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Pós-graduação lato sensu
Um sonho realizado
A aula inaugural dos cursos de especialização em Metodologias do Ensino de Geografia e Teorias e Métodos sobre Alfabetização de Pessoas com Deficiência Visual foi dada ontem (2), pela professora Elise de Melo Borba Ferreira, diretora do Departamento de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão.
Antes da aula, foi realizado um ato para marcar a data, considerada histórica para a Instituição. “Hoje, todos nós aqui presentes fazemos história e devemos isso muito a vocês, que tomaram a decisão de participar do primeiro processo seletivo para os dois cursos de especialização e que estão hoje aqui, assistindo à primeira aula. Para todos nós este é um momento de muita alegria”, disse a coordenadora de Cursos de Pós-Graduação, professora Naiara Rust (de pé, na foto à esquerda).
Naiara dividiu os agradecimentos a todos os profissionais envolvidos na proposição, criação, organização dos cursos e dos processos seletivos com o coordenador de Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu , professor Fernando da Costa Ferreira, que enfatizou a importância da educação pública, gratuita e de qualidade.
No seu discurso, a diretora do Departamento de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, Elise de Melo Borba Ferreira, relembrou a luta para implantação da pós-graduação lato sensu, iniciada com a criação do DPPE em 2018. “Todos achavam que seria muito mais fácil implantar os cursos de especialização do que os de mestrado, mas não foi o que aconteceu. O fato de a criação do mestrado ter sido via Capes facilitou, pois havia um caminho objetivo a ser percorrido. Mas com a pós-graduação foi diferente e a situação institucional do IBC — como órgão singular do Ministério da Educação, sem fazer parte de um sistema de ensino — dificultou muito”, lembrou.
A diretora do DPPE também agradeceu o empenho de todos que batalharam para os cursos serem aprovados, em especial do diretor-geral do Instituto. “O professor João foi incansável na luta para implantação da pós-graduação e, por isso, é com muita satisfação que eu entrego, cumprida, a missão que me foi delegada ao assumir o novo departamento”, completou.
O diretor-geral do IBC, João Ricardo Melo Figueiredo, encerrou as falas dizendo que a criação e estruturação da pós-graduação era uma das realizações mais importantes dos seus oito anos de gestão. “Estamos aqui graças a um sonho sonhado por muita gente ao longo desses 75 anos de oferta de formação especializada pelo IBC. Para que ele se tornasse realidade, contei com apoio de todos os membros da Direção e de colegas que estiveram à frente desse processo, como as professoras Elise, diretora do DPPE, e Naiara, que tantas vezes me acompanhou nas reuniões em Brasília, para tratar da implantação dos cursos. Em nome delas agradeço o empenho de toda a equipe que tornou esse dia possível”, disse João Ricardo.
Novos horizontes
Para os 27 novos alunos do IBC, a expectativa para os próximos 24 ou 18 meses, tempo de duração dos cursos nas áreas de alfabetização e geografia, respectivamente, é grande. A maioria deles é formada por professores da educação básica, mas o processo seletivo também atraiu profissionais de outras áreas, como administração, história e turismo. Alguns vão precisar fazer um esforço adicional, pois moram em outros estados, como Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Professora do Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a geógrafa Regina Cohen Barros possui um longo percurso acadêmico já trilhado — tem mestrado, doutorado e pós-doutorado em geografia. Porém, faltava-lhe uma formação na área da educação inclusiva para ampliar ainda mais seus horizontes como docente e cidadã. “Apesar de atuar no magistério há 36 anos, para mim participar dessa formação é como um recomeço. Minha expectativa é muito grande. Quero agora participar desse processo de inclusão de forma ativa e não apenas como espectadora”, disse Regina, aluna do curso de Metodologias do Ensino de Geografia.
Já para a pedagoga Cristina Freitas, o interesse em participar da seleção para o curso de especialização em Teorias e Métodos sobre Alfabetização de Pessoas com Deficiência Visual deveu-se em grande parte ao estágio que ela fez nas classes iniciais do ensino fundamental do próprio Instituto. Cega, ex-aluna do IBC, onde também atuou na Imprensa Braille, Cristina acredita ser muito importante o papel de um professor cego que atue na educação especial de pessoas com deficiência visual. “Além do conteúdo, nós temos muito da nossa experiência enquanto pessoas cegas incluídas na sociedade, o que é importante”, argumentou.
Mas não são só os alunos que demonstraram ter altas expectativas sobre os cursos. Todas as falas que antecederam a aula reiteraram a importância de o IBC agora não depender de nenhuma outra instituição para continuar a fazer, cada vez melhor, o que vem fazendo desde 1947 — que é promover a formação continuada de profissionais na área da educação na temática da deficiência visual. Este assunto permeou inclusive toda a preleção da professora Elise (foto à esquerda), focada na apresentação da sua dissertação de mestrado.
“Espero que, assim como eu, todos vocês se sintam acolhidos aqui no IBC, instituição em que fui e sou muito feliz; que aproveitem ao máximo a experiência que terão e que, ao terminarem o curso, possam estar mais preparados ainda para contribuírem para a inclusão escolar dos estudantes com deficiência visual”, concluiu a professora Elise.