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Tecnologia Apropriada – Captação de Água de Chuva in situ
15/05/2013
Na década de 80, o principal centro de desenvolvimento de tecnologias voltadas para a agropecuária do Semiárido nordestino era o Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semiárido (CPATSA), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), localizado no município de Petrolina (PE). A criação e/ou adaptação de tecnologias de baixo custo para a agropecuária dependente de chuva absorveu uma parte considerável dos recursos humanos e financeiros do CPATSA no decorrer da década de 80. Tendo como base a avaliação de que a zona semiárida somente um terço dos estabelecimentos rurais com áreas inferiores a 200 hectares dispunham de recursos hídricos perenes, o CPATSA deu ênfase às pesquisas para a criação ou adaptação de tecnologias que proporcionassem maior estabilidade e eficiência às atividades agropecuárias dependentes de chuva (PORTO et al., 1990, p. 35).
Banco do Nordeste / Fundação Joaquim Nabuco
Série Estudos sobre as Secas no Nordeste (6)
O Estado da Arte das Tecnologias para a Convivência com as Secas no Nordeste
Organizador: Renato Duarte – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
Captação de Água de Chuva in situ
Devido à distribuição irregular das chuvas na zona semiárida, é importante que se aumente o tempo de oportunidade da água de chuva na área de plantio. O sistema de captação de água in situ consiste na modificação da superfície do solo de modo que o terreno entre as fileiras de cultivo sirva de área de captação. Essa área apresenta uma inclinação que intensifica o escoamento superficial ao mesmo tempo que direciona a água para a porção do solo explorada pelo sistema radicular da planta (PORTO et al., p. 54). O sistema de captação de água de chuva in situ adaptado pelo CPATSA (Modelo 1), consta de sulcos espaçados igualmente, havendo, entre sulcos consecutivos, dois planos inclinados.
O primeiro plano é formado pelo borda do próprio sulco e serve de área de plantio (Ap); o segundo plano, mais extenso, une a parte mais alta do primeiro sulco à parte mais baixa do segundo, formando a área de captação (Figura 7). Outra variante do sistema de captação de água de chuva in situ adaptado pelo CPATSA é o “Método Guimarães Duque”, que consiste na formação de sulcos igualmente espaçados de 1,5 m. O sistema que o CPATSA denominou de método em W é formado por camalhões largos e estreitos, alternados em curvas de nível. Neste sistema, os camalhões largos servem como área de captação e os estreitos como área de plantio, sendo que os sulcos entre os camalhões funcionam como área de armazenamento. A relação entre área de captação e de plantio é de 2:1, significando que, para cada área de plantio, existem duas unidades de área de captação (PORTO et al., 1990, p. 55). A preparação do solo para captação de água de chuva in situ pode ser feita tanto com trator de pneu como de tração animal, através da utilização de policultores.
Referência bibliográfica
PORTO, et al., Pequenos Agricultores V: métodos de execução de sistemas integrados de produção agropecuária (SIP) . Petrolina: EMBRAPA, 1990.