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Falta de recursos hídricos do Nordeste é discutida em Atlas, artigo de Leandro Kleber
Jornal A Tarde
11/07/2007
Em audiência pública realizada hoje na Comissão de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável, o superintendente de Planejamento e Recursos
Hídricos da Agência Nacional de Águas (ANA), João Gilberto Lotufo,
apresentou o Atlas do Nordeste. O documento produzido pela agência aponta
risco de escassez hídrica, com base em análise de fatores geoclimáticos,
em 234 municípios da região e do norte de Minas Gerais.
O superintendente da ANA disse que o atlas abrange mais de 1.300
municípios dos nove Estados do Nordeste e do norte de Minas Gerais. “O
Atlas diagnostica o problema da oferta de água em cada município e
identifica as principais alternativas técnicas, que podem estar nos
mananciais, captação, tratamento e adução”, explicou.
De acordo com Lotufo, até o ano de 2025 serão necessários R$ 3,6 bilhões
em investimentos nas localidades pesquisadas pelo Atlas para que não haja
problemas de abastecimento de água aos mais de 34 milhões de habitantes da
região. “Dessa quantia, 56% têm que ser destinados somente ao
semi-árido. Em 2015, 66% dos locais terão que mudar suas fontes de
água, ou seja, mananciais”, afirmou.
O representante da Articulação do Semi-árido Brasileiro (ASA), Roberto
Malvezzi, considera o Atlas o documento mais completo já elaborado sobre
os recursos hídricos no Nordeste. Segundo ele, o projeto deve servir de
instrumento para a política do governo. “A publicação, que abrange mais de
1.300 cidades, é excelente. Tem como prioridade fornecer abastecimento de
água à população. Enquanto que o projeto de transposição do Rio São
Francisco, por exemplo, tem o intuito de desenvolver a região, sem se
importar com a questão da água para os humanos como prioridade”, disse.
Boff explica que a transposição não é a salvação para a região. Ele quer
que a “limitação da obra” fique evidente para a população. “Os problemas
no semi-árido têm que ser tratados como um todo e não somente em pequenas
regiões”, afirmou. Leonardo Boff acredita que o problema da seca no
Nordeste seria minimizado com investimentos em construção de cisternas.
“Nós ainda perdemos muita água de chuva. Temos que aproveitar mais, já que
o índice pluviométrico na região é de 700, 750 mm por ano. A água que fica
guardada nas cisternas, quando tratada corretamente, é totalmente
saudável”. Segundo Leonardo, é inadmissível perder milhões de litros de
água com a irrigação de cana-de-açúcar no semi-árido, por exemplo.
LEANDRO KLEBER - ONG Contas Abertas