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GOVERNO DIGITAL
Seminário apresenta resultados positivos do intercâmbio digital entre brasileiros e dinamarqueses
Secretária-executiva do MGI, Cristina Kiomi Mori, durante o seminário “O Governo Digital no Nível Subnacional: caminhos para cooperação entre Brasil e Dinamarca”. na Enap. Foto: Enap
Na busca por propostas sólidas para a nova geração de projetos em transformação digital, os governos do Brasil e da Dinamarca, representados pela secretária-executiva do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Cristina Kiomi Mori, e a ministra dinamarquesa de Governo Digital, Caroline Stage Olsen, apresentaram nesta quarta-feira (11), na Escola Nacional de Administração Pública (Enap), o seminário avançado “O Governo Digital no Nível Subnacional: caminhos para cooperação entre Brasil e Dinamarca”. O evento foi organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e a Embaixada Real da Dinamarca.
Segundo Larissa Wachholz, sênior fellow do Cebri, a parceria fortalece o diálogo e a troca de experiências entre especialistas e servidores públicos brasileiros e dinamarqueses em quatro grandes temas: o uso estratégico de dados para aprimorar a entrega de serviços públicos digitais e avançar na sustentabilidade ambiental; expandir o alcance dos serviços digitais no Brasil e impulsionar o uso do governo digital e verde nos estados e municípios; aprimorar as habilidades de liderança no governo digital entre servidores brasileiros e aplicar o uso de análises comportamentais para promover inovações sustentáveis no governo.
“O evento acontece no contexto de uma parceria setorial e estratégica entre o Brasil e a Dinamarca, focada na inovação no serviço público. Nosso maior objetivo, hoje, é compreender os pontos fortes e fracos, e as especificidades enfrentadas por estratégias de governo digital em países tão diferentes, como a Dinamarca e o Brasil”, ressaltou Wachholz durante a abertura.
Trocas e intercâmbios já resultaram em programas exitosos para o Brasil, conforme relatou a ministra substituta do MGI, Cristina Mori. Ela apresentou algumas iniciativas do ministério que têm garantido um Estado mais inclusivo e eficaz, aberto e transparente para que a inclusão aconteça de fato, como premissa do governo do presidente Lula. Na fala “Os benefícios e desafios da expansão do governo digital no Brasil para níveis subnacionais”, Mori explicou sobre a cooperação com a Dinamarca iniciada em 2015, ainda durante o governo da presidenta Dilma Rousseff.
“Temos tentado ‘empacotar’ as soluções que o Ministério da Gestão e da Inovação oferece para os municípios em um Programa Nacional da Gestão e da Inovação, trazendo parcerias nas áreas de patrimônio, compras públicas, governança de estatais, transferência e gestão de pessoas. Isso inclui vários cursos que a Enap oferece e parcerias com as Escolas de Governo dos estados e municípios”, destacou Mori.
Na Dinamarca, as primeiras estratégias de implementação digital são de 1995. De acordo com dados apresentados pela ministra Olsen, 96% das pessoas do país contam com internet em casa, 100% das empresas são digitalizadas e utilizam sistemas do governo, e até mesmo os idosos são beneficiados, com 98% tendo internet nos domicílios. Em 2022, a Dinamarca foi considerada pela ONU a campeã em digitalização no mundo. “Tudo em colaboração com os estados, regiões e municípios, além dos setores envolvidos”, disse Olsen. Segundo a ministra, há assinaturas anuais de contratos e financiamentos firmados para iniciativas e estratégias de governo digital com todas as regiões do país. Os desafios agora são a inovação, a transição verde e o foco nas perspectivas dos cidadãos.
“A digitalização é a ferramenta principal para um sistema de bem-estar", afirmou Olsen, destacando que a meta é perder menos tempo com burocracias e ganhar mais tempo nas relações interpessoais.
A presidenta da Enap, Betânia Lemos, provocou reflexões sobre gênero e inclusão digital na sua palestra “Gênero e inclusão digital - (re)programar é possível: como as bonecas podem nos ajudar?”. Ela discutiu a necessidade de adaptar serviços para a população diversa e reprogramar as expectativas das meninas, utilizando a boneca Barbie como exemplo de mudança de pensamento e expectativas. Betânia ressaltou que, apesar de avanços, as mulheres ainda são minoria nas áreas de TI e no serviço público federal, e que é necessário reprogramar a sociedade para promover a inclusão de meninas e mulheres nas áreas de tecnologia.
Betânia também apresentou o Programa FIF de formações feministas para o desenvolvimento das lideranças femininas e o letramento de gênero da Enap, como o Fiar, que envolve questões raciais. Além disso, mencionou o sucesso das turmas de Python exclusivas para mulheres e a reserva de 50% das vagas para mulheres em outros cursos. De acordo com a presidenta, em relação ao curso de programação, as mulheres eram 1/3 das turmas, até a Enap organizar turmas específicas, com aulas ministradas por mulheres, e alcançar uma lista de espera de três vezes o número de espera. Além disso, para os outros cursos, 50% das vagas são reservadas para as mulheres.
"Todos e todas têm a obrigação de, ao formular políticas públicas, promover a inclusão. É fundamental considerar se a política beneficia mulheres, pessoas negras e outros recortes de diversidade. Ainda temos muita história para contar e construir", concluiu Betânia.
O seminário destacou a importância da cooperação internacional e das iniciativas para promover a inclusão digital e a inovação nos serviços públicos, mostrando que tanto o Brasil quanto a Dinamarca têm muito a aprender e compartilhar.