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Deputado eleito questiona distribuição das águas do São Francisco na PB
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PB Agora
10/12/2018
Prestes a tomar posse na Assembleia Legislativa da Paraíba (UEPB), o deputado estadual eleito Moacir Rodrigues (PS), está defendendo o uso da transposição do Rio São Francisco para levar água do Canal Acauã/Araçagi.
Como ex presidente da Agência Executiva de Gestão das Águas (AESA), Moacir garantiu a viabilidade técnica do projeto explicou que esse canal vai pegar a derivação do São Francisco que vem água do Cariri paraibano para o Agreste e Litoral.
“O projeto que eu defendo é o uso das águas do Rio São Francisco para atender toda à Paraíba, o que vai gerar emprego e renda, aquecendo a economia local” destacou.
Moacir defende a criação de uma mudança no projeto de transposição do Rio São Francisco, com a distribuição de águas de Monteiro para barragens de Sumé. Segundo o deputado, o próprio prefeito da cidade defende a irrigação do perímetro irrigado de Sumé. Essa medida não diminui o volume de água que chega aos açudes de Porções e Camalaú.
Pela proposta, um cm canal teria 11,1 km de extensão, e o outro 2,9 km as margens do Rio Sucuru. O açude de Sumé tem capacidade 44.864.100 m3, e uma vez inundado com as águas do São Francisco, garantia segurança hídrica para uma população superior a 17 mil pessoas.
“Água para Sumé pode ir por gravidade. Nós temos outras barragens no Cariri que podem ser beneficiadas, a exemplo do Congo, Serra Branca, Taperoá, Riacho de Santo Antônio e outras. Precisamos levar água a todos os paraibanos” enfatizou.
Para garantir os 100% de segurança hídrica na Paraíba, Moacir assumiu o compromisso de trabalhar pela conclusão do Eixo Norte da Transposição do Rio São Francisco, bem como, o aumento da vazão do Eixo Leste que leva água para o açude Epitácio Pessoa em Boqueirão. Ele defende a perenização de açudes de Sumé, começando pelo açude de Sumé por gravidade.
“Vamos criar o Cariri e um Brejo paraibano e criar muitos empregos e produção de alimentos em nossa região” apostou.
Ele lembrou que hoje a água da transposição do Rio São Francisco que chega à Paraíba é insuficiente para atender a demanda hídrica do estado.
Recentemente o Ministério da Integração Nacional informou que o volume médio de água liberado por dia pelo bombeamento do Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco é de 3 mil litros por segundo. E que a vazão foi solicitada pelo Ministério Público da Paraíba, que considera suficiente para o atendimento do estado.
Sobre o assunto
A água da Transposição deixa de fluir do açude de Camalau (PB), em direção a Campina Grande
http://www.suassuna.net.br/2018/12/a-agua-da-transposicao-deixa-de-fluirdo.html
COMENTÁRIOS
João Suassuna –Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
A vontade política não pode e nem deve estar acima das possibilidades técnicas de se promover o desenvolvimento dos paraibanos. Da forma como foi colocada a questão, dá-nos a nítida impressão do total desconhecimento das questões hídricas por parte do deputado eleito, principalmente aquelas inerentes ao projeto da transposição do São Francisco no Estado da Paraíba. Primeiramente, as águas no Eixo Leste do projeto estão interrompidas nas imediações do município de Camalaú, devido a problemas de bombeamento na represa de Itaparica. Além do mais, o Projeto Acauã/Araçagi encontra-se seriamente prejudicado, devido ao colapso volumétrico havido no açude de Acauã, o qual, por não estar recebendo as águas da transposição, entrou em volume morto na semana passada. Nesse sentido, é importante que a bancada paraibana volte seus esforços para a revitalização do Velo Chico, objetivando a recuperação ambiental da bacia hidrográfica do rio, para se ter garantias futuras de água, em qualidade e em quantidade suficientes para o atendimento das demandas hídricas dos paraibanos.
José do Patrocínio Tomaz Albuquerque – Hodrogeólogo e Consultor
José Do Patrocínio Tomaz Albuquerque Impressiona o desconhecimento do que seja gestão sustentada de nossos recursos hídricos, paraibanos e sanfranciscanos. Aliás, não sabem nem mesmo qual a disponibilidade natural destes recursos hídricos. Pensam, apenas, em vazão de um rio e não a relacionam com a área da suas respectivas bacias hidrográficas e demandas hídricas, socioeconômicas e ambientais. O que se deve comparar é a vazão disponível por unidade de área (km2). Neste sentido, iriam verificar que esta disponibilidade na bacia do São Francisco, não é maior que as existentes no conjunto de todas as áreas de bacias hidrográficas paraibanas e, igualmente, das que banham os Estados do Nordeste Oriental, beneficiários do PISF. Também não sabem se o São Francisco vai recuperar as suas disponibilidades históricas. nem esperam o fim da estação das chuvas e, muito menos, o que vai ser programado para a subsequente estação normal de estio. Não duvido que a atual situação crítica porque passa a bacia deste Rio São Francisco, continue, mesmo com a abundância das chuvas ora verificada nas suas áreas baianas e mineiras! Temos que ir devagar, pois o santo ainda é de barro!