Notícias
Brasileira recebe prêmio da ONU por invenção que transforma água da chuva em potável
Assista ao vídeo da matéria, no endereço abaixo
https://razoesparaacreditar.com/tecnologia/brasileira-agua-chuva-potavel/
Gabriel Pietro
25/11/2019
A estudante Anna Luisa Santos, 21 anos, inventou um dispositivo capaz de tornar a água da chuva em potável, sem qualquer risco de contaminação externa.
A inovadora tecnologia, batizada de Aqualuz, havia sido selecionada no início do ano para ser um dos projetos finalistas da premiação global sobre sustentabilidade e empreendedorismo promovida pela ONU Meio Ambiente.
Agora, foi anunciado que Anna venceu o prêmio Jovens Campeões da Terra 2019, concedido todo ano a jovens ambientalistas entre 18 e 30 anos, por suas ideias e ações em prol do meio ambiente.
O Aqualuz é um sistema de purificação e desinfecção de água de cisterna que funciona por meio da radiação solar. Ele é voltado especialmente para áreas rurais, onde o acesso ao componente fundamental da vida é precário. Anna deseja trazer independência às famílias que mais precisam.
Por meio de uma parceria com a Universidade Federal da Bahia e a Universidade Federal do Ceará , já foram implantados até aqui mais de 35 unidades do Aqualuz em quatro estados do Semiárido, beneficiando 265 pessoas.
Água para todos
O purificador tem a vantagem de depender apenas da radiação solar. Além disso, tem uma durabilidade estimada de 15 anos, sem necessitar de manutenção ou intervenções externas.
Para limpá-lo, basta utilizar água e sabão, além de trocar o filtro natural (com o estoque de refil já fornecido). Considerando seu extenso tempo de vida útil, o dispositivo vale – e muito – o investimento: R$ 480.
Anna Luisa espera alcançar nos próximos anos até 1 milhão de pessoas no Brasil que vivem em áreas com falta de água potável, a começar por famílias que residem em regiões do semiárido e em regiões remotas .
Leia também: Quênia instala primeira usina solar que transforma água do oceano em potável
Como funciona o Aqualuz
O dispositivo é constituído por uma caixa de inox coberta por um vidro, uma tubulação ligada à cisterna e um reservatório comumente utilizado para armazenar água da chuva ou de caminhão-pipa.
A filtragem da água ocorre sem a necessidade de uso de compostos químicos. Como consequência, ajuda na redução dos índices de doenças. “A gente teve uma preocupação de desenvolver um sistema que fosse simples e eficiente para as pessoas, com uma excelente durabilidade”, destacou Anna Luisa.
A filtragem ocorre por etapas:
1 - Primeiro, a água é bombeada da cisterna até a caixa, por meio de um encanamento, passando por um filtro ecológico que é feito de sisal;
2 - O filtro ecológico retém partículas sólidas;
3 - Depois, já com a água armazenada na caixa de inox, ocorre a desinfecção, em que o líquido é exposto à radiação solar para eliminação dos micro-organismos patogênicos. A alta temperatura na caixa ajuda a eliminar impurezas;
4 - Por fim, um dispositivo acoplado à caixa muda de cor e alerta quando a água pode ser retirada da caixa, já pronta para o consumo, por meio de uma torneira.
O dispositivo filtra até 28 litros de água por dia. Cada ciclo de filtragem dura, em média, 4 horas.
Testes preliminares feitos em laboratório certificado, que usaram parâmetros do Ministério da Saúde, revelaram que o Aqualuz reduziu em 99,9% a presença de bactérias de referência.
Objetivo
A jovem cientista, que se formou ano passado em Biotecnologia, afirma que seu objetivo não é lucrar, mas ajudar a quem precisa no curto prazo. “Meu propósito é levar o direito básico à água limpa para as comunidades carentes nas áreas rurais. Queremos ajudar à melhorar a vida das pessoas e salvar vidas.”