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GESTÃO E DIVERSIDADE
Diversidade e Equidade na Administração Pública são destaques no penúltimo dia do XXIX Congresso do CLAD
Painel Interseccionalidades e administração pública: Como integrar gênero e raça na gestão e nas políticas públicas? Pontos da experiência brasileira. Foto: Rebecca Omena
A valorização da diversidade de gênero e raça na administração pública esteve em foco no dia 28 de novembro, durante o XXIX Congresso Internacional do Centro Latino-Americano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD), realizado em Brasília. O evento reuniu especialistas e representantes de diferentes setores para debater como promover uma gestão mais inclusiva e alinhada aos princípios de equidade e direitos humanos. As exposições destacaram como a diversidade e a equidade enriquecem a gestão pública ao incorporar perspectivas variadas na elaboração de planos, políticas e orçamentos.
O painel "Interseccionalidades e Administração Pública: Como transversalizar gênero e raça na gestão e nas políticas públicas?" integrou a área temática de Igualdade e Diversidade na Administração Pública. Participaram Mirian Bittencourt, diretora de Governança e Inteligência de Dados da Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP) do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI); Iara Alves, diretora de Educação Executiva da Escola Nacional de Administração Pública (Enap); Danielle Cavagnolle Mota, coordenadora-geral de Áreas Transversais, Multissetoriais e Participação Social do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO); e Tatiana Silva, diretora de Avaliação, Monitoramento e Gestão da Informação do Ministério da Igualdade Racial (MIR). As participantes ressaltaram a necessidade de adotar uma abordagem transversal para enfrentar desigualdades estruturais e garantir que políticas públicas dialoguem com diferentes necessidades sociais.
Mirian destacou a relação da gestão de pessoas baseada em dados com a diversidade. Ela falou sobre o programa LideraGov, para formação de lideranças no Serviço Público Federal. Realizado desde 2020, o programa teve em sua quarta edição apenas pessoas negras. "Há grande carência de mulheres e pessoas negras em cargos de liderança", ressaltou.
A diretora comentou ainda o trabalho desenvolvido pelo Observatório de Pessoal do Governo Federal, do qual é gestora. O espaço virtual disponibiliza informações sobre o perfil dos servidores em características como gênero, raça, faixa etária e cargo ocupado. "Os dados são fundamentais para promovermos diagnósticos, reflexões e políticas públicas. A transparência de dados fomenta o debate", analisou.
A pesquisa Vozes do Serviço Público, que está ouvindo os servidores sobre suas percepções a respeito das práticas e políticas de gestão, também foi lembrada pela diretora. "A coleta está em andamento e vai nos trazer informações sobre engajamento, satisfação, incentivo e compromissos", contou Mirian.
Iara Alves, da Enap, apresentou um conjunto de iniciativas da instituição para promoção da transversalidade, como formação de lideranças negras e femininas, conscientização dos servidores sobre as desigualdades, letramento de gênero e raça e inclusão digital em aspectos como análise de dados e inteligência artificial. "A disciplina Diversidade de Gênero e Raça está no currículo de todos os nossos MBAs e o tema também integra os cursos de formação de novos servidores", informou.
Observando o diálogo como essencial para as políticas públicas alcançarem efetividade sua elaboração Danielle Mota, do MPO, citou como exemplo a realização do último Plano Plurianual (PPA), que reuniu todos os ministérios, colocando em diálogo pastas como Transportes e Igualdade Racial. "Precisamos do diálogo inclusivo com pessoas negras, indígenas, mulheres e pessoas com deficiência para entender as suas necessidades, que são diferentes. Quanto mais inclusão, melhor", opinou.
Tatiana Silva, do MIR, destacou que a transversalidade nas políticas públicas é essencial para combater racismo, sexismo e outras formas de opressão estruturais. "Não podemos naturalizar a ausência de pessoas negras em espaços de poder nem as elevadas taxas de feminicídio e violência contra a população negra", declarou. Os princípios da transversalidade estão alinhados aos compromissos assumidos pelo Brasil e outros Estados-Membros das Nações Unidas na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a Plataforma de Ação de Pequim, o Marco de Cooperação do Desenvolvimento Sustentável do Sistema ONU no Brasil e outras iniciativas.
People Analytics e lideranças femininas
Ainda na quinta-feira (28), a mesa-redonda "People Analytics no desenvolvimento de líderes femininas" explorou como os dados podem apoiar a promoção de mulheres em cargos de liderança. Os debates evidenciaram que mulheres em posições de liderança tendem a adotar estilos mais inclusivos e colaborativos, promovendo maior desempenho das equipes.
O uso de People Analytics foi apontado como uma ferramenta estratégica para diagnosticar disparidades de gênero e direcionar ações corretivas. Participaram Mirian Bittencourt, do MGI; Ana Claudia Braga Mendonça, assessora do TSE; e Dyogo da Rocha Capistrano, coordenador-geral de Gestão de Pessoas do Dnit.
Dyogo relatou como a análise de dados revelou que apenas 16,47% das lideranças nas áreas finalísticas do órgão eram ocupadas por mulheres. "Esses dados nos permitiram criar estratégias específicas para apoiar mulheres em áreas historicamente dominadas por homens", explicou.
Realizado pelo Clad em parceria com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e a Escola Nacional de Administração Pública (Enap), o 29º Congresso do CLAD acontece em Brasília até esta sexta-feira (29).