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Ibama e ICMBio apuram se lama da Samarco atingiu Arquipélago de Abrolhos
Brasília (08/01/2016) - O Ibama notificou nesta quinta-feira (7/01) a mineradora Samarco, responsável pela catástrofe ambiental provocada pelo rompimento da barragem de Fundão no dia 5 de novembro de 2015, em Mariana (MG).
A empresa iniciou a coleta de amostras da água do mar para confirmar a suspeita de que a lama de rejeitos de mineração atingiu o Parque Nacional Marinho de Abrolhos e as reservas extrativistas do Corumbau e Cassurubá, no sul da Bahia. Em sobrevoo realizado nesta quinta, analistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) verificaram a presença de sedimentos nas áreas de recifes de corais do arquipélago. A informação foi divulgada no início da noite, em entrevista coletiva concedida pelos presidentes do Ibama, Marilene Ramos, e do ICMBio, Claudio Maretti, em Brasília.
O vento predominante na região nesta época do ano é o nordeste. Contudo, a partir do dia 4 de janeiro, uma frente subtropical entrou forte e provocou a formação de uma frente de baixa pressão perto da costa. Isso causou uma inversão do vento, que passou a ter predominância sul, carreando sedimentos na direção norte.
Nos dias 5 e 6 de janeiro, foi verificada, por meio da interpretação de imagens dos satélites Terra/Modis e Aqua/Modis, da NASA, mudança na orientação da pluma de rejeitos, até então com tendência de se manter ao sul da foz do rio Doce, localizada em Regência, no estado do Espírito Santo. Essas imagens indicaram que a pluma de menor concentração avançou mais de 200 km na direção norte.
Um novo mapa gerado pelo Ibama nesta quinta-feira, com imagens da NASA dos dias 6 e 7 de janeiro, estima que a área da pluma atingiu cerca de 7 mil km²: a de maior concentração com 772 km²; e a de menor concentração com 6.360 km².
Não foi registrada até o momento mortandade de peixes na foz do rio Doce em decorrência da presença de rejeitos de mineração. A preocupação ambiental na região de Abrolhos está relacionada principalmente com a eventual diminuição da quantidade de luz que chega aos recifes de corais, causada pela turbidez da água, além do recobrimento dos organismos, caso haja sedimentação. Após receber os resultados das análises, o Ibama e o ICMBio poderão verificar os impactos no local.
Monitoramento
A Samarco, que é controlada pela Vale e pela BHP, deverá realizar coletas em diferentes pontos e em três profundidades a cada dez quilômetros ao longo da costa, da região de Abrolhos até a foz do rio Doce, com o objetivo de esclarecer a composição e a concentração da pluma.
No dia 21/11, a lama de rejeitos atingiu o mar, no município de Linhares (ES), após ter percorrido 663 quilômetros pelo rio Doce e seus tributários. A lama mais densa afetou a Reserva Biológica de Comboios, em Regência (ES), e a pluma já atingiu a Área de Proteção Ambiental Costa das Algas e a Reserva de Vida Silvestre de Santa Cruz, unidades de conservação federais localizadas nos municípios de Aracruz, Fundão e Serra (ES).
A região da foz do rio Doce vem sendo monitorada desde o mês de novembro com coletas diárias de água, conforme planos de monitoramento ambiental apresentados em atendimento às notificações. Os resultados analisados até o momento não demonstram alteração nos valores dos metais monitorados (alumínio, arsênio, cádmio, chumbo, ferro, fósforo, manganês, zinco e mercúrio), permanecendo abaixo dos limites estabelecidos pela Resolução n.° 357/05, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que define os padrões de qualidade para a água salina. Como é natural, espera-se a concentração de algum desses elementos devido à sua origem (área de mineração).
É obrigação da empresa responsável pelo desastre realizar todas as medidas para mitigação e recuperação ambiental da área afetada. Os laboratórios contratados pela Samarco são certificados pelo Inmetro, em atendimento às normas técnicas brasileiras. Uma contraprova das coletas será enviada para universidade federal, que realizará análise independente para garantir a qualidade dos dados.
Até o momento, não há restrição de visitação ao Parque Nacional Marinho de Abrolhos e a outras unidades de conservação.
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