João Alfredo Lopes Braga
Gaúcho de Pelotas (RS), nasceu em 2 de junho de 1889, 3º filho do casal Alfredo Augusto Braga e Arminda Simões Braga. Casado em 1934 com Lucy Barbosa, João Alfredo era um médico oftalmologista de renome. Trabalhou no Departamento Nacional de Saúde e foi presidente da Liga Nacional de Prevenção à Cegueira.
Sucedeu o jurista Sady Gusmão na direção-geral do Instituto quando este teve que assumir o cargo de juiz na 8ª Vara Cível do Distrito Federal.
A gestão
É durante a gestão de Lopes Braga que é conduzida a maior parte das obras de construção da segunda etapa do edifício concebido no projeto original do arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, de 1872. Deve-se ao diretor a iniciativa pioneira de ouvir e dar autonomia aos próprios servidores cegos para decidirem que instituição gostariam de receber findo os trabalhos de remodelação e ampliação. Sendo assim, delegou ao já eminente professor cego José Espínola Veiga, liderança entre os servidores da casa, orientar a Direção-Geral nas grandes transformações administrativas e técnicas que seriam feitas visando à ampliação e a melhoria do atendimento ao público do Instituto.
De 1937 (gestão Sady Gusmão) até 1945 o IBC duplicou sua área construída, com a construção de:
- três pavimentos da ala frontal esquerda (incluindo escadarias);
- três pavimentos da ala lateral esquerda;
- três pavimentos da ala esquerda dos fundos;
- edificação para cozinha e lavanderia;
- passagens cobertas do pátio central;
- auditório (Teatro Benjamin Constant);
- campo de educação física e playground;
- prédio do jardim de infância (hoje Biblioteca Louis Braille);
- 12 casa residenciais para servidores na rua Dr. Xavier Sigaud e
- do prédio Imprensa Braille.
Em 1942, o Instituto lança a Revista Brasileira para Cegos, primeira do gênero no Brasil criada pelo professor Veiga que hoje tem assinantes em todo o Brasil e outros países da América Latina, Europa e África.
Como médico, o diretor-geral do IBC também daria uma contribuição importantíssima para a transformação futura do IBC em um centro de pesquisa na área da oftalmologia. A contribuição dele nos debates do I Congresso Interamericano de Prevenção à Cegueira, do que realizado no Rio de Janeiro, também em 1942, e do qual foi presidente, teve grande influência na alteração do regimento do IBC para criação da Seção de Medicina e Prevenção da Cegueira, oferecendo condições para a instalação também das Classes de Conservação da Visão.
No 2º semestre de 1944 o IBC reabre então suas portas ao alunado como uma instituição renovada física e regimentalmente, organizada em Seção de Educação e Ensino, Seção de Medicina e Prevenção à Cegueira, Seção de Administração, Imprensa Braille e Zeladoria. Além do primário, passa a oferecer o curso ginasial, equiparado ao do Colégio Pedro II, criando a possibilidade para seus alunos concluintes de cursarem o segundo grau e, posteriormente ingressarem no ensino superior.
Em 1947, o Dr. Lopes Braga teve que reassumir seu cargo no Departamento Nacional de Saúde. Sua saída do IBC causou comoção nos alunos, que chegaram a pedir pela manutenção do diretor no cargo (foto abaixo) , o que não aconteceu.
Abaixo matérias dos jornais Diário de Notícias (esq.) e A Noite (dir.) de 11 e 20 de fevereiro de 1947 que mostram o descontentamento pela saída de João Alfredo Lopes Braga da Direção-Geral do IBC.
----------------
Referências
GUERREIRO, Patrícia (Coord). Instituto Benjamin Constant: 150 anos. Rio de Janeiro: Fundação Cultural Monitor Mercantil, 2007.
Genealogia da família Lopes Braga. Disponível em < http://simoeslopes.blogspot.com/2009/07/f1-n13-bn3-joao-alfredo-simoes-lopes.html >. Acesso em 9/9/2020.