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LIDERANÇA FEMININA
“A presença de mulheres em cargos de liderança muda a forma de fazer política e contribui para o esforço de redução das desigualdades”, afirma Esther Dweck
A convite da Fundação Dom Cabral e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, a ministra Esther Dweck participou de encontro on-line, nesta quarta-feira (19/4), para debater a liderança feminina no setor público e estratégias para criar ambientes mais inclusivos e equitativos nas organizações. O evento, transmitido pelo canal do YouTube da Fundação, contou também com a participação da especialista líder em Gestão Pública do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Sandra Naranjo.
No encontro, a ministra Esther Dweck reiterou que uma das prioridades do ministério tem sido a discussão sobre o aumento da diversidade na gestão pública e apresentou dados do Observatório de Pessoal do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.
A ministra destacou que que em fevereiro deste ano, a presença feminina em cargos de direção aumentou para 33% em comparação a fevereiro de 2019. Há quatro anos, as mulheres ocupavam apenas cerca de um quarto (26%) dos cargos de direção, apesar de serem 40% da força de trabalho do serviço público.
“A presença de mulheres em cargos de liderança muda a forma de fazer política e contribui para o esforço de redução das desigualdades. A luta histórica das mulheres que o tempo inteiro tiveram que brigar pelo seu espaço e seu papel é uma das razões para o olhar feminino diferenciado para as políticas públicas”, disse a ministra. “A mudança mais significa em 2023 é o aumento de mulheres negras e indígenas e a redução de homens brancos nos cargos de liderança comparado a 2019”, complementou.
Outro dado destacado pela ministra revela a desigualdade de gênero e aponta que, das mulheres em cargo de liderança no governo, 38% têm filhos menores de idade. Entre os homens, o percentual salta para 66%. Com o papel do cuidado dos filhos culturalmente delegado para as mulheres na sociedade, elas ficam com menos oportunidades para o trabalho.
“A estrutura do estado ainda não permite que elas possam assumir essa função. Mesmo com as mudanças na atual gestão, que melhorou, claro, precisamos avançar. Transformar o Estado com o objetivo último e principal de reduzir os mecanismos que perpetuam as grandes e múltiplas desigualdades brasileiras, de renda, de gênero, regional, de raça”, finalizou.
Estudo
A especialista do BID, Sandra Naranjo, apresentou dados do estudo “Mulheres líderes no setor público da América Latina e do Caribe, lacunas e oportunidade”. De acordo com o estudo realizado em 15 países, com o recorte em 12 setores de atuação do estado e em quatro níveis mais altos da gestão pública, a presença de mulheres continua limitada nos mais altos níveis de tomada de decisão, apesar de ser 52% da força laboral no setor público.
De acordo com o estudo, as mulheres estão presentes nos cargos de liderança em setores específicos como Desenvolvimento Social, Educação, Saúde e Trabalho, entre outros, alcançando 46% na América Latina. Já em setores como Planejamento, Segurança, Relações Internacionais, Fazenda e Indústria e Comércio, por exemplo, o percentual cai para 38%. No Brasil esse percentual é ainda mais reduzido, 25,8% e 15,4% respectivamente.
Naranjo especificou ainda que toda a região já possui o quantitativo de normas, organizações (como secretarias e coordenações temáticas) e políticas voltadas para equidade de gênero suficiente, mas não refletem na prática. “É necessário institucionalizar as políticas de igualdade de gênero para que sejam políticas de estado. Além de fortalecer a capacidade do estado de implementar, monitorar e avaliar tais políticas”.
O estudo apontou ainda que entre os benefícios da presença feminina em cargos de liderança estão maior crescimento econômico, maior gasto social em educação e saúde, melhor cobertura de serviços públicos. “Porque as mulheres vivem experiências distintas e trazem perspectivas distintas em políticas públicas, além de melhores índices de eficiência na Administração Pública e menor corrupção”, sinalizou a especialista.