Notícias
Integração do Rio São Francisco: até onde essa obra chegou
Disponível em:
20/12/2018
Integração do Rio São Francisco: até onde essa obra chegou (Divulgação)
Conteúdo patrocinado pelo Ministério da Integração Nacional
A integração do Rio São Francisco é uma das obras mais importantes da história do país. Em primeiro lugar, ela está garantindo a segurança hídrica de mais de 1 milhão de pessoas nos estados de Pernambuco e da Paraíba, locais que sofrem historicamente com a estiagem. A obra visa a redistribuir a oferta hídrica, uma vez que o Rio São Francisco é responsável por 70% da água disponível no Nordeste.
Para fazer isso, o Projeto de Integração do Rio São Francisco interliga o Rio São Francisco, que tem mais de 2.800 quilômetros de extensão e atravessa cinco estados brasileiros. Sua bacia hidrográfica tem 640 mil quilômetros quadrados — o equivalente à área de França.
O projeto de integração do rio leva a água a sistemas e bacias hídricas que antes não eram alimentados por ele. Isso é feito por meio da construção de canais e bombeamento. Na verdade, o curso do São Francisco não é desviado; uma parte de sua água é levada a regiões que sofrem com a seca. O Velho Chico nasce em Minas Gerais, na Serra da Canastra. Seu percurso final o leva ao Oceano Atlântico, em Alagoas.
A ideia do projeto é a de levar água em direção ao norte e ao leste do Nordeste, chegando a estados que tradicionalmente sofrem mais com a seca: Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Para isso acontecer foram construídos dois eixos: o Leste (que vai na direção de Campina Grande, na Paraíba), e o Norte, que chega aos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, e Rio Grande do Norte.
No total, são 13 aquedutos, 9 estações de bombeamento e 27 reservatórios. O rio, no entanto, faz parte de um sistema hídrico que será beneficiado como um todo com o redirecionamento das águas.
Serão beneficiadas as bacias de Brígida, Terra Nova, Pajeú, Moxotó e bacias do Agreste (Pernambuco); Jaguaribe e Metropolitanas (Ceará); Apodi e Piranhas-Açu, (Rio Grande do Norte); Paraíba e Piranhas, (Paraíba). Com a integração, 23 açudes serão recuperados e os novos reservatórios vão alimentar o agreste nordestino com a tão preciosa água. Tanto grandes cidades como Fortaleza, Juazeiro do Norte, Crato, Mossoró, Campina Grande, Caruaru, quanto pequenos e médios municípios serão beneficiados.
Campina Grande, por exemplo, que fica no Eixo Leste, sofria com constantes desabastecimentos. Em 2017, o açude Boqueirão, única fonte de água local, tinha 2,9% da capacidade – nível mais baixo registrado desde 1957. Quando a obra da integração chegou à cidade, a vida dos moradores mudou. O racionamento acabou e o abastecimento foi normalizado. Essa é a nova realidade não só ali, como em outros 35 municípios dos estados de Pernambuco e da Paraíba. São mais de 1 milhão de pessoas atendidas.
Durante décadas, parecia impossível que o semiárido nordestino pudesse parar de sofrer com a seca. A Integração do Rio São Francisco mostra que não apenas é possível melhorar a vida de milhões, como também resolver um problema que parecia fadado a ser eterno.
Leia mais:
Bacia do São Francisco: coração do Nordeste
Seca no Nordeste: um fenômeno causado pela natureza
Projeto de Integração do Rio São Francisco: uma obra que já entrou para a história
Como as águas do São Francisco mudam vidas no Nordeste
COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
Em reportagens como essas, que só são mostrados os benefícios que são possíveis de serem obtidos do projeto, no meu modo de entender faltaram os elementos necessários com os quais, costumeiramente, são verificadas limitações graves no rio, não apenas no suprimento hídrico para o atendimento das demandas dos nordestinos, mas, e principalmente, na degradação exacerbada existente em sua bacia hidrográfica, principal causa do grande desequilíbrio ambiental existente e que têm causado sérias limitações para as populações nordestinas, inclusive para o uso da água no Agronegócio. Nos anos 70 do século passado, por exemplo, a represa de Sobradinho havia regularizado a vazão do Velho Chico, nas regiões do Submédio e do Baixo São Francisco, em cerca de 2060 m³/s. Atualmente, a vazão está em cerca de 600 m³/s, tendo alcançado, em 2017, preocupantes 500 m³/s. Uma lástima, portanto, se levarmos em consideração as potencialidades pretéritas do rio, não só no atendimento, e com certa folga, da geração de energia dos nordestinos, mas, e principalmente, no atendimento da irrigação de uma área de cerca de 340 mil ha ao longo de sua bacia hidrográfica. Estamos vivenciando um momento no qual o contraditório é tão importante quanto as manifestações de interesses, de que as coisas aparentemente estejam dando certo.
Geraldo Margela Correia -Procurador de Justiça, aposentado (gemarco_2@hotmail.com)
Prezado João Suassuna, bom dia.
Tens toda razão em continuar estas pesquisas e comunicações que nos fazes. Governos se sucedem, uns com altos níveis de corrupção, e nada desenvolvem em prol da natureza nordestina para que sejam minorados, ao menos, os problemas advindos das secas periódicas. Algum tipo de atuação da FUNDAJ, das Secretarias de Meio Ambiente dos Estados e do Ministério Público para melhor compreensão dos problemas e novas soluções inteligentes e compatíveis com a realidade. Abraço e Felizes natal e Ano Novo.