Monitoramento de queimadas em imagens de satélites
O monitoramento de queimadas em imagens de satélites é útil para grandes áreas e regiões remotas sem meios intensivos de acompanhamento, como é o caso do Brasil.
No monitoramento são utilizados todos os satélites que possuem sensores óticos operando na faixa termal-média de 4um e que o INPE consegue receber. Atualmente, são processadas operacionalmente, na Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais - DSA do INPE as imagens AVHRR dos satélites polares NOAA-15, NOAA-16, NOAA-18 e NOAA-19, as imagens MODIS dos satélites polares NASA TERRA e AQUA, as imagens dos satélites geoestacionários GOES-12, GOES-13 e MSG-2. Cada satélite de órbita polar produz pelo menos um conjunto de imagens por dia, e os geoestacioários geram algumas imagens por hora.
Para o monitoramento diário é usado o satélite de referência. O satélite referência é o satélite cujos dados diários de focos detectados são usados para compor a série temporal ao longo dos anos e assim permitir a análise de tendências nos números de focos para mesmas regiões em períodos de interesse. De 1999 a 09/agosto/2007 foi utilizado o NOAA-12, e a partir de então o AQUA_M-T (Para inúmeros estados a série existe desde 1992).
Mesmo no satélite referência, a relação foco x queimada não é direta nas imagens de satélite. Um foco indica a existência de fogo em um elemento de resolução da imagem (píxel), que varia de 1 km x 1 km até 5 km x 4 km. Neste píxel pode haver uma ou várias queimadas distintas que a indicação será de um único foco. E se uma queimada for muito extensa, ela será detectada em alguns píxeis vizinhos, ou seja, vários focos estarão associados a uma única grande queimada. Ainda, é comum uma mesma queimada ser detectada por vários satélites.
Mesmo com um número considerável de satélites, algumas queimadas não conseguem ser detectadas. As seguintes condições impedem ou prejudicam muito a detecção das queimadas:
-Frentes de fogo com menos de 30 m;
-Fogo apenas no chão de uma floresta densa, sem afetar a copa das árvores;
-Nuvens cobrindo a região (atenção - nuvens de fumaça não atrapalham!);
-Queimada de pequena duração, ocorrendo entre as imagens disponíveis;
-Fogo em uma encosta de montanha, enquanto que o satélite só observou o outro lado;
-Imprecisão na localização do foco de queima, que no melhor caso é de cerca de 1 km, mas podendo chegar a 6 km.
O erro na localização dos focos de queimadas apresentados em trabalhos de validação indicam que o erro na média é ~400 m, com desvio padrão de ~3 km; cerca de 80% dos focos estão em um raio de 1 km das coordenadas indicadas (Fonte: http://www.inpe.br/queimadas/faq.php)
O Prevfogo, por meio do Núcleo de Pesquisa e Monitoramento (NPM), em parceria com o Grupo de Queimadas do Inpe, emite boletim de monitoramento de focos de calor dos biomas Cerrado e Amazônia. Para conferir os boletins clique aqui!
O NPM tem como objetivo desenvolver rotinas de monitoramento de focos de calor utilizando informações geoespaciais, bem como promover, apoiar e participar de pesquisas relacionadas a incêndios florestais.
O NPM se caracteriza como um núcleo de fomento à pesquisa com proposta de investigação conjunta, com linhas de pesquisa estabelecidas e enquadradas em áreas de concentração da temática fogo, focalizando nas queimadas, incêndios florestais e suas conseqüências no meio ambiente. O Núcleo desenvolve pesquisas individuais e coletivas por meio de práticas e arranjos institucionais. As atividades do Núcleo podem ser acompanhadas pelo site do Prevfogo.
O NPM é um núcleo interdisciplinar de pesquisas e intervenção que reúne pesquisadores trabalhando em contextos urbanos e rurais, envolvendo povos indígenas e outros grupos étnicos como populações ribeirinhas e quilombolas, complementando assim ações de políticas públicas.
As atividades de monitoramento do NPM se baseiam em elaborar novas rotinas de monitoramento de focos de calor, por meio de consultas à plataforma do Inpe.
O Núcleo de Pesquisas e Monitoramento está desenvolvendo as seguintes linhas de pesquisas:
-Monitoramento de focos de calor e melhoria da tecnologia de detecção;
-As ações de educação ambiental quanto ao uso do fogo;
-Combates e respectivos equipamentos empregados;
-Avaliação dos produtos químicos de combate e respectiva regulamentação;
-Indicadores socioambientais;
-Ecologia do fogo;
-Mudanças climáticas;
-Cadeias produtivas e alternativas ao uso do fogo.
O NPM ainda é responsável por fomentar junto aos meios acadêmicos o desenvolvimento das linhas de pesquisa, visando a participação do corpo discente e docente das universidades brasileiras, públicas e privadas. Assim, o NPM deve ainda:
-Estruturar ações e projetos que sirvam para captação de bolsas de estudo, iniciação científica, extensão e pesquisa para os envolvidos no âmbito deste termo de cooperação técnica;
-Estruturar cooperação entre universidades públicas e privadas na condução de estudos sobre o tema fogo;
-Promover a produção bibliográfica sobre o tema fogo;
-Promover discussão sobre o uso de alternativas ao uso de fogo no meio rural, visando criar linhas alternativas de produção agropecuária;
-Promover a discussão sobre os efeitos das mudanças climáticas, buscando esclarecer as diferenças estruturais do discurso ambiental, quanto aos impactos sobre queimadas e incêndios florestais frente aos gases causadores do efeito estufa e o papel do Brasil no cenário mundial.
Para viabilizar tais atividades, o Prevfogo conta com o apoio de suas coordenações estaduais. Tendo em vista que entre os servidores do Ibama existem especialistas, mestres e doutores, a aproximação com este setor é estimulada, como forma de tornar rotineira a comunicação com as entidades de pesquisa.