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Sem água do São Francisco, Cariri será abastecido pelo Congo
Cariri passará a receber água do reservatório de Cordeiro, na cidade do Congo; segundo Aesa, água da transposição deve voltar à PB em setembro.
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31/07/2019
O envio da água da Transposição do Rio São Francisco para a Paraíba está comprometido desde o dia 22 de fevereiro deste ano, quando, segundo o diretor presidente da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), Porfírio Loureiro, teve início a recuperação da barragem de Custódia, em Cacimba Nova (PE), limitando o funcionamento de estações de bombeamento. Atualmente, de acordo com o gestor, a água não chega à Paraíba. Com isso, a Aesa faz ligações emergenciais para garantir o abastecimento de cidades do Cariri do estado.
“O Ministério do Desenvolvimento Regional já começou a religar estações de bombeamento em Pernambuco. Já estão funcionando, em fase de testes, a EBV-1 e EBV-2. A previsão é de que até 4 de setembro sejam religadas todas, até a EBV-6, fazendo com que a água do São Francisco volte a chegar à Paraíba. Enquanto isso, o abastecimento das cidade do Cariri está ocorrendo a partir do reservatório de Camalaú”, contou o diretor presidente da Aesa.
O açude de Camalaú, com volume atualizado pela Aesa nessa segunda-feira (29), está com 2.575.331 metros cúbicos, ou 5,35% do volume total. Conforme explica Porfírio Loureiro, nesta sexta-feira (2), a ligação por esse manancial deverá ser bloqueada e o fornecimento de água passará a ocorrer a partir do açude Cordeiro, localizado no município do Congo, a 212 km de João Pessoa.
“Estão sendo instaladas bombas flutuantes do açude de Cordeiro que devem garantir o abastecimento de água das cidades do Cariri enquanto o bombeamento da Transposição não é religado totalmente”, informou Porfírio.
Em números divulgados nesta terça-feira (30), o açude de Cordeiro tem acumulados 8.839.329 metros cúbicos, ou 12,63% de capacidade total. O diretor presidente da Aesa garantiu que, mesmo em caso de não ocorrer o religamento da Transposição do São Francisco no período esperado, esse volume do reservatório da cidade do Congo é suficiente para abastecer o Cariri paraibano até o próximo período chuvoso, em meados de março de 2020.
Sobre o assunto
Situação volumétrica dos reservatórios das hidrelétricas da CHESF – 29/07/2019
http://www.suassuna.net.br/2019/07/situacao-volumetrica-dosreservatorios_29.html
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COIMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
Essa situação é um verdadeiro descaso do poder público. Após um investimento de cerca de R$ 10 bilhões, as águas da Transposição do Rio São Francisco não estão chegando ao reservatório de Boqueirão de Cabaceiras, para o necessário abastecimento de Campina Grande e 18 municípios de seu entorno. E não foi por falta de aviso. Creio que a sociedade do Setentrional nordestino merece um pouco mais de respeito.
O projeto da Transposição do Rio São Francisco chegou ao “fundo do poço”! Após aplicação, no projeto, de uma montanha de recursos financeiros, da ordem de 10 bilhões de reais, as águas do Velho Chico sequer estão chegando ao açude de Boqueirão de Cabaceiras. Motivado por uma inconsequente falta de gestão hídrica regional, principalmente das águas que estão sendo bombeadas do rio, para o Eixo Leste do Projeto, o poder público propôs alternativas para a solução desse malfadado problema. Estão sendo conduzidos, do açude Cordeiro - localizado no município paraibano do Congo, com capacidade de 70 milhões de metros cúbicos e, atualmente, com cerca de 12% - para o Eixo Leste do projeto, volumes que de certa forma estão desempenhando o papel das águas do Rio São Francisco, na Transposição, mas com um agravante: em 2007, o projeto havia sido considerado a maior obra hidráulica em construção, pelo Governo Federal, na América Latina. Atualmente as águas não chegam em Campina Grande. Um total absurdo se levado em consideração o enorme desperdício de recursos públicos alocados àquela importante obra, e os impactos socioambientais advindos. Tudo isso, lamentavelmente, já havia sido previsto pela academia, não sendo motivo de surpresa o agravamento da situação!