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Comunidade do IBC comemora o Dia de Luta da Pessoa com Deficiência
Na semana de aniversário do IBC, o dia 21 de setembro não poderia ter mais a ver com a história da Instituição, nascida do sonho de um adolescente cego — o primeiro grande guerreiro da luta pelo direito da pessoa com deficiência visual de ter acesso à educação. O nome dele era José Álvares de Azevedo, o jovem que convenceu o Imperador D. Pedro II que a pessoa cega tinha capacidade de aprender se contasse com uma escola especializada — e assim nasceu o Instituto Benjamin Constant, no dia 17 de setembro de 1854. Pois hoje de manhã, 168 anos depois da realização de seu sonho, José teria orgulho do que ajudou a criar, pois os alunos do IBC foram as estrelas desse Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência seja cantando e tocando, seja refletindo sobre suas conquistas e seus desafios.
A programação foi aberta pelo professor Luigi Amorim (foto à esq.), diretor do Departamento de Educação (DED), responsável pela organização do evento. A turma da educação infantil (foto abaixo, à dir.) abriu a programação dando vivas à primavera, que começa oficialmente amanhã (22). Depois, os alunos Thalles Ramos de Melo e Lucas do Nascimento Alves Oliveira, ambos do nono ano, compartilharam suas experiências como estudantes com deficiência visual da educação básica. Em seguida, foi a vez de dois ex-alunos do IBC — Manuella Jordão e Acauã Pozino — darem o relato deles sobre os desafios que enfrentam como estudantes universitários.
“Eu agradeço demais a oportunidade de ter podido dividir com todos minha experiência de vida, os problemas que enfrentei e poder dizer que é possível, sim, superá-los", disse Thalles, ao final do evento. “Podem ficar certos de que as pessoas vão tentar fazer você desistir dos seus sonhos, que você não vai conseguir chegar lá, mas precisamos resistir. E o IBC foi esta ponte que permitiu que eu continuasse minha caminhada”, disse, emocionada, a ex-aluna Manuella Jordão, hoje estudante de psicologia.
Acessibilidade e cidadania
A segunda parte do evento enfocou um aspecto fundamental que está na base das conquistas das pessoas com deficiência: o exercício pleno da cidadania, por meio do voto. Uma equipe do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, liderada pelo seu presidente, o desembargador Elton Leme (foto acima), passou a manhã explicando o funcionamento da nova urna eletrônica acessível aos alunos e demais participantes do evento.
Além do presidente, a equipe era composta também pela presidente e o secretário da Comissão Permanente de Acessibilidade do TRE, a juíza Cristiana Cordeiro e o analista judiciário cego Márcio Lacerda, ex-alunos do IBC, entre outros servidores do Tribunal. Eles acompanharam a instalação das urnas no hall de entrada do IBC antes do evento para garantir que tudo corresse bem na hora de os visitantes testarem os equipamentos (foto à esquerda do desembargador Elton Leme e o analista Márcio Lacerda verificando o espaço da demonstração das urnas).
“Eu diria que a eleição do próximo dia 2 é a eleição da integração de todos, da acessibilidade”, disse o presidente do TRE. Segundo ele, a Justiça Eleitoral do País vem realizando com muito empenho o trabalho de incluir todos aqueles que têm direito de ter um título de eleitor – desde aquele que quer votar aos 16 anos, até aquele que já nem é obrigado a isso por ter mais de 70 anos”, completou.
Em seguida, os alunos foram encaminhadas ao local onde as quatro urnas eletrônicas da exposição foram montadas, todas elas com servidores do TRE para explicar crianças e adultos que quiseram conferir pessoalmente os recursos que o equipamento oferece.
A nova urna permite que a pessoa cega e com baixa visão não precise de nenhum vidente para ajudá-la a votar. As instruções são repassadas por fones de ouvido com controle de volume, assim como as informações que aparecem na tela, possibilitando que a pessoa tenha a certeza do que está fazendo; as teclas são identificadas em braille.
O IBC na mídia
O evento encerrou com os alunos do Curso Técnico em Instrumento musical, que cantaram e tocaram clássicos da MPB acompanhados pelos professores Caroline Camargo, Denis Martino e Luciana Oliveira (foto acima).
Os alunos dos cursos técnicos em Artesanato e em Massoterapia também puderam mostrar algumas das atividades desenvolvidas nas aulas em uma exposição montada no saguão do teatro. A massagem na cadeira fez o maior sucesso entre os visitantes. "Nossa, adorei, saí totalmente relaxada", disse D. Maria Oliveira, que não conhecia ainda o IBC.
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Toda a programação de hoje foi acompanhada pelas TV Globo e pela CNN, o que, na opinião do diretor-geral do IBC foi muito importante para chamar a atenção da sociedade sobre problemas que ainda atrapalham a vida e o livre exercício da autonomia das pessoas com deficiência visual.
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“Um evento como esse é fundamental para a gente reforçar interna e externamente que não se pode mais falar sobre inclusão, deficiência visual, sobre equidade para pessoas com deficiência sem a nossa participação. Pararmos a instituição neste dia para refletirmos sobre a nossa importância como agentes do fazer para o desenvolvimento da pessoa cega, com baixa visão, surdocega e múltiplas deficiências associada à deficiência visual é fundamental”, concluiu João Ricardo.
*Confira a reportagem da TV Globo com os alunos do Curso Técnico em Instrumento Musical.