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POSSE
Personalidades do mundo acadêmico, artístico e do movimento negro prestigiam posse da nova diretora-geral do Arquivo Nacional
Personalidades e autoridades públicas participam da posse da historiadora Ana Flávia Magalhães como diretora-geral do Arquivo Nacional. Foto: Adolfo Celso Galdino
A historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto tomou posse como diretora-geral do Arquivo Nacional e presidente do Conselho Nacional de Arquivos, na última sexta-feira (17/03), em cerimônia marcada por grande expectativa e emoção. O auditório do Palácio da Fazenda, no Centro do Rio de Janeiro, ficou lotado por autoridades, convidadas e convidados, bem como por servidoras e servidores da instituição, que integra a estrutura do Minsitério da Gestçao e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
Natural de Planaltina (DF) e proveniente da escola pública, Ana Flávia é doutora em História, com formação interdisciplinar em Comunicação e Literatura, e professora do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da Universidade de Brasília (UnB). Em sua obra, tem trabalhado pelo reconhecimento das trajetórias de sujeitas e sujeitos cruciais para a construção do país, e os arquivos públicos brasileiros foram fundamentais na sua pesquisa sobre a produção política e cultural de intelectuais negras e negros, imprensa negra e cidadania.
Na abertura da cerimônia, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Esther Dweck, ressaltou que trazer Ana Flávia à direção-geral do Arquivo Nacional significou “a coragem, a determinação e o respeito à preservação da nossa memória”, assim como o compromisso de promover a educação patrimonial, histórica e cultural. “Assumir esse compromisso é uma forma de buscar um presente e um futuro com mais justiça, equidade e dignidade”, complementou a ministra.
Também representaram o MGI, na cerimônia, a secretária-executiva, Cristina Mori; o secretário de Gestão Corporativa, Cilair de Abreu; e o secretário extraordinário para a Transformação do Estado, Francisco Gaetani.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que compôs a mesa, mencionou a parceria com a ministra Esther Dweck neste início de reconstrução promovida pelo governo federal. Para ela, a ocupação desses espaços por pessoas negras é uma forma de luta contra o apagamento da memória da maior parte do povo brasileiro. “Ao estar à frente do ministério da Igualdade Racial e ver a Ana Flávia também ocupar esse lugar, penso que não chegamos sozinhas, somos frutos de sonhos e lutas de muitas gerações”, disse Anielle.
A posse, conduzida pelo ator Hilton Cobra, contou com homenagens emocionantes ao escritor Lima Barreto, e à professora e escritora Conceição Evaristo, presente ao evento e ovacionada pelo público.
Outros nomes de referência das diversas lutas sociais no Brasil também participaram da cerimônia, como Sueli Carneiro, coordenadora-executiva do Geledés – Instituto da Mulher Negra; Edson Kayapó, professor na Licenciatura Intercultural Indígena do Instituto Federal da Bahia (IFBA) e no Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais da Universidade Federal do Sul da Bahia (PPGER-UFSB); e Sara Wagner York, membra da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
Sueli Carneiro afirmou considerar a indicação de Ana Flávia uma razão especial de celebração, por sua história de mais de 20 anos pesquisando, organizando e estimulando o cuidado com arquivos negros. Ela frisou que a contribuição da nova diretora-geral na organização e disseminação do acervo do Geledés foi um serviço às atuais e futuras gerações do Movimento Negro.
Edson Kayapó falou sobre a invisibilidade dos povos indígenas nas instituições de ensino e pesquisa, apesar dos recentes esforços de reposicionamento da sociedade. “A ideologia da ‘história única’ tem promovido um historicídio, especialmente relacionado aos povos indígenas”, apontou. Para ele, Ana Flávia é uma aliada na retomada desse espaço de memória para a reconstrução da história nacional.
Sara York lembrou que a nomeação de uma mulher negra para um órgão como o Arquivo Nacional não deveria ser algo “excêntrico”, tendo em vista o papel das mulheres na construção do país. Em seguida, apresentou um breve histórico das conquistas da população LGBTQIA+, em especial das cidadãs e cidadãos trans. “A impressão é que a história retorna, mas de outra forma. Ela está sendo sendo apresentada pelas pessoas que nunca puderam contar a parte em que apanhavam nessa luta. Isso mudou, e esta mesa fala desse tempo”.
Compromisso
Já empossada, Ana Flávia Magalhães Pinto assumiu o compromisso de trabalhar para que a realização da missão institucional do órgão seja compreendida como “imprescindível para a preservação de um valiosíssimo patrimônio nacional: a nossa memória, singular, mas mobilizada no plural”, disse. “Estaremos a serviço da promoção da cidadania e dos direitos humanos”, completou.
A nova diretora ressaltou a importância dos servidores e usuários para o cumprimento dessa missão. “O Arquivo Nacional é uma instituição viva por força da ação de servidoras e servidores, usuárias e usuários, que serão prioridade desta gestão”, disse.
Leia o discurso de posse na íntegra.
O evento também foi transmitido ao vivo, e está disponível no canal do MGI no Youtube.