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Dia Internacional contra a LGBTQIA+fobia
Arte com fundo em cor roxa na metade esquerda e na outra listras verticais nas cores do arco-íris. Na parte roxa, em letras brancas, os dizeres: 17 DE MAIO - Dia Internacional contra a LGBTQIA+fobia.
Dia Internacional contra a LGBTQIA+fobia
O dia 17 de maio é o Dia Internacional contra a LGBTQIA+fobia. A data refere-se ao dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1990, retirou a homossexualidade da classificação de doenças e problemas relacionados à saúde. Desde então, a data serve como um dia de conscientização da luta pelos direitos das pessoas LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Travestis, Queer, Interssexuais, Assexuais e demais orientações sexuais e identidades de gênero), pela diversidade sexual e contra a violência e o preconceito.
O Dia Internacional de Combate à LGBTQIA+fobia é uma oportunidade para refletirmos sobre o impacto da discriminação e preconceitos em nossas comunidades e em nossas vidas pessoais. É uma oportunidade para nos comprometermos com a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e diversa, onde todas as pessoas sejam valorizadas e respeitadas pelo que são.
Neste sentido, precisamos apontar alguns dados preocupantes que colocam por décadas nossas vidas em risco e nos assustam, ainda mais diante de um contexto de avanço de ideologias neonazistas no Brasil, que propagam uma atmosfera de cultura do ódio nas redes sociais ou o cyberbullying e chegando às vias de fato com a eliminação física de pessoas LGBTQIA +.
Dados do relatório 2022 do Grupo Gay da Bahia - GGB revelam que a cada 34 horas morre uma pessoa LGBTQIA+ no Brasil, sendo 242 por homicídio e 14 suicídios, totalizando 256 vítimas da violência letal. Diante desse quantitativo, o Brasil repete todos os anos o topo do ranking dos países onde mais morrem Lésbicas, Gays, Transgêneros, Queer, Intersexuais, Assexuais, Bissexuais, Panssexuais e outras identidades de gênero e sexualidade que não se encaixam em um padrão cis-heteronormativo.
O relatório do GGB evidencia que a LGBTQIA+fobia tem raça e cor, constatando-se que 46,8% das vítimas foram identificadas como pardas, 14,8% como pretas e 37,1% como brancas. Sendo assim, de acordo com o conceito de raça e cor do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística - IBGE, a população negra é a que mais está sendo vitimada diante da LGBTQIA+fobia.
Conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, os registros de estupro de pessoas LGBTQIA+ aumentou 88,4% entre 2020 e 2021, dentre estes apontamos os dados revelados pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra),a qual afirma que no mesmo ano ao menos 140 travestis e transexuais foram assassinadas no Brasil, sendo que em 2017 e 2020 atingiram 179 e 175 mortes respectivamente.
Compreendemos que mortes como essas partem, historicamente, de uma cultura das relações sociais estruturada nas opressões e na exploração de nossos corpos, de nosso afeto e de nossa diversidade. Que exclui, mata e provoca o suicídio de muitos de nós. Seja nos locais de trabalho, nas escolas, nos atendimentos de serviços em geral, vivenciamos um cotidiano de rejeições atravessado pelo preconceito, pela expulsão da família e a exclusão do meio social.
É importante lembrarmos para nunca mais esquecermos!
Nos últimos 4 anos vivenciamos a absurda experiência de termos um chefe de Estado atacando deliberadamente nosso segmento com mentiras absurdas sobre um suposto “Kit Gay”, deseducando assim uma geração de adolescentes no que tange a educação sexual e de gênero. Além de proferir frases repugnantes como, por exemplo, “ditadura gayzista", “prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo”, "eu não quero que o público LGBT crie currículo para as escolas públicas de primeiro grau".
Para nós, estudantes, professores, servidores, terceirizades, pessoas com deficiência, pretes e de diversos segmentos marginalizados do Instituto Benjamin Constant - IBC, a resistência contra uma estrutura LGBTQIA+fóbica se faz no simples fato de existir em nossa plenitude e pelo direito de não morrer. Sabemos que ainda temos muito o que fazer, e não nos calaremos!
REFERÊNCIAS
BENEVIDES, Bruna. Dossiê: Assassinatos e Violências contra travestist e transexuais brasileiras em 2022. ANTRA, 2023.
GRUPO GAY DA BAHIA. MORTES VIOLENTAS DE LGBT+ NO BRASIL: OBSERVATÓRIO DO GRUPO GAY DA BAHIA. 2022.