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Ibama realiza queimas prescritas no Pantanal
- Foto: Vinícius Mendonça/Ibama
Cuiabá (01/07/2021) - Durante o mês de junho o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou as primeiras queimas prescritas no Pantanal Norte, no estado do Mato Grosso, região que nunca foi manejada oficialmente. Uma parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai) facilitou a realização das primeiras queimadas prescritas no bioma, que estão ocorrendo nas Terras Indígenas Perigara e Baía dos Guatós.
O Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), já realiza esta técnica no Pantanal Sul, no estado do Mato Grosso do Sul, desde 2015, principalmente na Terra Indígena Kadiwéu.
Os grandes incêndios florestais que atingiram o bioma Pantanal em 2020 levantaram a questão da necessidade de implementar novas abordagens de proteção, como a adoção dos princípios do Manejo Integrado do Fogo (MIF). Uma das mudanças mais defendidas por pesquisadores do mundo inteiro é o início de um trabalho semelhante àquele que está sendo realizado nos biomas Cerrado e Amazônia, baseado no uso de queimas prescritas para manejar o combustível florestal e proteger a biodiversidade. No caso do Pantanal Norte, as queimas prescritas tiveram como objetivo a redução de combustível, a biomassa seca, a proteção das aldeias e a proteção das florestas.
A implementação do manejo integrado do fogo no Pantanal apresenta algumas particularidades em relação aos demais biomas brasileiros, pois existem poucas pesquisas que embasem a definição dos regimes de fogo ideais para a região. Além disso, o pulso de inundação tem grande influência sobre os processos ecológicos da maior planície alagada do mundo, resultando em um período ideal para as queimadas, que podem ser muito mais amplos e incertos do que no Cerrado, por exemplo.
Em 2016, uma equipe formada por técnicos do Prevfogo e do Serviço Florestal Norteamericano (USFS) percorreram toda a extensão do Pantanal para fazer uma avaliação técnica, realizando queimas prescritas, identificando pontos de monitoramento e apresentando palestras ao longo dos rios Paraguai e Cuiabá. A intenção era aproveitar os exemplos do Parque Nacional de Everglades para mudar alguns paradigmas sobre a gestão do fogo neste bioma. Em 2017, uma nova tentativa de implementação do MIF foi feita, desta vez, englobando proprietários rurais e reservas particulares, seguindo sem sucesso.
Para resolver esse problema, os técnicos do Prevfogo contaram com o conhecimento tradicional dos povos indígenas que vivem no Pantanal e que manejam seus ecossistemas com o fogo há muitos anos.
Uma equipe formada por especialistas do centro de prevenção do Ibama e de servidores da Funai consultaram os anciãos dessas comunidades para utilizar o conhecimento tradicional das aldeias para definição dos regimes de fogo mais assertivos para o bioma. As queimas serão monitoradas para gerar dados que vão ajudar a compreender a ecologia do Pantanal e auxiliar na gestão do fogo tanto dessas Terras Indígenas como das Unidades de Conservação e propriedades particulares.
Brigadistas da etnia Bakairi estão apoiando os Guatós e Bororos na execução das queimas, levando o conhecimento acumulado no manejo do Cerrado. As queimas prescritas serão interrompidas neste mês de julho e retomadas no final do ano.
Assessoria de Comunicação do Ibama