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Solução digital criada para surdos amplia em mais de 30% o número de sinais em dois anos e lança avatar infantil
O VLibras , ferramenta digital criada para facilitar a vida dos surdos no país, ampliou em mais de 30% nos últimos dois anos o número de sinais para tradução do português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e lança nesta sexta-feira (3/12) – quando se comemora o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência – um avatar voltado ao público infantil, o Guga. O sistema de tradução hoje dispõe de 21 mil sinais e foi desenvolvido pelo Ministério da Economia em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa.
O Guga reúne-se aos avatares Ícaro (masculino) e Hosana (feminino), com os quais os surdos traduzem para Libras não só as páginas do governo federal, reunidas na plataforma GOV.BR, mas páginas de empresas que já aderiram à ferramenta, tais como a Vivo, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a Sky Serviços de Banda Larga, o Serasa Experian, a Universidade Presbiteriana Mackenzie e a Agência Brasil, entre tantas outras.
“O GOV.BR é a plataforma com maior utilização do VLibras, mas a ferramenta extrapolou o poder público e, também, beneficia cada vez mais o público da iniciativa privada. É uma ferramenta de inclusão digital”, ressalta o secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Mario Paes de Andrade.
O VLibras é uma ferramenta de código aberto e acaba de ser aperfeiçoado com a colaboração de pessoas surdas usuárias da ferramenta, como Lucas Silva, 25 anos, de Itabuna (BA), e Rafael Emil Korossy Marques, 36 anos, de Recife. Ambos ajudaram na criação das animações dos avatares que reproduzem os sinais em Libras.
“Crio para que Ícaro (avatar do VLibras) possa ser mais fluente”, diverte-se Silva, que conheceu a ferramenta nos primeiros meses de funcionamento, há cinco anos. “Sou animador surdo e os vídeos do VLibras de como criar as animações dos sinais são didáticos, têm legenda e janela de intérprete. Isso nos ajuda bastante a criar. Assisti os vídeos, pratiquei e vi que estou indo muito bem!”, comemora.
Hoje, 48.480 sites utilizam o VLibras, incluindo portais do Legislativo e do Judiciário, como o da Câmara dos Deputados, do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ). “O VLibras é uma ferramenta digital acessível para surdos, ou seja, um robô-intérprete de Libras para auxiliar a vida de surdos nos sites. Traduz o texto para Libras e também pode ajudar a encontrar um sinal por meio de uma palavra. Isso já é um ganho da comunidade surda digital, graças à tecnologia”, acrescenta Marques.
A interação com o público é um diferencial. Além da colaboração dos próprios surdos na elaboração de novos sinais, a ferramenta avança com a personalização dos avatares, que é gratuita no aplicativo VLibras. Ali é possível escolher cor do cabelo, da pele, dos olhos e da roupa de Ícaro, Hosana e agora do Guga.
Mais de 10 milhões de pessoas com surdez
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) divulgados em 2020, no Brasil, mais de 10 milhões de pessoas têm algum problema relacionado à surdez, ou seja, mais de 5% da população é surda. Entre essas pessoas, 2,7 milhões não ouvem nada.
“Com o VLibras, as pessoas podem estudar, trabalhar, solicitar serviços, se comunicar. É uma diferença para a vida delas, que as torna mais simples. É uma ferramenta que, se não elimina totalmente, derruba parte das barreiras de acessibilidade em conteúdos digitais”, avalia o analista de Tecnologia da Informação da Secretaria de Governo Digital, César Bonfim – um dos responsáveis pela criação e disseminação do VLibras.