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POLÍTICA PÚBLICA
Formas de aplicação da política de cotas para mulheres em situação de violência doméstica são debatidas no CLAD
Gestoras públicas trocam experiências sobre política de cotas para mulheres em situação de violência e celebram prêmio recebido. Foto: André Corrêa
A política de cotas para mulheres em situação de violência doméstica nos contratos públicos foi destaque, nesta quinta-feira (28/11), em um dos painéis de debate do XXIX Congresso Internacional do Centro Latino-Americano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD). O evento, que se encerra hoje (29/11), em Brasília, está sendo realizado pelo CLAD, em parceria com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e a Escola Nacional de Administração Pública (Enap).
A discussão sobre a temática foi norteada a partir da inovação e troca de experiências de diferentes órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O debate foi conduzido pela coordenadora-geral da Assessoria Especial de Cooperação Federativa do MGI, Mariana Brito, e contou com a participação da secretária adjunta de Gestão e Inovação (Seges/MGI), Kathyana Buonafina, e da secretária adjunta de Serviços Compartilhados (SSC/MGI), Isabela Gebrim.
“Compartilho essa mesa com muita alegria, a partir de grandes inspirações. Essa é uma política da qual temos muito orgulho e buscamos sempre evoluir. Começamos com a aplicação de uma reserva mínima de 8% das vagas nos contratos terceirizados para essas mulheres e também incluímos a questão de gênero: mulheres trans, travestis e outras possibilidades do gênero feminino, com prioridade para negras e pardas, porque sabemos que a violência contra essas mulheres é ainda maior”, destacou Buonafina.
Já Mariana Brito, em sua fala inicial, detalhou o objetivo central da política. “O foco principal é utilizar o poder de contratação do Estado para promover empregabilidade e inclusão social dessas mulheres, contribuindo para a ruptura do ciclo de violência e vulnerabilidade no qual estão inseridas. Nesse sentido, a Nova Lei de Licitações traz a possibilidade de que os órgãos públicos regulamentem essa prática, aplicando-a em seus respectivos contratos administrativos”.
Também compuseram a mesa de discussão a diretora de Administração e Logística do MGI, Ana Lília Santos; a superintendente de Autonomia Econômica da Secretaria de Estado da Mulher do Rio de Janeiro, Karol Mendes; a especialista em Governança e Gestão Sustentável, Adriana Tostes, e a diretora geral do Senado Federal, Ilana Trombka.
Na administração pública brasileira, o Senado Federal foi pioneiro, em 2015, na adoção de cotas às mulheres vítimas de violência doméstica para a ocupação de vagas em contratos terceirizados. “Quando a política foi criada, no âmbito do Senado Federal, não tínhamos ideia no que viria a se transformar, mas essa cota surgiu a partir do fato de que, apesar de a independência econômica não ser o único fator para a retirada da mulher do ciclo de violência, ele é muito relevante. Estar num ambiente saudável, respeitoso e com carteira assinada é um grande passo e favorece na recuperação da autoestima feminina”, pontuou Trombka.
Premiação e nova adesão
Em outubro, o Ministério da Gestão conquistou o primeiro lugar no 28º Concurso de Inovação do Setor Público 2024, na categoria “Inovação em Serviços ou Políticas Públicas no Poder Executivo Federal”. A vitória foi obtida com o estabelecimento de política de cotas para mulheres em situação de violência doméstica nos contratos públicos, conforme determinado pelo Decreto nº 11.430/2023.
Durante o Congresso internacional do CLAD, o governo do Acre aderiu à política. A ministra do MGI, Esther Dweck, esteve com a secretária de Mulheres do estado, Márdhia El-Shawwa, em ato de assinatura. “Sabemos que ter uma alternativa econômica não é a única solução para a situação dessas mulheres, mas é uma ação muito importante”, frisou a ministra. A secretária Márdhia comemorou e complementou: “Esta é mais uma oportunidade para as mulheres em situação de violência ou de vulnerabilidade social, que têm uma vida muito dura, mas não estão sozinhas. Conte com o Acre. Vamos alocar essas mulheres, incentivar que as prefeituras também participem, vamos fomentar essa política”.
Com essa adesão, o estado passa a ser o 9º do país a fazer parte da iniciativa, juntando-se a Amapá, Bahia, Distrito Federal, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.
Acesso as fotos: https://www.flickr.com/photos/gestaogovbr/albums/72177720322210476/
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