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Crise da água já atinge países ricos
Água Online
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10/08/2006
Legenda do gráfico: cinza claro - 20 a 40% - stresse moderado
azul escuro - mais de 40% - stresse severo
cinza escuro - sem dados
Crises de abastecimento de água – sempre vistas como um problema dos mais pobres – começa a atingir algumas das mais ricas nações do mundo, alerta o WWF Internacional, antecipando-se à Semana Mundial da Água, a ser celebrada de 20 a 26 de agosto.O relatório
“Países Ricos, Pobre Água”
é uma das primeiras visões panorâmicas das questões de água doce no mundo desenvolvido. Mostra que a combinação de mudanças climáticas, secas e perda de áreas úmidas – que acumulam água como esponjas –, ao lado de infra-estruturas inadequadas para a água e a má gestão dos recursos hídricos, está “globalizando” a crise. O texto destaca os impactos dos problemas relacionados à água em países como Austrália, Espanha, partes do Reino Unido, Estados Unidos e Japão. “Riqueza econômica não se traduz em abundância de água”, alerta Jamie Pittock, diretor do Programa Global de Água Doce do WWF Internacional. “Á água precisa ser utilizada de forma mais eficiente mundo afora. Escassez e poluição estão se tornando cada vez mais comuns e a responsabilidade de encontrar soluções cabe tanto a países ricos como a países pobres”.Na Europa, os países do Atlântico estão sofrendo secas recorrentes, enquanto no Mediterrâneo o turismo de uso intensivo de água e a agricultura irrigada estão pondo em perigo os recursos hídricos. Na Austrália, o país mais seco do mundo, a salinidade das águas do subsolo são uma ameaça para grande parte das áreas agrícolas mais importantes do país. Apesar de ter um regime de chuvas intenso, o Japão sofre com um grave problema de contaminação dos mananciais em diversas áreas. Nos Estados Unidos, grandes áreas já estão utilizando substancialmente mais água do que é possível repor. Esta situação tende a se agravar, na medida em que o aquecimento global reduz as chuvas, aumenta a evaporação e muda os padrões de derretimento da neve.Algumas das cidades mais secas do mundo, como Houston e Sidney, estão usando mais água do que é possível repor. Em Londres, vazamentos e perdas são estimados em cerca de 300 piscinas olímpicas por dia, em função da idade dos encanamentos. É curioso, entretanto, que cidades com menos problemas de água, como Nova Iorque, tendam a ter mais tradição na conservação de áreas de mananciais e de suas matas ciliares. “O próximo grupo de países em rápido desenvolvimento econômico tem a oportunidade de não repetir os erros do passado e evitar os custos de recuperação de ecossistemas degradados”, disse Pittock.“Lamentavelmente, parece que, em geral, estas nações já foram seduzidas por mega-infra-estruturas como grandes barragens, sem adequadamente considerar se tais projetos irão de fato suprir as necessidades ou impingir custos humanos e naturais”.Na Índia, grande parte da agricultura está sob a ameaça da superexploração dos recursos hídricos. A China vem causando preocupação internacional em razão dos possíveis custos humanos e ecológicos, dada a escala de alguns de seus planos de infra-estrutura relacionada a água. “A crise das nações ricas é a prova de que riqueza e infra-estrutura não são garantia contra escassez, poluição, mudanças climáticas e secas. Elas claramente não substituem a proteção dos rios, áreas úmidas e várzeas”, acrescentou o diretor do WWF.Os problemas de água afetando tanto países ricos como pobres são um alerta para que se volte a proteger a natureza como fonte de recursos hídricos. Enquanto nos aproximamos da Semana Mundial da Água, os governos devem encontrar soluções para ricos e pobres, que inclui reparar infra-estruturas antigas, reduzir agentes contaminantes, mudar práticas de irrigação.No Brasil, apesar de liderar o mundo com seu Plano Nacional de Recursos Hídricos, as preocupações continuam sendo algumas propostas de construção de barragens, segundo o relatório. Entretanto, para o coordenador do Programa Água para a Vida, do WWF-Brasil, restam ainda preocupações com a vulnerabilidade das áreas de mananciais de abastecimento público; o desmatamento nas áreas de mananciais; o lançamento de esgoto diretamente nos corpos hídricos; a agricultura mal planejada; o desperdício; a crescente demanda gerada por ocupações irregulares nas grandes cidades; e a precariedade do controle dos órgãos ambientais sobre o uso da água.“Diante do problema global da escassez e da poluição das águas, o Brasil precisa aprender com os erros da Europa e da América do Norte. Temos a oportunidade de escolher um rumo mais sustentável. Essa preocupação, entretanto, ainda passa longe da agenda dos candidatos à Presidência da República que comandarão a nação nos próximos quatro anos”, disse Denise Hamú, Secretária-Geral do WWF-Brasil.De acordo com Denise, é necessário ter a capacidade de juntar um quebra-cabeça que é complexo e, onde seja possível, conservar os recursos naturais, combater e mitigar os impactos das mudanças climáticas, tudo em harmonia com as necessidades de crescimento econômico e geração de emprego no país.
Fonte: WWF
Revitalização de rios
A Agência Nacional de Águas (ANA) autorizou a liberação de R$ 9,7 milhões em recursos para obras de revitalização de rios e despoluição e recuperação de lagoas nos municípios de Bagé (RS), Araruama (RJ), Búzios (RJ) e Belo Horizonte (MG). Para as obras de recuperação da Lagoa da Pampulha, a ANA liberou R$ 5,8 milhões. A verba foi garantida por emenda parlamentar da bancada de Minas Gerais, na Câmara Federal, e é destinada a obras de limpeza da lagoa, em especial a retirada de 270 mil metros cúbicos de areia e entulhos, que serão depositados em terreno próximo, de propriedade da Infraero. Tendo em vista o passivo ambiental ainda existente na bacia da Pampulha, a maior parte das medidas será de natureza corretiva e muitas visam reduzir os impactos ambientais registrados na região. A bacia da Pampulha abrange 97 km2 nos municípios de Belo Horizonte e Contagem. Os maiores problemas são o assoreamento e a contaminação das águas.Para Araruama e Búzios serão destinados R$ 2,4 milhões para obras de despoluição da Lagoa de Araruama e a construção de uma escada de peixes. Nos últimos três anos foram dragados 50 mil metros cúbicos ao longo do Canal do Itajuru. A previsão é que se retire desse local cerca de 750 mil metros cúbicos de material. A Lagoa de Araruama, a maior do mundo em hipersalinidade permanente, sofria com o processo de assoreamento e passava por sérios riscos de desestabilização ante do início das obras de recuperação. Um estudo feito pela Coppetec/UFRJ, em 2001, demonstrou a necessidade de dragagens corretivas para melhorar a circulação da água. Se nada fosse feito em dez ou, no máximo, em 20 anos, a lagoa poderia transformar-se em 11 pequenas lagunas.Para Bagé foram repassados R$ 1,5 milhão para a revitalização do Rio Negro. A verba faz parte de um acordo assinado pelo Ministério do Meio Ambiente e a prefeitura de Bagé (RS), no ano passado, para a recuperação do rio. Suas nascentes estão nos arredores do município gaúcho e suas águas vêm sendo poluídas ao longo dos anos com o despejo de esgotos urbanos e rurais. Depois de deixar o Brasil, o Rio Negro se torna a maior fonte de água do interior do Uruguai. Fonte: MMA |
Vermiculita na extração de metais pesados
Thiago Romero - Agência FAPESP
Apenas 28% dos resíduos industriais gerados anualmente no Brasil recebem tratamento adequado, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos (Abetre). O restante é descartado em lixões ou em mananciais sem nenhum tipo de tratamento, o que causa sérios problemas de contaminação ambiental. Esse contexto serviu de motivação para que Gabriela Arruda, aluna do curso de Engenharia Química da Universidade Federal do Pará (UFPA), testasse o potencial da vermiculita em extrair metais pesados lançados em cursos d’água. A pesquisa “Aplicações de vermiculitas no tratamento de efluentes contendo metais pesados” foi apresentada no 14º Seminário de Iniciação Científica do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (Pibic), realizado de 1º a 3 de agosto, no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém. “A vermiculita é um mineral com excelente capacidade de troca iônica. Ela possui cátions [íon com carga elétrica positiva] interfoliares facilmente trocáveis. Quando em contato com uma solução contendo metais pesados, esse mineral cede alguns cátions presentes na sua estrutura para serem trocados pelos cátions metálicos”, disse Silvia Cristina Alves França, orientadora do estudo e professora da UFPA, à Agência FAPESP. Os cátions trocáveis mais comuns em vermiculitas são o cálcio e o magnésio, que são capazes de trocar de lugar com os cátions de metais como chumbo, zinco e cobre. “O local que estava sendo preenchido pelo cátion de cálcio ou magnésio, por exemplo, acaba cedendo espaço ao cátion de cobre. Em nossas experiências, a vermiculita foi capaz de absorver quase todo o cobre”, explica Silvia, também pesquisadora do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem/MCT). A professora da UFPA ressalta, no entanto, que a pesquisa se concentrou no caso específico dos cátions de cobre, não levando em consideração a interferência de outros tipos de metais pesados. A vermiculita foi analisada apenas em uma solução de sulfato de cobre, um sal que fornece os “íons cobre”, considerado um metal pesado. Segundo ela, a eficiência das amostras de vermiculita para a extração do cobre foi acima de 90%. “Mas, no meio ambiente, a realidade é bem diferente. Além da presença de diferentes metais, existem outras substâncias que formam a composição geral de um efluente”, disse, chamando a atenção para a necessidade de novos estudos que levem em consideração a mistura de vários metais.