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Nível de Três Marias continua subindo rapidamente
A dúvida é se será necessário abrir as comportas.
Pereira Bode Velho – Membro do movimento Carta de Morrinhos
COMENTÁRIOS
José Do Patrocínio Tomaz Albuquerque Os gestores dos reservatórios do São Francisco continuam considerando que eles apresentam risco de suprimento, principalmente, na estação de estiagem. Tanto que, de há muito, não usam a capacidade de regularização 100% garantida como vazão de defluência. Em Três Marias era para estarem soltando 513 m3/s, ao invés dos cerca de 150 m3/s. Isto tem influência nos níveis de cheias que, a despeito das chuvas, tem sido menor que a dos 3 anos anteriores, entre os quais as da recém terminada seca. As descargas seguras, médias e mínimas, já não são praticadas. Os fundamentos técnicos e científicos utilizados na avaliação destas vazões, a partir de séries históricas de longa duração, foram para as calendas gregas! Preferem acumular em Três Marias no atual período de chuva, inclusive prejudicando o armazenamento em Sobradinho, para fazer frente à situação futura de possível (não provável) de adversidade. Trabalhos anteriores de técnicos da ANA, publicados em Anais de Simpósios da ABRH, incluindo o do gestor de eventos críticos da ANA, são solenemente (e furtivamente) ignorados! Na realidade tudo o que ocorre em termos destas vazões resulta da superexploração absurda dos recursos hídricos destes reservatórios, mormente as suas vazões de base, para atendimento de demandas socioeconômicas e geração de energia elétrica em socorro de outras regiões carentes (pelos mesmos motivos) que não a do Nordeste.
Eduardo Eustaqui de Almeida Meu caro José do Patrocínio, me explique o porquê as margens direita e esquerda do São Francisco não são protegidas por Bosques, a exemplo, de Itaipu, lado da Argentina e lado Brasileiro de três quilômetros de cada lado protegidos por mais de 90 metros de extensão?
José Do Patrocínio Tomaz Albuquerque Não justifica a falta de gestão de reservatórios. Esta é, no meu modesto entender, apenas um dos fatores, mas não o principal da queda das vazões de cheias do São Francisco. Olhe o gráfico. Esta situação de falta de bosques se verifica desde antes das seca e as enchentes se verificaram com mais vigor!
José Do Patrocínio Tomaz Albuquerque Lembrei-me de que participei, no site da ABRH-Gestão sobre uma proposta de um engenheiro da Itaipu, o Dr. Ricardo Klauskoff, em que ele defendia a remoção da cobertura vegetal como forma de aumentar a vazão de cheia do rio Paraná. Fui contra porque isso significaria reduzir as condições de recarga do sistema aquífero contido na bacia sedimentar homônima em que o rio se encaixa. A razão da redução das condições de infiltração da água das chuvas é a diminuição da porosidade do aquífero com a retirada da vegetação. Explico: Com a remoção, há aumento das perdas por evaporação direta dos aquíferos livres e confinados (estas nas suas áreas de recargas), já que a migração para a superfície traz consigo, elementos químicos nela dissolvidos, a exemplo de ferro, manganês e outros, que se combinam com o vapor d'água da zona de aeração, formando cimentos (OFe ou O3Fe2, no caso do ferro), que se alojam nos poros intergranulares. Em consequência, há aumento do escoamento superficial, em detrimento da infiltração, conforme se pode deduzir da equação do Ciclo Hidrológico em seu termo I + R. Mas altera o regime hidrológico dos rios e, se não chove, o escoamento médio tende a ser anulado. Aliás, em chuvas abaixo da média, as cataratas deixam de apresentar o vigor de seus escoamentos. Há fotografias mostrando tudo isso. Há, ainda, prejuízos ao atendimento das demandas ambientais na estação da estiagem. Agora, choveu, catumbi encheu!
Eduardo Eustaqui de Almeida Beleza sua explanação!