João Brasil Silvado
Advogado e escritor, João Brasil Silvado foi diretor do IBC, de 1896 a 1900, quando se ausentou por um ano, sendo substituído interinamente pelo médico da instituição Francisco Soares Pereira. Retornou em 1901, ficando até 1902, quando assumiu a direção do Instituto de Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos, sendo aqui sucedido por Jesuíno da Silva Mello, que já era professor da casa. Foi nessa época que publicou um livro em que retrata as condições de vida dos cegos brasileiro, Les Aveugles au Brésil (Os Cegos no Brasil). Reassumiu o cargo em 1906, mesmo sendo ainda diretor do Instituto de Surdos-Mudos, função que acumularia ainda por mais um ano — em 1908 ele atuou apenas como do Instituto de Meninos Cegos.
Também cumulativamente ao seu mandato como diretor do IBC, exerceu as funções de inspetor escolar (que não tem nada a ver com a função de inspetor de escolas que conhecemos hoje, tratando-se na época de um funcionário do alto escalão do governo, responsável por assuntos administrativos das escolas) e de chefe de polícia do Distrito Federal na gestão do presidente Campos Sales (1898–1902). Sempre teve uma preocupação com a juventude desvalida, tendo criado, em 1899, a Escola 15 de Novembro, dedicada à recuperação de menores infratores.João Silvado faleceu em Paris, em 191, deixando viúva e três filhos, dos quais dois trabalhavam como professores nas instituições onde ele serviu como diretor: João Brasil Silvado Jr., surdo, era professor repetidor do Instituto de Surdos-Mudos e teve um papel de destaque no desenvolvimento de pedagogias específicas para a educação de surdos; já Joanna Brasil Silvado foi professora do Instituto Benjamin Constant (foto à esquerda) na primeira metade do século XX, com uma atuação muito ativa na defesa da educação das pessoas com deficiência visual e dos direitos femininos, fazendo inclusive parte da Aliança Nacional de Mulheres, movimento feminista encabeçado pela advogada Natércia da Cunha Silveira. Já o terceiro filho, Leôncio Brasil Silvado era advogado e fazendeiro em Barra Mansa.
---------------
Referências:
Almanak Laemmert Administrativo Mercantil e Industrial. Edições dos anos de 1890-1900. Hemeroteca Digital da Biblioteca
Nacional. Disponível em < http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=313394&pasta=ano%20189&pesq=%22Instituto%20Benjamin%20Constant%22&pagfis=1299>. Acesso em 2/9/2020.
PELA Instrucção completa dos cegos. A Noite, Rio de Janeiro, 8 nov. 1993. Disponível em < http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=348970_03&pasta=ano%20193&pesq=%22Professora%20Joanna%20Brasil%20Silvado%22&pagfis=15196 >. Acesso em 2/9/2020.
ROCHA, Solange. O INES e a Educação de Surdos no Brasil. Rio de Janeiro: INES, 2008.