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GESTÃO FEZ EM 6 MESES
Valorização do direito à memória é destaque da atuação do Arquivo Nacional no novo governo
Personalidades e autoridades públicas participam da posse da historiadora Ana Flávia Magalhães como diretora-geral do Arquivo Nacional. Foto: Adolfo Celso Galdino
Nos primeiros meses do ano, o Arquivo Nacional priorizou a retomada da gestão e da modernização dos serviços arquivísticos do governo, ao mesmo tempo que reafirmou o valor fundamental do direito à memória. Pela primeira vez em 185 anos, a instituição tem quatro mulheres negras em sua direção - em março, a historiadora Ana Flávia Magalhães tomou posse como diretora-geral e se tornou a primeira mulher negra a assumir de forma titular a direção do órgão, que é composto ainda por outras três mulheres negras.
“Assumimos o compromisso de trabalhar muito para que a realização da missão institucional do Arquivo Nacional seja compreendida como imprescindível para a preservação de um valiosíssimo patrimônio nacional, a nossa memória, singular, mas mobilizada no plural. Estaremos a serviço da promoção da cidadania e direitos humanos no país”, discursou Ana Flávia na cerimônia de posse.
Logo no início desta nova gestão, o Arquivo Nacional recebeu repasse de R$ 3,3 milhões do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) para reparos estruturais. nos sistemas geradores de energia elétrica, garantindo a continuidade do pleno funcionamento dos equipamentos dos prédios, incluindo o Data Center, e a correta climatização do acervo. Outro marco importante deste período foi o Arquivo Nacional ter dado o pontapé inicial na execução do Pró-Integridade, o programa de Integridade do MGI. O encontro fez parte da Semana de Valorização das/os Trabalhadoras/es da instituição, em maio, que integrou um conjunto de ações com objetivo do estabelecimento e consolidação do diálogo da direção com servidoras/es e demais trabalhadoras/es do órgão.
Na ocasião, a ministra Esther Dweck, em mensagem aos participantes, destacou que o Pró-Integridade é a reafirmação do compromisso do ministério e deste governo com a cultura organizacional orientada pelo respeito, pela ética, pela transparência e pela responsabilidade dos agentes públicos. “Da parte do MGI e da direção-geral atual, declaramos nosso desejo e comprometimento com as ações concretas na direção da solução dos principais problemas enfrentados hoje pelo Arquivo", declarou.
Outro evento marcante foi a sétima edição da Semana Nacional de Arquivos, realizada em junho, com recorde no número de eventos cadastrados por instituições de todo o país. Foram 525 eventos em 220 instituições localizados em 91 municípios brasileiros, número também recorde em todas as edições do evento. Com a temática “Arquivos – Territórios de vidas”, edição também celebrou os 75 anos do Conselho Internacional de Arquivos (ICA) e os 50 anos da Associação Latino-americana de Arquivos (ALA), com participação do alto escalão das instituições internacionais e de autoridades nacionais.
O Arquivo Nacional afirmou ainda sua participação no Comitê Gestor do Cais do Valongo, sítio arqueológico na região central do Rio de Janeiro, que é reconhecido desde 2017 como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O funcionamento do comitê gestor é uma das exigências da Unesco para manter o título de patrimônio à região do Valongo.
DIÁLOGO
A busca pelo diálogo e interlocução com a comunidade interna e externa tem sido uma diretriz orientadora dos trabalhos da nova gestão. Nesses primeiros meses, a diretora-geral recebeu uma série de visitas de organizações e representantes de diferentes setores da sociedade - da comunidade arquivística ao mundo das artes e da literatura; de dirigentes de movimentos sociais a parlamentares e lideranças do setor público.
Um dos destaques foi uma visita de cortesia realizada pelo escritor nigeriano e Nobel de Literatura Wole Soyinka, em junho, quando foi recebido pela direção do Arquivo. Intelectual militante, Soyinka foi o primeiro escritor africano a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, em 1986, sendo considerado o dramaturgo mais notável da África e um dos maiores escritores do nosso tempo. O Arquivo Nacional recebeu também, no mês de maio, uma visita da delegação do Museu Mundial da Herança Pan-Africana (PAHM). O grupo foi formado, entre outros, pela Embaixadora de Gana no Brasil, Abena Busia; pelo fundador e executivo do museu, Kojo Yankah; e pelo ministro-conselheiro e vice-chefe de missão na Embaixada de Gana, Humphrey Ajongbah. Também participaram do encontro o presidente da Fundação Palmares, órgão ligado ao Ministério da Cultura, João Jorge Rodrigues, e o responsável pela CULTNE, o maior acervo virtual de cultura negra da América Latina, Asfilófio De Oliveira Filho, o Dom Filó. Na ocasião, a diretora-geral do Arquivo, Ana Flávia Magalhães Pinto, foi convidada a integrar o conselho do museu.
No fim de maio, o Arquivo Nacional também comemorou uma grande notícia: a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) anunciou, no primeiro semestre do ano, a inclusão do acervo “Feminismo, ciência e política – o legado Bertha Lutz” no Registro Internacional do Programa Memória do Mundo. A candidatura brasileira foi apresentada pelo Arquivo Nacional, em conjunto com o Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados, o Centro de Memória da Universidade Estadual de Campinas e o Arquivo Histórico do Itamaraty. O programa Memória do Mundo foi criado em 1992 e reconhece como patrimônio da humanidade documentos, arquivos e bibliotecas de grande valor internacional, regional e nacional.