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COMBATE AO ASSÉDIO
Grupo de enfrentamento ao assédio debate as experiências existentes nas empresas estatais e órgãos públicos
Participantes do terceiro encontro do Ciclo de Painéis do Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) de Enfrentamento ao Assédio e a Discriminação na Administração Pública Federal. Foto: Albino Oliveira
O Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) de Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação no Serviço Público Federal realizou o terceiro encontro do Ciclo de Painéis na quinta-feira (14/9). No evento, coordenado pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), foram debatidos os programas estruturantes e as experiências existentes nas empresas estatais e órgãos públicos.
Daniela Gorayeb, chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do MGI, abriu o momento de debates reforçando o propósito do GTI, que é entregar uma proposta de Plano de Enfrentamento ao Assédio e a Discriminação na Administração Pública Federal. “As diversas formas de violência e discriminação no ambiente do trabalho existem e têm esses componentes estruturais que definem as faces dessas várias formas de violência. Nós aqui neste governo não as negamos e enfrentamos com bastante seriedade e dedicação este assunto”, destacou.
A secretária adjunta de Relações do Trabalho do MGI, Marilene Lucas, afirmou que o combate ao assédio e à discriminação é uma preocupação do presidente Lula e um dos desafios do governo. “Nós sabemos que a administração já tem hoje seus canais de tratamento dessas questões, mas certamente precisamos aprimorá-los, inclusive ouvindo mais o que está acontecendo, as dificuldades. As pessoas precisam ter tranquilidade e conforto ao serem acolhidas”, disse.
Maíra Cota, advogada criminal especializada em gênero e direito das mulheres, fez a mediação do debate e a coordenação da mesa, que reuniu as representantes do Tribunal de Contas União (TCU), Correios, Banco do Brasil e Petrobras para trazer os modelos de enfretamento ao assédio e discriminação adotados por eles.
A auditora do Tribunal de Contas União (TCU), Claudia Mancebo, afirmou que com base nos estudos sobre o combate ao assédio moral, sexual e à discriminação, o órgão instituiu um modelo que se divide em quatro grandes mecanismos com práticas e critérios para que a organização pudesse se basear. “Entendemos, com base em todos esses estudos, que tanto a institucionalização quanto a prevenção são as partes mais importantes em um sistema de prevenção. É muito importante focar na melhoria do ambiente e na prevenção”, destacou.
Estatais destacam ações para esse enfrentamento
Segundo Mariane Dias, diretora de Gestão da Cultura e Pessoas do Banco do Brasil, é preciso debater este tema para que mais pessoas se conscientizem da sua importância. “É preciso falar sobre isso, as pessoas precisam conhecer o tema. A gente, entre os anos 80 e 90, aprendeu muita coisa errada e muito hábito foi normalizado. Esse exercício de desaprender é muito difícil e tem muita coisa que está dentro de nós que precisa ser mudada”, disse.
A representante do Banco do Brasil afirmou que o desafio é fazer com que as mudanças sejam implementadas em um universo de quase 90 mil pessoas, que é o caso do BB.
Mariana Montenegro, diretora de Governança e Estratégia dos Correios, apresentou as políticas de estruturação da estatal que têm como finalidade prevenir, detectar e corrigir as práticas de assédio e discriminação. “Estar aqui hoje e parar tudo que estava fazendo para vir é exatamente para mostrar que a alta administração está comprometida com este tema, não só do assédio e discriminação, mas também com o fomento à diversidade e à inclusão”, destaca.
De acordo com Mariana Montenegro, para trabalhar com este tema é preciso falar constantemente sobre ele, pois o assédio é um problema antigo, que muitas vezes não é muito falado em razão de diversos empecilhos, como o medo de retaliações. A diretora de Governança e Estratégia dos Correios afirmou que dentro das estatais esse problema é mais sensível.
“O plano de carreiras influencia diretamente nesse assunto, a parte de gestão de pessoas é extremamente importante porque, muitas vezes, a pessoa pode não se opor ou se silenciar por medo de perder financeiramente. E dentro das estatais isso é muito gritante porque as gratificações representam muito. Isso é um fator que silencia muita gente”, destacou.
A gerente Setorial de Disseminação da Cultura de Integridade da Petrobras, Camila Nogueira, apresentou o sistema de prevenção e combate à discriminação ao assédio moral e às violências sexuais adotado na empresa.
Segundo a representante, o divisor de águas para avançar nesse debate dentro da Petrobras foi o patrocínio da alta administração. “Ter uma gestão que traz como direcional estratégico o foco total nas pessoas foi um grande diferencial”. Camila afirmou que além desse ponto, a necessidade de evolução da organização junto à sociedade e uma crise reputacional, por casos de assédio que vieram à público, contribuíram para a instituição das diretrizes de enfrentamento a esse problema.
GT interministerial
Com o objetivo de debater sobre o tema e as repercussões no ambiente de trabalho, o GTI desenvolve orientações e diretrizes de saúde física e mental, prevenção do assédio e da discriminação, e a promoção de relações saudáveis e respeitosas no ambiente de trabalho.
Coordenado pelo Ministério da Gestão, o GTI conta com representantes da Advocacia-Geral da União, Controladoria-Geral da União, ministérios dos Direitos Humanos, Cidadania, Igualdade Racial, Justiça e Segurança Pública, Mulheres, Saúde, Trabalho e Emprego, Educação e Escola Nacional de Administração Pública (ENAP).