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Produtores de água investem na proteção do solo e no reflorestamento
Publicado em
06/08/2018 00h00
Atualizado em
09/11/2021 10h14
No Brasil, são pelo menos 60 projetos envolvendo mais de dois mil produtores, que garantem abastecimento para 35 milhões de pessoas.
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Jornal Nacional – Edição de 02/08/2018
Nesse período de seca, medidas de proteção a nascentes e rios têm sido aproveitadas nas casas de 35 milhões de brasileiros.
Em Campo Grande, não tem risco de racionamento. Além de abastecer a cidade, a água é suficiente para mais 400 mil pessoas. Parte dessa fartura vem do campo.
“A água é limpa, uma delícia”, diz Wardes Conti Lemos.
Wardes é produtor de água, ele ganhou o plantio de cinco mil mudas em volta da nascente e investiu em outras ações para proteger o solo.
“Uma água limpa, sem impurezas”, completa o produtor.
Um jeito diferente de usar a terra.
“Antigamente eu deixava como pastagem. Agora eu reservei para a captação de água da natureza. Só para deixar infiltrar. Eu digo que é uma esponja da fazenda”, afirma o também produtor João Carlos Vinha.
Esse é o princípio dos produtores de água: investir na proteção do solo e no reflorestamento como uma poupança natural. Na época da chuva, as raízes retêm a água na terra.
“Se essa água infiltrou e vai caminhar pelo solo, ela só vai chegar na nascente, no leito do rio, quatro, cinco meses depois, que é quando se está fora do período chuvoso e é preciso de água”, explica Devanir dos Santos, coordenador do programa Produtor de Águas da Agência Nacional de Águas.
Em todo Brasil, em cinco anos, mais de um milhão de mudas foram plantadas nos programas de produção de água. E a natureza responde rápido.
Em uma fazenda, só tinha mato e areia. A nascente tinha sumido. Agora a água brotou do solo e está pura e limpa, alimentando o córrego da região.
O volume de água está 20% maior, e quem cuida ganha pagamento por serviços ambientais.
“Eu ganho mais ou menos R$11 mil por semestre”, conta Wardes.
Nos programas de proteção das nascentes e rios, a Agência Nacional de Águas investe na infraestrutura dos projetos de recuperação e reflorestamento. Os municípios dão assistência técnica e criam fundos para onde vão o dinheiro de multas e compensações ambientais. Esse recurso é usado para pagar pelos serviços ambientais. ONGs também contribuem com monitoramento e assistência.
Em dez anos foram investidos mais de R$ 270 milhões em projetos de produção de água.
No Brasil, são pelo menos 60 projetos envolvendo mais de dois mil produtores, que garantem abastecimento para 35 milhões de pessoas.
“Nós tivemos um aumento entre 30 a 40% nos picos de vazão, nas áreas onde o programa atuou. Isso significa mais de três mil litros por segundo”, afirma Fernando Garayo, coordenador de Meio Ambiente da empresa Águas Guariroba.
“Eu me sinto feliz da vida. Eu já tive outras ideias, mas hoje eu penso nos meus netos, na geração futura, e isso tudo é para eles, para essa população nova que está vindo”, afirma Wardes.