Benjamin Constant Botelho de Magalhães
Aos 12 anos o pai morreu de tifo, deixando os filhos com a mãe que há algum tempo já vinha apresentando um quadro de insanidade progressiva. O desespero por não ver uma saída para a situação grave da família fez com que ele tentasse o suicídio, atirando-se no rio que passava perto da casa onde morava. Escapou da morte graças a uma escrava que lavava roupa perto do local. Passado o momento de forte tensão e emoção em que se encontrava, Benjamin passou a considerar o dia 18 de outubro, data da tentativa frustrada de dar cabo à própria vida, como a do seu nascimento.
De fato, a partir desse dia, a vida foi tomando outro rumo para o menino extremamente inteligente e esforçado. A família mudou-se para a corte, onde Benjamim terminou os estudos no colégio do Mosteiro de São Bento. Aos 15 anos, seguindo a tradição dos filhos de famílias pobres que almejavam chegar à universidade, entrou para a Escola Militar, cujo ensino era bom e gratuito, tornou-se cadete de segunda classe, tornando-se arrimo da família com o soldo recebido em troca do trabalho como praça.
Em 1854, aos 17 anos já era professor de matemática na Escola Militar; três anos depois, matriculou-se na Escola de Aplicação do Exército, concluindo o curso militar no dia 22 de janeiro de 1859. Formou-se em engenharia pela Real Academia Militar, instituição criada em 1811 aos moldes das universidades portuguesas e, em seguida, aprofundou seus estudos e adquiriu o doutorado em ciências matemáticas e físicas.
Tinha 25 anos quando conheceu Maria Joaquina Bittencourt Costa, filha do diretor do Instituto de Meninos Cegos, Cláudio Luiz da Costa. Casaram-se em 16 de abril de 1863 e tiveram oito filhos. Em 1866, já como tenente-coronel, foi convocado para servir na Guerra do Paraguai como engenheiro, mas no ano seguinte voltou ao Rio de Janeiro de licença médica para tratar da malária que contraíra durante o combate.
Após convalescer da doença, passou a trabalhar como professor de matemática e ciências do Instituto dirigido pelo sogro. Quando Claudio Luiz da Costa morreu, em 1869, foi ele que o sucedeu na direção da escola em uma gestão decisiva para fazer tornar a instituição em referência na educação de crianças e jovens cegas.
Benjamin Constant trabalhou nesse instituto por vinte anos e chegou ao cargo de diretor, substituindo seu sogro. A ele coube executar o projeto de construção do magnífico palácio construído no terreno de 9.525 m2 doado pelo imperador, localizado na Praia da Saudade, atual Praia Vermelha. Uma construção sólida, ampla, capaz de abrigar uma instituição que passaria a receber cada vez mais crianças cegas de todo o Brasil para receberem uma educação de qualidade comparada às melhores escolas europeias.
As sequelas da malária contraída durante a Guerra causaram sua morte precoce, no auge da sua capacidade técnica e intelectual, aos 54 anos de idade. Para homenagear seu mais longo e produtivo diretor, o decreto republicano de 24 de janeiro de 1891 deu à instituição o atual nome de Instituto Benjamin Constant.
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Fontes:
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Acervo eletrônico do jornal Estado de São Paulo. Disponível em < https://acervo.estadao.com.br/noticias/personalidades,benjamin-constant,667,0.htm >. Acesso em 3/9/2020.
- Site do Museu Casa Benjamin Constant. Disponível em < https://museucasabenjaminconstant.museus.gov.br/benjamin-constant/ >. Acesso em 3/9/2020.