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Revitalização do Rio São Francisco – uma epopeia, artigo de Manoel Bomfim Ribeiro (Maio 2018)
Com os compromissos, assumidos pelo Governo, de aprofundar os estudos da Transposição do São Francisco e dar prioridade ao Programa da Revitalização, após a revolta pacífica de Dom Luiz Cappio, podemos debruçar, agora, sobre este grande tema que é a salvação do nosso rio. A atitude de um homem forte trouxe à mostra da sociedade o desprezo e o abandono que o Governo tem por esta grande jugular do Nordeste brasileiro.
Por todo o século XX, o Governo, com início no final do Império (1886), construiu, no Nordeste, a maior rede de açudagem do Planeta. Foi também neste mesmo século XX que o rio São Francisco foi literalmente demolido. Enquanto se construía lá, se demolia cá. Cerca de 40 navios a vapor, singrando de Juazeiro a Pirapora, 1371 km, consumia, como lenha, 900 hectares de mata ciliar, anualmente. A agricultura empírica, com métodos rudimentares, foi deixando o solo do Vale totalmente desnudo. No tempo de Cabral, a bacia hidrográfica do rio tinha total cobertura verde, a chuva caia sobre a copa das árvores, escorria pelas galharias, e ia formar os lençóis freáticos que alimentavam o seu talvegue. A água era cristalina, a máxima enchente era de 12.000 m³/s e a mínima 5.000 m³/s, em termos gerais. Era um rio equilibrado.
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