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COMPRAS PÚBLICAS
Debate promovido no CLAD aborda potencial de marketplace governamental para modernizar compras públicas no Brasil
Criação de um marketplace digital para compras públicas no Brasil foi tema de oficina no XXIX Congresso do CLAD. Foto: Rebecca Omena
A criação de um marketplace digital para compras públicas no Brasil foi tema de uma oficina promovida, nesta quinta-feira (28/11), durante o XXIX Congresso do Centro Latino-Americano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD). A proposta de criação da plataforma, parceria entre o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e a Advocacia-Geral da União (AGU), visa modernizar e simplificar as aquisições governamentais, conectando de forma simples fornecedores de bens e serviços e instituições públicas. A inovação foi abordada à luz de experiências bem-sucedidas tanto no Brasil quanto em outros países.
A oficina contou com apresentações de gestores públicos e representantes de organização do terceiro setor, que exploraram o potencial de uma plataforma inovadora para compras do governo no Brasil. A ideia é criar um ambiente com interface intuitiva, onde fornecedores possam cadastrar bens e serviços que ofertam, com registro simplificado. Para as instituições públicas, o marketplace promete simplificar e agilizar os processos de compra, otimizando tempo e recursos. Já para os fornecedores, ampliará o acesso às contratações governamentais, reduzindo burocracias e custos operacionais.
Durante a oficina, os participantes destacaram o impacto que um marketplace para compras governamentais pode ter no desenvolvimento econômico e social do Brasil. O modelo permitirá maior inclusão de microempreendedores individuais, pequenas e médias empresas, além de ampliar o acesso ao mercado público para fornecedores de todo o país. “Queremos construir uma nova visão, que privilegie o fomento da economia regional e local. A ideia do marketplace no governo federal vem com essa diretriz, de desconcentrar o mercado", afirmou o diretor de Normas e Sistemas de Logística da Secretaria de Gestão e Inovação (Delog/Seges), Everton Santos.
Lara Aued, chefe de gabinete da Secretaria-Geral de Consultoria da AGU, complementou dizendo que a solução beneficiará pequenos produtores, fornecedores e prestadores de serviço. Além disso, abordou a necessidade de garantir que a solução esteja em conformidade com a legislação brasileira. “Já começamos a estruturar uma modelagem jurídica e a conversar sobre fazermos uma revisão legislativa ou não”, disse.
Referências internacionais
A consultora Bárbara Bueno, do Instituto Jataí, parceiro no projeto do governo federal, apresentou experiências internacionais como referência para a construção do marketplace no Brasil, citando plataformas do governo do Chile, Uruguai, Reino Unido e Itália. Em sua exposição, enfatizou a possibilidade dos órgãos e entidades fomentarem políticas públicas e critérios de sustentabilidade utilizando esse modelo para aquisições governamentais.
No Chile, por exemplo, o sistema ChileCompra é amplamente utilizado por instituições públicas para simplificar aquisições, garantir a competitividade do mercado e promover políticas. “O país escolheu fomentar empresas que são lideradas por mulheres, por exemplo. Mas também é possível fomentar a produção de produtos orgânicos, de comunidade indígenas, quilombolas”, explicou.
Bueno também destacou o marketplace do Uruguai. “A experiência deles é muito importante para gente, porque usam o marketplace para implementar margem de preferência e tornam extremamente fácil a sua visualização pela plataforma", ressaltou. Margem de preferência é um mecanismo que permite priorizar produtos e serviços nacionais em compras públicas, favorecendo setores estratégicos e estimulando a indústria. No Brasil, já é aplicada em áreas como medicamentos e produtos de Tecnologia da Informação e Comunicação.
Inovações nacionais
Experiências brasileiras também foram analisadas como inspirações para o estabelecimento de um marketplace de governo no país. Entre elas, soluções dos governos do Distrito Federal, Foz do Iguaçu e de Recife. "Na capital pernambucana, foi feito um trabalho para os microempreendedores individuais e prestadores de serviços e de pequenos reparos para [atender] toda a prefeitura", comentou o diretor Everton Santos.
Na ocasião, Marfisa Castro, coordenadora-geral na Central de Compras da Seges/MGI, também apresentou inovações na área de aquisições públicas ofertadas pela pasta da Gestão. Uma delas foi o Almoxarifado Virtual, serviço informatizado de logística para fornecimento de materiais de consumo administrativo em todo o país, que, atualmente, conta com 188 itens na prateleira.
Castro também falou sobre o MobGov, novo aplicativo, ainda em fase piloto, que credencia empresas e cooperativas de transporte terrestre em nível nacional para prestar serviços de deslocamentos administrativos de servidores e servidoras públicas federais. “Ele é o que mais se assemelha ao mecanismo de marketplace. A empresa ou cooperativa se credencia na Central de Compras e, uma vez credenciada, se conecta, via API, com a nossa plataforma (para atender os pedidos de deslocamento dos servidores)”, afirmou.
A proposta do marketplace para contratações de bens e serviços pelo governo federal surge como uma alternativa inovadora para modernizar o atual modelo de compras públicas no Brasil, buscando aliar eficiência, sustentabilidade e fortalecimento da economia nacional.
Acesso as fotos: https://www.flickr.com/photos/gestaogovbr/albums/72177720322253053/with/54172247114