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Situação volumétrica dos reservatórios das hidrelétricas da CHESF – 01/05/2020
Represa de Sobradinho, BA
Estamos iniciando atividade semanal de informação, aos interessados, dos estágios em que se encontram os níveis de acumulações volumétricas dos principais reservatórios da Chesf, na bacia do rio São Francisco, notadamente os de Três Marias, localizado na região do Alto, e Sobradinho, Complexo de Paulo Afonso e Xingó, no Submédio São Francisco, locais onde é gerada a maior parte da energia elétrica do Nordeste. Tais reservatórios
acumulam
água no período de novembro a abril, para
disponibilizarem
os volumes acumulados, no processo de regularização das vazões do Velho Chico, no período de maio a outubro. Estamos no dia
01/05/2020
, portanto, em período no qual os reservatórios estão na fase de
disponibilização
volumétrica.
01/05/2020
Fonte: Chesf
http://www.chesf.gov.br/SistemaChesf/Pages/GestaoRecursosHidricos/GestaoRecursosHidricos.aspx
Fonte: ANA
http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/sala-de-situacao/sao-francisco/sao-francisco-boletim-diario
COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
A partir de maio é iniciado o período sem chuvas na bacia do São Francisco. Continuaremos os informes volumétricos semanais do rio, obtidos nos postos de observações localizados ao longo de sua bacia hidrográfica; das capacidades das represas de Três Marias, Sobradinho e Boqueirão de Cabaceiras (fonte de abastecimento de Campina Grande), bem como da situação volumétrica das principais represas geradoras de energia do País.
Na semana em curso (01/05), as represas existentes na calha do rio tendem a diminuir seus volumes, a exemplo de Três Marias, que está com uma afluência de 479 m³/s (na semana passada estava em 585m³/s) e uma defluência de 602 m³/s (na semana passada estava em 775 m³/s). Esse balanço volumétrico resultou na diminuição do percentual de sua capacidade para 97,87%. Na semana anterior Três Marias estava em 98,79%. Portanto, uma queda, na semana, de 0,92%.
No mesmo período, a afluência em Sobradinho caiu para 2.700 m³/s (na semana anterior era de 3.080 m³/s) e a sua defluência caiu para 1.513 m³/s (na semana anterior era de 1.613 m³/s). Nas atuais condições de gestão hídrica, Sobradinho aumentou a sua capacidade. Atualmente, ela está em 90,95% (na semana anterior estava com 88,92%). Portanto, houve, na semana em curso, um aumento de 2,03% em sua capacidade.
O percentual das capacidades dos reservatórios das regiões Centro Oeste/Sudeste (os mais importantes do País em termos de geração elétrica) aumentou na semana em curso (01/05), estando em cerca de 54,82 – 30/04/2020 . Na semana anterior era de 54,46 – 22/04/2020 (dados ONS), havendo, portanto, no período, um acréscimo na capacidade de cerca de 0,36%. Com essa expectativa de aumento volumétrico nas represas, a ANEEL determinou a cobrança das tarifas de energia elétrica dos brasileiros, a partir do mês de março, na modalidade “ bandeira verde ”, apostando na possibilidade de manutenção desse cenário pluviométrico na região.
As fortes chuvas caídas nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2020 na bacia do Rio Paraíba, fizeram Boqueirão de Cabaceiras (açude paraibano com 411,6 milhões de m³ de capacidade), acumular significativo volume. O projeto da Transposição do Rio São Francisco encontra-se, momentaneamente, paralisado. Notícias de 11/03/2020 deram conta de que o Eixo Leste do projeto está necessitando de reparos, devido às fortes chuvas caídas na região agreste dos estados da Paraíba e de Pernambuco, as quais resultaram em danos estruturais no canal, obrigando as autoridades ao desligamento do sistema.
Essa notícia do desligamento das bombas no Eixo Leste do projeto preocupou as autoridades pernambucanas ligadas ao setor hídrico, tendo em vista o aumento das demandas pela água, advindas do abastecimento dos municípios pernambucanos de Sertânia , Arcoverde , Pesqueira , Brejo da Madre de Deus , Belo Jardim , Alagoinha , Tacaimbó, São Bento do Una, Sanharó e Custódia por intermédio da adutora do Moxotó, cuja captação da água é na mesma fonte que abastece Campina Grande e 18 municípios do seu entorno, ou seja, o Eixo Leste da Transposição.
Segundo a AESA , o atual cenário pluviométrico da semana (01/05) fez o percentual volumétrico total de Boqueirão subir para 67,80% (na semana anterior era de 63,72%). Portanto, houve, na semana em curso, um aumento no percentual volumétrico da represa, de cerca de 4,08%. Quando descontados daquele total, o percentual equivalente ao seu volume morto (8,20%), Boqueirão totaliza um volume útil de 59,60%. Um volume que ainda preocupa o campinense, pois a represa é responsável pelo atendimento das demandas hídricas de uma população estimada entre 800 e um milhão de pessoas (a população de Campina Grande e mais 18 municípios de seu entorno).
Esse volume acumulado em Boqueirão de Cabaceiras dará folga, aos campinenses, para não se falar mais em "racionamento d’água", pelo menos nós próximos dois anos. Mas corre-se o risco de não se falar, também, no projeto da Transposição do São Francisco, por igual período! Para complicar ainda mais a situação de Boqueirão, a represa de Acauã, localizada a jusante do açude, está necessitando de aportes hídricos com vistas à sua recuperação volumétrica e, com isso, dar continuidade à função de abastecer cidades. Segundo a AESA , esse aporte volumétrico está sendo oriundo da defluência de Boqueirão, com volumes estimados em cerca de 2,0 m³/s.
Mesmo com esse aporte volumétrico proveniente de Boqueirão, a represa de Acauã vem elevando o percentual de sua capacidade vagarosamente, estando, atualmente, com cerca de 13,14% (01/05). Na semana anterior era de 12,87% , registrando, portanto, em uma semana, um aumento de 0,02%. Quando descontados daquele total, o percentual equivalente ao seu volume morto (8,00%), Acauã perfaz um volume útil de 5,14% (na semana anterior era de 4,87%). Nessa perspectiva, a represa de Acauã, apesar de ter saído da condição de volume morto, ainda traz enormes preocupações quanto ao atendimento das demandas hídricas de 14 municípios paraibanos, que são por ela abastecidos, além de trazer enormes prejuízos ao projeto Acauã-Araçagi , em vias de implantação na Paraíba, o qual irá utilizar as águas de Acauã/Velho Chico para a irrigação e para o abastecimento de populações.
Em relação ao Eixo Norte do projeto da Transposição, notícias mais recentes ( 03/02/2020 ) deram conta da existência de obstáculos no percurso das águas entre a barragem de Negreiros e o reservatório de Milagres. Esse fato, além de necessitar dos reparos devidos, irá atrasar o cronograma de chagada das águas no território cearense. Em matéria do Diário do Nordeste de 26/04/2020, as autoridades estimam em um período superior a 45 dias, para a conclusão desses trabalhos.
A seguir, são informados os volumes que fluíram na semana em curso, nos postos de observações volumétricas entre Três Marias e a foz do Velho Chico (01/05). A UHE de Três Marias, que na semana passada estava em 556 m³/s, nessa semana subiu para 775 m³/s. No posto de São Romão, que na semana anterior estava com 1.233 m³/s, na atual subiu para 1.292 m³/s; no de São Francisco, que na semana anterior estava com 1.983m³/s, na atual subiu para 2.030 m³/s; no de Bom Jesus da Lapa, que na semana anterior estava com 3.417 m³/s, na atual caiu para 2.314 m³/s; no posto de Morpará, que na semana anterior estava com 3.455 m³/s, nessa semana caiu para 2.365 m³/s; no posto de Juazeiro, que na semana passada estava com 1.991 m³/s, na atual caiu para 1.934 m³/s e em Propriá, que na semana anterior estava com 1.460 m³/s, na atual subiu para 1.531 m³/s.
Abaixo, as informações dos postos de mensuração de vazões do rio, sob a responsabilidade da Chesf, a fim de que se tenha uma ideia dos volumes afluentes na represa de Sobradinho nos próximos dias, bem como as vazões regularizadas no Submédio e Baixo São Francisco:
Dia 01/05: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 602 m³/s; São Romão 1.081 m³/s; São Francisco – 1.878 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 2.403 m³/s; Morpará – 2.560 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 1.755 m³/s e Propriá (controle das defluências de Xingó) 1.554 m³/s. (dados da Chesf)
Dia 24/04: UHE Três Marias (controle das defluências de Três Marias) 775 m³/s; São Romão 1.292 m³/s; São Francisco – 2.030 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 2.314 m³/s; Morpará – 2.365 m³/s; Juazeiro (controle das defluências de Sobradinho) 1.934 m³/s e Propriá (controle das defluências de Xingó) 1.531 m³/s. (dados da Chesf)
Comportamento das vazões do rio ao longo da quadra chuvosa (nov-abr) e de estiagem (mai-out).
Comportamento das vazões do Rio São Francisco , nos postos de observação de Três Marias, São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa, Morpará, Juazeiro e Propriá, de novembro de 2019 a abril de 2020 (período chuvoso)
Comportamento das vazões do Rio São Francisco , nos postos de observação de Três Marias, São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa, Morpará, Juazeiro e Propriá, de maio de 2019 a outubro de 2019 (período Seco)
Comportamento das vazões do Rio São Francisco , nos postos de observação de Três Marias, São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa, Morpará, Juazeiro e Propriá, de novembro de 2018 a abril de 2019 (período chuvoso)
Comportamento das vazões do Rio São Francisco , nos postos de observação de Três Marias, São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa, Morpará, Juazeiro e Propriá, de maio de 2018 a outubro de 2018 (período seco)
Comportamento das vazões do Rio São Francisco , nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de novembro de 2017 a abril de 2018 (período chuvoso)
Comportamento das vazões do Rio São Francisco , nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de maio de 2017 a outubro de 2017 (período seco)
Comportamento das vazões do Rio São Francisco , nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de novembro de 2016 a abril de 2017 (período chuvoso)
Comportamento das vazões do Rio São Francisco , nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de junho a outubro de 2016 (período seco)
Comportamento das vazões do Rio São Francisco , nos postos de observação de São Romão, São Francisco, Bom Jesus da Lapa e Morpará, de fevereiro a maio de 2016 (período chuvoso)
Comportamento das vazões do Rio São Francisco ao longo dos anos
2012
http://www.suassuna.net.br/2017/03/situacao-volumetrica-dos-reservatorios_97.html
2013
http://www.suassuna.net.br/2017/03/situacao-volumetrica-dos-reservatorios_21.html
2014
http://www.suassuna.net.br/2017/03/situacao-volumetrica-dos-reservatorios_22.html
2015
http://www.suassuna.net.br/2017/03/situacao-volumetrica-dos-reservatorios_25.html
2016
http://www.suassuna.net.br/2017/03/situacao-volumetrica-dos-reservatorios_72.html
2017
http://www.suassuna.net.br/2018/10/situacao-volumetrica-dos-reservatorios.html
2018
http://www.suassuna.net.br/2019/02/situacao-volumetrica-dos-reservatorios_8.html
2019
http://www.suassuna.net.br/2020/07/situacao-volumetrica-dosreservatorios_13.html