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Rio São Francisco: Apesar da crise hídrica, cheias ocasionadas por ocupações irregulares em APPs preocupam
Publicado em
06/10/2018 00h00
Atualizado em
09/11/2021 08h39
26/10/2018
Porção do São Francisco no Nordeste tem ocupação às margens do rio
Fábio Pozzebom/Agência Brasil
Agentes ambientais e reguladores que atuam na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco em Minas Gerais, Pernambuco e Sergipe estão preocupados com os possíveis impactos das cheias da bacia, ocasionadas principalmente por ocupações irregulares em áreas de proteção permanente (APP) e também pelas condições de assoreamento e degradação do rio. Depois de duas reuniões públicas no Nordeste, foi a vez de Minas debater a questão.
Para isso, o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) realizou, em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Defesa Civil Nacional e de Minas Gerais, Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), municípios do Alto São Francisco e a Prefeitura de Pirapora, uma reunião pública na quarta-feira (24), em Pirapora.
Paradoxalmente, eles discutiram formas de prevenção na questão das cheias em plena crise hídrica na região. Pirapora está com o abastecimento de água para consumo humano afetado pela seca, sendo necessário o uso de caminhões-pipa. “A cidade enfrenta uma severa crise de abastecimento devido à falta de chuvas e, consequentemente, à baixa vazão na represa de Três Marias”, observou o diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) em Pirapora, Esmeraldo Pereira dos Santos.
“O momento é propício para se falar em prevenção, em plena crise hídrica na região, intensificada a partir de 2013, inclusive com o desabastecimento humano. Nesse cenário, expandiram-se as construções e ocupações nas margens do rio, situação que é muito preocupante. Precisamos respeitar as margens do rio, porque depois que o desastre acontece, não adianta colocar a culpa no rio e, as consequências são mais graves e, muitas vezes irremediáveis”, pontuou a coordenadora da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco, Silvia Freedman.
Segundo Vilma Martins Veloso, moradora da comunidade de Barra Guaicuí, e membro do CBHSF, “as ocupações na calha do rio são muitas, basta percorrer por aqui. Rezamos pelas chuvas, mas como estamos acostumadas com a seca, achamos que o rio nunca vai encher e adentramos no rio. Se vier uma chuva forte podemos perder nossas economias e até nossas vidas”, comentou.
O engenheiro de Planejamento Hidroenergético da Cemig, Renato Júnior, alertou que os danos podem ser grandes, já que as ocupações irregulares na região estão crescendo. Já a prefeita de Pirapora, Marcela Machado Ribas Fonseca, reforçou a necessidade de intensificação dos esforços do poder público local na prevenção de possíveis desastres na região.
A ribeirinha Maria Creuza Alcântara, da comunidade de Baia do Boi, disse estar atenta aos ensinamentos e mais preparada aos primeiros sinais de cheias do rio. “Já presenciei muitas pessoas próximas perderem suas produções por causa de enchentes”, afirmou.
Termos de cooperação
Durante a reunião, foram assinados dois termos de cooperação. O primeiro, entre o CBHSF, a Agência Peixe Vivo e o Serviço Autônomo de Água (SAAE) de Pirapora, com o objetivo de ampliar o sistema de tratamento de água no município. O segundo, com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu, para a revitalização da Bacia do Paracatu. Ambos receberão apoio financeiro oriundos da cobrança pelo uso das águas na Bacia do São Francisco, conforme edital de chamamento público 01/2018 divulgado pela Agência Peixe Vivo.
Da CBH São Francisco