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Arara-azul-de-lear apreendida na Argentina é devolvida ao Brasil
Brasília (04/04/2017) - Uma arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) apreendida na Argentina retorna ao Brasil nesta quarta-feira (05/04) após acordo de repatriação que envolveu o Ibama, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), embaixadas e ministérios do Meio Ambiente dos dois países. O animal foi apreendido no bairro de Flores, em Buenos Aires, em 2007.
O animal chegará ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na manhã desta quarta-feira (05/04). Em seguida, será encaminhado para a Estação Quarentenária de Cananéia (EQC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Depois da quarentena, a arara-azul-de-lear seguirá para o criadouro científico Fazenda Cachoeira, em Minas Gerais (MG).
A quarentena é obrigatória para todas as aves que chegam ao Brasil, para evitar a entrada de doenças no país. Nesse período, os animais ficam isolados e passam por acompanhamento clínico e testes laboratoriais.
O diretor do Departamento de Conservação e Manejo de Espécies do MMA, Ugo Vercillo, diz que o governo da Argentina entrou em contato com o Brasil para repatriar o animal. No entanto, foi necessário aguardar o julgamento do crime ambiental tramitar na justiça da Argentina para que a devolução pudesse ser concluída. Nesse período, a arara foi mantida no Zoológico de Buenos Aires. “Essa repatriação é um marco. Ela demonstra o interesse e cooperação dos dois países para preservação e conservação da espécie”, disse o diretor.
Brasil e Argentina são signatários da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e da Fauna Selvagens Ameaçadas de Extinção (Cites), que tem como objetivo controlar o comércio de fauna e flora silvestres. Para realizar o deslocamento internacional, o Ibama emitiu uma licença Cites. O superintendente do Ibama em São Paulo, Murilo Rocha, destacou a importância do trabalho conjunto realizado com a Receita Federal e o MAPA. “O retorno do animal ao país pode representar a recuperação da população da espécie em seu habitat”, disse o superintendente referindo-se à perspectiva reprodução controlada da espécie para melhoramento genético e reintrodução na natureza.
“Com sua chegada ao Brasil, poderemos pareá-lo com uma fêmea de natureza. Será realizado um agrupamento entre esse macho e três fêmeas para que o casal se forme naturalmente, aumentando assim as chances de reprodução”, acrescenta a coordenadora do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave/ICMBio), Priscilla Prudente do Amaral.
“É muito importante ter esse intercâmbio com os países vizinhos para a conservação das espécies brasileiras ameaçadas. Essa é uma das iniciativas e um dos bons resultados que estamos tendo em função de outros trabalhos que temos acordado. Brasil e Argentina têm uma relação muito positiva na questão ambiental”, disse o secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), José Pedro de Oliveira Costa.
Arara azul
O Brasil tem hoje cerca de 1.358 araras-azuis-de-lear na natureza. Endêmica da Caatinga, na região conhecida como Raso da Catarina, no nordeste da Bahia, a ave está em perigo de extinção.
O Cemave é responsável pela Coordenação do Plano de Ação Nacional (PAN) para a conservação da arara-azul-de-lear e pelo Programa de Cativeiro, que tem como objetivo o manejo das aves para o aumento da população cativa. “O PAN identificou como principal ameaça a esses animais a perda de habitat e recursos, especialmente da palmeira licuri, principal alimento da espécie. Esta ameaça é agravada pela retirada de aves da população nativa, tanto pelo tráfico de animais silvestres, quanto pelos conflitos com a população humana local”, explica a coordenadora do centro. Segundo ela, em 2017 o PAN completa um ciclo de cinco anos e será avaliado e reformulado.
Atualmente, 14 instituições, em seis países, participam do Programa de Cativeiro: Brasil, Inglaterra, Espanha, Alemanha, República Checa e Catar. De acordo com Priscila Amaral, o plantel atual tem 150 indivíduos e a população está em crescimento. “Quase 60% das aves são nascidas em cativeiro, descendentes de oito casais oriundos da natureza. São conhecidas cinco instituições que já reproduziram a espécie, sendo que quatro estão no Programa de Cativeiro, uma delas no Brasil, a Fundação Parque Zoológico de São Paulo”, informa a coordenadora.
O programa conta com apoio de especialistas nacionais e internacionais. Entre eles, a pesquisadora Cristina Yumi Miyaki, da Universidade de São Paulo (USP), e o curador de aves Juan Cornejo, do Jurong Bird Park, em Singapura.
Mais informações:
• Plano de ação nacional da arara-azul-de-lear
Com informações do MMA
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