Notícias
CULTURA
Alunos encantam e Milton Cunha arrebata o público em evento sobre Modernismo
O palco do Teatro Benjamin Constant recebeu por toda a manhã alunos do IBC que apresentavam suas produções escolares, das disciplinas Língua Portuguesa e Artes, inspiradas nos escritores e artistas representantes do movimento Mordenistas. Além das comunicações orais dos alunos, o hall da escadaria principal e o saguão principal do IBC abrigaram exposições dos estudantes, orientadas também pelos conceitos mordenistas.
Apresentações como: a interpretação musical do clássico de Luiz Gonçaga, Asa Branca , feita pelos alunos do curso técnico em instrumento musical, que emprestou sensibilidade ao estudo da temática do sertanejo nas aulas de literatura, sobre a segunda fase do Modernismo brasileiro; a exposição Vidas Secas em Telas, cujos quadros táteis estavam disponíveis para manipulação no corredor do próprio teatro, trazendo a brasilidade do romance de Graciliano Ramos ao ambiente e ilustrando o estudo textual dos alunos; a exposição Semana de Arte Moderna de 1922 - Herança cultural 100 anos depois mostrou que o Modernismo rompe com as tradições europeias, inaugurando a produção brasileira na arte; as diversas poesias lidas e comentadas pelos alunos; o poema Pintando o nosso Bandeira, inspirado na literatura de cordel, que conta um pouco da vida e obra de Manuel Bandeira, numa produção de alunos do 6º ano do ensino fundamental; os novos textos escritos por alunos a partir do Dois e Dois: quatros , escrito por Ferreira Gullar e a execução da música Trenzinho Caipira , da obra de Heitor Villa-Lobos, criada em 1930, que faz parte das Bachianas Brasileiras , uma série de nove composições que misturam o folclore nacional com o clássico.
Os professores Victor Luiz e Karine Vieira, de Língua Portuguesa, comentaram que "a leitura dramatizada, como a baseada na consagrada obra José , de Carlos Drummond de Andrade, o aluno vivencia que o José somos todos nós, da classe trabalhadora, que lutamos todos os dias para sobreviver", daí o valor desses trabalhos semelhantes e multidisciplinares. Na foto ao lado a professora de música Márcia Ogando dividindo o teclado com o aluno Wendel.Palestrante carismático
Após as apresentações dos alunos, os presentes receberam o orador convidado Milton Cunha, pós-doutor em História e conhecido comentarista de carnaval da TV Globo, que além da cultura se destaca pelas estampas e cores "escandalosas" de suas roupas e acessórios. Ao se descrever para o público, como é fisicamente e como estava trajado, Milton não poupou adjetivos grandiosos para os tons e formas. Mas, grande parte da plateia não podia ver a combinação de suas animadas cores; contudo, sua voz potente, alegre e suas frases cheias de entusiasmo deram conta de ensinar, sob atenção absoluta, o que seria Modernismo.
Milton fez refletirem que no ano de 1500 tínhamos o Brasil indígena, portanto, "os euporeus não descobriram, para os indígenas brasileiros ele chegaram", ponderou. Avançou no enredo até 1800, descrevendo um Brasil de muitas caras e raças, "mas sem identidade nacional", comentou. Já no século XX era hora de "assumir a identidade nacional, a arte deveria mostrar o Brasil de caras misturadas e o Modernismo veio para mostrar o povo brasileiro e os símbolos de nosso país, um movimento artístico que traduz a alma misturada do brasileiro", ensinou.