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No Lago de Sobradinho “mar virou sertão” (Abril 2018)
PILÃO ARCADO, BAHIA - Mailda mora fora do mapa. Tem 23 anos e vive num lugar que oficialmente não existe há quatro décadas. Como gerações de mulheres por mais de três séculos antes dela, todos os dias carrega latas d’água na cabeça para a família. Imersos num passado apagado dos mapas e ressuscitado por estiagens, ela, o marido pescador e os três filhos habitam as ruínas de Pilão Arcado, uma das cidades submersas nos anos 70 do século XX pelo lago da hidrelétrica de Sobradinho, no Rio São Francisco, na Bahia.
No que eram ruas, casas antigas rachadas e desbotadas coexistem com casebres contemporâneos sem pintura, onde o luxo se traduz em cadeirinhas de plástico. A cor vem do amarelo de catingueiras e malvas, que à primeira chuva se abrem em flor. Ninguém mais é enterrado no cemitério. Os túmulos foram quebrados pelas águas, violados depois pelos bichos e nunca mais fechados. Jazem abertos, ossos à mostra, relegados ao descaso e ao esquecimento. Som, só o do vento e do canto do acauã, o gavião que no imaginário nordestino e na composição homônima de Luiz Gonzaga agoura as tardes e chama a seca para o sertão.
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