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Ex-alunos do IBC passam em 1º lugar no vestibular da UniRio
Nesta semana, os dois novos universitários estiveram no IBC para serem entrevistados para esta matéria e também rever a escola onde passaram a maior parte de suas vidas antes de cursarem o ensino médio no Colégio Pedro II. Eles vieram acompanhados pelas mães, D. Fabíola e D. Valéria, que orgulhosas pela conquista dos filhos, foram unânimes em afirmar: cada dia de luta nos últimos 20 anos para que eles pudessem estar, hoje, comemorando a entrada na universidade valeu à pena.
A mãe de Raphaell, Fabíola, e o pai de Felipe, Humberto Bethoven, participam da Associação de Pais, Amigos e Reabilitandos do IBC e são importantes parceiros da instituição na luta pelas melhores condições de ensino para os alunos com deficiência visual. Ambos tiveram, e ainda têm, papel fundamental na vida dos dois jovens.
Não é à toa que gratidão é a palavra que melhor expressa o que eles sentem nesse momento tão especial na vida de todo jovem. Gratidão à família, aos professores e às duas instituições onde estudaram — em especial ao IBC, onde passaram 17 anos construindo a base que os permitiu continuar aprendendo mesmo fora dos seus muros protetores.
Espada e escudo “Minha avó Meire e minha mãe Fabíola (foto ao lado) sempre foram grandes guerreiras; uma é a espada e, a outra, o escudo”, define Raphaell. Ele recorda que foi criado com muita liberdade e autonomia, o que foi fundamental para sua segurança e maturidade: “do tipo: ‘caiu? Levanta! Se vira!’ Sei que posso contar com elas a qualquer momento”. Além delas, a irmã Ana Beatriz, de 15 anos, é outra pessoa importante na sua vida. “Todas são divertidas e bem humoradas”, garante ele, que também adora a companhia do pai, Leonardo, e do irmão mais novo, Luiz Antônio, que também é cego e aluno do IBC.
Orgulhosa pela conquista de Raphaell e com o sentimento de dever cumprido, a mãe comemora a chegada do filho à universidade. “Colocar um filho deficiente numa universidade pública é uma grande luta, mas o estudo é o caminho mais importante”, ressalta. E ainda aproveita para dar um recado a outras mães: “Coragem, não desistam. O trabalho é duro, mas vale a pena”.
O futuro pedagogo tem muitos planos e expectativas. “Sei que essa nova fase, na UniRio será desafiadora, mas terei que me adaptar”, afirma. Depois de concluir o curso de pedagogia, Raphaell quer fazer licenciatura em música para poder dar aula. “O IBC foi e ainda é muito importante na minha vida e na vida de muita gente. Quero voltar para fazer cursos de capacitação e, quem sabe, até ser professor no IBC”, disse ele que considera os professores do IBC Marcelo, Claudia e Lívia suas fontes de inspiração.
Samba na veia e o inglês no coração
A música é outro ponto em comum entre os dois ex-alunos do IBC e futuros colegas na UniRio. Felipe sempre gostou dos instrumentos de percussão, influenciado pelo pai, que é músico e diretor de bateria da escola de samba Império Serrano. Em 2017, aos 15 anos e aluno do 8º ano do IBC, ele ganhou um concurso promovido pela escola com o samba-enredo Valorização dos cegos do Brasil. Desde 2019, ele é diretor de bateria da Escola Mirim Império do Futuro e, em 2020, fez sua estreia na bateria da Império Serrano, tocando cuíca. “Mas também toco agogô, caixa, surdo, repique mor, entre outros”, avisa.
Desde muito cedo também se dedica a outra paixão, o inglês. Sua intenção é concluir o curso de letras em Língua Portuguesa e depois fazer letras-Inglês. “Quero dar aula e tenho como inspiração as professoras do IBC, Fabiane e Isabel, e do Centro Interescolar Ulisses Guimarães, Elen e Alice.
A mãe, Valéria (foto ao lado), é outra inspiração. “Ela sempre me acompanhou ao IBC; é uma grande parceira”. E recordando esses quase 17 anos no Instituto Benjamin Constant, Felipe tem uma certeza: “o IBC fez a diferença na minha vida; tudo que aprendi devo ao Instituto”. A expectativa para a nova fase, na Universidade, é grande, mas dá o recado àqueles que, como ele, querem seguir seus estudos. “Sigam em frente; se precisar, peçam ajuda; mas não desistam!”.
Para o diretor do Departamento de Educação, Luigi Amorim, o excelente desempenho de Raphaell e Felipe no vestibular é um exemplo para os alunos do IBC, motivo de orgulho para os professores e uma mostra da importância do papel do IBC para a inclusão dos estudantes cegos e com baixa visão nas salas de aula comuns. "Vocês podem ter certeza de que o Instituto continuará de portas abertas para ajudá-los nessa nova fase que inicia agora, seja com o uso de recursos especiais para leitura da Biblioteca Louis Braille, com o suporte de nossos ledores e principalmente com os cursos que a Instituição oferecer", completou Luigi.