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Famílias afetadas pela transposição do São Francisco vivem em abandono
Quatro vilas em Salgueiro, Pernambuco, deveriam ofereceriam a estrutura necessária para as famílias que foram retiradas de casa.
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Por Jornal Nacional
10/08/2019
Famílias que foram deslocadas por causa da transposição do Rio São Francisco estão vivendo em situação de abandono, num município de Pernambuco.
Em 2007, o governo federal desembolsou mais de R$ 207 milhões para erguer 18 vilas em três estados. Onde deveria funcionar uma escola, existe apenas abandono e destruição.
“Você vê a escola abandonada desse jeito. A criançada tem que se deslocar daqui para outra comunidade para estudar. Muito dinheiro jogado no mato”, relatou o agricultor Francisco Vieira Filho.
O estudante Victor Wollassy Lucena Santos percorre mais de 20 quilômetros, todos os dias, para conseguir estudar.
“Eu saio daqui da Vila de Malícia, zona rural de Salgueiro, em Pernambuco, e eu percorro três quilômetros para ir para a cidade de Penaforte, estado do Ceará, para pegar um ônibus e de lá ir para a cidade de Salgueiro para ir para a escola estudar”.
O posto de saúde que nunca funcionou virou garagem para carros. Os consultórios estão servindo apenas de depósito para garrafas, colchões e móveis.
“É uma sensação de descaso com o dinheiro público e com a comunidade, porque a gente poderia ter médico de 15 em 15 dias, dentista, enfermeira”, lamentou a agricultora Sandra Maria de Lucena.
O pai do agricultor Pedro Sebastião dos Santos tem Alzheimer. Ir ao médico só de carro. O posto de saúde mais próximo fica a 30 quilômetros.
“Para a gente não é dificuldade levar para Salgueiro. Agora, para ele, eu tenho certeza que é muita dificuldade”, disse o agricultor.
A promessa era de que as vilas produtivas rurais ofereceriam a estrutura necessária para que as famílias que foram retiradas de casa pudessem viver bem. Mais de dez anos se passaram e isso ainda não aconteceu.
Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Regional declarou que o funcionamento das vilas é de responsabilidade dos municípios. A prefeitura de Salgueiro não quis se pronunciar sobre a situação.
“Isso cabe mais ao município, a decisão, por aproveitar o equipamento que foi construído pelo Ministério do Desenvolvimento Regional e instalar ali um equipamento público, seja um posto de saúde, uma escola, a depender da decisão política do município de Salgueiro que não compareceu à reunião, logo não temos ainda a posição do município acerca disso”, explicou o procurador André Estima.
Quem teve que sair de casa para dar lugar à transposição do Rio São Francisco está desapontado.
“O sentimento é de tristeza, porque onde a gente morava nós tínhamos tudo. Plantações, animais. E hoje a gente não tem nada. Prometeram a gente vir para umas novas estruturas, com água do Rio São Francisco, e até hoje não passou essa água no canal”, disse o agricultor Damião Vieira.
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