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INOVAÇÃO
Relação entre inovação e burocracia no setor público é tema de palestra internacional promovida pelo MGI em parceria com Enap
Professor da University College London, Rainer Kattel, secretária adjunta da Secretaria Extraordinária para a Transformação do Estado do MGI, Celina Pereira, e o diretor de Altos Estudos e professor do Mestrado Profissional em Governança e Desenvolvimento da Enap. Alexandre Gomide, durante o evento, em Brasília. Foto: Rebecca Omena
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) promoveram, nesta terça-feira (26/3), a palestra “Por que a Inovação precisa da Burocracia”, em parceria com o Instituto para Inovação e Propósito Público (IIPP) da University College London.
O professor e vice-diretor do IIPP, Rainer Kattel, realizou sua exposição com base nos argumentos centrais desenvolvidos por ele e pelos professores Wolfgang Dreschsler e Erkki Karo, no livro intitulado “How to Make an Entrepreneurial State: Why Innovation needs Bureaucracy” (“Como construir um Estado Empreendedor: Por que a Inovação precisa da Burocracia”).
A secretária adjunta da Secretaria Extraordinária para a Transformação do Estado do MGI, Celina Pereira, mediou o diálogo e apresentou o tema tratado pelo palestrante, ressaltando sua aderência à missão do Ministério. “Ele mostra como os governos têm experimentado a inovação e como isso se tornou vital para o mundo inteiro. Ele explora o papel da burocracia nos processos inovativos, por mais paradoxal que isso possa parecer, com base em experiências na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia", explicou.
O professor Rainer Kattel afirmou que o livro parte da afirmação de que a inovação não é só ter mais patentes ou investimentos, mas ela também deve apontar a direção que esses investimentos ou patentes estão tomando. “É daí que vem a ideia da inovação como política. Isso também significa que nós, como sociedade, devemos pensar essa direcionalidade e moldá-la em um trabalho conjunto”, disse.
Kattel ainda trouxe ao debate a visão de que a sociedade tem dos servidores como pessoas que seguem as regras, procedimentos e não têm a visão de inovação. “Isso não tem só o seu lado ruim. Os funcionários públicos têm que administrar os serviços básicos e as crises, mas eles também têm que pensar em como podem inovar em muitos desses serviços”, afirmou.
De acordo com o professor, “a mensagem-chave do livro é que as organizações têm que inovar cada vez mais. Mesmo os burocratas, que precisam oferecer serviços estáveis para a sociedade, precisam modernizar, estar atentos às mudanças e pensar além”, disse.
Alexandre Gomide, diretor de Altos Estudos e professor do Mestrado Profissional em Governança e Desenvolvimento da Enap, foi debatedor da conversa e trouxe um panorama das ideias mais relevantes do livro. “Geralmente, a gente associa a burocracia como algo ruim, como aquela coisa que atrapalha a inovação e ele recupera o conceito de burocracia dizendo que a inovação precisa dela. A gente não precisa jogar fora o Estado e nem o serviço público para termos as inovações”, afirmou.
O professor reforçou que “o conceito de burocracia não é o que chamamos de disfunção da burocracia, mas ela é o serviço público profissional, com expertise, bem treinado, que é capaz de garantir e prover as condições para essa inovação”, ressaltou.
Palestras
A iniciativa do MGI e da Enap foi desenvolvida com o objetivo de trazer para a Administração Pública Brasileira as mais recentes discussões sobre as capacidades estatais necessárias para a produção de inovações e a promoção do desenvolvimento sustentável e inclusivo, levando à rediscussão sobre o próprio papel do Estado diante dos novos e futuros desafios. A palestra do professor Rainer Kattel marca o início das atividades de formação que serão implementadas pelo Ministério ao longo do ano.