Notícias
ECONOMIA VERDE
Estudo internacional apresenta contribuições para transição energética sustentável no Brasil
A vice-chefe da missão britânica no Brasil, Melanie Hopkins (esq.), a ministra da Gestão, Esther Dweck (centro), e o professor da University College London, Michael Grubb, no lançamento do relatório “Transição Energética Sustentável no Brasil: Inovação, Oportunidades e Riscos”. Foto: Adalberto Marques/MGI
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) sediou, na última semana, evento internacional para divulgação do documento de pesquisa “Transição Energética Sustentável no Brasil: Inovação, Oportunidades e Riscos”. O estudo oferece perspectivas sobre como as dimensões da paisagem brasileira e da situação financeira proporcionam escopo para ação efetiva em direção a uma reindustrialização de baixo carbono. Liderada pela Universidade de Exeter, do Reino Unido, a pesquisa conta com contribuições de líderes e especialistas no Brasil, China, Índia, Reino Unido e União Europeia.
A ministra da Gestão, Esther Dweck, é uma das autoras da publicação. No evento, ela afirmou que a discussão sobre as mudanças climáticas e todas as medidas necessárias para solucionar esse problema são o objetivo do atual governo e que os compromissos com os brasileiros têm seguido na direção da redução do desmatamento, diminuição dos gases de efeito estufa e na transição energética.
Segundo Dweck, há um compromisso do governo no enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas e na organização de sua agenda para esse caminho, e há um esforço coletivo para colocar em prática o projeto de desenvolvimento econômico que tenha a transformação ecológica como centro. De acordo com Dweck, essa é a grande oportunidade, pois o Brasil tem espaço suficiente para uma transição de peso, que utilize essa nova energia limpa para o ambiente interno e exporte para fora.
De acordo com a ministra, a transição ecológica será uma política baseada em seis missões e, em todas elas, há discussão de sustentabilidade e uma delas é a descarbonização da indústria, permitindo a transição energética e a bioeconomia.
“Na COP28 (28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) teremos uma delegação grande do Brasil e discutiremos esse tema que é essencial e utilizaremos esse projeto como política de desenvolvimento para o Brasil. Espero que tenhamos bons frutos desse relatório e pesquisa e que possamos reforçar essa parceria entre academias e governo”, destacou Dweck.
Parceria Internacional
Melanie Hopkins, vice-chefe da missão britânica no Brasil (Deputy Head Of Mission British Embassy in Brasilia), disse que o Reino Unido e o Brasil são parceiros históricos e, no momento, está sendo celebrada uma parceria para o crescimento verde e inclusivo. Para Hopkins, as oportunidades são muitas e um programa como esse mostra que os ingleses estão prontos para apoiar o governo e o povo brasileiro em um desenvolvimento econômico sustentável e transição energética.
Hopkins explicou que esse programa envolve países como o Brasil, China e Índia, e que na COP26 o Reino Unido se comprometeu em investir 11 bilhões de libras, por meio de financiamento internacional, para o clima e o Brasil é o quarto país mais beneficiado por esses recursos.
De acordo com Hopkins, o ingresso do governo britânico no Fundo Amazônia é mais um exemplo de parceria focada na transição ecológica e no combate às mudanças climáticas.
O Reino Unido investiu 8,7 milhões de libras entre 2019 e 2022 para financiar e entregar pesquisas e atividades concretas nas áreas de energia de resíduos, hidrogênio, biocombustíveis, e eólicas offshores.
A britânica disse que, na COP28, serão lançadas as mais novas parcerias com o Brasil nas áreas de hub de descarbonização da indústria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), e hub de hidrogênio com o Ministério de Minas e Energia (MME). Ela explicou que tratam-se de iniciativas lideradas pelo departamento de segurança energética do Reino Unido para apoiar a implementação do programa nacional de hidrogênio e o plano de neoindustrialização, por meio de um acesso coordenado e holístico, a fim de facilitar a oferta internacional de assistência técnica e financeira.
“No momento que o Brasil assume a presidência do G20 e se prepara para a COP30, em Belém, nós esperamos que os hubs sejam, também, um espaço onde possamos pilotar as nossas ideias para melhorar o acesso aos fundos internacionais”, sugeriu Hopkins.
Transição ecológica
O professor Michael Grubb (professor of Energy and Climate Change University College London), disse que a equipe de pesquisa brasileira está de parabéns, pois foi feito muito esforço para a construção do projeto. De acordo com Grubb, as conversas sobre o tema não são recentes, pois há cerca de dez anos já haviam discussões sobre como enfrentar esses problemas referente a crise climática.
Grubb explicou que o governo britânico tem investido em programas de mudança energética, sempre preocupado em compreender todos os riscos e as oportunidades no mundo para iniciar uma política de transformação energética.
De acordo com o professor, na dinâmica de transição é preciso pensar em como os novos sistemas crescem, como que eles se encontram com as estruturas existentes - que tipicamente não se encaixam nas novas tecnologias e sistemas, além de considerar todos os valores e empregos e como isso pode ser assegurado, fortalecendo a estrutura e facilitando o mercado, que tem papel importante para trazer financiamento.
Segundo Grubb, ao se fazer um plano de transição ecológica, é preciso ter uma visão macro, ou seja, tem que se pensar em quais tecnologias que devem ser focados os recursos, porque podem ser desenvolvidas em escala, tem que investir e regular as estruturas para diminuir os custos, têm que gerir de forma ativa os riscos para investimento, identificar os pontos de virada que precisam de intervenções moderadas para que assim possa colocar todo o sistema numa direção diferente. “Em todos os casos, você precisa combinar as melhores políticas para se ter os melhores resultados”, concluiu.
O relatório, que resume o trabalho realizado nos últimos três anos sobre inovação no setor energético e o impacto das políticas ambientais no comércio e nas emissões, sugere uma política de transição para uma economia mais sustentável, especialmente em vista da decisão do Brasil de sediar a COP 30.
O documento pode ser acessado na íntegra em: https://bit.ly/3R2MUle