Carmelino Souza Vieira
Nasceu no dia 19 de setembro de 1947, na cidade de Santa Inês, no centro-sul baiano, filho do fazendeiro Esmeraldo Nunes Vieira e da dona de casa Adelina de Souza Vieira. Quando tinha sete anos, mudou-se com os pais e os quatro irmãos para Montanha, no Espírito Santo, onde a família se estabeleceu definitivamente. Com 17 anos e meio, decidiu ir morar sozinho no Rio de Janeiro.
Na capital federal, conseguiu a proeza de fazer um curso de técnico em raio X (Escola de Saúde do Exército, 1972); três graduações - educação física (Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, 1975); pedagogia (Faculdades Integradas Mário Henrique Simonsen, 1975) e direito (Instituto Metodista Bennet, 1995); mestrado em educação (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, 1986); doutorado em ciências da saúde (Fiocruz, 2006) e pós-doutorado em políticas públicas formação humana (UERJ, 2013). Tudo isso enquanto trabalhava como militar primeiro da Aeronáutica (1965–1970) e depois do Exército (1970–1993) e professor do estado do Rio de Janeiro, onde deu aulas de 1976 até 1982, quando passou no concurso para o IBC e precisou optar entre as duas matrículas de professor, optando pela segunda.
No Instituto, onde entrou para lecionar educação física, foi coordenador desta disciplina e também do Supletivo (o IBC oferecia um curso preparatório para este exame, destinado a ex-alunos, que funcionava à noite). Em 1993, passou à condição de reservista do Exército para poder passar para o regime de dedicação exclusiva no IBC. Foi o ano também em que se candidatou para disputar o cargo de diretor-geral com o então ocupante do cargo - o professor Jonir Bechara Cerqueira, que havia assumido a direção-geral em substituição à professora Ana de Lourdes Barbosa de Castro. Muito popular entre os alunos, Carmelino ganhou a eleição, tomando posse, em dezembro de 1994, do cargo que ocuparia por dois mandatos.
De 1994 a 2002 Carmelino administrou o IBC sob o fantasma do fechamento da instituição devido a uma política de inclusão que defendia uma inclusão radical das pessoas com deficiências sensoriais nas escolas comuns. Assim, foram necessárias muitas idas a Brasília para tentar convencer políticos e o ministro que estivesse ocupando a pasta da Educação da importância do Instituto Benjamin Constant na educação e preparação profissional das pessoas com deficiência visual, num contexto em que a rede regular de ensino estava longe de oferecer condições mínimas de acolher e ensinar estudantes cegos e com baixa visão.
Como principais ações de sua gestão destacam-se:
- assinatura de convênios com entidades públicas e privadas para aumentar a empregabilidade das pessoas com deficiência visual, como universidades, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre outras;
- incentivo à elevação da formação acadêmica dos servidores docentes e técnico-administrativos nos diversos níveis, com a concessão de horário especial ou tornando possível o afastamento para estudos, sem prejuízo à instituição;
- realização de cursos de formação e atualização, voltados a servidores, ex-alunos e reabilitandos do IBC;
- apoio ao Projeto Dos-Vox, com a criação do setor e do laboratório de informática, aquisição de computadores, capacitação de servidores cegos no uso das ferramentas de acessibilidade, além da realização de cursos de informática para alunos, ex-alunos e reabilitandos;
- parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) para informatizar o IBC como um todo, agilizando o trabalho da administração da instituição
- criação do Curso de Residência Médica em Oftalmologia do próprio IBC, em substituição ao curso de especialização da UNI-Rio.
- criação da revista Benjamin Constant — publicação técnico-científica especializada na área da deficiência visual.
- regularização de todos os imóveis da Vila Benjamin Constant, dando segurança jurídica aos seus proprietários por meio de parcerias com o Instituto Militar de Engenharia (IME), e o Serviço do Patrimônio da União.
Além das ações específicas enumeradas acima, a gestão de Carmelino deu continuidade ao trabalho das gestões anteriores, produzindo os livros do Programa Nacional do Livro Didático, distribuídos para os alunos de todos os estados brasileiros, além das publicações próprias do IBC, como as Revista Brasileira de Cegos e Pontinhos.
Por fim, lutou e conseguiu junto ao MEC que os professores pudessem receber a Gratificação Exclusiva, pois o IBC era o único órgão do MEC que ainda não tinha recebido. Também conseguiu para os técnicos administrativos algumas referências, cujo processo de solicitação encontrava-se parado há alguns anos.
O professor Carmelino permaneceu como professor do IBC por mais cinco anos depois do fim do seu segundo mandato, aposentando-se em março de 2007, quando voltou para Montanha, no Espírito Santo, para dedicar-se à sua fazenda e à maçonaria.