿ2+2x(2ÿ2)= =252(2ÿ2) 2xÿ2+xÿ2+4xÿ2=252(2ÿ2) 7xÿ2=504ÿ2 7x=504 x=72 (preço da calça: R$72,00) xÿ2=72ÿ2=36 (preço da camiseta: R$36,00) 2x=2"72=144 (preço do par de tênis: R$144,00)

5. a) 15 ============ 8 l 1 l 6 :::r::::r::: 3 l 5 l 7 :::r::::r::: 4 l 9 l 2 gggggggggggg b) 15 ============ 4 l 9 l 2 :::r::::r::: 3 l 5 l 7 :::r::::r::: 8 l 1 l 6 gggggggggggg

c) 21 ============== 4 l 9 l 8 ::::r::::r:::: 11 l 7 l 3 ::::r::::r:::: 6 l 5 l 10 gggggggggggggg õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Pensamentos "Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências." Pablo Neruda (1904-1975) "Só eu posso me julgar. Eu sei o meu passado, eu sei o motivo das minhas escolhas, eu sei o que tenho dentro. Eu sei o quanto eu sofri, eu sei o quanto eu posso ser forte ou fraco, eu e mais ninguém." Oscar Wilde (1854-1900) "Um objeto, mesmo que não tenha sido adquirido por meio de roubo, deve ser no entanto considerado furtado se o possuímos sem dele precisarmos." Mahatma Gandhi (1869-1948) "Sou considerado um louco em um mundo onde pessoas normais constroem bombas atômicas." Bob Marley ê1945- -1981ã "Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota." Madre Teresa de Calcutá (1910-1997) "Quem decide um caso sem ouvir a outra parte não pode ser considerado justo, ainda que decida com justiça." Sêneca (4 a.C.-65 d.C.)

"Num mundo injusto, aquele que clama por justiça é considerado louco." Felipe Camino Gallego (data não indentificada) "Geralmente aqueles que sabem pouco falam muito e aqueles que sabem muito falam pouco." Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) "O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que ob- servam e deixam o mal acontecer." Albert Einstein (1879-1955) "Às vezes, não conseguir o que você quer é uma tremenda sorte." Dalai Lama ê1935-ã õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

No Mundo das Artes Gilberto Braga foi o dono do mundo das novelas Patrícia Kogut É impossível falar da História da teledramaturgia brasileira desde os anos 1970 -- quando ela floresceu e ganhou a dimensão que tem hoje -- sem citar Gilberto Braga. Invariavelmente lembrado como um mestre na construção de vilões e vilãs, ele representou muito mais. Deixa uma obra completa, rica e abrangente, sempre marcada pela assinatura pessoal: o texto elegante, preciso e culto, muitas vezes pontuado com fina ironia. Tinha um olhar para todos os aspec- tos de suas criações e opinava inclusive nas trilhas sonoras, escolhendo muitas das canções. Sua capacidade de se comunicar com o público e de eletrizá-lo era inigualável. Por tudo isso, dizer que ele foi o mais importante autor da nossa televisão ganha status de *axioma*. Gilberto adorava cinema. Seu texto se abria constantemente para citações de cenas famosas de filmes. Trabalhou anos como professor de francês e, aqui no Globo, atuou como afiadíssimo crítico de teatro. Essa bagagem se traduziu em deliciosos momentos. Quem viu "Vale tudo", em 1988, se lembra dos diálogos de Celina (Nathalia Timberg) e sua irmã Odete (Beatriz Segall) cheios de frases em francês. A Tijuca e Copacabana, onde viveu, ambientaram alguns de seus mais famosos enredos. Foi um cronista do Rio, mas com os dois pés no *cosmopolitismo*. Nada dele era *provinciano*, embora soubesse se conectar com os pequenos

universos e se dirigir ao espectador como se estivesse conversando com um vizinho. Disse, em entrevista ao Projeto Memória Globo, que no início da carreira acreditava que a televisão seria algo transitório. Sua intenção era trabalhar com cinema, que acreditava ser "maior". Pois, ironia, foi responsável por enobrecer a televisão e ali entrou logo para um time muito seleto, o de autores das novelas das oito. Fez isso com tramas inovadoras, em que procurou ao mesmo tempo estar em sintonia com a sociedade, re- tratando-a com crueza, e fazê-la avançar para um mundo com mais direitos. As mulheres livres, independentes e em busca de igualdade apareceram fortemente em Gilberto; a corrupção *endêmica* no Brasil ficou à mostra, como um nervo exposto; já na luta pelo respeito aos

direitos dos gays percorreu um caminho mais tortuoso, mas que, ao final, resultou em avanços, para além mesmo do que o público médio queria aceitar: do Inácio (Dennis Carvalho), de "Brilhante", ao Gilvan (Miguel Roncato), de "Insensato coração", ele rompeu tabus. Mesmo se ao custo de rejeição, como aconteceu com o beijo de Fernan- da Montenegro e Nathalia Timberg, em 2015, em "Babilônia" (escrita em parceria com Ricardo Linhares). Gilberto começou em 1972 com um Caso Especial e logo assinou sua primeira novela, uma adaptação da obra de José de Alencar para às 18 h. "Senhora" trazia Norma Blum e Claudio Marzo nos papéis principais. No mesmo ano, veio "Helena", baseada na obra de Machado de Assis, estrelada por Lúcia Alves. Ele dizia que ficava chateado de ser chamado de "adaptador". Mas antes de mostrar sua força com uma produção original -- o que veio com "Dancin' Days", em 1978 -- fez "Escrava Isaura" (1976). Durante anos, essa trama liderou as vendas internacionais da Globo. Por causa dela, Lucélia Santos é até hoje um ídolo na América Latina e na China. Rubens de Falco, o vilão, foi tão marcante que "Leôncio" virou sinônimo de maldade. Mas, voltando a "Dancin' Days", já na sua estreia no horário nobre, Gilberto mostrou toda a *capilaridade* de seu trabalho. A novela é até hoje considerada um marco. Pelo texto, em primeiro lugar, claro. Mas também pelo ambiente das discotecas, pela música, pelas gírias que ele lançou ("tipo assim" nasceu ali) e pela moda. A parceria com Dennis Carvalho e com a figurinista Marília Carneiro -- que se repetiu muitas vezes -- foi feliz demais. Por causa de Gilberto, as *meias de lurex* entraram em moda, a minissaia voltou, e tantos ou- tros comportamentos foram adotados pelo público. Tudo isso segue atual. Tanto que agora, com a reprise de "Paraíso tropical", os espectadores se reapaixonaram por Bebel (Camila Pitanga) e Olavo (Wagner Moura). E aquela expressão "Cachorra!" está de novo nas bocas. É Gilberto Braga sendo eterno. *** Gilberto Braga cutucou feridas da ditadura em "Anos Rebeldes". Mesmo pouco politizado, o escritor ajudou a Globo a brigar contra a imagem de canal dos militares. Laura Mattos Uma jovem militante de esquerda abre a camisa diante do pai, um banqueiro que apoiava a ditadura, e mostra os seios queimados por cigarro após ter sido presa e torturada. É de perder o fôlego essa cena de "Anos Rebeldes", com Cláudia Abreu e José Wilker, uma das mais poderosas da teledramaturgia brasileira. Escrita por Gilberto Braga, a minissérie marcou a história da TV ao ter como protagonista uma crítica *mordaz* ao regime militar. Foi exibida em 1992 pela Rede Globo. Com a cena das marcas de tortura de Cláudia Abreu, a da morte de sua personagem, me- tralhada por um militar, e tantas outras, a série teve impacto nunca alcançado pelas diversas iniciativas institucionais da Globo para se reabilitar politicamente, desde tentativas de driblar os fatos e reescrever a história, passando por revisões mais equilibradas e até chegando ao reconhecimento sincero de alguns erros. A repercussão de "Anos Rebeldes" teve impacto imediato. Ao retratar o movimento estudantil dos anos 1960, engajou jovens nas passeatas que defenderam o *impeachment* de Collor. Curiosamente, Braga não fazia parte do grupo de esquerdistas que a emissora havia abrigado ao longo da ditadura, sendo o *dramaturgo* comunista Dias Gomes o mais célebre deles -- havia à época, no país, um domínio da arte engajada de esquerda, que teve suas intenções revolucionárias incorporadas e diluídas pela indústria cultural. No livro "Anos Rebeldes -- Os Bastidores da Criação de uma Minissérie", da editora Rocco, Braga diz que foi "totalmente alienado nos anos 1960". Teve a ideia de escrever uma obra sobre a ditadura por considerar que formaria uma trilogia com suas duas produções anteriores, "Anos Dourados", sobre a década de 1950, e a novela "Vale Tudo", um retrato do país pós- -ditadura militar. Enquanto o Brasil enfrentava a ditadura, Braga estava no escurinho do cinema, vendo um filme por dia -- a linguagem cinematográfica se tornaria uma grande influência. Dos anos 1960, conhecia a cultura, os costumes, mas precisava entender o contexto político. Três foram suas leituras iniciais, nas quais se baseou para criar a minissérie -- "O que É Isso, Companheiro?", de Fernando Gabeira, "Os Carbonários", de Alfredo Sirkis, e "1968 -- O Ano que Não Terminou", de Zuenir Ventura. Na minissérie, a política, obviamente, teria de vir embalada por uma história de amor, que foi protagonizada por Malu Mader, no papel de uma mocinha conservadora, e Cássio Gabus Mendes, jovem idealista que se engajou em movimentos de oposição. Como apontou Artur Xexéo no prefácio do livro sobre "Anos Rebeldes", Braga foi engenhoso ao criar um triângulo amoroso em que o rapaz se divide entre o amor pela garota e o sonho da revolução. Ele manteve seu objetivo de fazer com que o público não soubesse pelo que torcer. Ainda que tenha feito da ditadura a grande vilã, Braga era herdeiro da veia *folhetinesca* de Janete Clair mais do que do tom diretamente político do marido da escritora, Dias Gomes. Boni, em sua *autobiografia*, conta que apresentou Braga a um *chef* de um restaurante de Nova York como "um grande autor brasileiro", ao que ele retrucou "não sou um autor, sou simplesmente um escritor de folhetim". Fonte: Jornais *O Globo* e *Folha de São Paulo* Nota: *Meia lurex*: Meias em tecido de malha com elasticidade e fios metálicos. Vocabulário: *Autobiografia*: s.f. Narração sobre a vida de um indivíduo, escrita pelo próprio, sob forma documental ou fic- cional. *Axioma*: s.m. Provérbio, máxima, sentença.

*Capilaridade*: s.f. Capacidade de penetrar em diversos grupos. *Cosmopolitismo*: s.m. Conceito de pertencimento sem fronteiras. *Dramaturgo*: s.m. Autor de peças de teatro ou novela. *Endêmica*: adj. Peculiar a um povo ou região. *Folhetinesco*: adj. Carac- terísticas de folhetim. -- Folhetim: s.m. Romance ou novela, publicado regularmente em periódicos, em fragmentos ou capítulos. *Impeachment*: s.m. Processo de cassação feito a partir de uma denúncia crime contra uma autoridade, geralmente um presidente, sendo a sentença proferida pelo poder legislativo. *Mordaz*: adj. Denigri, machuca, fere.

*Provinciano*: adj. Atrasado; sem cultura. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Maravilhas do Mundo Cinco cidades medievais A Idade Média foi um período marcado pelo feudalismo, embates entre povos por terras e o domínio da Igreja Católica, mas também está presente no imaginário das pessoas quando pensamos em histórias de reis, rainhas, bruxas e dragões. Uma das provas do encantamento do público por esse período histórico é o sucesso de histórias medievais, como "Game of Thrones" e "The Witcher". E, apesar dos inúmeros avanços tecnológicos nos centros urbanos, diversas cidades pelo mundo ainda guardam

suas características da Idade Média. Desse modo, as muralhas, as torres, os castelos e as ruas de pedras fazem com que o turista se sinta em uma viagem no tempo. Por isso, elaboramos uma lista com cinco cidades pelo mundo que mantêm a arquitetura antiga e bela dos tempos medievais. York -- Inglaterra A pequena cidade de York fica a 300 km de Londres, e o turista pode chegar lá de trem, carro ou ônibus. A cidade foi construída no ano 71 d.C. pelos romanos. Foi uma cidade muito importante na Idade Média, uma vez que foi um grande pólo comercial e capital da província Britannia Inferior. Hoje, York ainda possui construções daquela época,

como as ruínas romanas, presentes em toda a cidade. A Catedral de York também é uma beleza que enche os olhos dos apaixonados por história e arquitetura. Erguida no século VIII, ela passou por algumas modificações ao longo dos anos, até atingir os pa- drões de arte gótica que apresenta. Outra atração de York é a rua Shambles. A *viela*, estreita e com paralelepípedos, inspirou o cenário do Beco Diagonal, do filme Harry Potter. E mais: se o turista estiver em Londres e escolher ir de trem, ele sairá da estação King's Cross! Toledo -- Espanha Toledo fica a 30 minutos de trem de Madri e é um delicioso passeio para quem gosta de arte -- ela já foi casa do famoso pintor El Greco.

Além disso, a cidade é multicultural: por muitos anos, judeus, cristãos e mulçumanos conviveram ali pacificamente. Isso faz com que a cidade abrigue monumentos importantes às três culturas. As principais atrações são A Catedral de Toledo, do século XIII, e o Palácio de Alcazar, uma grandiosa edificação construída no século III. Mas a cidade inteira é digna de atenção. Desde os mirantes como o Paseo de San Cristobal até as pontes impressionantes, como a Puente de San Martín. Siena -- Itália Toscana é uma região no centro da Itália conhecida por seus monumentos históricos e artísticos, com trabalhos de Michelangelo e Botticelli. Quem passa por lá não pode deixar de visitar a cidade de Siena, que encanta a todos com seus prédios medievais. A Praça del Campo é sím- bolo de Siena, em formato de concha, é onde estão o Palácio Público (sede do governo) e a Torre de Mangia, ambos do século XIV. Duas vezes ao ano, a praça apresenta o Palio delle Contrade, tradicional corrida de cavalos que reúne os bairros da cidade. Carcassonne -- França Carcassonne está situada no topo da colina na área de Languedoc, sul da França e a 300 km de Barcelona. A cidade está intacta há mais de dois mil anos, o que a torna a cidade mais bem preservada da Europa. Em 1997, foi tombada pela UNESCO como patrimônio, justamente pela sua arquitetura espetacular. Cercada por grandes muralhas, Carcassonne é cheia de mistérios e lendas sobre a sua formação. A mais famosa delas é a da Dama de Carcas, mulher que viveu no século XIII e que foi responsável por acabar com um ataque feito à cidade. Ela jogou um porco por cima da muralha e quando saiu vitoriosa, tocou os sinos. Já que sonne significa "som", essa seria a origem do nome da cidade. No topo da colina, existe um castelo que é impressionante por dentro e por fora. Ele possui 52 torres. Os turistas podem visitar o castelo por um *tour* guiado, que conta a história do local e os acontecimentos históricos que ele presenciou.

Pingyao -- China Saindo do continente europeu, a cidade de Pingyao está localizada em Xanxin, província situada a 700 km de Pequim. Foi fundada no século XIV e possui uma bela arquitetura preservada da dinastia Han. O interessante é que a cidade é cercada por muralhas e dentro delas não entram carros, o que aumenta a experiência de retorno ao passado. Assim, os turistas podem chegar lá por trem bala e se encantar pela arquitetura antiga e medieval. Fonte: ~,https:ÿÿturismo.~ ig.com.brÿdestinos-~ internacionaisÿ2021-04-~ 07ÿviaje-no-tempo-conheca-~ 5-cidades-medievais-pelo-~ mundo.html~,

Vocabulário: *Viela*: s.f. Via ou rua estreita; travessa, beco. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Nossa casa Eliminando odores da cozinha O aroma de comida gostosa é bastante agradável. O mesmo não se pode dizer daquele prato que acabou queimando e da fumaça que tomou conta da casa. Mesmo abrindo portas e janelas, é possível que o cheiro forte permaneça. Nesse caso, uma boa dica é abrir o forno de seu fogão e pré-aquecê-lo a 90°C. Cubra a assadeira com papel alumínio e, em seguida, coloque sobre ela canela, açúcar e uma colher de sopa de manteiga. Deixe a assadeira no

forno até que o odor de queimado desapareça completamente. Facas Para cozinhar mais rápido e fácil, estar munido de facas afiadas é essencial. A melhor forma de mantê-las sempre em bom estado é utilizando-as so- bre superfícies macias. Vi- dro, metal, louça, porcelana ou plástico duro tendem a criar um forte atrito com a lâmina, desgastando-a rapidamente. Evite usá-las em produtos como cordas e papelão: prefira uma tesoura ou outro instrumento de corte para esses materiais. Quando a faca começar a perder o fio, é momento de afiá-la, com uma pedra especial para essa aplicação ou com um amolador, sempre de aço inox.

Removendo manchas Lavar roupas é uma tarefa mais complicada do que parece. Afinal de contas, as peças sempre aparecem com alguma mancha dificílima de tirar. E cada uma delas exige um artifício diferente para ser eliminada. Uma blusa ou camisa com manchas de batom, por exemplo, precisa ser esfregada com álcool antes de ser lavada. Manchas de tinta de canetas saem melhor com uma mistura de leite com vinagre. Café, por sua vez, exige água morna e glicerina. Para remover marcas de sangue, o ideal é aplicar pasta de bicarbonato de sódio e, em seguida, vinagre. Essa estratégia também é útil contra o mofo.

Para desentupir a pia Não há dona de casa que não passe pelo transtorno de ver a pia entupida. Mas ao contrário do que parece, a solução desse problema é bem simples. Uma das dicas é despejar água bem quente, até a metade da pia, e em seguida usar o desentupidor. Outra solução é retirar toda a água da pia, despejar uma xícara de bicarbonato de sódio e, em seguida, vinagre. Tampe o ralo e espere por cinco minutos. Se nada disso funcionar, experimente retirar o sifão. Os detritos possivelmente estão depositados na parte curva da tubulação. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Vida e Saúde Seu coração pede um *check-up* André Bernardo Ele fica do lado esquerdo do tórax, pesa em torno de 340 gramas e é do tamanho de um punho fechado. Bate, em média, 72 vezes por minuto -- nos recém-nascidos, pode chegar a 120 -- e, a cada hora que passa, bombeia 400 litros de sangue. De "tum-tum" em "tum-tum", o coração humano trabalha 24 horas por dia, sete dias por semana, sem direito a descanso no sábado, no domingo ou no feriado. Apesar de tudo que faz por nós, digamos que nem sempre cuidamos bem dele -- e a negligência se escancarou com a pandemia. "Em geral, o brasileiro só lembra que tem coração quando sente dor no peito ou falta de ar", lamenta o médico Celso Amodeo, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Não pode ser assim! As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal cau- sa de morte no mundo. No Brasil, três em cada dez óbitos são por infarto ou por acidente vascular cerebral (AVC), desfechos cujas origens são bem parecidas. Juntos, eles respondem por 400 mil vidas perdidas -- o dobro do total de mortes por todos os tipos de câncer. O perigo é democrático e independente de gênero e classe social. Um terço dos casos fatais envolve mulheres -- elas até podem infartar menos, mas o ataque cardíaco tende a ser mais letal nesse grupo. "Na maioria das vezes, o sujeito tem hipertensão, diabetes e colesterol alto, só que

não sabe", adverte o cardio- logista Cláudio Domênico, autor do livro *Em Suas Mãos -- Escolha e Renúncias para Viver Melhor e com Mais Saúde* (Intrínseca). "Muitos fatores de risco são assintomáticos e silenciosos", alerta. Não é por menos que, tragicamente, o infarto pode ser a primeira manifestação de pro- blema cardiovascular. E, aí, é aquele sufoco: uma artéria do coração é obstruída, dificultando a passagem de sangue para o músculo cardíaco, que sofre e emite pedidos de socorro. Os sintomas mais recorrentes, você já deve ter ouvido, são dor aguda no peito, que irradia para o braço, a mandíbula e as costas e, em geral, perdura por mais de 20 minutos, além da falta de ar. Há outros, menos comuns, como sudorese, tontura e cansaço. Uma pequena parcela dos infartos nem sinal dá -- eles são traiçoeiramente silenciosos. Pressão alta, obesidade, tabagismo... Os mesmos fatores que desencadeiam o ataque cardíaco podem preparar o terreno para um AVC. Ele ocorre quando os vasos que levam sangue até o cérebro entopem ou se rompem -- os tipos isquêmico e hemorrágico, respec- tivamente. Os sintomas variam de acordo com a extensão e a localização do atentado cere- bral. Incluem paralisia ou formigamento em um dos lados do corpo, especialmente no rosto, no braço ou na perna, dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente, dificuldade para andar e falar etc. "Quanto mais rápido o paciente for diagnosticado e tratado, maiores serão suas chances de sobrevivência e recuperação", afirma o cardiologista Bernardo Noya, líder médico do HCor, na capital paulista. Essa é uma lógica que se aplica tanto ao infarto como ao AVC. Um cenário que já era preocupante se agravou com a pandemia de COVID-19. Muita gente, por medo de pegar o vírus, preferiu ficar em casa a ir a um hospital mesmo com sintomas aparentes. Outros bem que tentaram, mas não encontraram tratamento adequado e leitos disponíveis em função da sobrecarga imposta pela nova infecção. Conclusão: o número de mortes em domicílio por doenças cardiovasculares aumentou 32%. Passou de 17,7 mil entre março e junho de 2019 para 23,3 mil no mesmo período de 2020. No caso de óbitos por doenças cardiovasculares inespecíficas, como morte súbita ou parada cardiorrespiratória, o aumento foi ainda maior: 90%. O fenômeno não foi exclusivo do Brasil. Lá fora, houve queda de até 70% nas assistências hospitalares em países como Estados Unidos, Itália e Reino Unido. Segundo estudo publicado pela Sociedade Europeia de Cardiologia, os ataques cardíacos durante a pandemia tiveram consequências mais graves do que aqueles ocorridos anteriormente. Um número expressivo de brasileiros desmarcou consultas e suspendeu exames. Até procedimentos mais complexos, como angioplastias coronarianas, que consiste na colocação de *stents* (uma espécie de mola metálica) para desobstruir as artérias, sofreram uma redução de 70%. "Mesmo diante de sintomas típicos de infarto, muitos pacientes não procuraram socorro médico",

constata o cardiologista intervencionista Ricardo Costa, presidente da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI). "Quando finalmente procuraram, o coração já estava debilitado e os danos eram quase irreversíveis", relata. Para piorar a situação, 51% dos entrevistados admitiram estar comendo mais e 31% praticando menos exercícios que o habitual. "Durante o isolamento, muitas pessoas, no limite do estresse e do sedentarismo, aumentaram o consumo de álcool e passaram a fumar mais que antes", aponta o cardiologista Marcelo Franken, gerente médico de Cardiologia do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. "Tudo isso, junto e misturado, se transformou

em uma grande bomba-relógio para o coração", enfatiza. Procedimentos considerados importantes para a detecção precoce e o tratamento preventivo dos males cardíacos tam- bém foram afetados. Entre março e maio de 2020, os primeiros três meses de pandemia, o total de exames de sangue, eletrocardiogramas e testes ergométricos, itens de série do *check-up* cardiológico, sofreu queda de 30, 41 e 59%, respectivamente. O sumiço dos pacientes das unidades de saúde motivou a SBHCI a lançar a campanha O Infarto Não Respeita Quarentena. A iniciativa, ao que parece, deu certo. Um ano e seis meses depois do início da pandemia, o número de procedimentos de emergência, pelo menos em hospitais da rede pública, ficou mais próximo do normal. Quem também lançou um movimento de conscientização em meio à Covid-19 foi a Federação Mundial do Coração. Seu lema é "Use o Coração para Vencer as Doenças Cardiovasculares". "Em geral, campanhas desse tipo costumam surtir efeito. Quando são divulgados em meios de comunicação, como rádio, jornal e TV, tendem a ser altamente efetivas porque têm um alcance muito grande", avalia Ricardo Costa, cardiologista intervencionista. Ainda assim, todo cidadão é convocado a se mexer e, se não tiver com as consultas e exames em dia, procurar um posto de saúde ou seu médico de confiança para checar como andam a pressão, o colesterol, o ritmo cardíaco... Desativar uma bomba-relógio nas artérias antes de suas terríveis consequências é possível, mas nem sempre o caminho é fácil. Os médicos

listam sete fatores de risco para infarto e AVC que são modificáveis: consumo elevado de álcool, colesterol alto, diabetes, estresse crônico, hipertensão, sedentarismo/ /obesidade e tabagismo. Já três fatores não dá para alterar: idade, sexo e hereditariedade. Segundo estimativas, 80% dos casos de infarto e AVC são causados por elementos do primeiro grupo. "Qual é o inimigo número 1? Bem, não há um só. O diabetes e o tabagismo, por exemplo, são bastante perigosos, mas os outros também requerem cuidados. O inimigo, na verdade, é uma quadrilha", raciocina Franken. A boa notícia é que dá para intervir nessa quadrilha. Além do acompanhamento médico, a prevenção passa por mudanças no estilo de vida. Para início de conversa, tem que limitar pra valer a ingestão de álcool e largar o cigarro. À mesa, fora moderar no sal, deve-se reduzir a cota de alimentos ultraprocessados ou ricos em gordura trans e saturada e aumentar a de frutas e hortaliças -- quem amplia o consumo de vegetais vê o risco cardiovascular cair 30%. "Nunca falo para o paciente fazer dieta. Prefiro dizer reeducação alimentar. Dieta passa a ideia de algo com início, meio e fim. Reeducação alimentar é para a vida toda", conta Amodeo. Tão importante quanto prestar atenção no prato é reservar pelo menos 30 minutos do dia para atividades físicas. Há indícios de que o sedentarismo mata tanto quanto o tabagismo. Para manter o coração tinindo, vale qualquer movimento: desde ir de bicicleta ao trabalho até usar a escada

em vez do elevador. No consultório, quando lhe perguntam qual é o melhor exercício, Domênico não vacila: o que dá mais prazer. "Pessoalmente, gosto de natação. Mas, se o sujeito não gosta de nadar, vai ficar contando azulejo na piscina. O melhor a fazer é procurar outra atividade, como dança de salão ou trilha na mata", sugere o cardiologista. Fora a repaginação dos hábitos, não dá para se esquecer de um bom *check-up*. Não há consenso entre os especialistas sobre a idade certa para fazer o primeiro exame cardiológico com finalidade preventiva. Alguns sugerem aos 20 anos. Dos 20 aos 35, o ideal é que o *check-up* seja realizado a cada cinco anos. Dos 35 aos 50, a cada três. E, a partir dos 50, anualmente. "Não há um único modelo, igual e padronizado, para todo mundo. A avaliação

precisa ser individualizada", pondera a cardiologista Ana Amaral, coordenadora da Emergência do Hospital Pró- -Cardíaco, no Rio de Janeiro. "O ideal é que pacientes que já sofreram infarto ou têm histórico na família sejam avaliados a cada seis meses", destaca. Embora *check-up* não seja receita de bolo, alguns ingredientes não podem faltar. Começa com a anamnese, isto é, com o médico perguntando e ouvindo o histórico pessoal e familiar do paciente. Depois tem o exame clínico, em que, entre outras coisas, o profissional afere a pressão arterial e mede a circunferência abdominal. Daí o indivíduo sai do consultório com uma relação de testes laboratoriais, como exames de colesterol e glicemia, e, dependendo do caso, com a prescrição de um eletrocardiograma, um teste ergométrico e/ou um ecocardiograma. O número de métodos de diagnóstico recrutados muda conforme o histórico, os sintomas e os fatores de risco de cada um. "Ainda hoje, persiste uma ideia equivocada de que as doenças cardiovasculares atingem mais homens. Por essa razão, as mulheres demoram mais para procurar atendimento", alerta a cardiologista Paola Smanio, do Grupo Fleury Medicina e Saúde. De acordo com a médica, assim como elas fazem exames de rotina para a prevenção do câncer de mama e do de colo de útero, deveriam fazer o mesmo para se precaver de infarto e AVC. Procure assistência médica: Se alguém da família relatar falta de ar, dor no peito ou sensação de desmaio que não passa, não perca tempo. Coloque a pessoa em repouso, ligue para a SAMU pelo 192 ou leve-o até o pronto-socorro mais próximo. O ideal é que o atendimento médico seja feito em até seis horas. Sintomas: dor no peito, que irradia para braço, mandíbula e costas; falta de ar; sudorese; tontura; desmaio. Tome os remédios prescritos: Nem sempre dieta e exercícios nos livram das ameaças. Nessas horas quem salva são os medicamentos. "Na prática, tomar remédios acaba sendo mais fácil que mudar o estilo de vida", nota o cirurgião cardíaco Fernando Lucchese, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Fatores em que a medicação pode auxiliar: colesterol alto, hipertensão, diabetes, obesidade, coagulação e arritmia. Não deixe de se vacinar: E não só para Covid-19! Os imunizantes têm um efeito

colateral inusitado: ajudam a reduzir o risco de infarto. Um estudo canadense demonstrou que a vacina da gripe baixou em 50% a probabilidade de um ataque cardíaco na comparação com os não vacinados. Vacinas: gripe, pneumonia e Covid-19. Dicas 1. Cuide da mente: Raiva, tristeza e solidão, além do estresse, são fatores emocionais que aumentam o risco de piripaques. Então procure relaxar e se divertir no dia a dia. 2. Não é fácil para quem mora em grandes cidades, mas vale o esforço. Os poluentes no ar elevam a pressão e a frequência cardíaca e inflamam os vasos. 3. Busque mais silêncio: A poluição sonora também causa estragos ao coração. A

exposição ao ruído alto e excessivo aumenta a produção de cortisol, o "hormônio do estresse". 4. Durma bem: Repousar menos de seis horas por noite *catapulta* em até cinco vezes o risco de ter pressão alta -- e ainda rende maior propensão ao ganho de peso. 5. Previna infecções: Sim, o risco de infarto aumenta depois de uma gripe ou pneumonia. Então, além das medidas básicas de higiene, mantenha a vacinação em dia. Fonte: *Revista Veja Saúde*. Vocabulário: *Catapulta*: v. (Fig.) Joga para cima. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Culinária *Mousse* de maracujá Ingredientes para a *mousse*: 1 lata de leite condensado gelado; 1 lata de creme de leite gelado (sem o soro); uma xícara e meia de suco de maracujá concentrado gelado. Ingredientes para a calda: Polpa de dois maracujás; 4 colheres (sopa) de açúcar. Modo de preparo: Para a *mousse*: Bata todos os ingredientes no liquidificador; passe para um recipiente de vidro com tampa ou sem tampa lacrado com plástico filme e leve à geladeira. Para a calda: Coloque a polpa do maracujá com as sementes e o açúcar para ferver em fogo baixo por 10 minutos ou até a polpa ficar transparente e encorpada. Deixe a calda esfriar e espalhe por cima da *mousse*; deixe na geladeira por mais um tempo e depois é só servir! :::::::::::::::::::::::: O Risoni se inspira em uma tradição italiana nascida no passado para enfrentar a falta de arroz nas mesas daquele país. Isso criou uma saborosa alternativa, que pode ser preparada tanto como arroz, quanto como massa para criar uma grande variedade de receitas. Risoni com almôndegas, ervilha e hortelã Ingredientes -- Almôndegas: 200 g de patinho moído; meia cebola; 2 colheres (sopa) de farinha de rosca; raspas de meio limão; 4 ramos de hortelã; 2 ramos de salsinha fresca; meia colher (chá) de cominho; meia colher (chá) de sal; azeite a gosto. Ingredientes -- Risoni e molho: Meia xícara (chá) de macarrão do tipo risoni; meia xícara (chá) de ervilha congelada; meia cebola; 1 dente de alho; caldo de meio limão; 3 colheres (sopa) de manteiga gelada; azeite a gosto; sal e pimenta-do-reino; folhas de hortelã a gosto; salsinha fresca a gosto. Modo de Preparo -- Almôndegas: Faça o pré-preparo, descasque e corte meia cebola em pedaços grandes; lave, seque e debulhe as folhas de salsinha e de hortelã; lave e seque o limão. No processador de alimentos, junte a carne, a cebola e bata até triturar bem. Acrescente a farinha de rosca, as ervas, o cominho, o sal, as raspas do limão, 1 colher (sopa) de azeite e bata novamente para formar uma massa lisa. Para modelar as almôndegas unte as mãos com azeite e modele bolinhas do tamanho das de pingue-pongue. Transfira para uma travessa e reserve. Modo de Preparo -- Risoni e molho: Leve uma panela média com água ao fogo alto. Descasque e pique fino a cebola e o alho. Assim que a água ferver, adicione meia colher (sopa) de sal e junte o macarrão. Misture e deixe cozinhar pelo tempo indicado na embalagem, ou até ficar al dente. Enquanto isso, prepare o molho de almôndegas. Leve uma frigideira grande ao fogo médio. Quando aquecer, regue com 1 colher (sopa) de azeite, acrescente as almôndegas e deixe dourar por 5 minutos, mexendo a frigideira de vez em quando. Transfira as almôndegas douradas para uma travessa e mantenha a frigideira em fogo médio. Regue com meia colher (sopa) de azeite, acrescente a cebola, tempere com uma pitada de sal e refogue até murchar. Junte o alho e mexa por 1 minuto. Adicione meia xícara (chá) da água do cozimento do macarrão e misture raspando bem o fundo da frigideira para dissolver os queimadinhos -- são eles que dão sabor ao molho. Junte o caldo do limão, tem- pere com sal e pimenta e deixe cozinhar até ferver. Volte as almôndegas à frigideira, abaixe o fogo e deixe cozinhar por mais 5 minutos. Desligue o fogo, adicione 1 colher (sopa) de manteiga e faça movimentos circulares com a frigideira. Não use uma colher, não vai funcionar -- tem mesmo que fazer esses movimentos até a manteiga derreter e engrossar o molho. Misture as ervilhas e deixe descongelar no calor da frigideira. Assim que estiver cozido, reserve meia xícara (chá) da água

do cozimento e escorra o macarrão numa peneira. Volte o risoni para a mesma panela (nem precisa lavar) e misture com 2 colheres (sopa) de manteiga até derreter. Regue aos poucos com a água do cozimento reservada para ficar cremoso. Sirva a seguir com as almôndegas e ervas frescas a gosto. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Humor A menina foi passear de barco no lago com o pai. Depois de umas duas horas, ela chega em casa com o rosto in- chado e chorando. A mãe pergunta: -- O que foi isso, minha filha? -- Foi uma abelha, mãe. -- E ela picou você?

-- Não. Não deu tempo, o papai matou a abelha com o remo. *** O garoto de 8 anos liga para uma clínica e pergunta: -- Tem oculista aí? -- Tem sim! -- Responde a recepcionista. -- Quer marcar uma consulta? -- Não! Eu só tô tentando ajudar o meu pai! -- Ele está precisando de oculista? -- Acho que sim! Hoje de manhã eu ouvi ele reclamando que a lâmina de barbear tá ficando cega! *** O menino está fazendo a lição de casa de português, quando tem uma dúvida e pergunta para o pai:

-- Papai, tô com uma dúvida na minha lição. -- Fala, filho. -- Burrice, se acentua? -- Com os anos sim. *** Joãozinho colocou uma placa na porta de casa dizendo: "Cuidado com o cão". A mãe dele viu e disse: -- Meu filho, por que você está colocando esta placa, se o nosso cão é tão pequenininho? Joãozinho respondeu: -- Ô mãe, é por isso mesmo: pra ninguém pisar nele. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

RBC News Atenção, assinantes! A assinatura das revistas em braille, Pontinhos e RBC, publicações do Instituto Benjamin Constant, é totalmente gratuita. Cobrança de taxas, pedidos de doação ou qualquer solicitação de natureza financeira, devem ser desconsideradas. :::::::::::::::::::::::: Prezado leitor, nesta edição da RBC você recebe de brinde o livro falado "A culpa é das estrelas" de John Green. Esse material foi gravado e editado pela Coordenação do Livro Falado do Instituto Benjamin Constant. O livro falado é

seu, não é necessária a devolução! Boa leitura!!! õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Espaço do leitor Muito obrigado pelas revistas recebidas. Gostei de tudo, principalmente das matérias sobre a Patagônia e Meningite. Eduardo Felipe dos Santos Pindamonhangaba -- SP :::::::::::::::::::::::: Falo em nome de uma amiga que não possui *e-mail*, que me pediu para fazer uma sugestão à Comissão Editorial das Revistas. Ela gostaria de ter nas edições da RBC ou mesmo da Pontinhos das quais somos leitoras uma seção de caça-palavras. Sem mais, agradeço a atenção a este *e-mail*. Rita de Cássia Mendes Resposta: Em breve, teremos caça-palavras em nossas revistas. Muito obrigado pela sugestão. :::::::::::::::::::::::: Eu quero saudar a todos e todas que, assim como eu, tem a honra de receber essa maravilhosa revista. Estou utilizando este espaço para falar com quem escreve poesia. Você escreveu uma poesia e acharia legal que ela fosse musicada? Se sim, eu posso fazer isso para você! O preço é bem em conta. Para mais informações. É só entrar em contato pelo

seguinte número de WhatsApp: (83) 99609-0536. Agradeço desde já. José Ricardo :::::::::::::::::::::::: Olá a todos! Primeiramente, quero dizer que estou gostando muito das edições das revistas RBC e Pontinhos. O conteúdo é excelente! A sugestão que tenho é de colocarem algumas receitas à base de pinhão. Moro em São Paulo, mas minha família é gaúcha, então esse é o motivo da sugestão. Desde já agradeço e muitas bênçãos a todos! Cris Lerin

Resposta: Vamos procurar receitas com pinhão, mas você pode nos ajudar caso tenha alguma para compartilhar conosco. :::::::::::::::::::::::: Gostaria de agradecer pela RBC, porque gosto das seções e gosto de ler em braille. Gostaria que vocês divulgassem *sites* que divulgam vagas de emprego. Me chamo Hermania, moro em Fortaleza. Gostaria de divulgar duas atividades. Uma, é que sou psicóloga e faço atendimentos *on-line* a preço popular. E, em segundo lugar, tenho um canal no YouTube, o *Tateando com Hermania Queiroz*. Gostaria que os leitores prestigiassem o meu canal e que se inscrevessem.

Os meus contatos são: *e-mail*: ~,hermaniaqueiroz@~ gmail.com~, WhatsApp: (85) 98740-1112 Hermania Queiroz Resposta: *Sites* que divulgam vagas para empregos sofrem constantes atualizações e muitas vezes quando a revista chega ao leitor a página pode não ser mais válida, pois somos uma revista trimestral. Agradecemos a sua sugestão. õxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo Fim da Obra Transcrição: Gregório Brandão Coordenação de revisão: Geni Pinto de Abreu Revisão: Carolina Herdy