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Vale apresenta megaestrutura de 35 metros de altura para conter rejeitos em Barão de Cocais
Em reunião com moradores, mineradora apresentou projeto de construção de murão para frear mar de lama da Barragem Sul Superior, na Mina de Gongo Soco, em caso de rompimento. Obra demoraria cerca de um ano para ficar pronta, segundo a Defesa Civil da cidade.
Por Gabriel Ronan
12/04/2019
Em reunião com os moradores de Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais, a Vale apresentou o esboço de um enorme muro para, em caso de rompimento, conter rejeitos da Barragem Sul Superior, na Mina de Gongo Soco. Segundo a Defesa Civil da cidade, a mineradora projeta uma megaestrutura de concreto, com 35 metros de altura, 307 de comprimento e 10 de largura na parte superior. A parte inferior ainda depende de análises a serem feitas no solo.
O encontro com a comunidade local aconteceu na noite dessa quinta-feira (11). O murão demoraria um ano para ficar pronto, segundo a Defesa Civil. Os recursos viriam da própria empresa responsável pela administração da represa.
Em nota, a Vale informou que “iniciou estudos para encontrar soluções de contenção para a barragem Sul Superior”. Contudo, a companhia salientou que “não há nenhuma estimativa de valores envolvidos ou prazos para eventuais projetos”.
Também em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) disse que "não houve concessão de licença" para a construção do muro. Contudo, a pasta destacou que "a construção de obras emergenciais de segurança é dispensada de autorização prévia, bastando ao empreendedor oficiar o órgão ambiental, pela própria natureza da emergencialidade".
Ainda de acordo com a Semad, "o processo para regularização de obras emergenciais deve ser protocolado no órgão em até 90 dias, quando são verificadas se as obras estão regulares e o cumprimentos de compensações".
A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) informou que não foi avisada sobre a apresentação.
Histórico
Desde 22 de março, a Barragem Sul Superior está no nível 3 da escala de alerta, o que representa uma “situação iminente de rompimento”. Dias depois, o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador-adjunto da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), mencionou a possibilidade da construção do muro de contenção.
Simulado em Barão de Cocais reuniu 3,6 mil pessoas em março - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press
Sobre o assunto
Vale anuncia grande muro para conter rejeitos em Barão de Cocais
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COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
Logo após o trágico acidente com a barragem em Brumadinho, circulei, em rede, a minha preocupação sobre a construção de barragens de montante, utilizando-se os rejeitos oriundos da atividade mineradora. Para minha surpresa, na matéria em apreço, parece que a Vale entendeu o meu reclamo e acatou a minha sugestão. Nesse sentido, os barramentos de alvenaria são importantes de serem construídos pelas mineradoras, tendo em vista as suas capacidades de suportarem pesos excessivos dos materiais nelas estocados (o rejeito pode chega a 4 vezes o peso da água). A percepção, pela Vale, da construção desse novo tipo de barragem de alvenaria é mais uma alternativa de solução para um problema crônico, em meio às mineradoras, que vêm tirando a tranquilidade de populações que vivem no entorno dessas barragens. Independente do elevado custo de sua construção, para o estoque de materiais inertes e aparentemente sem valor comercial, a grande importância desse novo tipo de barragem está em assegurar a vida de inúmeras moradores de locais de risco. A vida humana não tem preço!