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Melhora situação da bacia hidrográfica do São Francisco
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Didi Galvão
19/05/2019
Canal da Transposição do Rio São Francisco
O ano de 2019 deve apresentar uma melhora na situação dos recursos hídricos das regiões da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Mesmo que não seja uma recuperação ideal, este ano deve ser menos crítico comparado aos últimos cinco anos. As chuvas do fim do ano passado proporcionaram um aumento na capacidade dos reservatórios de Sobradinho (Bahia) e de Três Marias (Minas Gerais).
Em evento realizado em Brasília na última sexta-feira, o Comitê Hidrográfico da Bacia do São Francisco (CBHSF) destacou que esse resultado traz benefícios para a região. “ Melhora a navegação, que ficou bastante reduzida nos últimos anos e também melhora a qualidade da água ”, destacou o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda.
Atualmente, o volume útil de Sobradinho está em torno de 50% e o de Três Marias em cerca de 80%. “ Ainda não será um ano de recuperação total, mas será favorável em relação aos últimos cinco anos ”, comentou Miranda. As chuvas concentradas nos meses de novembro e dezembro do ano passado foram capazes de aumentar essa capacidade.
“ Devido a isso, conseguimos liberar a vazão dos reservatórios de Sobradinho e Xingó para 800 metros cúbicos por segundo (m3/s). Antes estavam em 550 m3/s. A vazão mínima ideal seria de 1.300 m3/s, mas desde 2013 vinha sendo diminuída por causa da situação hidrológica” , comentou o vice-presidente do Comitê, Maciel Oliveira, ao informar que ainda está indefinida a data em que a vazão voltará para 1.300 m3/s porque tudo ainda depende da situação das chuvas.
Velho Chico – No evento que aconteceu em Brasília, foi lançado, em sua 6ª edição, o projeto intitulado “Eu viro carranca para defender o Velho Chico”. O evento fortalece o dia 3 de junho como dia em defesa do Rio São Francisco para que os setores saibam a importância dos recursos hídricos. “ Pelo levantamento do Comitê, para uma revitalização completa do São Francisco precisaríamos de R$ 31 milhões até 2025. Seriam aplicados em obras, como recuperação de nascentes e de áreas degradadas ”, comentou Oliveira.
Até o momento, já foram aplicados R$ 42,3 milhões em obras de recuperação hidroambiental. Entre 2012 e 2019, foram concluídos 58 projetos para a revitalização do São Francisco. E estão sendo licitados atualmente 16 projetos.
COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
Nessas questões de gestão volumétrica das represas existentes na calha do Rio São Francisco, alguns esclarecimentos precisam ser evidenciados: primeiramente, a quadra chuvosa está encerrada em toda bacia hidrográfica do Rio São Francisco. Isso significa dizer que os percentuais volumétricos estocados em Três Marias (80%) e em Sobradinho (50%) são os que irão ser manejados até o novo período chuvoso, que só ocorrerá em princípios de novembro do corrente ano. Sobre essa questão, informações seguras da Chesf dão contas de que, para os usos seguros da água do São Francisco na agricultura, no abastecimento do povo e na geração de energia, a capacidade da represa de Sobradinho teria que estar, no mínimo, com 60% preenchida. A represa de Sobradinho iniciou o seu período de disponibilização volumétrica, para o submédio de baixo São Francisco, com volumes de afluência menores do que os de defluência. Esse tipo de manobra leva a represa, invariavelmente, à rápida depreciação volumétrica. Em análise no site da Agência Nacional de Águas (ANA), na data de hoje (20/05/2019), foi verificada uma afluência, em Sobradinho, de 880 m³/s e uma defluência de 1.011 m³/s (valor não condizente aos 800 m³/s informados na matéria). Com a adoção desse tipo de gestão, Sobradinho irá chegar, no mês de novembro, próximo ao volume morto. É preciso mais cuidado com essas questões e que haja explicações mais sensatas, para a sociedade, em relação a esse tipo de manobra.