[Capa em tinta] Revista Brasileira para Cegos Ano 81, n.o 571, outubro/dezembro de 2023 Ministério da Educação Instituto Benjamin Constant Publicação trimestral de informação e cultura Editada e impressa na Divisão de Imprensa Braille Fundada em 1942 pelo Prof. José Espínola Veiga Av. Pasteur, 350/368 Urca -- Rio de Janeiro-RJ CEP: 22290-250 Tel.: (55) (21) 3478-4531 E-mail: ~,revistasbraille@~ ibc.gov.br~, ~,www.ibc.gov.br~, Livros impressos em braille: uma questão de direito Governo Federal Brasil: União e Reconstrução

Diretor-Geral do IBC Mauro Marcos Farias da Conceição Comissão Editorial: Camila Sousa Dutton Geni Pinto de Abreu Heverton de Souza Bezerra da Silva Hylea de Camargo Vale Fernandes Lima João Batista Alvarenga Maria Cecília Guimarães Coelho Rachel Ventura Espinheira Colaboração: Daniele de Souza Pereira Revisão: Marília Estevão Transcrição autorizada pela alínea *d*, inciso I, art. 46, da Lei n.o 9.610, de 19/02/1998. Distribuição gratuita. Arquivo da revista disponível para impressão em braille: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.brÿ~ publicacoesÿrevistas~, Nossas redes sociais: Anchor: ~,https:ÿÿanchor.~ fmÿpodfalar-rbc~, Facebook: ~,https:ÿÿwww.~ facebook.comÿibcrevistas~, Instagram: ~,https:ÿÿwww.~ instagram.comÿrevistas{-~ rbc{-pontinhosÿ~, YouTube: ~,https:ÿÿwww.~ youtube.comÿ~ RevistasPontinhoseRBC~,

Revista Brasileira para Cegos / MEC/Instituto Benjamin Constant. Divisão de Imprensa Braille. n.o 1 (1942) -- . Rio de Janeiro: Divisão de Imprensa Braille, 1942 – . V. Trimestral Impressão em braille ISSN 2595-1009 1. Informação -- Acesso. 2. Pessoa cega. 3. Cultura -- Cego. 4. Revista -- Periódico. I. Revista Brasileira para Cegos. II. Ministério da Educação. III. Instituto Benjamin Constant. ¨ CDD-003.#edjahga Bibliotecário -- Edilmar Alcantara dos S. Junior -- CRB/7 6872

Sumário Editorial ::::::::::::::: 1 Dúvida cruel -- a CLT tem origem fascista? ::: 5 Civilizações sem destino :::::::::::::::: 12 Tirinhas :::::::::::::::: 36 Mafalda ::::::::::::::::: 36 Desafios :::::::::::::::: 39 Pensamentos ::::::::::::: 44 Mundo das artes ::::::::: 47 Dublagem :::::::::::::::: 47 Maravilhas do mundo ::::: 55 Praia de Carneiros ::::: 55 Nossa casa :::::::::::::: 59 Como deixar o ralador limpo :::::::::::::::::: 59 Evite que botões da camisa se soltem ::::::: 60 As mil e uma utilidades do vinagre ::::::::::::: 61 Vida e saúde :::::::::::: 63 Motivação & inspiração ::::::::::::: 63 Culinária ::::::::::::::: 72

Bolo de cenoura e laranja, sem glúten e lactose :::::::::::::::: 72 Quibe de forno com salada de pepino :::::::::::::: 74 Humor ::::::::::::::::::: 76 RBC News :::::::::::::: 78 Saiba o que é o capacitismo e porque é importante combatê-lo ::::::::::::: 78 Espaço do leitor :::::::: 90 Editorial Prezado leitor, Retornando para mais um encontro com você, nossa RBC traz muita reflexão para avaliarmos nossos conceitos e preconceitos. Logo no primeiro artigo, uma polêmica instigante sobre a semelhança da CLT brasileira com a *Carta del Lavoro* italiana, sugerindo, talvez, a proximidade entre as ideias do ex-presidentes Getúlio Vargas, do Brasil, e Mussolini, da Itália. Fato é que as ideias nunca surgem isoladas no mundo. Quando algum líder pensa algo que parece diferente, cabe avaliar se ele não terá buscado inspiração em algo que já viu, para bem ou mal do povo. Os ciganos também são assunto dessa edição. Vamos ver o que pode ser verdade ou imaginação na história desse povo cuja cultura devia ser mais divulgada, pois conhecimento evita julgamentos precipitados e falhos. O romancista, dramaturgo, roteirista, poeta e ex-diplomata brasileiro Francisco Azevedo também dá o ar da graça aqui na nossa revista, com uma série de pensamentos extraídos do seu livro, lançado em 2008, *O arroz de Palma*. Que eles despertem em todos a vontade de conhecer o livro desse carioca da gema -- um best seller, traduzido para 13 idiomas. Na coluna “Vida e saúde”, vamos tratar da importância da harmonia entre corpo, mente e espírito para nos manter motivados a realizar tarefas necessárias, importantes, mas que não gostamos de fazer. Essa voz eu conheço! Com certeza, diante da exibição de um filme ou desenho dublado, não só os cegos mas também os videntes já fizeram esse comentário. Em “Mundo das artes”, vamos explorar um pouco o universo da dublagem. Na seção “Desafios" você vai poder testar seus conhecimentos de geografia, poesia e, para os noveleiros de plantão, de teledramaturgia brasileira. Não faltarão, é claro, receitas boas e práticas, dicas para o cuidado com a casa, além de um tema para pensar e debater em “RBC News”. Então, amigos, vamos aproveitar o material, rir com as tirinhas da Mafalda, curtir o que a revista tem de melhor e buscar a informação sempre, pois sem ela, ficamos isolados.

Sua presença se faz sentir no “Espaço do leitor” e somos muito gratos por isso. Boa leitura! Comissão Editorial õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Dúvida cruel -- a CLT tem origem fascista? Um senso comum diz que a CLT de Vargas era cópia da *Carta del Lavoro*, de Mussolini. Mas não é bem assim. Jânio de Oliveira Freime Ouvir que a Consolidação das Leis do Trabalho (1943) foi uma cópia da *Carta del Lavoro* (1927) está cada vez mais comum, mas implica em uma simplificação -- e até em um erro histórico -- bastante brutal. A Lei, estabelecida no Brasil em 1º de maio de 1943, há 80 anos, pelo então ditador Getúlio Vargas, por mais que estivesse envolvida num autoritarismo relevante, não era uma versão tropical do fascismo italiano e de suas brutalidades. Ela foi uma necessidade constitucional gerada pelo nascimento do Ministério da Justiça que, somado à demanda das lutas operárias por uma estrutura legal de garantia de direitos, *elencava* em termos jurídicos as bases das relações individuais e coletivas de trabalho. Primeiro vale pontuar que, diferentemente da CLT, a *Carta del Lavoro* não era uma lei. Nos anais do Diário Oficial do Reino da Itália, vê-se que não há referências a um estatuto jurídico para a carta de Benito Mussolini. Era um documento público de intenções e compromissos cívicos a serem seguidos nas relações de emprego e salário entre patrão e empregado -- enquanto a CLT nasceu com uma estrutura de regimento legal. Apenas em 1941 o governo autoritário italiano daria um aspecto de lei ao documento, deixando, porém, alguns pontos sem regulamentação até 1943. Já a CLT, como o próprio nome demonstra, consolidava as leis do trabalho que já existiam, além de regulamentar os direitos garantidos pela Constituição. Em comparação: a CLT possuía 921 artigos em 1943, enquanto a *Carta del Lavoro* nasceu com 30 e foi reduzida a 11 quando se tornou lei. Nos termos da época, a *Carta del Lavoro* era bastante conservadora, sobretudo no comparativo com o mundo e principalmente com o Brasil. Enquanto, por aqui, havia direito a férias desde 1925 (com regulamentação em 1943), o documento italiano mantinha a normalidade legal do trabalho noturno e referenciava férias e indenização sem justa causa sem nenhuma forma

de regulamentação de benefícios. Quando surge a CLT, a maioria dos direitos nela elencados já estava incorporada à legislação nacional por decretos presidenciais, leis estabelecidas no Congresso ou na Constituinte de 1934. Os benefícios precedentes foram adquiridos após anos de lutas sindicais ligadas a movimentos como anarquismo, comunismo e demandas populares anteriores à CLT. A lei italiana não admitia direitos que, naquele tempo, já eram debatidos no Brasil (e continuam até hoje), como paridade salarial entre gêneros e idades, permissibilidade legal ao trabalho de estrangeiros, jornada de trabalho de oito horas diárias, proibição do trabalho noturno e infantil, salário mínimo e assistências. Ao contrário, a carta de Mussolini estabelecia regimentos que permitiam relações completamente desiguais entre trabalhadores, dando vantagens salariais a membros do Partido Fascista e a certos perfis civis. Por mais original que a CLT fosse, é possível traçar relações de inspiração no documento. É claro, por exemplo, o esforço pela atenção e pela tutela do Estado em relação ao trabalho, entrando em sua legislação. Essa era uma lógica cuja maior referência era o *Labour Party*, (Partido Trabalhista) da Inglaterra: onde a questão deve ser tratada com uma ótica racionalista e reformista (não revolucionária) para superar as legislações ultrapassadas. Ao mesmo tempo, a lógica da CLT parte de uma ideia de soberania da Lei do Estado em relação ao que compete à administração pública e às questões sociais-nacionais, inspiração comum que o Estado Novo varguista tinha pelo Estado Novo do então presidente de Portugal, António de Oliveira Salazar. Junto a isso, a CLT acumula inspirações das leis da Espanha, do México e das diretrizes da Organização Internacional do Trabalho. Outra importante referência foi a *Encíclica* *Rerum Novarum*, documento do Vaticano que estabelecia apontamentos para a condição dos trabalhadores de fábricas. Nela, havia uma forte crítica aos valores morais da sociedade capitalista *laica*, apontando os problemas sociais da exploração que observavam. A Encíclica clama pela busca da justiça social e econômica, distribuição de riquezas e a

intervenção do Estado na economia em favor dos desprotegidos, da caridade e do patronato. O momento em que Vargas se aproxima de Mussolini é quando se trata do tema dos sindicatos e do combate às articulações socialistas. Assim como na Itália, a articulação do ditador com os sindicatos e as leis trabalhistas no Brasil se pautava no esforço de impedir a autonomia de luta das unidades de organização dos trabalhadores e a redução dos movimentos sob a tutela do Estado. Fonte: Aventuras na História. São Paulo, edição 240. Maio de 2023. Vocabulário Elencar: v. Listar, dispor de modo organizado.

Encíclica: s. f. Carta solene, dogmática ou doutrinária, dirigida pelo papa ao clero do mundo católico, ou somente aos bispos de uma mesma nação. Laica: adj. O que ou quem não pertence ou não está sujeito a uma religião ou não é influenciado por ela. :::::::::::::::::::::::: Civilizações sem destino A história dos ciganos não é tão colorida quanto eles: teve *diáspora*, perseguição, escravidão e genocídio. Isabelle Somma Em uma determinada noite do começo dos anos 1940, o médico nazista alemão Josef Mengele reuniu 14 pares de

gêmeos no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. Colocou as crianças sobre sua mesa e as fez dormir. Calmamente, injetou clorofórmio em suas veias. A morte foi instantânea. Mais tarde, abriu cada uma delas e meticulosamente dissecou seus cadáveres. As crianças não eram judias. Eram de um outro grupo cuja história também é marcada por diáspora, perseguições, escravidão e genocídio, especialmente na Segunda Guerra. Os ciganos -- termo genérico para designar grupos que se autodenominam *rom*, *calon* e *sinti*, entre outros -- podem ser encontrados em várias partes do mundo, divididos em culturas, religiões e línguas diferentes. Alguns têm o dialeto, a profissão ou apenas a opção pela vida *itinerante*. O que todos têm em comum é uma longa história pautada pelo preconceito, que continua ainda hoje. Pouco se sabe sobre a origem dos ciganos -- que, assim como quase tudo que diz respeito a eles, está marcada por fantasias. Alguns dizem que eles descendem de egípcios do tempo dos faraós. Outros, de uma região conhecida como “Novo Egito”, na Grécia -- daí a palavra “cigano”, que vem de “egipciano”. Essa história, contudo, é descartada por estudiosos do assunto. Para eles, os ciganos teriam vindo do Paquistão e do norte da Índia, nos atuais Rajastão e Punjab. A maior prova disso vem de estudos linguísticos. O romani, a língua falada por eles, possui grandes semelhanças com o hindi, falado na Índia. A análise biológica *corrobora* essa tese. Um estudo realizado com integrantes de comunidades ciganas da Europa demonstrou que era possível traçar a origem indiana de boa parte dos ciganos pesquisados. Dali, um grande contingente teria partido em uma espécie de diáspora. Ainda hoje existem comunidades ciganas na Ásia, assim como nos locais por onde passaram até chegar à Europa, como o Oriente Médio e o norte da África. “Por que e quando eles deixaram a Índia, quais foram os grupos que fugiram e como se relacionavam entre eles ainda é tema de debate entre os estudiosos”, ressaltou o professor David Nemeth, especialista em povos *nômades*. “Alguns dizem que todos deixaram a Índia de uma vez, há mil anos. Outros dizem que eles foram saindo gradualmente.” Um problema, de acordo com os pesquisadores, é falar dos ciganos como se eles fossem um grupo racial, um povo. “A explicação da origem indiana dos ciganos dá a falsa impressão de que eles são um grupo fechado, constituído como uma unidade isolada na Índia e que viajou mantendo essa integridade”, afirmou a antropóloga Florencia Ferrari, cuja pesquisa de doutorado foi sobre ciganos de São Paulo. Na verdade, eles apresentam uma grande mistura. O estudo linguístico aponta uma provável data em que a maior leva de ciganos teria deixado seu território de origem: meados do século XI. Esse período coincide com a invasão, ao norte do subcontinente indiano, do sultão persa Mahmoud Ghazni (971-1030). Acredita-se que o sultão vitorioso teria expulsado essa população, provavelmente uma casta de guerreiros, do território

conquistado entre 1001 e 1026. Há outras teorias para o movimento dos ciganos. Alguns especialistas supõem que eles pertençam a um antigo grupo de viajantes que nunca parou de se deslocar. Outros, que eram grupos sedentários forçados a deixar a Índia devido à expansão de outros povos. Também não se descarta que eles eram *párias* expulsos de suas terras. Tudo isso é suposição tendo em vista a falta de relatos escritos sobre o assunto. Os ciganos mantêm sua história por meio da tradição oral -- e muito do que se passou entre eles foi perdido. Segundo Isabel Fonseca, autora de “Enterrem-me em Pé -- A Longa Viagem dos Ciganos”, o primeiro documento escrito que menciona os ciganos é um contrato de compra e venda do século X. Mais tarde, monges relatam sobre os *atsiganoi*, povo itinerante de adivinhos e ventríloquos que visitou o imperador bizantino Constantino IX em 1054. A diáspora cigana levou-os a migrarem a oeste, fazendo com que se espalhassem pela Europa a partir do século XIV. “Quando apareceram pela primeira vez na Europa, os ciganos apresentaram-se como peregrinos e liam a sorte: duas boas profissões numa época de superstição”, lembrou Isabel Fonseca. Os grupos começaram a percorrer com maior assiduidade certas regiões, e acabaram adotando a língua e a religião delas, mas sem perder seus próprios costumes e idioma. Dessa mesma época já datam os primeiros registros de perseguições contra os ciganos. Em 1471, leis contra eles foram aprovadas na Suíça. Na península Ibérica, a chamada Reconquista Cristã, em 1492, significou não apenas a expulsão de árabes e judeus, mas de ciganos também. No século XVI, os ciganos também foram expulsos da França, durante o reinado de Luís XII, e da Inglaterra, pelo rei Henrique VIII. Mais tarde, Elizabeth I fez pior: durante seu reinado, entre 1558 e 1603, uma lei tornava ilegal ser um cigano. Isso quer dizer que a pessoa era condenada à morte simplesmente por ser filha de pais ciganos. “Eles se tornaram os últimos bodes expiatórios dos males sociais da sociedade do *período Tudor*”, afirmou o professor de estudos romani, Thomas Acton, da Inglaterra. A perseguição nos Bálcãs foi ainda mais aguda. A partir do século XIII, os

ciganos foram vistos como estrangeiros que não eram bem- -vindos. Acabaram escravizados. A libertação ocorreu apenas em 1864. Na Romênia não foi diferente: os ciganos foram escravizados por lá até o século XIX. Em 1445, o príncipe Vlad Dracul, da Valáquia (antiga província da Romênia), escravizou em seu país cerca de 12 mil pessoas da Bulgária. Essa gente, de acordo com registros da época, “parecia egípcia”. Vlad Dracul, apenas a título de curiosidade, é pai do príncipe que ficou conhecido pela alcunha de Drácula. A partir do século XVI, países como Suíça, Holanda e Dinamarca, passaram a promover o que ficou conhecido como “caçada aos ciganos”. Ela funcionava mais ou menos como uma caçada a raposas mesmo, quase um esporte. Não era preciso o sujeito ter cometido crime algum para ser aprisionado ou morto. Recompensas e honras eram prestadas aos que participavam das caçadas. Na Dinamarca, por exemplo, uma grande caçada foi marcada para o dia 11 de novembro de 1835. O resultado foram 260 homens, mulheres e crianças presos ou mortos. Alguns pesquisadores acreditam que a origem do preconceito contra as comunidades ciganas esteja relacionada com as profissões com as quais eles ganhavam a vida. Segundo Nemeth, os ciganos historicamente lidam com três ramos de ocupação nada bem-vistos na Idade Média. Eles estão associados à indústria da “diversão”, como músicos, dançarinos e adivinhos, da “morte”, como açougueiros, e da “sujeira”, como ferreiros. Várias lendas populares pipocaram na Europa na Idade Média. Uma delas é a de que o ferreiro que fez os pregos colocados em Jesus na cruz era cigano. Jesus então teria amaldiçoado todos os ciganos com uma vida de vagância. Aliás, é o nomadismo o fator apontado como o principal motivo da desconfiança que vários povos alimentaram contra eles. “A *estigmatização* da vida errante se tornou um fator de demonização daqueles ciganos que eram nômades comerciais”, afirmou Acton. A necessidade de deslocar-se pela *lunga drom* -- ou “longa estrada”, em romani --, geralmente em coloridas caravanas, fez com que os ciganos tivessem um contato mínimo com o mundo *gadjikane* -- “não cigano”. Assim, o grupo continuaria com seu estilo de vida. A história da polonesa Papuzsa (“boneca” em romani) é prova de que muitos grupos

temem que seu modo de vida seja alterado pela revelação de seus costumes. Harpista, ela compunha música e poesia contando os sofrimentos de seu povo. No fim da década de 1950, um poeta publicou a tradução de seus poemas em polonês, à revelia da vontade de *Papuzsa*. Resultado: foi expulsa da comunidade por traição. Morreu em 1987, sozinha e esquecida. A partir do fim do século XVIII, com a ascensão do capitalismo industrial e a rápida urbanização, o que era visto como uma diferença apenas cultural passou a ser visto como um comportamento motivado por uma questão racial. O racismo culminou com a Segunda Guerra Mundial. Além de judeus, homossexuais, comunistas e opositores do regime, os nazistas também perseguiram implacavelmente os ciganos. Eles foram deportados para campos de concentração e tornaram-se alvo dos *einsatzgruppen*, esquadrões móveis de extermínio. Não há estatísticas exatas sobre o número de vítimas, mas estima-se que, dos cerca de 1 milhão de ciganos que viviam na Europa antes da guerra, pelo menos 500 mil tenham sido eliminados no Holocausto. Com o fim do conflito, muitos deles imigraram para os Estados Unidos -- que, atualmente, é o país com o maior número de ciganos no mundo, cerca de 1 milhão. A última lei contra os ciganos no país, que impedia a entrada deles no estado de Nova Jersey, só foi eliminada na década de 1990. Os que ficaram na Europa, no entanto, continuaram a ser sistematicamente perseguidos por diferentes governos. Na Bulgária, a língua e a música ciganas foram proibidas. Na antiga Tchecoslováquia e na Noruega, políticas oficiais promoveram campanhas de esterilização de mulheres ciganas. Até 1972, o governo suíço tomava crianças ciganas de seus pais para serem criadas por famílias não ciganas. Muitos deles ainda vivem espalhados pela Europa. É a maior minoria étnica sem país do continente. A partir de 1989, começaram a surgir partidos políticos ciganos, que tentam reverter políticas discriminatórias. Atualmente, há programas falados na língua romani em países como a Romênia e a Macedônia. Se, por um lado, isso pode ser um fator que ajuda a diminuir o preconceito em alguns locais, por outro pode também significar a absorção dos ciganos pela cultura *gadjikane*. O destino deles, porém, é difícil de ser lido. A história dos ciganos no Brasil se confunde com o início de nossa colonização. Segundo Rodrigo Teixeira Corrêa, autor de História dos Ciganos no Brasil, o primeiro registro é de 1574, quando o comerciante João Torres, sua mulher e seus filhos foram expulsos de Portugal para cá. A maioria dos que aqui chegaram veio da península Ibérica, mas os que imigraram no século passado vêm da Europa Oriental. No século XVI, os ciganos *degredados* se instalaram principalmente na Bahia. O comércio é a principal atividade ligada a eles até hoje. Há registros, do século XVIII, da presença de comunidades nômades em Minas Gerais -- mas apenas dão conta de problemas em que eles se envolviam, como roubos e brigas. Em Minas Gerais, mais precisamente em Diamantina, viveu a família do mais ilustre descendente de cigano do país. O primeiro cigano não ibérico a aportar no Brasil foi Jan Nepomuscky Kubitschek, no século XIX. Reconheceu o sobrenome? Seu bisneto, Juscelino, assumiu a presidência do país em 1956. Vários ciganos, como ele, deixaram a vida nômade, mas há milhares que ainda vivem dessa forma nos grandes centros urbanos. Há entre eles artistas circenses e comerciantes — e, claro, mulheres que leem a sorte. Não há fontes seguras nem censo sobre o número de ciganos no Brasil -- acredita-se que haja cerca de 800 mil. Assim como em outros países do mundo, o principal problema da comunidade é a documentação. Aqueles que não possuem endereço fixo têm problemas para conseguir acesso a serviços públicos. “Não possuir documento é uma opção deles”, disse a antropóloga Florencia Ferrari. “A questão fascinante é como e por que eles escolhem viver assim”. Sempre em movimento. Há diversos grupos de ciganos espalhados pelos cinco continentes. Abaixo estão os principais. Muitos falam uma língua próxima, o romani (ou romanês) -- com muitas palavras emprestadas de línguas locais. Grupos que vivem no Brasil, por exemplo, dizem: “Vamos pinhá o paim”. Querem dizer: “Vamos beber água” -- a estrutura é a do português, mas com palavras em romani. Grupos de viajantes, como artistas circenses, são confundidos com os ciganos por serem nômades.

Também conhecidos como *yerlii* ou *arli*, os *erlides* são mais comuns em comunidades localizadas no sudeste da Europa e na Turquia. Muitos são muçulmanos ou cristãos ortodoxos. Há ainda pequenos grupos na Palestina, Jordânia e também no Iraque. Os *rom*, ou *roma*, têm origem não ibérica e são o grupo mais numeroso. Tanto que possuem subgrupos, como os *kalderash*, *matchuara*, *lovara* e *tchurara*. Podem ser encontrados na Europa (especialmente nos Bálcãs), nos Estados Unidos e no Brasil. “Muita gente confunde os roma com os romenos. Há ciganos romenos, mas nem todo romeno é cigano”, defende David Nemeth. Chamado também de calon, o grupo é encontrado principalmente na península Ibérica, no norte da África e no sul da França. Na Espanha, os *gitanos* são associados à música e à dança -- o flamenco é considerado de origem *gitana*. O mais famoso é o grupo francês Gipsy Kings. No Brasil, há uma grande quantidade de grupos *calon*, que se dedicam ao comércio de carros, mantas e ouro. Os *sinti* ou *manouch* também reconhecem uma origem na Índia e praticam o nomadismo. Eles falam a língua sintó e são encontrados principalmente na Alsácia, entre outras regiões da França, na Alemanha e na Itália. Há poucos deles no Brasil, chegados também no século XIX. O grupo mais numeroso na Grã-Bretanha, encontrado nos Estados Unidos e na Austrália, é chamado de *romnichal*. Sua história remonta ao século XVI, quando teriam che- gado à Inglaterra. Foram expulsos e perseguidos no país ao longo dos séculos, mas ainda são numerosos lá. Por causa do convívio com os *gadjikane* (“não ciganos”), os ciganos mantiveram determinados costumes para não se “contaminar” pela cultura externa. Evitaram durante séculos, por exemplo, casamentos com não ciganos. Alguns deles só falam romani. “Para se referir a um não cigano, há ciganos no país que o tratam por ý"brasileiroý". Isso reforça a ideia de que eles são supranacionais”, afirmou Florencia Ferrari. Outra característica é que eles também evitaram frequentar escolas. Segundo a pesquisadora Isabel Fonseca, cerca de três quartos das mulheres ciganas são analfabetas. Isso se mostra na pró- pria língua romani, que não tem forma escrita. Nela, não existem palavras específicas para “escrever” e “ler”. Em seu lugar, são usadas palavras da língua local, onde quer que o grupo se encontre, ou adap- tações. A palavra gin, que significa “contar”, faz as vezes de “ler”. Outro costume cigano é as mulheres lerem a sorte, além de usarem saias longas -- mostrar os joelhos é um tabu para elas, assim como cortar as unhas. A segregação dos sexos também é um hábito. Homens e mulheres, por exemplo, não comem juntos. As comunidades ciganas valorizam os ritos, como casamento e funeral. Os casamentos são resultado de combinações entre famílias. Os noivos se casam muito jovens. Aos 10 anos ou menos, logo após a primeira menstruação, as meninas já estariam “aptas a casar”. Além disso, a religião não ocupa lugar privilegiado na vida dos ciganos. Há comunidades que

ainda preservam características do *shaktismo*, uma corrente do hinduísmo. Alguns símbolos da antiga religião são identificados pelos *gadjikane* com a maior parte dos ciganos, como o tridente, arma utilizada pelo deus hindu Shiva. A palavra para tridente, em romani, é a mesma que alguns ciganos cristãos utilizam para cruz. Portanto, o que houve na maioria dos casos foi a assimilação das religiões por onde as correntes migratórias passaram. Na Europa e Américas, o cristianismo é a principal fé. Já no Oriente Médio e Bálcãs, há ciganos muçulmanos. Fonte: Aventuras na História. São Paulo, edição 240. Maio de 2023.

Nota Período Tudor: A Dinastia Tudor foi uma dinastia familiar que governou a Inglaterra de 1485-1603. Durante o período sob o governo da Casa de Tudor, a Inglaterra passou por um número substancial de reformas políticas, econômicas, sociais e religiosas que alteraram dramaticamente o futuro do país e de seu povo. Dois dos monarcas mais conhecidos da Inglaterra eram membros da Dinastia Tudor: Henrique VIII e sua filha Elizabeth I. ~,https:ÿÿ~ spiegato.comÿptÿo-que-foi-~ a-dinastia-tudor~, Vocabulário Corroborar: v. Confirmar a existência de. Degredado: s. m. Banido; pessoa que foi condenado ao degredo, sendo expulsa de

seu país por um tempo determinado ou por toda a vida. Diáspora: É substantivo feminino com origem no termo grego diárpora, que significa dispersão de povos, por motivos políticos ou religiosos. Estigmatização: s. f. Ato de marcar negativamente algo ou alguém. Itinerante: adj. Que se movimenta de um lugar para outro, exercendo algum tipo de função, trabalho ou ofício. Nômade: s. 2g. Tribo ou etnia que não se fixa em lugares e vive mudando. Pária: s. 2g. Quem está a margem da sociedade, excluído do convívio social. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Tirinhas Mafalda Mafalda foi criada pelo cartunista argentino Quino; suas tirinhas foram publicadas de 1964 a 1973, usufruindo de uma altíssima popularidade na América Latina e Europa. As histórias apresentam uma menina preocupada com a humanidade e com a paz mundial, que se rebela com o estado atual do mundo. Personagens Mafalda: a personagem principal, uma menina de seis anos de idade, que odeia sopa, adora os Beatles e o desenho do Pica-Pau. Ela se comporta como uma típica menina da sua idade, mas tem uma visão aguda da vida e vive questionando o mundo à sua volta, principalmente o contexto dos anos 1960 em que se encontra. Tem uma visão mais humanista e aguçada do mundo em comparação com os outros personagens. Manolito: vive pensando nos negócios da mercearia do pai e é um representante do capitalismo tendo como maior objetivo fazer cada vez mais dinheiro. _`[Tirinha: "Mafalda", adaptada em quatro quadrinhos: Q1: Mulher em pé, com um giz na mão, diz: "Vamos ver, Manolito, uma palavra que comece com ý"Pý"". Q2: Mafalda pensa: "Chi... Vai ver que ele vai falar aquele palavrão". Q3: Manolito, em pé, diz: "Política". Q4: Mafalda, com o rosto apoiado na mão direita, diz: "E falou mesmo!"._`]

_`[Tirinha: "Mafalda", adaptada em quatro quadrinhos: Q1: Mafalda em pé, com o dedo indicador levantado, diz: "É incrível a importância do dedo indicador!" Q2: Mafalda de frente, com a mão direita apoiada na cintura e, com o dedo indicador da outra mão, aponta para o lado direito e diz: "Um patrão faz assim com o indicador... E três mil operários vão para a rua!" Q3: Mafalda olhando para o lado, com a mão direita apoiada na cintura e, com o dedo indicador da outra mão, aponta para o lado direito e pensa: "Aaaaah!...". Q4: Permanecendo na mesma posição, Mafalda balança o dedo indicador e pensa:

"Esse deve ser o tal indicador de desemprego, de que tanto se fala!"._`] õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Desafios 1. Um funcionário da ONU fez uma grande pesquisa sobre rios em vários países do mundo e, preocupado com a limpeza das águas do planeta, enviou cartas aos governantes dos países visitados. Porém, desorganizado, não destinou corretamente as cartas. Você conseguiria ajudar o pessoal dos correios a destinar as cartas para os países certos lendo um trecho delas? a) "Creio que o excesso de coliformes fecais das águas, pode trazer doenças à população. Seria necessário submeter o Ganges a tratamento rigoroso, respeitadas as questões religiosas." b) “A retirada de boa parte da vegetação em torno do Xingu tem prejudicado a purificação das águas." c) “É preciso observar com mais atenção a saída de óleo dos barcos que percorrem o Sena, a fim de evitar danos às águas." d) “A população que utiliza as águas do Eufrates é cada vez maior, por isso é preciso economizar pois o volume de água não tem aumentado." e) "Em que pese todo o trabalho de tratamento das águas do Tâmisa, a população não tem se mostrado cuidadosa, trazendo problemas à fauna e à flora." 2. Como anda sua relação com a poesia? Leia os versos a seguir e encaixe com seu autor:

a) "Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.” b) “De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento." c) “Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer." d) 'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço Brinca o luar -- doirada borboleta -- E as vagas após ele correm... cansam Como turba de infantes inquieta! e) Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Gonçalves Dias Luís de Camões Cecília Meirelles Castro Alves Vinícius de Moraes 3. Você costuma estar por dentro do que acontece nas novelas? E os casais marcantes? Lembra-se deles? Vamos testar sua memória e seu conhecimento no assunto. Faça a correspondência entre os casais e as novelas em que se destacaram: a) Júlia e Cacá b) Raji e Maya c) Preta e Paco d) Marina e Leonardo e) Inácio e Ester Pedra sobre pedra Da cor do pecado Dancin' Days Força de um desejo Caminho das Índias Repostas: 1. a) Índia. b) Brasil. c) França. d) Iraque. e) Inglaterra. 2. a) Cecília Meirelles. b) Vinícius de Moraes. c) Luís de Camões. d) Castro Alves. e) Gonçalves Dias. 3. a) Dancin' Days. b) Caminho das Índias. c) Da cor do pecado. d) Pedra sobre pedra. e) Força de um desejo. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Pensamentos “A moderação nos vai ensinando o desapego necessário para, chegada a hora, podermos deixar a vida que é vigorosa e linda demais.” “A vida bate e ensina? Bate e ensina. E muito. Em todos sem exceção. Mente quem diz que não apanha.”

“Adultos, aprendemos aos poucos a nos contentar com o possível -- o sucesso possível, a saúde possível, a beleza possível, a ousadia possível.” “Descobri que o que eu mais queria na vida era o poder. O poder estar sempre com as pessoas que eu amo, o poder andar despreocupado pelas ruas, apreciar cenários, paisagens, bichos, gente que passa.” “De olhos fechados, tudo é possível. O escuro é página em branco, nele se cria o que se quer. O escuro é colorido, é cósmico e *abissal*.” “Família é afinidade, é ý"à Moda da Casaý". E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito. Há famílias doces. Outras, meio amargas. Ou- tras, apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada -- seriam assim um tipo de ý"Família Dietý", que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo.” Fonte: AZEVEDO, Francisco. *O arroz de palma*. 19ª edição. Editora Record, 2008. Obs: Frases do autor Francisco Azevedo (1951), extraídas do livro “O arroz de Palma”. Vocabulário Abissal: adj. Enigmático, religioso. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Mundo das artes Dublagem A dublagem, termo originado do francês “doublage”, é uma técnica usada em obras audiovisuais, onde a voz original da produção é substituída, normalmente, por uma interpretação em outro idioma. Ela é feita em estúdios próprios, com profissionais diversos, entre os quais os dubladores, que são aqueles que, com sua voz e interpretação, substituem as vozes dos atores dos filmes estrangeiros por uma versão nacional. Para se tornar um dublador, é necessário ter uma boa capacidade de leitura, sejam livros, revistas ou artigos de jornais e passar a ler em voz alta por pelo menos 30 minutos a cada dia, pronunciar

bem as palavras e trabalhar na entonação. Antigamente, no início da década de 30, a dublagem era o processo de introduzir a voz gravada do ator em estúdio, *mixada* e sincronizada com a expressão facial e labial do ator exibidas na tela. Não é raro um dublador não saber exatamente o que vai dublar, principalmente quando se trata de material inédito. Como o texto é recebido no dia da gravação, o profissional não passa pelos mesmos preparos que o ator que gravou a cena, tendo que se adaptar -- com as orientações do diretor de dublagem -- em um tempo muito curto para se aproximar o máximo possível da interpretação original. Já no estúdio de gravação, depois de receber o texto traduzido e revisado, o roteiro é dividido em partes de 20 segundos -- os chamados anéis --, onde é possível separar a parte de cada personagem e conhecer qual será a participação de cada dublador. Ele chega a gravar por hora, cerca de 30 anéis. Depois de todo material gravado, cabe ao profissional de som sincronizar, realizar os ajustes necessários e gravar na mídia solicitada pelo cliente, para então o material ser distribuído ao público. Muitas das vozes que você ouve em filmes, desenhos e séries, vêm da Grande Tijuca. A região foi e ainda é o principal polo dessas produções no Rio de Janeiro. Além de ter sido sede do extinto e lendário estúdios, Herbert Richers — lembrou do vozeirão dizendo antes do filme começar: “versão brasileira: Herbert Richers”? --, abriga atualmente quatro estúdios do gênero: Áudio News, Delart, Dublamix e Som de Vera Cruz. -- Como a Herbert Richers foi pioneira e grande empresa do setor, outros estúdios procuraram ficar perto dela para aproveitar atores, facilitar gravações e deslocamentos de um estúdio para o outro. Por isso, a Tijuca é hoje a principal referência carioca da dublagem -- diz Peterson Adriano, proprietário da Som de Vera Cruz, e dublador há 25 anos. Ele mesmo optou pelo bairro por conta da profissão: -- Moro na Tijuca desde 2000, para ficar mais perto do trabalho. Já passei também pelo Delart e até pela Herbert Richers. Em março, comprei a Som de Vera Cruz do Jorge Ramos, aquele que faz as chamadas dos *trailers* nos cinemas -- conta Peterson, que se iniciou na profissão ainda criança, dublando o ator Macaulay Culkin, no filme “Esqueceram de mim”, e Bart Simpson, na série de animação “Os Simpsons”. A Som de Vera Cruz existe há 16 anos, e a experiência é o que não falta nos quadros da empresa. Trabalhando no ramo desde 1969, Myrian Thereza é considerada uma das pioneiras da dublagem carioca. Dos vários personagens marcantes aos quais emprestou sua voz, destaca-se Penélope Charmosa, do desenho “Corrida Maluca”. -- Quando comecei, dublávamos todos juntos, em frente a uma tela de cinema. Se alguém errasse, tínhamos que começar novamente. Eu sou atriz, mas parei a carreira temporariamente para ter um filho. Foi quando surgiu o convite para dublar. Aliás, para ser dublador é preciso ser ator ou

atriz. Não pode ser qualquer um -- ressalta. Sim, Myrian tocou num detalhe importante. No Brasil, onde a profissão de dublador é reconhecida, é necessário que a pessoa tenha formação comprovada na área e o registro profissional de ator emitido pela Delegacia Regional de Trabalho (para saber mais sobre esta profissão, acesse o site da Academia Internacional de Cinema em: ~,https:ÿÿ~ shre.inkÿ2TY4~,). A história de Myrian, mesmo separada por toda uma geração, é parecida com a de Yago Machado, de 13 anos, dublador mirim que também veio do teatro, e atua em estúdios como Delart, Som de Vera Cruz e Áudio News. Confira a seguir, os nomes dos dubladores brasileiros que estão por trás de alguns dos personagens mais famosos da televisão e do cinema: 1. Márcio Seixas: Batman, James Bond e outros. 2. Guilherme Briggs: Superman (a partir dos anos 90), Tarzan (atual), Buzz Lightyear (Toy Story) e outros. 3. Orlando Drummond: Popeye, Scooby Doo, Gato Guerreiro (He-Man), Vingador (Caverna do Dragão) e outros. 4. Wendel Bezerra: Goku, Donatello (As Tartarugas Ninja), Bob Esponja, Jackie Chan (As Aventuras de Jackie Chan) e outros. 5. Marcelo Gastaldi: Chaves, Chapolin Colorado, Charlie Brown (Snoopy) e outros. 6. Marisa Leal: Baby (Família Dinossauros), Ariel (A Pequena Sereia) e vários filmes.

7. Úrsula Bezerra (ganhadora do Prêmio Yamato, considerado o Oscar da dublagem em 2008, pela voz de Naruto -- Naruto Shippuden) Fontes: ~,https:ÿÿpt.~ wikipedia.orgÿwikiÿ~ Dublagem#{:~:text=A%~ 20dublagem%20%C3%~ A9%20feita%20em,~ que%20significa%20~ substitui%C3%A7%~ C3%A3o%20de%~ 20voz~, Acesso em: 28/07/2023 ~,https:ÿÿwww.cursodeteatro.~ com.brÿblogÿ7-exercicios-~ para-um-dublador#{:~:text=~ Ter%20uma%20boa%20~ capacidade%20de,~ palavras%20e%20~ trabalhe%20na%20~

entona%C3%A7%C3%~ A3o~, Acesso em: 28/07/2023 Vocabulário Mixada: s. f. Registro simultâneo, na mesma trilha sonora de um filme, de diversos sons necessários: palavras, música, ruídos de fundo etc. Diz-se da voz, da música ou da imagem inserida simultaneamente a outros elementos em uma obra audiovisual. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Maravilhas do mundo Praia de Carneiros A Praia dos Carneiros está localizada no município de Tamandaré, no litoral sul do estado de Pernambuco, no nordeste brasileiro. Fica a cerca de 100 km por via terrestre de Recife, capital do estado, ou a 56 km de Porto de Galinhas, outro destino bastante visitado nessa região do Brasil, o que faz com que muitos turistas aproveitem esta proximidade para visitar ambos os destinos. Esta praia é reconhecida como uma das mais bonitas do Brasil e desperta o interesse de muitos viajantes por sua beleza natural. Com um longo trecho de areia, muitos coqueiros ao seu redor, água clara, calma e quentinha -- uma delícia em qualquer época do ano! -- é o lugar perfeito para relaxar e curtir um cenário paradisíaco, cercado por um mar lindo, cheio de piscinas naturais. A praia tem esse nome porque, no passado, havia ali uma fazenda que pertencia à família Carneiros e, até hoje, para chegar até a areia da praia é preciso passar por dentro de propriedades privadas. Embora a praia seja “pública”, para acessá-la é comum que hotéis, resorts e restaurantes cobrem o acesso através de *Day Use*, estacionamento ou consumação mínima. A melhor forma de chegar até a Praia de Carneiros é de carro, mas se você não dirige, há outras opções. Em Recife é possível encontrar diversas agências de viagem que oferecem o passeio, levando e buscando os turistas até lá. Você pode escolher passar o dia na praia e depois voltar para Recife ou passar algumas noites lá. Há pousadas, hotéis e resorts em volta da praia que oferecem, além da estada, uma série de passeios e comodidades na região. Também é possível ir de ônibus. Para isso, você deve ir até a Rodoviária de Recife e pegar um ônibus até Tamandaré. De lá, será preciso pegar um táxi até a Praia de Carneiros. Chegando lá, você poderá passar o dia na praia, relaxar e esquecer da vida nesse paraíso ou aproveitar o passeio de catamarã, que dura cerca de duas horas e leva os turistas até os bancos de areia que aparecem quando a maré está baixa, formando ilhas cercadas de águas transparentes. Depois, o passeio continua até a Praia de Guadalupe, famosa pelo banho de argila que os moradores de lá oferecem gratuitamente e que prometem rejuvenescer e curar doenças da pele. Na volta desse passeio é possível ver de perto a famosa igrejinha da Praia de Carneiros, que comumente é o cenário escolhido por famosos

e anônimos para um lindo casamento à beira-mar. Fontes: ~,https:ÿÿwww.~ temqueir.com.brÿ2016ÿ09ÿ~ passeio-praia-dos-~ carneiros-tamandare-pe.~ html~, Acesso em: 28/07/2023 ~,https:ÿÿwww.melhores~ destinos.com.brÿpraia-~ dos-carneiros.html~, Acesso em: 28/07/2023 õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Nossa casa Como deixar o ralador limpo Queijo ralado dá um sabor especial a qualquer receita, não é? O chato é ter que limpar o ralador depois. Quando usamos a esponja, acabamos estragando-a. Mas não se desespere. Aqui vai uma dica para deixá-lo super limpo. Limão no ralador! Isso mesmo! O limão é um poderoso desengordurante e faz milagres, removendo todos os resíduos. Para usá-lo é simples: primeiro, esprema o limão sobre o ralador; depois, passe ralando. Para ajudar na limpeza, use uma escovinha para limpar entre os buracos. Finalize com detergente e pronto! Evite que botões da camisa se soltem Vira e mexe a gente perde um botão da camisa. Pois a solução para isso nunca mais acontecer é simples: passe um pouco de base de unha na linha de seu botão. Ela funcionará como uma cola e, assim, evitará que o botão se solte. As mil e uma utilidades do vinagre Além do uso mais comum, para temperar a salada, o vinagre é indicado para diversos outros usos numa casa. a) Limpeza do fogão O vinagre é ideal para a limpeza do dia a dia e deve ser usado no fogão após o preparo das refeições. Use o lado macio da esponja para passá-lo. Nas partes mais sujas, aplique o produto, esfregue com uma escovinha, deixe agir por 10 minutos e esfregue novamente. Retire o vinagre com pano úmido e, em seguida, use um pano seco. O uso de detergente é opcional e dispensável.

b) Como neutralizador de maus odores nas roupas Basta fazer uma pré-lavagem, dissolvendo 200 ml de vinagre em uma bacia com água suficiente para cobrir as roupas. Deixe a roupa de molho por 30 minutos e depois coloque na lavadora como de costume, com o sabão de sua preferência. c) Como amaciante de roupas Adicione, no ciclo de enxágue, 200 ml de vinagre de álcool claro. Fique tranquilo. Depois que a roupa seca, o cheiro de vinagre não fica impregnado nela. Você pode usar água de tecidos para perfumar.

Basta borrifar enquanto seca ou na hora de passar a ferro. Fonte: ~,https:ÿÿblogs.~ gazetaonline.com.brÿ~ dicasdalucyÿpageÿ3ÿ~, Acesso em: 28/07/2023 õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Vida e saúde Motivação & inspiração Como encontrar motivação para realizar tarefas de que não gosta A motivação é a força que impulsiona o ser humano para resolver tarefas, começar novos projetos, mudar seus hábitos e alcançar suas metas. É uma das *soft skills* que o departamento de recursos humanos levam em conta ao contratar um novo empregado. A capacidade de cumprir com o que foi planejado apesar das dificuldades e conseguir bons resultados é algo que as empresas valorizam. Existem dois tipos de motivação: õo intrínseca: é aquela que nasce do interior e não depende de nenhum estímulo externo. Em outras palavras, é o que você quer fazer. Os resultados desta motivação são pessoais, por exemplo: amor-próprio, independência, confiança, etc. õo extrínseca: é aquela que ajuda a tomar decisões para conseguir um estímulo de fora; é o que você deve fazer. No ambiente laboral, por exemplo, o resultado do seu esforço pode ser um aumento de salário e, no pessoal, o respeito de outra pessoa. Oitenta por cento das pessoas não colocam metas, e setenta por cento daquelas que colocam não conseguem cumpri-las, deixando-as no meio do caminho. Uma das razões que levam a isso é a falta de motivação. Preparamos dez conselhos para você se manter motivado em todo o caminho rumo ao êxito. 1) Tenha o objetivo claro: é como dirigir um carro: quando não se conhece a direção exata, não se chega ao destino. Os objetivos concretos ajudam a definir as medidas que deve tomar para alcançá-los. Dessa maneira, o objetivo de encontrar um trabalho melhor carece de informação precisa, enquanto o de encontrar um trabalho de TI online é mais específico e permite começar a busca dentro de um campo relevante de profissões.

2) Divida o seu objetivo em pequenos passos: ao focar na sua meta, você tem que dividi-la em etapas e colocá-las em ordem. Tente fazer com que o seu planejamento esteja detalhado, mas leve em conta que durante o processo podem aparecer tarefas imprevistas. Por exemplo, se quiser trabalhar online, faça uma lista de profissões online, escolha duas ou três que lhe interesse, investigue que conhecimentos são necessários para ocupar essa posição, etc. 3) Marque o seu progresso: quando você está tentando atingir uma meta, é importante saber em qual etapa está, quanto ainda falta para realizá-la e quais avanços obteve. O ideal seria criar um gráfico em que visualize as suas conquistas. Também é possível fazer infográficos para colocar os resultados de suas atividades e as conclusões. Ver que você está progredindo motiva muito. 4) Premie-se por suas conquistas: considere algum tipo de recompensa para celebrar os seus avanços. O caminho rumo ao seu objetivo requer trabalho duro e concentração, porque pode ser longo e difícil. Pequenos prêmios por suas conquistas mantêm o individuo em um bom estado de ânimo e acalma a ansiedade enquanto se espera o resultado. 5) Procure pessoas que compartilhem dos seus interesses: se você decidiu mudar de trabalho, procure blogs ou fóruns onde as pessoas compartilham suas experiências. Dessa maneira, será fácil encontrar histórias inspiradoras, novas ideias e conselhos práticos. 6) Visualize o resultado: uma das técnicas psicológicas que ajudam a manter a motivação é a visualização. Para aplicá-la, você não precisa de conhecimentos prévios, nem de preparações especiais: pode praticar em qualquer lugar e pode durar o tempo que tiver disponível. 7) Sente-se com conforto, feche os olhos e imagine que já alcançou a sua meta: onde você está e o que está fazendo? Que pessoas cercam você? Como você se sente? Evoque imagens detalhadas em sua mente e note o que mais anima você nesse estado. A visualização ajuda a recordar qual resultado se deseja obter e porque você começou a introduzir mudanças em sua vida. 8) Faça uma lista de razões: se você for cético e duvidar

da eficiência da visualização, esta ferramenta vai servir melhor. Crie uma lista de razões pelas quais importa atingir o objetivo. Por exemplo, “se eu começar a trabalhar online, vou economizar tempo e dinheiro na volta do escritório, viajar enquanto trabalho, ficar mais tempo com minha família, organizar a minha rotina diária incluindo outras atividades”. 9) Desenvolva as suas habilidades: assuma as dificuldades que você encontrar no caminho rumo ao seu objetivo não como obstáculos, porém como oportunidades de aprender algo novo. O desenvolvimento pessoal é uma das ferramentas mais poderosas para evitar o estancamento e a perda de motivação. Trabalhe em sua autorreflexão e inteligência emocional, já que são *soft skills* que não apenas vão ajudar você a chegar à sua meta, mas também são apreciadas no mercado de trabalho. 10) Cuide da sua saúde: não se esqueça do equilíbrio entre o trabalho e o descanso. Tentando completar tarefas a tempo, conseguir melhores resultados e novos conhecimentos, você gasta muita energia. Portanto, não se negue a recuperá-la. O cansaço constante afeta a saúde tanto física quanto mental, e quando você não se sente bem, é complicado se manter motivado. Algumas recomendações para cuidar da saúde são: descansar bem; fazer exercícios; ter uma alimentação saudável; ter *hobbies* fora da sua área

profissional; meditar e usar técnicas de relaxamento. Fonte com alteração: ~,https:ÿÿebaconline.com.~ brÿblogÿcomo-se-motivar~, Acesso em: 10/07/2023 Nota *Soft skills*: habilidades que não se relacionam com os conhecimentos técnicos de uma pessoa. Habilidades voltadas ao conhecimento sobre o comportamento humano e as relações. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Culinária Bolo de cenoura e laranja, sem glúten e lactose Ingredientes: Massa: 1 xícara de farinha de arroz; 1 xícara de farinha de amaranto; três quartos de xícara de polvilho doce; meia colher de chá de goma xantana; 130 g de cenoura picada; 1 xícara de suco de laranja natural; raspas de 2 laranjas; meia xícara de óleo vegetal; 3 ovos; meia xícara de açúcar demerara; 1 pitada de sal; 1 colher de sopa de fermento em pó; óleo para untar; farinha de arroz para polvilhar na forma. Calda: meia xícara de açúcar de confeiteiro; suco de laranja a gosto.

Modo de preparo: em uma vasilha, misture as farinhas com o polvilho e a goma xantana. No liquidificador, adicione a cenoura, o suco de laranja, as raspas, o óleo, os ovos, o açúcar, o sal e bata até ficar homogêneo. Despeje esse líquido na vasilha com os ingredientes secos e misture bem. Acrescente o fermento e mexa para incorporar na massa. Unte uma forma redonda com óleo e farinha de arroz, depois espalhe a massa dentro. Leve ao forno preaquecido a 180 graus até dourar e passar no teste do palito, cerca de 40 minutos depois. Calda: para a calda, em uma tigela adicione o açúcar e, aos poucos, acrescente o suco de laranja, mexendo até formar uma calda cremosa. Espere o bolo esfriar, retire da forma e coloque em um prato. Espalhe a calda por cima e está pronto. Quibe de forno com salada de pepino Ingredientes do recheio: meia cebola picadinha; 1 colher de sopa de manteiga; 300 gramas de carne moída; meia colher de chá de zaatar; sal e pimenta-do-reino a gosto; 2 colheres de sopa de pasta de amendoim; meia xícara de chá de castanhas-de-caju picadas; 1 colher de sopa de salsinha picada. Ingredientes da massa: 300 gramas de carne moída; três quartos de xícara de chá de trigo para quibe; meia cebola picadinha; raspas e caldo de meio limão; três quartos de xícara de chá de folhas de hortelã picadas; meia colher de chá de zaatar; sal a gosto; azeite a gosto.

Ingredientes da salada: pepino a gosto; tomate a gosto; iogurte a gosto. Modo de preparo do recheio: em uma panela, frite a cebola na manteiga e, em seguida, adicione a carne. Coloque os temperos secos e espere a carne cozinhar. Adicione a pasta de amendoim, as castanhas e a salsinha. Reserve. Modo de preparo da massa: hidrate o trigo na água por 30 minutos. Depois de hidratado, coloque o trigo em uma tigela e adicione o restante dos ingredientes. Amasse bem com as mãos. Forre o fundo de um refratário com metade da massa. Adicione o recheio por cima e cubra com a outra metade da massa. Asse em forno preaquecido a 180}C por 25 minutos e está pronto. Reserve. Modo de preparo da salada e finalização: Em uma tigela, misture todos os ingredientes. Se preferir, tempere com sal ou temperos de sua preferência. Para servir, em um prato, coloque um pedaço do quibe junto com uma porção de salada. Está pronto para servir! Bom apetite. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Humor -- Chefe, quero um aumento. Saiba o senhor que tem três empresas atrás de mim. -- Quais? -- A de água, a de luz e a de telefone. -- Quanto é o cafezinho? -- 2 reais. -- E o açúcar? -- O açúcar a gente não cobra. -- Então pode me ver 2 quilos, por favor. -- Me vê dois ingressos, por favor. -- É para Romeu e Julieta? -- Não, é para mim e para minha namorada mesmo. Um pai disse ao filho: -- Se você tirar nota baixa na prova de amanhã, me esqueça! No dia seguinte, quando ele voltou da escola, o pai perguntou: -- E aí, como foi na prova? O filho respondeu: -- Quem é você? O condenado à morte esperava a hora da execução, quando chegou o padre: -- Meu filho, vim trazer a palavra de Deus para você.

-- Perda de tempo, seu padre. Daqui a pouco vou falar com ele, pessoalmente. Algum recado? õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo RBC News Saiba o que é o capacitismo e porque é importante combatê-lo Enraizado na sociedade, esse tipo de discriminação contra pessoas com deficiência impede a inclusão e a diversidade. O sufixo nominal "-ismo", de origem grega, cria palavras que designam conceitos de ordem geral, como alcoolismo, ou serve para formar substantivos e adjetivos que exprimem idei- as de doutrinas religiosas, sistemas políticos, fenômenos linguísticos e literários, ou terminologias científicas. Ele está presente em palavras como machismo e racismo, que caracterizam atos de discriminação contra mulheres e raças, respectivamente. Além de compor esses conceitos, o sufixo "-ismo" também forma a palavra "capacitismo". Porém, ao contrário dos previamente mencionados, esse termo é relativamente novo na sociedade, assim como na própria esfera dos movimentos sociais. O conceito vem, ainda que vagarosamente, ganhando destaque nas mídias sociais e em rodas de conversas e debates, mas o caminho para a sua ampla divulgação ainda parece longo. De acordo com Luciana Maia, psicóloga e professora do curso de psicologia da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz,

"o capacitismo é um preconceito dirigido a qualquer pessoa que apresenta uma deficiência, seja ela física, intelectual ou sensorial. (...) Como outras formas de preconceito, ele contribui para privar os direitos e a dignidade humana das pessoas com deficiência, determinando e perpetuando desigualdades e injustiças sociais, e contribuindo diretamente para a exclusão social de membros desse grupo", elucida. Ainda segundo a docente, que também é coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Processos de Exclusão Social (LEPES) da Unifor, o capacitismo é expresso por meio de atitudes negativas e depreciativas, e de comportamentos hostis e discriminatórios dirigidos a qualquer pessoa que apresenta algum tipo de deficiência. Ele também pode ser manifestado sob formas que, a princípio, podem parecer positivas, como a superproteção, a piedade e elogios exagerados dirigidos a essas pessoas. "Se considerarmos a concepção de deficiência que se baseia no modelo social, é possível incluir as pessoas neurodivergentes sob essa perspectiva. O modelo social da deficiência estabelece que a deficiência é um fenômeno que decorre da interação social entre uma pessoa que apresenta uma característica específica e uma sociedade incapaz de reconhecer as necessidades dela e de equiparar as condições visando superar os obstáculos e promover a participação social", Luciana Maia, psicóloga e professora do curso de Psicologia da Unifor. Assim, o capacitismo busca atingir a "capacidade" do indivíduo, e está diretamente associado com a ideia normativa do "corpo ideal" e dentro dos padrões estabelecidos pela sociedade. Ao ser capacitista, o indivíduo retira das pessoas com deficiência (PcD) a sua capacidade e aptidão de realizar tarefas e alcançar a independência, em virtude desta característica. De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como parte da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, 8,4% da população brasileira acima de dois anos possui algum tipo de deficiência, o que equivale a aproximadamente 17,3 milhões de pessoas. Mesmo com esse número expressivo, e ações públicas governamentais como a Lei de Cotas, criada em 1991, e o Estatuto da Pessoa com Deficiência, instituído em 2015, o capacitismo ainda não é tão conhecido em território nacional. "Atribuo esse desconhecimento ao fato de a própria luta pelos direitos das pessoas com deficiência ser mais recente se comparado a de outras minorias sociais. De fato, são recentes as principais conquistas legais e políticas das pessoas com deficiência", afirma a psicóloga. Luciana explica que a perspectiva de autonomia, liberdade e participação social das pessoas com deficiência começou a ganhar mais espaço a partir da "Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência", assinada em 2007. A convenção é um importante instrumento de defesa dos direitos das PcDs, e é o primeiro documento desenvolvido a partir da participação direta das pessoas com deficiência, o que, segundo a docente, é uma grande conquista. Além disso, esse preconceito se manifesta, principalmente, de maneira velada, e, como mencionado antes, pode ser confundido com elogios e palavras que reforcem conceitos como superação e adaptação. Essas atitudes camuflam o capacitismo, e tornam difícil a propagação de seu significado, o que faz com que ele se torne cada vez mais estrutural e inconsciente. Isso reflete a falta de preparação, informação e propagação sobre o assunto na sociedade brasileira, consequência da forma como as pessoas com deficiência, e as próprias deficiências, são encaradas no país. O capacitismo pode ser manifestado de diversas formas, seja por meio de palavras, expressões, "brincadeiras" ou ações. Alguns termos são, inclusive, bastante utilizados no cotidiano da maioria das pessoas que, por falta de conhecimento, podem nem imaginar que se trata de termos preconceituosos. De acordo com Maia, existem muitas atitudes e expressões capacitistas que estão naturalizadas na sociedade e que precisam ser superadas. "Em relação às atitudes, temos desde formas mais flagrantes, que consideram as pessoas com deficiência como incapazes, defeituosas, imperfeitas. Essas atitudes partem de um modelo de pessoa que segue padrões normativos corporais, intelectuais e funcionais do que é humano. Então, a própria defesa de um corpo normal, de uma forma específica de pensar, perceber e de se comunicar, são atitudes capacitistas. Por outro lado, há atitudes mais sutis, tais como considerar que as PcDs são seres especiais, divinos e que precisam ser superprotegidas", informa a docente. Sobre as expressões, a psicóloga traz exemplos de termos considerados capacitistas e que são usados para se referir diretamente às pessoas com deficiência, como chamar alguém de "deficiente", "aleijado", e "mongol". Existem também provérbios e expressões populares que reproduzem e mantêm vivas as representações capacitistas. Alguns exemplos são: "dar uma de João sem braço", "que mancada!", e "não tem quem diga que você tem uma deficiência, pois é tão inteligente". É importante notar que se referir a uma PcD com o termo "portadora de deficiência" também é considerado capacitista e inadequado. De acordo com a coordenadora do LEPES, "o combate ao capacitismo deve envolver, sobretudo, a produção e disseminação de informações que contribuam para mudar as representações da deficiência como algo negativo; a promoção de espaços e contextos de socialização que possibilitem a interação entre pessoas com e sem deficiência; o estabelecimento de normas, leis e procedimentos que expressem o apoio institucional da sociedade, de uma forma geral, e de escolas e empresas, de forma específica, para assegurar a inclusão de pessoas com deficiência". É fundamental que o conceito seja amplamente discutido nos mais diversos ambientes e contextos, para que, assim, cada vez mais iniciativas sejam criadas para o seu combate e prevenção. Mas esse assunto não deve, de forma alguma, partir apenas de pessoas que sofrem com o capacitismo. Luciana afirma que, embora as pessoas com deficiência devam ser protagonistas da luta por seus direitos, todas as pessoas, com ou sem deficiência, devem se engajar em prol de uma sociedade anticapacitista. "Então, é papel de todas as pessoas questionar padrões de normalidade, repensar suas próprias crenças e atitudes capacitistas, contribuir para a visibilidade de pessoas com deficiência em diferentes contextos sociais, endossar políticas afirmativas em prol de pessoas com deficiência, combater violências flagrantes e sutis dirigidas a pessoas com deficiência em instituições de ensino, organizações de trabalho e em outros contextos sociais", finaliza Maia. Falar sobre capacitismo e expor as atitudes preconceituosas que o termo engloba é extremamente necessário. Essa é uma luta de todos. Uma frase muito utilizada pela comunidade de pessoas com deficiência é: "Não basta não ser capacitista. É preciso ser anticapacitista". Afinal, a acessibilidade e a inclusão vão muito além de posts legais nas redes sociais e rampas para cadeirantes (que não deixam de ser importantes). Fonte: ~,https:ÿÿg1.~ globo.comÿceÿcearaÿ~ especial-publicitarioÿ~ uniforÿensinando-e-~ aprendendoÿnoticiaÿ~ 2021ÿ10ÿ27ÿsaiba-o-~ que-e-o-capacitismo-~ e-por-que-e-importante-~ combate-lo.ghtml Acesso em: 15/06/2023 õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Espaço do leitor Saudações cordiais. Gostaria de abordar dois assuntos, e vou fazer isso num único e-mail. 1. Gosto muito da RBC e da Pontinhos. Tanto que sou assinante desde 1985. São 38 anos, quase uma vida. Durante todo esse tempo, li muita coisa boa, muita mesmo, e sou extremamente grato ao IBC por essas publicações. Escrevo para fazer uma sugestão. A grande maioria das matérias publicadas na RBC e na Pontinhos vem da internet. Quase todos nós, cegos, temos acesso à internet e, então, se procurarmos bem, podemos conseguir online quase todo o material publicado. O que

quero sugerir é que as revistas publiquem mais matérias originárias de fontes impressas, a que só temos acesso, na grande maioria dos casos, com a ajuda de alguém que enxerga. Entendo que publicar matérias tiradas da internet é mais simples e fácil, mas publicar matérias tiradas de fontes impressas seria mais abrangente, aumentaria bastante o conteúdo a que podemos aceder diretamente. Fica a sugestão. 2. Infelizmente, está cada vez mais difícil conseguir material em braille no Brasil. Somos um país de dimensões continentais, de população enorme, e quase não há braille. Gosto muitíssimo de ler em braille, recebo material do exterior, mas sinto falta de coisas nossas. Então, quero perguntar se no IBC não haveria livros que eu pudesse comprar ou obter de alguma forma. Ouvir livros e textos é bom, mas nada substitui o braille. Obrigado pela atenção Gilberto Henrique Buchmann (por e-mail) Resposta: Olá, Gilberto! Ficamos felizes em receber o seu e-mail. Concordamos que quase todos os assuntos são pesquisados via internet. Isso acontece, porque muitos leitores ainda não têm acesso à rede e a sua única fonte de informação são as revistas em braille. Além disso, hoje, temos acesso a muitos materiais que já estão digitalizados. O objetivo principal é não deixarmos o braille desaparecer, pois é muito mais fácil e rápido usar a internet para pesquisar, ela está na palma de nossas mãos. O braille é muito importante na formação da pessoa cega, pois é através dele que conhecemos a grafia e entendemos melhor o uso da pontuação. A leitura tátil é o instrumento para lermos. Sem ela, podemos ser mestres e doutores com uma escrita errada e com pouca fluência. O cego que não lê em braille tem grande dificuldade para redigir textos com coerência e coesão. Nossa comissão é um grupo pequeno que se divide em muitas tarefas, dentro do IBC, entre elas as revistas. Nós não vendemos livros em braille porque somos uma instituição pública e, por lei, não podemos comercializar livros. Você pode procurar livros em bibliotecas ou associações, que podem ter alguns acervos, mesmo que pequenos. Escreva-nos mais vezes! Sua contribuição é fundamental para fazermos uma RBC cada vez melhor para você e nossos demais leitores! Muito obrigado pelo seu e-mail. õxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo Fim da Obra Produzido e distribuído pela Divisão de Imprensa Braille do Instituto Benjamin Constant :::::::::::::::::::::::: Distribuição gratuita de acordo com a Lei n.o 9.610, de 19/02/1998, art. 46, inciso I, alínea *d*.