Revista Brasileira
para Cegos
Ano LXXIV, n.o 542,
julho/setembro de 2016
Ministério da Educação
Instituto Benjamin Constant
Publicação Trimestral de
Informação e Cultura
Editada na Divisão de
Pesquisa, Documentação e Informação
Impressa na Divisão de
Imprensa Braille
Fundada em 1942 pelo Prof. José Espínola Veiga
Av. Pasteur, 350/368 -- Urca
Rio de Janeiro-RJ
CEP: 22290-240
Tel.: (55) (21) 3478-4458
E-mail: ~,rbc@ibc.gov.br~,
Site: ~,http:ÿÿwww.ibc.~
gov.br~,
Livros Impressos em
Braille: uma Questão de
Direito
Diretor-Geral do IBC
João Ricardo Melo
Figueiredo
Comissão Editorial
Daniele de Souza Pereira
João Batista Alvarenga
Leonardo Raja Gabaglia
Maria Luzia do Livramento
Raffaela de Menezes
Lupetina
Raquel Chagas de Araújo
Regina Celia Caropreso
Revisão
Paulo Felicíssimo Ferreira
Distribuição gratuita
de acordo com a Lei n.o 9.610 de 19/02/1998, art. 46, inciso I,
alínea *d*.
Arquivo da revista disponível
para impressão em Braille:
~,http:ÿÿwww.ibc.gov.brÿ?~
itemid=381~,
¨ I
Sumário
Editorial ::::::::::::::: 1
E se eu fosse gari? ::::: 3
Peleja da carta com o
*e-mail* ::::::::::::::: 10
Pensamentos ::::::::::::: 17
No Mundo das Artes
Patativa do Assaré ::::: 19
Maravilhas do Mundo
Porto Seguro ::::::::::: 26
Direitos de Todos :::::: 30
Nossa Casa ::::::::::::: 31
Vida e Saúde ::::::::::: 37
Culinária ::::::::::::::: 41
Humor ::::::::::::::::::: 46
Espaço do Leitor ::::::: 49
Editorial
"Divergência de opinião jamais deve ser motivo para hostilidade." A frase, atribuída a Gandhi, nos leva a refletir sobre as dificuldades de se conviver com as diferenças. É importante nos conscientizarmos de que vivemos num mundo globalizado, onde o reconhecimento da interdependência é regra fundamental para o bem-
-estar das pessoas e a comunhão dos povos, negando, assim, a superioridade dos valores culturais de qualquer indivíduo, grupo social ou nação.
Infelizmente, cresce o número de casos de hostilidade, motivados pela não aceitação de ideias, comportamentos ou costumes alheios aos nossos, posição inadmissível, pois gera, muitas vezes, ações violentas, que diariamente ceifam vidas em toda parte.
As diferenças são desrespeitadas de várias maneiras, das mais veladas às mais agressivas, de que são exemplos: as piadas e os gracejos relacionados aos grupos sociais minoritários, a invisibilidade e consequente exclusão social da pessoa deficiente, a intolerância religiosa, a violência contra a mulher, física ou por discriminação profissional, o *bullying* e as guerras.
É tempo de repensarmos nossas opiniões e crenças relativas ao ser humano!
Vocabulário
Invisibilidade social: Condição daquele cuja diferença a sociedade superestima, de
modo a torná-lo desprovido de qualquer valor como pessoa.
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
E se eu fosse gari?
Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da "invisibilidade pública". Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.
O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são "seres invisíveis", "sem nome". Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da "invisibilidade pública", ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, segundo a qual se enxerga somente a função e não a pessoa.
Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$400,00 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:
"Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência", explica o pesquisador.
O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. "Professores que me abraçavam nos corredores da
USP, passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão", diz.
No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica so-
bre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou-as pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E, como a gente estava num grupo grande, esperei que
eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e, claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: "E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?"... e eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, a brincar.
O que você sentiu na pele, trabalhando como gari? Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar
dinheiro; passei pelo andar térreo, subi a escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao Centro Acadêmico, passei em frente à lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto, e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. Meu corpo tremia como se eu não o dominasse: uma angústia. Era como se a tampa da cabeça ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.
E depois de oito anos trabalhando como gari, isso mudou? Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando -- professor meu
-- até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma ideia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.
E quando você volta para casa, para seu mundo real? Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, frequento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chama-
do pelo nome. São tratados como se fossem uma "coisa".
Por Plínio Delphino,
*Diário de São Paulo*. *Orquidário Cuiabá*, 7/12/2008.
Fonte: ~,http:ÿÿwww.ip.usp.~
brÿportalÿindex.php?option=~
com{-content&view=~
article&id=3666%3Ao-~
homem-torna-se-tudo-ou-~
nada-conforme-a-educacao-~
que-recebe&catid=46%~
3Ana-midia&Itemid=~
97&lang=pt~,
Vocabulário
Psicossocial: adj. Que envolve simultaneamente aspectos psicológicos e sociais.
::::::::::::::::::::::::
Peleja da carta com o
*e-mail*
Caro leitor, o Cordel
de assunto é sempre cheio
e, pra tratar novo tema,
eu do verso faço o meio
pra lhe mostrar a peleja
da carta com o *e-mail*.
Entre a carta e o *e-mail*,
qual dos dois tem mais valor?
Se quiser, leitor, escolha
conforme seu gosto for;
como deu-se essa peleja,
eu vou mostrar ao leitor...
Eu vagava pelas ruas
da minha imaginação
quando, de súbito, ouvi
gritos,
bate-boca e confusão;
sentei na esquina da mente
pra assistir à discussão.
Era uma carta e um *e-mail*
em discussão calorosa;
dizia o *e-mail* à carta:
"Não te faças de gostosa!
sou rápido como o relâmpago,
tu és lenta e preguiçosa!"
A carta disse: "És
relâmpago,
és ligeiro na passada;
mesmo assim, tua tarefa
sem paixão não vale nada:
és moleque de recado
numa ação robotizada".
E disse mais: "Coleguinha,
a tua labuta é fria!
no tal correio eletrônico,
não existe poesia
bom mesmo é quando o carteiro
com um grito me anuncia!"
O *e-mail* disse: "Amiga,
por caridade, essa não!
a demora estraga tudo,
desagrada ao coração;
mesmo quem se comunica,
tá com pressa e precisão!"
Retruca a carta: "Acredito
que de mim gosta o poeta,
inda mais que a internet
de vírus vive repleta
e, por fim, quem é *em meio*
não faz a coisa completa.
E outra coisa, colega:
tu não és de confiança;
por causa de falha técnica,
na internet cê dança;
já, me pondo no Correio,
eu chego com segurança."
Nisso o *e-mail* responde:
"Alto lá! Pegue maneiro!
você diz ser bem segura;
isso não é verdadeiro,
pois hoje, nos grandes
centros,
existe assalto a carteiro!"
A carta não se entregava,
pois queria ter razão:
gesticulava agitada
e, pra ganhar a questão,
chamou em sua defesa
um poeta de inspiração:
"Manoel Monteiro, em
Campina
cordelista de manchete,
se comunica por mim,
não vai muito com Internet,
gosta de escrever à mão
E é de mim grande tiete."
O *e-mail* disse: "Olhe,
pode ficar bem rilex;
deixo você no chinelo
junto com o tal telex;
você não ganha de mim,
nem trajada de sedex."
No que a carta respondeu:
"Não se vexe! tenha calma!
gostoso é quando o carteiro
em um portão bate palma
-- alegra o destinatário
e deixa feliz sua alma."
E a carta prosseguia:
"Sou de fato especial:
sou embrulho e sou mensagem,
tenho todo um ritual;
sou do toque e tenho cheiro,
tu és frio e virtual.
Quem me recebe em suas mãos
de fato fica contente:
o cheiro de quem mandou-me
naquele momento sente;
não é de teclado a letra,
é letra do remetente!
Porque a caligrafia
marca a personalidade
do autor; e mais: expressa
a sua afetividade...
Prove um dia receber
uma carta de saudade!
Quem nunca se apaixonou
nem teve um amor ausente,
não sabe o que é esperar
o carteiro, impaciente,
para abrir-me e ler: $"Amor,
de saudade estou doente!$""
O *e-mail* disse: "Não,
não é sempre bem assim!
e a senhorita pensa
que é sempre bom o seu fim?
me diga aqui uma coisa --
e quando a mensagem é ruim?
Me responda então, pequena,
pra poder ser do meu tope:
e quando a mensagem traz
dentro do seu envelope
a morte vindo a cavalo
com seu nefasto galope?!"
Em cima da bucha, a carta
deu sua explicação:
"Não é da mensagem em si
que estou falando,
nem digo que qualquer mensagem
por mim ganha em emoção..."
Vendo que naquela briga
eles queriam insistir,
levantei-me do meu canto
resolvido a intervir
E, pedindo paz e concórdia,
aos dois me dirigi;
Disse eu: "Acabem agora,
Amigos, a discussão;
Nenhum dos dois tá errado,
Todos dois tão com razão
Afinal, os dois, colegas,
Servem à comunicação."
Na carta o *e-mail* deu --
Ó gesto mais comovente! --
Bem apertado um abraço!
Registrei feliz, contente
E corri, e peguei papel,
Grafei um novo cordel --
A cultura que é da gente!
Observação: As letras iniciais das duas últimas estrofes deste cordel formam os sobrenomes do autor, *Dantas Nóbrega*.
Fonte: Dantas, Janduhi. *Peleja da carta com o e-mail* -- Juazeirinho-
-PB, maio de 2012 --
4ª edição.
Vocabulário
Labuta: s. f. Trabalho sacrificado.
Peleja: s. f. Competição.
Tiete: s. 2 g. Fã, admirador.
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
Pensamentos
"Ao perder a ti, tu e eu
perdemos;
Eu, porque tu eras a que eu mais amava,
E tu, porque eu era o que te amava mais.
Contudo, de nós dois, tu
perdeste mais do que eu,
Porque eu poderei amar outras como amava a ti,
Mas a ti não te amarão como te amei eu.”
Ernesto Cardenal Martínez (1925)
"O maior poder de sedução é o silêncio. Ponha suas intenções à vista, mas não fale."
Dorival Caymmi (1940-2008)
"Quando as palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar."
Eduardo Galeano ê1940-
-2015ã
"Ninguém é igual a ninguém: todo ser humano é um estranho ímpar."
Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)
"Bebia para afogar as mágoas; mas as malditas aprenderam a nadar."
Frida Kahlo (1907-1954)
Vocabulário
Ímpar: adj. Desigual, que não tem par.
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
No Mundo das Artes
Patativa do Assaré
Antônio Gonçalves da Silva, Patativa do Assaré (1909-2002), foi um dos maiores poetas populares, com-
positor, cantor e repentista brasileiro. De uma forma simples, porém poética, retratava a vida sofrida e árida do povo do sertão. Criou uma linguagem e um estilo literário próprios, e um dialeto linguístico de raízes predominantemente sertanejas, ligadas à oralidade e ao cancioneiro, lembrando, neste ponto, a constituição da língua brasileira fundada por José de
Alencar. E nisto, com certeza, reside a genialidade da sua produção artesanal. Seus livros, traduzidos em vários idiomas, foram temas
de estudos na *Sorbonne*, na cadeira
de Literatura Popular Universal.
Patativa do Assaré nasceu no município de Assaré, interior do Ceará, a 623 km de Fortaleza. Filho dos agricultores Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva, ficou cego do olho direito, ainda pequeno. Órfão de pai aos oito anos, começou a trabalhar no cultivo da terra, para garantir o sustento da família.
Com pouco acesso à educação, frequentou, durante qua-
tro meses, sua primeira e única escola, onde aprendeu a ler e escrever, apaixonando-se pela poesia. Logo começou a fazer repentes e a se apresentar em festas locais. Antônio Gonçalves da Silva recebeu o apelido de Patativa, pois sua poesia era comparada à beleza do canto desta ave. Foi casado com Belinha, com quem teve nove filhos. Aos vinte anos, começou a viajar por várias cidades nordestinas e, diversas vezes, se apresentou na Rádio Araripe.
Viajou ao Pará em companhia de um parente, José
Alexandre Montoril, que lá morava, onde passou cinco meses fazendo grande sucesso como cantador. De volta ao Ceará, continuou na mesma vida de pobre agricultor e cantador. Sua projeção em todo o Brasil iniciou-se, em 1964, com toada de retirantes "A Triste Partida", gravada por Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. O poema fala de uma família de retirantes que, sofrendo com a seca, parte para São Paulo em busca de dias melhores. Tão bem interpretada, que Patativa enaltece o talento do artista:
-- A letra e a melodia de "A Triste Partida" são minhas, mas nada se compara à gravação do Rei do Baião. A toada ficou muito mais penosa quando ele colocou aqueles refrães: "ai, ai, ai!", acom-
panhados de: "meu Deus, meu Deus!", aquilo é muito belo, é muito mais penoso!"
O poeta cearense lançou quatro livros de poesias: "Inspiração Nordestina", 1957; "Patativa do Assaré", 1970; "Canto da Patativa", 1976 e "Cante lá que eu canto cá", 1978. Em 1979, o selo Epic lançou o LP "Patativa do Assaré", com produção de Raimundo Fagner, em que o poeta declama versos de sua autoria, entre os quais: "A Triste Partida, O Retrato do Sertão, Lamento de um Nordestino" e "Casinha de Palha".
A política também foi tema de sua vida e obra. Durante o regime militar, ele criticava os militares e chegou a ser perseguido. Participou da campanha "Diretas Já", em 1984, quando publicou o poema "Inleição Direta 84".
Ao completar 85 anos foi homenageado com o LP "Patativa do Assaré -- 85 Anos de Poesia", em 1994, com participação das duplas de repentistas Ivanildo Vila Nova e Geraldo Amâncio, Otacílio Batista e Oliveira de Panelas.
Sem audição e totalmente cego desde o final da década de 90, morreu, por falência múltipla dos órgãos, em 8 de julho de 2002, aos 93 anos, em sua casa do Assaré.
No Memorial Patativa do Assaré, espécie de museu vivo em sua cidade natal, há uma quadrinha em que o próprio poeta resume como gostaria de ser visto:
"Conheço que estou no fim
e sei que a terra me come,
mas fica vivo o meu nome
para os que gostam de mim.
Chegando o dia, afinal
baixarei à sepultura
mas fica o Memorial
para quem preza a cultura."
A seguir, alguns versos do poema "Inleição Direta 84":
Inleição Direta 84
Bom camponês e operaro
A vida tá de amargá
O nosso estado precaro
Não há quem possa aguentá
Neste espaço dos vinte ano
Que a gente entrou pelo cano
A confusão é compreta
Mode a coisa miorá
Nós vamo bradá e gritá
Pelas inleição direta
(...)
Nestes verso que rimei
Disse apenas a verdade
Eu aqui não afrontei
A nenhuma oturidade
Quem fala assim deste jeito
Defendendo seus direito
Todos já sabe quem é,
É um poeta do povo
Véio do coração novo
Patativa do Assaré
Fontes: Carvalho, Gilmar de. *Patativa do Assaré, Antologia Poética*.
Edições Democrito Rocha, 2007.
FEITOSA, Luiz Tadeu.
*Patativa do Assaré -- a trajetória de um canto*. São Paulo, Escrituras
Editora, 2003.
~,www.e-biografias.netÿ~
patativa{-assare~,
~,http:ÿÿdicionariompb.com.~
brÿpatativa-do-assareÿ~
dados-artisticos~,
Vocabulário
Cancioneiro: s. m. Coleção de poemas de apelo popular.
José de Alencar: Romancista cearense (1829-1877).
Oralidade: s. f. Comunicação oral, isto é, pela fala.
*Sorbonne*: s. f. Famosa universidade de Paris, capital francesa.
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
Maravilhas do Mundo
Porto Seguro
A terra que marcou o descobrimento do Brasil tem história para contar. A cidade de Porto Seguro, localizada no Sul da Bahia, preserva alguns dos monumentos que marcaram a chegada dos portugueses aqui. No Centro Histórico, parte alta da cidade, é possível voltar no tempo.
Para se ter ideia do quanto o lugar é importante para a história do Brasil, a região foi tombada em 1973 como pa-
trimônio histórico e artístico pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e é reconhecida pela Unesco como pa-
trimônio da humanidade desde 2000. As medidas foram tomadas para preservar todos os bens que existem na área.
As casinhas coloridas e habitadas por moradores locais são a porta de entrada da região. Também de lá se tem uma bela vista da cidade.
A igreja Nossa Senhora da Pena (padroeira da cidade), datada de 1535, é um dos atrativos, mas também é possível chegar perto das ruínas de uma antiga escola jesuíta, visitar o Museu do Descobrimento (que foi uma cadeia no passado) ou o de Arte Sa-
cra, e ainda tirar uma foto do Marco de Posse, que os portugueses cravavam para marcar território.
Outra dica para os amantes de história é o Memorial da Epopeia do Descobrimento, na avenida Beira-Mar.
O passeio começa por um caminho com várias espécies nativas da Mata Atlântica, como o pau-brasil ou o dendezeiro -- cujo fruto é um coco de cor avermelhada, do qual se extrai o azeite de dendê.
Idealizado e mantido por Wilson Rodrigues e sua mulher, Lúcia Maria, o local presta uma homenagem aos grandes nomes da navegação de Portugal. O passeio é guiado, e o fim da jornada é diante de uma cópia fiel da embarcação, de 32 metros de comprimento, em que Cabral chegou ao Brasil.
Os visitantes podem entrar e ver como era uma nau por dentro, conhecer os curiosos hábitos dos navegantes e tam-
bém ver uma réplica do quarto de Cabral, que ficava em área isolada.
Quando visitar
O verão é o período mais indicado, pois todas as atrações podem receber visitas.
Faz sol o ano todo, com um pouco mais de chuva entre março e maio. O verão é o auge da badalação, mas em julho e outubro os hotéis também são muito procurados. Em setembro e novembro o movimento cai.
Fontes:
~,https:ÿÿvidaeestilo.~
terra.com.brÿturismoÿporto-~
seguro-onde-tudo-comecou-~
visite-a-historia-do-~
brasil,a76cc293b~
5307616ddb870b8e71f~
97896apqanbd.html~,
~,http:ÿÿwww.villaggioporto~
seguro.com.brÿhistoria.htm~,
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
Direitos de Todos
O consumidor pode exigir do banco um pacote de serviços gratuitos
Quando for abrir conta em um banco, fique atento aos pacotes de serviços. Solicite informações sobre aqueles considerados essenciais, que são gratuitos. O fornecimento de cartão de débito, a realização de até quatro saques e duas transferências por mês são exemplos de serviços que não podem ser cobrados. Faça valer seus direitos!
Ao comprar pela Internet,
não caia em armadilhas
Você sabia que existe uma lista oficial de *sites* não recomendados? Ela é publicada pela Fundação Procon-SP e indica alguns *sites* que devem ser evitados pelo consumidor. Para conhecê-la, acesse:
~,http:ÿÿsistemas.procon.sp.~
gov.brÿevitesiteÿlistÿ~
evitesites.php~,
Fique atento, pois nem todos os *sites* de comércio eletrônico são confiáveis. Desconfie de preços baixos demais ou de *sites* que não ofereçam informações de contato. Faça valer seus direitos!
Fonte: ~,http:ÿÿwww.~
defesadoconsumidor.gov.brÿ~
index.phpÿtodas-dicas~,
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
Nossa Casa
Truques caseiros para acabar
com as formigas
Em cima da mesa, sobre a pia e até dentro do micro-ondas! Mesmo morando em apartamento, é impossível deixar qualquer alimento doce fora da geladeira que as formigas já invadem sua cozinha. Isso acontece porque a espécie dos centros urbanos é onívora e se alimenta de açúcares e proteínas. Além disso, possui patas moles e cheias de pelo, garantindo aderência às superfícies verticais.
Se você sofre com a invasão das formigas em casa, mas não quer abusar do uso de inseticidas, confira abaixo uma seleção de produtos domésticos que podem ajudar na missão de exterminá-las:
1. Cravo e canela
Para espantar as formigas de qualquer cômodo da casa, encha com cravos um pequeno pote sem tampa, ou saquinho de tule, e coloque em algum cantinho do ambiente. Segundo Ana Eugênia Campos, pesquisadora do Instituto Biológico de São Paulo, os óleos essenciais encontrados no cravo-da-índia espantam as formigas sem matá-las. O procedimento também pode ser feito com canela. Só não se esqueça de trocar o conteúdo a cada duas semanas, para manter o cheiro e a eficiência.
2. Cascas de limão e laranja
Seu açucareiro está sempre tomado de formigas? A dica é colocar um pedaço da casca de um limão dentro dele. O mesmo pode ser feito com o cravo-da-
-índia ou a casca de laranja.
3. Detergente
Em um copo de 200 mL, acrescente metade de água e metade de detergente. Coloque o conteúdo em um borrifador, ou seringa, e aplique nos cantos, frestas e outros possíveis espaços onde possa haver ninhos de formiga. "A mistura de água com detergente é o modo mais eficaz de acabar com elas. É um método barato e que não contamina o ambiente", explica Ana Eugênia.
4. Vinagre
Para evitar que as formigas apareçam, borrife vinagre branco no piso da cozinha após a limpeza do ambiente. Vale ressaltar que a higienização correta da casa é uma das principais profilaxias para exterminar o inseto.
5. Suco de limão
Espalhe suco de limão nas bordas das janelas e portas. O cheiro forte da fruta cí-
trica vai incomodá-las.
6. Pimenta e borra de café
Depois de aplicar a mistura de detergente e água nas frestas, cantos e rachaduras, cu-
bra os buracos com pimenta-
-de-caiena. Mas, se o local for frequentado por crianças ou animais de estimação, prefira a borra de café. Dessa forma, não há o risco de tentarem lamber ou cheirar a pimenta.
7. Vaselina
Nas bordas dos recipientes que ficam fora da geladeira, como as fruteiras, e nos potes de água e comida do seu animal de estimação, aplique uma pequena quantidade de vaselina.
8. Óleo de hortelã-pimenta
Sabe aquele caminho que a formiga faz ao redor da sua pia? Borrife o óleo essencial de hortelã-pimenta em volta e deixe secar. Faça o mesmo nos contornos internos de janelas e portas. O cheirinho da casa fica uma delícia! Atenção: o mais importante é sempre manter a casa limpa; por isso, não deixe restos de alimento ou louça suja na pia; mantenha as latas de lixo sempre tampadas e evite comer na sala ou no quarto.
Se nada resolver, vale procurar uma dedetizadora. Mas tenha cuidado: verifique se a empresa escolhida tem licença de funcionamento cadastrada no *site* da Aprag (Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas), para que a quantidade de pesticida usada em sua casa não seja prejudicial à sua saúde.
Fonte: ~,http:ÿÿ~
revistacasaejardim.globo.~
comÿCasa-e-JardimÿDicasÿ~
noticiaÿ2015ÿ03ÿ8-~
truques-caseiros-para-~
acabar-com-formigas.html~,
Vocabulário
Profilaxia: s. f. Medidas para prevenção de qualquer doença.
Onívoro: adj. Que come qualquer tipo de alimento.
Tule: s. m. Tecido transparente, leve, de algodão ou de seda muito fina.
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
Vida e Saúde
Boa noite, mesmo!
Dormir bem é um passo im-
portante para deixar o dia a dia muito mais agradável e produtivo. Quem descansa de verdade tem melhor desempenho nas tarefas e atividades físicas que se propõe a fazer. Confira as dicas da nutricionista Patrícia Cruz e do pneumologista do Serviço de Medicina do Sono do Hospital do coração de São Paulo-HCor, Dr. Pedro Genta, e garanta um sono tranquilo.
Alimentos proibidos
Os alimentos que devem ser evitados antes de deitar são os pobres em nutrientes, tais como refrigerantes e bebidas alcoólicas, que contêm cafeína.
Alimentos ricos em gorduras também são proibidos, pois exigem um trabalho maior para a digestão. O ideal, à noite, é fazer uma refeição mais leve, por exemplo: arroz integral, legumes, verduras e carnes brancas.
Desligue o *smartphone*
Hoje em dia é praticamen-
te impossível não ter um
*smartphone* e é muito comum levá-lo para a cama e terminar as últimas horas acordado, conectado ao mundo. Mais do que distrair as pessoas e fazê-las perder a noção do tempo, o uso de celulares, *tablets* e aparelhos similares, antes de dormir, deixa o indivíduo constantemente atento e o im-
pede de relaxar completamente e dormir. Outro efeito nocivo provocado por esses dispositivos está relacionado à luminosidade que eles emitem. Estudos recentes revelaram que a luz de tela dos
*smartphones*, entre outros eletroeletrônicos, pode inibir a produção de melatonina, cuja função é induzir o cérebro ao sono.
Xô, insônia!
Ela pode estar ligada a diferentes fatores; verifique se, no seu caso, será necessário um acompanhamento médico. Se ela for fruto de agitação ou sonos longos durante o dia, programe apenas um cochilo de, no máximo, uma hora; assim não comprometerá o sono da noite seguinte.
Relógio do sono
A quantidade ideal de sono varia de pessoa para pessoa: o mais importante é a qualidade; afinal, de nada adianta dormir dez horas seguidas, mas com interrupções. O ciclo do sono deve ser linear; por isso, é melhor dormir 6 horas, passando por todas as fases e, assim, acordar descansado. Observe se você tem acordado
muito durante a noite e o quanto isto tem influenciado no seu dia.
Relaxe
O estresse é um dos grandes problemas modernos e responsável por nos tirar o sono. Se você estiver com muitos pro-
blemas, evite pensar neles na hora do descanso. É melhor deixar para resolvê-los na primeira parte do dia. Antes de dormir, tome um banho morno e não pense em coisas desagradáveis. Aproveite para ler um livro e, logo em seguida, desligar-se de tudo.
Fonte: *Revista Pacheco* --
junho/julho de 2016.
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
Culinária
Pão recheado
Ingredientes: 4 pães do tipo francês; 1 colher de sopa de azeite; meia xícara de chá de muçarela em cubos; 4 colheres de sopa de azeitonas verdes picadas; meia xícara de presunto em cubos; molho de tomate; sal a gosto.
Modo de preparo: Tire o miolo dos pães sem furar a casca. Misture em uma tigela todos os ingredientes e recheie os pães igualmente. Embrulhe cada um em papel-toalha e leve ao forno micro-ondas, em potência média, por um minuto, até o queijo amolecer. Se preciso, deixe por mais tempo, tomando cuidado para o pão não ficar duro.
Filés crocantes
Ingredientes: 500 g de filé de pescada; um terço de xícara de chá de queijo parmesão ralado; meia xícara de chá de iogurte natural; um terço de xícara de chá de farinha de rosca; 2 colheres de salsinha; 1 colher de chá de orégano; pimenta-do-reino; sal a gosto.
Modo de preparo: Enxugue os filés de peixe com papel-
-toalha e tempere-os com sal e pimenta. Coloque o iogurte em um prato e, em outro, misture a farinha de rosca, o queijo ralado, a salsinha, o orégano, o sal e a pimenta. Passe os filés no iogurte e, depois, empane na mistura de farinha. Arrume os filés num refratário, leve ao micro-ondas, em potência alta, de seis
a oito minutos, até que
o peixe esteja cozido.
Rendimento: quatro porções.
Bolo com requeijão
Ingredientes: 500 g de patinho moído; 4 colheres de sopa de óleo; 3 dentes de alho espremidos; 1 cebola picada; 200 g de presunto picadinho; 400 g de requeijão do tipo catupiry; 4 fatias de pão de fôrma picadas; um terço de xícara de chá de leite;
óleo para untar; sal e pimenta-do-reino a gosto.
Modo de preparo: Tempere a carne moída com o sal e a pimenta, coloque em uma vasilha e reserve. Em um refratário, misture o óleo, a cebola e o alho. Cubra e leve ao micro-
-ondas, em potência alta, por três minutos. Retire o refratário do forno e misture a carne moída temperada, o presunto picadinho e o pão banhado no leite. Misture bem e divida em duas porções. Com uma delas, forre o fundo e as laterais de um refratário redondo, untado com óleo. Recheie com o requeijão e cubra com o restante da carne. Tam-
pe e leve ao micro-ondas em potência média/alta, por cerca de vinte minutos. Deixe descansar por cinco minutos.
Desenforme e sirva coberto com molho de tomate.
Fonte: *Revista Cozinha de Ana Maria* -- edição
n.o 2.
Caldo goiano
Ingredientes: 700 g de mandioca; 2 litros de água; 4 colheres de sopa de óleo; 2 dentes de alho amassados; 2 cebolas picadas; 1 colher de chá de açafrão; 1 tablete de caldo de frango; 1 kg de peito de frango cozido e desfiado; meio molho de cebolinha-verde picada; meio molho de salsinha picada; sal a gosto; pimenta-de-cheiro amassada.
Modo de preparo: Cozinhe a mandioca, deixe esfriar e bata aos poucos no liquidificador com a água do cozimento. Reserve. Numa panela, aqueça o óleo e refogue o alho, a cebola e o açafrão até dourar. Junte o tablete de caldo de frango e a mandioca batida. Cozinhe mexendo sempre, até engrossar. Caso queira mais ralo, acrescente água. Junte o frango e cozinhe, em fogo baixo, por cerca de dez minutos, para realçar o sabor.
Adicione a pimenta-de-cheiro, salpique com salsinha e cebolinha.
Fonte: *Revista Sopas, Caldos e Cremes*.
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
Humor
Ontem, minha mãe e eu estávamos sentados na sala, falando das muitas coisas da vida.
Falávamos de viver e morrer. Então eu lhe disse:
-- Nunca me deixe viver em estado vegetativo, mãe, dependendo somente de máquinas e líquidos. Se você me vir nesse estado, desligue tudo o que estiver me mantendo vivo, por favor!
Ela se levantou, desligou a televisão, o *wi-fi*, o ar-
-condicionado e jogou minha cerveja fora.
Pensa numa “veia” ruim...
Quem é que manda?
Num encontro de casais, o organizador do evento tentava arrumar a bagunça e dava uma ordem aos homens:
-- Muito bem, pessoal -- gritava o sujeito -- vamos organizar duas filas. Vocês homens que sempre dominaram suas mulheres façam fila aqui, à esquerda. E os homens que sempre foram dominados por suas mulheres formem uma fila à direita.
Depois de muita bagunça, finalmente todos os homens se organizaram. A fila dos dominados por suas mulheres tinha mais de 100 metros, enquanto a outra tinha apenas um. Assustado com tamanha diferença, o organizador lhes disse:
-- Todos vocês que se deixam dominar por suas mulheres deveriam se espelhar neste homem solitário na fila da esquerda! E, virando-se para o "corajoso", ordenou:
-- Conte para esses homens como você fez para ser o único nessa fila!
Visivelmente sem graça, o rapaz curvou a cabeça e respondeu, bem baixinho:
-- Na verdade, foi a minha mulher quem me mandou ficar nessa fila daqui!
Fonte: *Jornal Meia Hora.*
-- 16/07/2016
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
Espaço do Leitor
Êxtase
Sonhar-me ao pé de ti, grande ventura!
Poder falar contigo, que
prazer!
De ti uma palavra receber,
Tão doce, quão repleta de ternura...
Fazer timidamente aquela
jura...
Balbuciar-te frases, sem
saber...
Sonhar que vais, ditosa,
responder:
Vem, meu amor! Eu toda sou doçura!...
Porém o que mais temo na
verdade,
Perder-te?!... longe vá tal dissabor
Não te dou atenção,
fatalidade!
Viver sempre a servir-te, linda flor,
Satisfazer a única vontade:
Sorver a cada hora o teu amor!...
Colaboração do leitor Francisco Quarta, Portugal.
Vocabulário
Dissabor: s. m. Desgosto, aflição, mágoa.
Ditosa: adj. Feliz, venturosa.
Êxtase: s. m. Sentimento muito intenso de alegria, prazer, admiração, etc.
Sorver: v. Beber aos poucos.
Ventura: s. f. Felicidade, boa sorte.
“Meu nome é Francisco Pinto Faria e quero divulgar o *site* da Associação Girassol, que é acessível
~,www.girassolplenainclusao.org.br~,”
õxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo
Fim da Obra
Transcrição: Thiago
Teixeira da Silva
Revisão braille: Vanessa Almeida e João Batista Alvarenga